BAETA
VIANA, A BALEIA E O ZEBU
João Amílcar Salgado
Em 2014/15 comemoram-se os 80 anos da Exposição de Zebu
no Brasil e 70 anos do Hospital da Baleia. Entre os principais pioneiros do
zebu em Uberaba, encontram-se descendentes de famílias de Nepomuceno e região,
como os Costa (colonizadores da região de Uberaba, Desemboque, Ituiutaba,
Franca, Mococa e Barretos), os Carvalho, os Andrade e os Borges. Ali se uniram
aos Prata, aos Rodrigues da Cunha e a outros.
Há
interessante dupla relação histórica entre o zebu e Baeta Viana. Por sinal, o
professor José Baeta Viana, o maior bioquímico brasileiro, foi mestre de
conhecidos médicos ligados a Nepomuceno: Rubem Ribeiro, Décio Lourenção, João
Pereira Neto, João Sebastião (estudante de medicina), Aprígio de Abreu Salgado,
Adauto Barbosa Lima, Alberto e Maurício Sarquis, Oscar Resende Lima, João
Batista Veiga Sales, Geraldo Lima, José Elísio Correa Lima, Edward Tonelli e
Waltenir Salgado. Honra-me pertencer a este grupo, razão que me leva a fazer o
presente relato. Vale lembrar também que o Hospital da Baleia, idealizado por
Viana, se localiza junto à fazenda Taquaril, da família Veiga de Nepomuceno
Em
1943 houve o Manifesto dos Mineiros, forte golpe contra a ditadura Vargas. Em
1944 estava programada a inauguração do Hospital da Baleia e o serviço de
informação da ditadura esperava que neste evento Baeta Viana fizesse violento
discurso contra Getúlio Vargas. O interventor Benedito Valadares tramou fazer
uma exposição de zebu no parque da Gameleira em Belo Horizonte, como pretexto
para trazer Vargas à cidade. No momento da inauguração do Hospital da Baleia,
chegam “de surpresa” Benedito e Getúlio. O esperado discurso do Baeta não
ocorreu, ele falou sobre a obra e, de hostil, apenas deixou de cumprimentar o
ditador.
Anos
depois, Baeta Viana foi padrinho de casamento de um ex-aluno em Uberaba. Os
fazendeiros orgulhosamente exibiram seus bois ao cientista. Baeta os chocou com
seu comentário: o zebu parece ótimo negócio, mas do ponto de vista bioquímico é um erro. E explicou que o boi ocupa a todos para
transformar vegetal em carne e melhor seria plantar diretamente um vegetal
equivalente à carne. Perguntaram quase em coro: e este vegetal existe?
Ele respondeu que era um feijão oriental chamado soja, que então todos ali
ignoravam. O noivo foi interpelado por
que arranjara um padrinho de idéias tão absurdas!... Décadas depois grande
parte dos pastos foi coberta pela soja.
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