QUANDO
MENINO INVENTEI O PATIM MOTORIZADO
João Amílcar Salgado
Quando menino,
fui cortar cabelo no Clide Padilha. Enquanto esperava, 2 ou 3 amigos vieram
conversar comigo. O Baiano Oscar também
esperava e acompanhava nossa conversa. Comentávamos o rinque de patinação que o
Socônego inaugurou em frente â matriz. Falei então que no futuro aqueles patins
teriam motor. O Vando Tambini perguntou se aquilo seria possível. Respondi: não
tinha o relógio da igreja e depois inventaram o relógio de pulso?, não tinha o trem-de-ferro
e depois inventaram o automóvel e a motocicleta?, então tem o patim e estou
inventando o patim com motor. O Baiano falou pro Clide: esse menino acaba de
falar a maior bobagem que eu já ouvi na minha vida... Diante daquele homem, que
me pareceu um grandalhão, fiquei vermelhinho e não falei mais nada. Tempos
depois, quem se tornou um grande amigo meu? O Baiano.
Havia a pesada
filmadora do Bembém e depois inventaram a leve filmadora portátil – e desta
talvez a primeira da Vila foi a minha. Ironicamente, no carnaval filmei o
passista Baiano, que chorou de alegria quando lhe mostrei a cena. Passei a ser
o seu médico ocasional e seu interlocutor por horas. Pouco antes de falecer me
disse: tenho o maior luxo com meu sítio e você é o único que vai cuidar dele
como eu cuido, te vendo. Cometi o grande erro de não o ter adquirido. Relembro tudo isso agora, quando o assunto do
momento é a polêmica dos patinetes, não apenas motorizados mas
silenciosamente elétricos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário