Nepomuceno guarda invejável tradição educacional,
que transborda pelas cidades vizinhas e alcança Belo Horizonte, Ouro Preto,
Viçosa, chegando até as cidades paulistas de São Paulo, São Carlos, Ribeirão
Preto e Campinas. Ambrosina Castelar, nossa querida Zizina, é a nepomucenense
adotiva que ora lança seu livro A PESQUISA E A TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO DOCENTE
(Ceprocamp, Campinas, 28-8-14, 19:00). Estaremos virtualmente ali presentes, entre
os que aplaudirão entusiasticamente a autora, Aplauso não apenas à obra tão
importante nestes momentos decisivos para o Brasil. Aplauso também à inteligência,
à cultura e à simpatia dessa notável mulher.
João Amílcar Salgado
sábado, 23 de agosto de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
BOLINHO
DE ESPINAFRE COM OVO – IGUARIA NEPOMUCENENSE
Leila Lobo Faria
Salgado
Cleusa Lourenço
Evangelina Salgado
1. Um molho de
espinafre picado como couve
2. Cebolinha e salsinha
picadas como couve
3. Uma cebola ralada
4. Um ovo
5. Uma pitada de
pó-royal
6. Uma xícara de queijo
ralado
7. Uma xícara de
farinha de trigo
8. Pimenta malagueta,
se quiser
9. Misturar tudo
10. Retirar a mistura
com uma colher, colocando separadamente cada colherada para fritar em óleo não muito quente
segunda-feira, 7 de julho de 2014
GUILHERME CABRAL
Os familiares
e amigos do Prof. Dr. Guilherme Cabral Filho estamos em profundo pesar por seu
falecimento. Sendo o mais eminente neurocirurgião de Minas, nasceu sulmineiro
de Muzambinho e se fez uma das mais proeminentes figuras do distinto clã Vieira
da Silva – Ferreira de Brito, povoador da região. Além de pertencer ao mesmo
clã, me liguei a ele desde os primeiros dias na Faculdade. Ele tinha sido o
primeiro no vestibular do ano anterior e veio ser meu monitor de histologia, ao
lado de Ângelo Machado. Logo me juntei a ele, ao Marcos de Mares Guia e ao Emir
Soares na aprendizagem da língua alemã. Depois de sua volta da Alemanha, fomos,
pela vida toda, colegas de docência na UFMG. Num carnaval não muito distante, a
Leila (muito amiga da Solange, sua esposa) e eu fomos passear em sua fazenda,
com um grupo de companheiros, em convivência inesquecível. Tenho certeza de que
a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia vai fazer-lhe a mais justa e a melhor
das homenagens.
terça-feira, 1 de julho de 2014
CATAÇÃO DE RISCO
João Vinícius Salgado
João Amílcar Salgado
Na cidade sulmineira
de Nepomuceno, logo após a ditadura Vargas, a tensão política ficou alta. Era a
conseqüência natural do entusiasmo pela redemocratização. Assim se reuniram as
condições para que um dentista, Sílvio Veiga, e um farmacêutico, João Salgado
Filho, caracterizassem uma entidade clínica: a CATAÇÃO-DE-RISCO.
O Sílvio Veiga entrou de
cheio na disputa eleitoral, dirigindo o jornal 29 de Outubro. Dirigia
também o serviço de alto-falante onde o locutor era o Nadinho-do-Sô-Bem. O
Nadinho leu: - Soubemos que o delegado Júlio Lima andou dizendo que
nosso serviço de alto-falante é bobagem,
já que a prefeitura de Nepomuceno é um abacaxi. Nosso diretor, dr. Sílvio
Veiga, responde que, se é abacaxi, deve
ser um muito doce, porque o dr. Rubem Ribeiro chupou esse abacaxi durante quinze anos e não largou um minuto.
Depois dessas e outras, o
Sílvio chega à farmácia do Salgado e diz estar alarmado com ele próprio. Não
conseguia andar sem evitar pisar nos riscos do passeio. O farmacêutico deu-lhe
um frasco com drágeas de complexo de vitamina B (remédio em moda), dizendo que,
depois da medicação e das eleições, o aguerrido odontólogo estaria ótimo.
Quinze dias depois, o Sílvio voltou, porque a coisa piorou. Agora era o contrário: só conseguia caminhar se fosse
catando os riscos para pisar neles.
- Salgado, você já leu
em algum livro sobre estes sintomas, que será o que eu tenho? - Já li sim, se você começou catando os
riscos para evitar pisá-los e agora os
está catando, exatamente para pisá-los, o diagnóstico está completo! - E que doença é essa? - Já foi muito
estudada e não é grave, chama-se CATAÇÃO-DE-RISCO, cada um de nós, alguma vez
na vida, já catou risco – continue com a
vitamina...
Tempos depois, o filho do
farmacêutico, então estudante de medicina, acompanhava sua tia em consulta ao professor Lucas Machado. - Que a senhorita sente? - Ah doutor, estou numa catação de risco
danada! - O quê?!..., a senhorita está no quê?!...
E o estudante teve de dar uma aula ao consagrado
mestre sobre a endemia nepomucenense.
Ele ouviu de olhos arregalados, achou tudo interessantíssimo e acabou
recordando que a expressão não lhe era estranha. De fato, tinha várias clientes
nepomucenenses.
O Sílvio Veiga, depois de
ter parado de catar risco, perguntou onde o Salgado lera sobre
catação-de-risco. O farmacêutico, que era um tremendo humorista, disse que nada
ainda havia sido publicado e nem o nome da doença constava de livro ou revista.
Mas, para provar que aquilo não era pura invenção, citou o caso mais
impressionante de catação-de-risco de que tivera notícia. Ocorreu no
consultório do Dr. Matias de Vilhena, que foi o maior clínico de São Paulo e
era campanhense.
Um homem chegou para
consultar porque, dia e noite, parecia ter um passarinho dentro do ouvido. O
minucioso exame revelou que não havia lesão, nem no ouvido, nem no cérebro.
Mesmo assim, o hábil médico disse que ia operá-lo e deu-lhe um remédio para
dormir. Quando o paciente acordou, o doutor estava com um passarinho na mão e
lhe disse: Agora o senhor está livre deste bichinho!
Para surpresa do próprio Dr. Vilhena, o homem ficou
de fato completamente curado. Passados
cinco anos, o clínico encontrou, por acaso, o ex-cliente e, por ser muito
escrupuloso, sentiu necessidade de revelar seu truque. Contou-lhe que aquilo
fora simulado. Resultado: o passarinho voltou a cantar no ouvido do pobre
coitado...
Recentemente o filme MELHOR
IMPOSSÍVEL ganhou o Oscar, exibindo vergonhoso plágio, pois o ator Jack
Nicholson vive ali personagem atormentada por quadro literal de
catação-de-risco. Pelo enredo, ele é um novaiorquino que se vale da catação
para blindar o coração contra a ternura.
Diante disso, o eminente cirurgião e clínico José Maria Veiga Azzi,
sobrinho do Sílvio, e os presentes autores, neto e filho do farmacêutico, estão
estudando como entrar com processo de direito autoral contra os produtores da
fita.
Mais recentemente, também,
o Guga, tenista brasileiro campeão do mundo, apareceu no vídeo evitando pisar
nos riscos da quadra, ao sair de um jogo. Tal catação-de-risco explica a
inconstância de seu desempenho E não é a primeira vez que nossa gente é
remedada, pois no filme O ÜLTIMO TANGO EM PARIS, o ator Marlon Brando
comete outro plágio, desta vez contra o Passata, pretenso tanguista
nepomucenense, que muitos anos antes de Brando, viveu, no cabaré Montanhês, a
cena final da fita. Nossa querida cidade
não pode continuar tolerando isso.
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O primeiro autor é mestre pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) e doutor pela Universidade de São Paulo, em
neurociências, e o segundo
é professor titular de Clínica Médica e pesquisador em História da
Medicina da UFMG.
sábado, 10 de maio de 2014
DOUTORA ADRIANA OLIVEIRA VILELA
Nesta 6ª feira, 9-5-14, em memorável
defesa de tese de doutorado, na Escola de Engenharia da UFMG, foi aprovada a
Adriana Oliveira Vilela, filha do querido casal Ramilc - Maria Helena. Tive a
enorme satisfação de estar presente, ao lado de familiares, amigos, estagiários
e docentes, não só por ser acontecimento que faz transbordar de orgulho
qualquer nepomucenense, mas pela oportunidade de apreciar como a Adriana se sairia
em tão alto desafio. Deve ter sido muito raro que uma moça tão linda, ainda
mais de aparência adolescente, tenha protagonizado uma etapa final de
doutoramento, ainda mais em engenharia. E, para aumentar a excepcionalidade do
fato, sua tese é também rara, tanto no mundo acadêmico como empresarial. Trata
de inovação tecnológica para os fornos de carbonização, desenvolvida não em
laboratório universitário, mas nas dependências de uma empresa privada. É o
momento, pois, em que a universidade e a empresa de abrem uma para a outra, sem
qualquer transgressão da independência e da liberdade de cada qual. Por mais de
uma evidência, estamos diante de uma invenção destinada a repercussão
internacional, inclusive por sua validade ecológica. Quem lucra com isso é o
país, que necessita disso: saltar sobre variados e sucessivos fossos tecnológicos.
Estão igualmente de parabéns os habilitados especialistas da banca examinadora,
que souberam reconhecer esta afortunada convergência entre pertinaz dedicação e
reiterada criatividade. Mil felicitações à Adriana e a seus familiares.
domingo, 4 de maio de 2014
BAETA
VIANA, A BALEIA E O ZEBU
João Amílcar Salgado
Em 2014/15 comemoram-se os 80 anos da Exposição de Zebu
no Brasil e 70 anos do Hospital da Baleia. Entre os principais pioneiros do
zebu em Uberaba, encontram-se descendentes de famílias de Nepomuceno e região,
como os Costa (colonizadores da região de Uberaba, Desemboque, Ituiutaba,
Franca, Mococa e Barretos), os Carvalho, os Andrade e os Borges. Ali se uniram
aos Prata, aos Rodrigues da Cunha e a outros.
Há
interessante dupla relação histórica entre o zebu e Baeta Viana. Por sinal, o
professor José Baeta Viana, o maior bioquímico brasileiro, foi mestre de
conhecidos médicos ligados a Nepomuceno: Rubem Ribeiro, Décio Lourenção, João
Pereira Neto, João Sebastião (estudante de medicina), Aprígio de Abreu Salgado,
Adauto Barbosa Lima, Alberto e Maurício Sarquis, Oscar Resende Lima, João
Batista Veiga Sales, Geraldo Lima, José Elísio Correa Lima, Edward Tonelli e
Waltenir Salgado. Honra-me pertencer a este grupo, razão que me leva a fazer o
presente relato. Vale lembrar também que o Hospital da Baleia, idealizado por
Viana, se localiza junto à fazenda Taquaril, da família Veiga de Nepomuceno
Em
1943 houve o Manifesto dos Mineiros, forte golpe contra a ditadura Vargas. Em
1944 estava programada a inauguração do Hospital da Baleia e o serviço de
informação da ditadura esperava que neste evento Baeta Viana fizesse violento
discurso contra Getúlio Vargas. O interventor Benedito Valadares tramou fazer
uma exposição de zebu no parque da Gameleira em Belo Horizonte, como pretexto
para trazer Vargas à cidade. No momento da inauguração do Hospital da Baleia,
chegam “de surpresa” Benedito e Getúlio. O esperado discurso do Baeta não
ocorreu, ele falou sobre a obra e, de hostil, apenas deixou de cumprimentar o
ditador.
Anos
depois, Baeta Viana foi padrinho de casamento de um ex-aluno em Uberaba. Os
fazendeiros orgulhosamente exibiram seus bois ao cientista. Baeta os chocou com
seu comentário: o zebu parece ótimo negócio, mas do ponto de vista bioquímico é um erro. E explicou que o boi ocupa a todos para
transformar vegetal em carne e melhor seria plantar diretamente um vegetal
equivalente à carne. Perguntaram quase em coro: e este vegetal existe?
Ele respondeu que era um feijão oriental chamado soja, que então todos ali
ignoravam. O noivo foi interpelado por
que arranjara um padrinho de idéias tão absurdas!... Décadas depois grande
parte dos pastos foi coberta pela soja.
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