MARIA DA VANGE - MARIA APARECIDA VILELA SALGADO
JOÃO AMÍLCAR SALGADO
A Maria, apelidada de IA pelos quatro irmãos, foi a primeira criança no
lar do João Salgado e da Vange. Antes dela, a bebê Emerenciana não sobreviveu.
A menina cativava a todos não só pela vivacidade, mas pelo encanto dos lindos
olhos azuis. Sua primeira façanha aconteceu quando a mãe tinha combinado com a
Aparecida que, quando pedisse nhã-nhanhã, era o código para a babá preparar a
mamadeira. A Vange distraiu na prosa com a dona Caixinha e a garotinha: mãe, tá
na hora do nhã-nhanhã! Outra, foi a foto dela tentando pegar um cacho de uva. O
pai disse para ficar na ponta dos pés e ela aparece com os calcanhares no chão
e as pontas dos pés para cima. A Fina, a auxiliar da Vó Amélia, praticamente
abandonou a idosa para paparicar a menina. Quando ouvia a voz da Fina esta
dizia: Fin taí, ô dondade!
Quando nasci, faltavam 7 dias para ela completar 2 anos. Em vez de
ciúme do novato, ela queria ser a mãe dele (o mesmo com o Zeca, a Neusa e o
Lívio). E foi assim até minha 1ª comunhão. Que sorte a minha! ... ter uma guru
tão zelosa! Antes da comunhão, eu estava de roupa chique e o Sem-Seca gostou de
minha aparência, agora sim, em vez do habitual menino imundo de puêra vermêia. Respondi
a seu elogio, dizendo-o bobão. Minha irmã ralhou comigo: agora você não vai
poder comungar, vai ter que confessar outra vez. A Fina, substituta emergencial
do Socônego, me absolveu. E a severa irmã acrescentou: mesmo assim, vai
continuar aspirante da Cruzada Eucarística, até criar juízo. A Fina assinou em
baixo desta sentença. Certo dia, fomos para a foto no jardim do largo da matriz
e ela, como sempre, ditou: vamos ficar com as mãos na cintura e cruzar os pés. Só
aceitamos a mão na cintura, a contragosto.
Nota. A ilustração mostra Latif, Mariquita, Bida, Zulmira, Lalá,
Iracema e Bebete, que representam a multidão de amigas, amigos e admiradores