João Amílcar Salgado

terça-feira, 9 de abril de 2024

 

LOR, PAULO PIMENTA E A DESPEDIDA DE FERNANDO MORAIS AO ZIRALDO

João Amílcar Salgado

Não posso deixar de me referir ao Ziraldo, depois de ler os comentários do Lor, do Paulo Pimenta e do Fernando de Morais.

Fui contemporâneo do Ziraldo na UFMG, ele no direito e eu na medicina. Nessa época os estudantes de direito, medicina, odontologia, farmácia, ciências econômicas e demais cursos se reuniam no fórum para acompanhar os júris famosos, principalmente o enfrentamento entre Pedro Aleixo e Pimenta da Veiga (pai). A oratória estava em moda.   Outro ponto de encontro era o footing da Afonso Pena (Sloper) e da Praça da Liberdade (inclusive o Cine-Gratis), e as horas dançantes e bailes no Clube Belo Horizonte e em seguida no recém-inaugurado salão do DCE, na Gonçalves Dias, graças ao líder José Gaetani. Eu me envolvia com os alunos do Guignard e os jornalistas do Binômio e do Diário de Minas, segundo relato no livro “O Riso Dourado da Vila” (2021).

O Ziraldo tinha um irmão Pedro, que era o Tatu na turma do Pererê, e o irmão Moacir, que era o jabuti - o primeiro dentista e o segundo médico - estes frequentadores do Centro de Memória da Medicina. A mãe do Ziraldo foi internada em BH e aproveitamos para programar uma aula dele no curso de História da Medicina, adiada por motivo de luto pela perda materna.

Colegas do Ziraldo na arte eram importantes colaboradores do Centro de Memória: Jarbas Juarez, Eduardo de Paula, Chanina,  Konstantin Cristoff, Mirna, Ruy Paolucci, Razuk, Lisete Meimberg,  e Lor. Outro amigo comum era o Roberto Drummond, outro era o Zé Maria Rabelo.

Na ilustração, Ziraldo no Binômio, onde atuou com Gabeira.


 

 


 

 

 

TURMA DE 1950 DO GINÁSIO DA VILA

João Amílcar Salgado

Do Manoel Jacy: Querido primo. Tive o privilégio de ter sido aluno da D. Maria Salgado no primeiro ano do grupo. Ainda tenho na lembrança o quadro negro com o be-a-ba meticulosamente escrito e nós junto com a professora soletrando sílaba por sílaba. Quanta calma, quanta doçura e paciência. Assim devagarinho aprendemos o alfabeto.  Grata lembrança e obrigado por me fazer reviver bons momentos de minha infância. Abraços

PREZADO PRIMO. SEU DEPOIMENTO É EMOCIONANTE, AINDA MAIS QUE A DESCRIÇÃO DE MEU AVÔ E MINHA AVÓ COMO PROFESSORES NO GRUPO ESCOLAR FOI UMA PRECIOSIDADE A MIM OFERECIDA POR SUA MÃE, A MARIA DO JACY, INESQUECÍVEL AMIGA DE MINHA MÃE E MINHA.

Do Rosalvo: Me lembro da Ia. Ela se casou com o Vavá não foi? Me lembro que na cerimônia do casamento, ao entrar na igreja o Vavá chorou e eu achei esquisito aquele homem forte chorar. Boa lembrança. Obrigado.

QUERIDO AMIGO. EM O RISO DOURADO, O CASAMENTO É DESCRITO E NÃO CONSTA O CHORO DO NOIVO QUE APARECERÁ NA 3a EDIÇÃO VOU PUBLICAR BREVE O VIDEO DO CASAMENTO FILMADO PELO IRMÃO DO NOIVO, O BEMBÉM CUJA PRECIOSIDADE SÃO OS CONVIDADOS AO VIVO.

 

Do Jaime Flávio. Aqui vão fotos de minha colega de ginásio.

AMIGÃO. QUE EMOÇÃO VOCÊ ME CAUSOU POR TAIS PRECIOSIDADES

 

A TODOS OS CUMPRIMENTOS RECEM-RECEBIDOS SOU GRATÍSSIMO

 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

 




MARIA DA VANGE - MARIA APARECIDA VILELA SALGADO

JOÃO AMÍLCAR SALGADO

A Maria, apelidada de IA pelos quatro irmãos, foi a primeira criança no lar do João Salgado e da Vange. Antes dela, a bebê Emerenciana não sobreviveu. A menina cativava a todos não só pela vivacidade, mas pelo encanto dos lindos olhos azuis. Sua primeira façanha aconteceu quando a mãe tinha combinado com a Aparecida que, quando pedisse nhã-nhanhã, era o código para a babá preparar a mamadeira. A Vange distraiu na prosa com a dona Caixinha e a garotinha: mãe, tá na hora do nhã-nhanhã! Outra, foi a foto dela tentando pegar um cacho de uva. O pai disse para ficar na ponta dos pés e ela aparece com os calcanhares no chão e as pontas dos pés para cima. A Fina, a auxiliar da Vó Amélia, praticamente abandonou a idosa para paparicar a menina. Quando ouvia a voz da Fina esta dizia: Fin taí, ô dondade!

