João Amílcar Salgado

domingo, 4 de maio de 2014

CARLOS LACERDA E SEUS DOIS ÊMULOS NA UDN MINEIRA
João Amílcar Salgado
Em 2014 acontece o centenário de Carlos Lacerda, que disputa com Rui Barbosa o título de maior orador brasileiro.  Por meio do jornalismo, tornou-se um dos principais políticos do país, após a segunda guerra mundial. Muitos o apontam como maior inimigo do ditador Getúlio Vargas, mas Baeta Viana, professor da Faculdade de Medicina da hoje UFMG, o antecedeu e concorre com ele por este título. Na política, seu rompante e sua fluência foram armas poderosas, mas não era bom em estratégia eleitoral. O melhor estrategista de seu partido era o mineiro Oscar Dias Correa.  Lacerda, Baeta e Oscar eram muito influentes na União Democrática Nacional (UDN), partido antiditadura. O notável orador Adauto Lúcio Cardoso, era o udenista mineiro que mais se aproximava do estilo lacerdista.
Carlos Lacerda é neto do jurista e ministro Sebastião Lacerda, cujos filhos se tornaram líderes do movimento comunista brasileiro, um deles, Maurício, pai de Carlos.  Este herdou e superou a flamejante oratória do pai, tornando-se grande promessa da juventude comunista. Sendo fluminense, era também Werneck, família de origem mineira. Refugiou-se em fazenda de Minas, onde teve vagar para escrever uma análise marxista do vale do rio São Francisco. Mais tarde asilou-se numa república de estudantes de medicina de Belo Horizonte.  
No fim da segunda guerra, moveu-se rumo aos ideais democráticos da UDN. As frustrações eleitorais desta o levaram, junto com os principais udenistas, para o caminho antidemocrático, em lamentável declive, até chegar à extrema direita, apoiando e participando do golpe de 1964.  Os grandes beneficiários da ditadura emergente procuraram livrar-se de Lacerda, de JK e de qualquer outra liderança civil. Assim, restou a Lacerda unir-se a seus antigos adversários JK e Jango. Como Lacerda, JK e Jango morreram em seguida, surgiu a suspeita de que foram eliminados planejadamente.

Oscar Dias Correa tinha levado a UDN a surpreendente triunfo eleitoral em Minas, em 1947. Se, em vez de Lacerda, Oscar fosse ouvido no plano nacional, teria havido um governo verdadeiramente udenista, isto é, democrático, na sucessão de JK -  em vez do desatino representado por Jânio Quadros. E o Brasil teria sido poupado do abismo que durou 20 longos anos: de arbítrio, brutalidade e obscurantismo. 

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