CARLOS
LACERDA E SEUS DOIS ÊMULOS NA UDN MINEIRA
João Amílcar Salgado
Em
2014 acontece o centenário de Carlos Lacerda, que disputa com Rui Barbosa o
título de maior orador brasileiro. Por
meio do jornalismo, tornou-se um dos principais políticos do país, após a
segunda guerra mundial. Muitos o apontam como maior inimigo do ditador Getúlio
Vargas, mas Baeta Viana, professor da Faculdade de Medicina da hoje UFMG, o
antecedeu e concorre com ele por este título. Na política, seu rompante e sua
fluência foram armas poderosas, mas não era bom em estratégia eleitoral. O
melhor estrategista de seu partido era o mineiro Oscar Dias Correa. Lacerda, Baeta e Oscar eram muito influentes
na União Democrática Nacional (UDN), partido antiditadura. O notável orador
Adauto Lúcio Cardoso, era o udenista mineiro que mais se aproximava do estilo
lacerdista.
Carlos
Lacerda é neto do jurista e ministro Sebastião Lacerda, cujos filhos se
tornaram líderes do movimento comunista brasileiro, um deles, Maurício, pai de
Carlos. Este herdou e superou a
flamejante oratória do pai, tornando-se grande promessa da juventude comunista.
Sendo fluminense, era também Werneck, família de origem mineira. Refugiou-se em
fazenda de Minas, onde teve vagar para escrever uma análise marxista do vale do
rio São Francisco. Mais tarde asilou-se numa república de estudantes de
medicina de Belo Horizonte.
No
fim da segunda guerra, moveu-se rumo aos ideais democráticos da UDN. As
frustrações eleitorais desta o levaram, junto com os principais udenistas, para
o caminho antidemocrático, em lamentável declive, até chegar à extrema direita,
apoiando e participando do golpe de 1964. Os grandes beneficiários da ditadura emergente
procuraram livrar-se de Lacerda, de JK e de qualquer outra liderança civil.
Assim, restou a Lacerda unir-se a seus antigos adversários JK e Jango. Como
Lacerda, JK e Jango morreram em seguida, surgiu a suspeita de que foram
eliminados planejadamente.
Oscar
Dias Correa tinha levado a UDN a surpreendente triunfo eleitoral em Minas, em
1947. Se, em vez de Lacerda, Oscar fosse ouvido no plano nacional, teria havido
um governo verdadeiramente udenista, isto é, democrático, na sucessão de JK - em vez do desatino representado por Jânio
Quadros. E o Brasil teria sido poupado do abismo que durou 20 longos anos: de arbítrio,
brutalidade e obscurantismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário