João Amílcar Salgado

terça-feira, 13 de dezembro de 2022


 

OLHO DE VIDRO

João Amílcar Salgado

Hoje, 13/12/22, é dia de Santa Luzia. Nesta data, no século 19, aconteceu o caso do OLHO DE VIDRO. Este é o apelido de um comandante que agendou um treinamento de equitação para 13/12. Os soldados pediram-lhe que respeitasse a Santa. Ele respondeu que essa devoção não lhe dizia respeito. Como era exímio chicoteador, reafirmou sua autoridade, iniciando o treino com uma exibição de seu chicote de luxo, do alto de seu belo cavalo.  Justo no primeiro lance, a ponta do chicote vazou-lhe um dos olhos, substituído por uma prótese.

José Viera Fazenda (1847-1917) relata o episódio no capítulo O CHAFARIZ de seu texto ANTIQUALHAS E MEMÓRIAS DO RIO DE JANEIRO. Ele foi o primeiro grande  historiador da cidade do Rio de Janeiro. Era médico e historiador, neste e noutros aspectos muito parecido comigo. Abolicionista, diplomou-se aos 24 anos e clinicava sem cobrar. Foi um elogiado intendente da cidade no mandato 1895-6. A partir de 1896, publicou suas pesquisas no jornal A NOTÍCIA, depois reunidas, de 1919 a 1924,  na REVISTA DO INSTITUTO HISTORICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, sob o título citado, e reeditadas em livro em 2011.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 

O MISTÉRIO DE EZEQUIEL

       

João Amílcar Salgado

O ilustre psiquiatra Jairo Furtado Toledo escolheu um profeta de Aleijadinho para ser o logotipo do 6o Congresso Brasileiro de História da Medicina de 2001. Luiz Savassi Rocha, ao ler meu texto sobre o psiquiatra Rosa, lembrou que Karl Jaspers é autor de estudo sobre possível esquizofrenia do profeta Ezequiel. Daí, concluímos que Guimarães Rosa insinuara a insanidade do profeta, ao escolher o nome de chefe Zequiel para uma personagem com sintomas pertinentes. Se o congresso era na cidade psiquiátrica de Barbacena e um psiquiatra escolhera aquele logotipo, perguntamos a este a razão da escolha.  Toledo respondeu que a escolha se deu por acaso, ou melhor, por razões estéticas.  Disse mais: até aquele momento, não sabia que aquele profeta era o Ezequiel e muito menos que Ezequiel era suspeito de doença mental.

        O chefe Zequiel surge em 1956 na novela BURITI, incluída no livro CORPO DE BAILE. Em 1983, o montesclarence Carlos Alberto Prates Correia dirige o filme NOITES DO SERTÃO, no qual Zequiel é vivido pelo cantor mineiro-adotivo Milton Nascimento. Em 2001, acontece o relatado mistério do profeta Ezequiel.

O profeta Ezequiel foi um sacerdote hebreu, levado como escravo para a Babilônia, pelo rei Nabucodonosor, em cerca de 597 a.C. Ele profetizou a conjunção de fome, epidemias e guerra no Oriente Médio, quadro muito parecido com a atual fome no mundo e no Brasil, a pandemia de covide, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a denúncia de numerosos trabalhadores submetidos a condições similares à escravidão.

 



quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

 


FERNANDA AO VÔÃO

João Amílcar Salgado

EM  26/11/22, HOUVE A HOMENAGEM AOS AVÓS NO COLÉGIO SANTO  AGOSTINHO, EM BH.

PARA SEU AVÔ VÔÃO, FERNANDA, JÁ CONHECIDA COMO DESENHISTA, SE FEZ ESCRITORA E POETA:

ESCREVEU O LIVRO A HISTÓRIA DE JOÃO E O POEMA ACRÓSTICO AO VOÃO.

 

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

 


GABRIEL CHEIB FAZ SUCESSO NO COLÉGIO E NO YOUTUBE

João Amílcar Salgado



Durante o evento do Projeto Memória do 6º ano fundamental do Colégio Santo Agostinho, em BH, neste sábado, 26/11/22, meu queridíssimo sobrinho-neto Gabriel Salgado Cheib deu um show. Ele exibiu seu impressionante talento para o canto. Convido meus amigos para acompanharem sua atividade artística pelo youtube.

https://youtu.be/zcIAItTId5w

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

 


A COP27 TEM A OBRIGAÇÃO DE SER COERENTE COM A GLÓRIA EGÍPCIA

João Amílcar Salgado

A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, de 6 a 18/11/22. Por transcorrer em lugar tão glorioso para a civilização humana, ela se obriga a ter os melhores resultados de todas as COPs. O contraditório tratamento dado pelo 1º  Mundo seja às façanhas faraônicas, seja à África em geral, está sendo posto à prova nesta Conferência.

Recentemente, no Cairo, em 3-4-2021, houve o desfile de 22 múmias de 18 faraós e 4 “faraoas”, transferidas do antigo Museu Egípcio para a inauguração do novo Museu Nacional da Civilização Egípcia. Isso se dá logo depois da descoberta de uma espécie de Pompeia egípcia, enterrada sob a areia, com incalculável riqueza de objetos notavelmente preservados. A cidade é do reinado de Amenotepe 3º (cerca de 1370 aC), estendendo-se a Tutancâmon e Aí, e foi escavada  no final de 2020, entre os templos de Ramsés 3º e Amenófis 3º. Dista cerca de 500 km ao sul do Cairo. Ambos os acontecimentos me oferecem a oportunidade para relembrar algo que publiquei há 20 anos, sobre a medicina faraônica.

Na época, obtive grande sucesso com textos divulgados pelo periódico do Conselho Federal de Medicina. O conselho estadual paulista então me convidou para escrever algo apropriado para a edição de natal de 2002 de seu periódico. Pedi que sugerissem o tema e me encomendaram uma síntese da medicina faraônica. Achei que ficou um belo resumo, bastante substancial, com requintada ilustração. Recebi elogios de toda parte. Aconteceu, entretanto, que um médico lhes enviou um protesto, em defesa de sua fé, contra o trecho final. Ali declaro que o episódio bíblico no qual Isaque escapa da morte é uma transposição de escape similar de Obaluaê, na mitologia africana. Como uma das escravas de Abrão era africana sugiro ser esta a circunstância da transposição religiosa. O periódico disse que, entre tantos aplausos, houve apenas essa objeção. Pediu que eu respondesse e me limitei a sugerir que publicasse o protesto, deixando o julgamento por conta dos leitores. 

A íntegra do texto faraônico está em http: amircasal.blogspot.com.br.

 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 


NOSSO SARGADINHO MORRE NOVAMENTE

João Amílcar Salgado

Em 2004, em seu programa de domingo pela manhã, o Rolando Boldrin começa com meu livro O RISO DORADO DA VILA na mão.  E diz:  um médico de Minas escreveu este livro de causos e diz que nele eu estou homenageado; agradeço muito e o livro vai ser guardado com carinho na minha estante. Hoje, 9/11/22, morreu o querido Rolando, meu colega no nobre ofício, que é a doce tarefa de fazer o povo rir. Ele divulgou meu texto nacionalmente. Na dedicatória que lhe fiz, digo que ele contava causo igualzinho ao nepomucenense Sargadinho, além de serem fisicamente muito parecidos.

O Sargadinho (Joaquim Teófilo Salgado) era assim chamado, no diminutivo, para não ser confundido com o Sargado (João Salgado Filho), também contador de causos, e dono da farmácia, onde o primeiro chegava diariamente, para sentar-se em sua cadeira de vime preferida, e passar horas às gargalhadas com os demais frequentadores. Quando vi o Boldrin pela primeira vez, não acreditei: era o próprio Sargadinho que estava ali contando causos muito parecidos com os que eu ouvia desde menino. O Joaquim morreu, mas sobreviveu transfigurado no magistral Rolando - e agora morre novamente. 

Só que o nepomucenense não era músico e o artista era - e dos bão. Sua principal canção é uma maravilha musical: VIDE VIDA MARVADA, que redobrou minha admiração por ele. Nos EUA, a pedido de um importante maestro, fiz, de improviso, uma lista de dez de nossas maravilhas musicais e nela estão: Cantilena, Trenzinho Caipira, Tico-Tico no Fubá, Águas de Março, Se todos Fossem Iguais a Você, Vide Vida Marvada, Saudade da Minha Terra, Feira de Mangaio, Assum Preto e Tocando Em Frente. 

Boldrin é paulisteiro, apelido dos originários da divisa entre o sul de Minas e São Paulo, tal como, entre outros, os artistas Jair Rodrigues, Zequinha de Abreu, Carlos Barbosa Lima e Portinari. Nosso Sargadinho, em vez de canções, produziu nepomucenenses ilustres: as lindas Julita e Neomisa, Fernandinho, Tenir e Joaquim Carlos Salgado, sendo este sumidade em Filosofia do Direito.