Quando nasci, faltavam 7 dias para ela completar 2 anos. Em vez de ciúme do novato, ela queria ser a mãe dele (o mesmo com o Zeca, a Neusa e o Lívio). E foi assim até minha 1ª comunhão. Que sorte a minha! ... ter uma guru tão zelosa! Antes da comunhão, eu estava de roupa chique e o Sem-Seca gostou de minha aparência, agora sim, em vez do habitual menino imundo de puêra vermêia. Respondi a seu elogio, dizendo-o bobão. Minha irmã ralhou comigo: agora você não vai poder comungar, vai ter que confessar outra vez. A Fina, substituta emergencial do Socônego, me absolveu. E a severa irmã acrescentou: mesmo assim, vai continuar aspirante da Cruzada Eucarística, até criar juízo. A Fina assinou em baixo desta sentença. Certo dia, fomos para a foto no jardim do largo da matriz e ela, como sempre, ditou: vamos ficar com as mãos na cintura e cruzar os pés. Só aceitamos a mão na cintura, a contragosto.

Nota. A ilustração mostra Latif, Mariquita, Bida, Zulmira, Lalá, Iracema e Bebete, que representam a multidão de amigas, amigos e admiradores

segunda-feira, 1 de abril de 2024

 


 

USINA DE MARMELOS 

1ª usina hidroelétrica da América do Sul em 1889

Barragem do rio Paraibuna, JUIZ DE FORA, MG.

Em 1882 a usina do rio Fox, em Appleton, Wisconsin, EUA, foi a 1ª do mundo.

Em 1923 foi a vez da usina de Queima-Capote no rio do Cervo em Nepomuceno [Ver no livro NEPOMUCENO -SÍNTESE HISTÓRICA (2017)]

sexta-feira, 29 de março de 2024

 

DOMINGOS MIGUEL OU “DUMINGO DO GRUPO”



O Dumingo é frequentador assíduo das páginas de meu livro O RISO DOURADO DA VILA. Foi menino terrível na Trumbuca, quando dizia que não queria ser doutor, mas jagunço de ricaço. Meu pai o encontrou ali na venda do Michel e ficou impressionado com a inteligência do jovem. Antes que ele cumprisse sua aspiração marginal, criou juízo no serviço militar, em Juiz de Fora. Meu pai então pediu meu avô, que era diretor do grupo-escolar, que o colocasse ali como bedel, desde que estudasse e não usasse de violência como disciplinador. Foi o bedel mais perfeito, pois conhecia por si todas as traquinagens da rapaziada. Uma das numerosas evidências de que a Vila é o umbigo do mundo aconteceu em Juiz de Fora. Adivinhem quem foi o maior amigo do Dumingo no quartel? Simplesmente o Luiz Gonzaga - sim, o sanfoneiro inventor do baião, corneteiro aos 17 anos! O comandante liberou o Luiz e o Dumingo para o circo, quando o nepomucenense causou a sensacional  suspensão do espetáculo, descrita no livro. O Dumingo me prometeu um retrato seu fardado. Não achou, mas eu achei o retrato do Gonzagão como soldado. Eis um retrato do Dumingo mais jovem e o de seu célebre amigo.

 

quinta-feira, 14 de março de 2024


 

ÂNGELA TONELLI VAZ LEÃO

João Amílcar Salgado

            A Ângela Leão é personagem de meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020), sendo filha da nepomucenense Zaroca (Isaura) Piva Tonelli e sobrinha do fraterno amigo de meu pai Zico Tonelli. As melhores farmácia e alfaiataria da Vila eram de meu pai e do Zico, respectivamente. O pai da Ângela é Saul Vaz, de ilustre linhagem mineira. Com o esposo guanhanense Wilson Coelho Leão, a filóloga teve cinco filhos. Ela aparece no Riso, quando me arguiu no vestibular da Fafich, em 1962. Ela reaparece no episódio com o Jarbas Juarez, no final do curso de jornalismo, em 1965. Este último causo acabou reunindo virtualmente três figuraças: Ângela, Drummond e nosso originalíssimo desenhista, pintor e escultor.

            Coincide que o Aires da Mata Machado Filho indicou a Ângela para herdeira de sua cátedra, enquanto, no vestibular da medicina, em 1955, fui arguido pelo Aires - e as arguições foram muito semelhantes. Na posse do Edward Tonelli na Academia de Medicina, fizemos uma roda da Vila, em torno da Ângela, quando relembramos este humorismo todo. Ela falou com entusiasmo da mais nova de suas pesquisas.  Comentei rapidamente que seu soberano castelhano pesquisado é mais uma das evidências de que a Vila é o umbigo do mundo. Como assim? É que mágicas linhas cruzadas do céu ibérico ocorreram, quando ela decidiu estudar o rei Alfonso X - sábio astrônomo e curiosíssimo poeta. Garanti a ela que a família Correia de nossa Vila, que inclui os Garcia, os Correia Lima e demais descendentes das Ilhoas (um deles eu) é consanguínea do Alfonso. Ela, atônita, exclamou que agendaria um dia inteiro para conversarmos exclusivamente sobre isso. Mas essa tertúlia infelizmente não aconteceu, por culpa do tumulto de nossas vidas acadêmicas.

NOTA O causo do Jarbas é ilustrado pelo texto de Ângela ASPECTOS LINGÜÍSTICOS E ESTILÍSTICOS DE FALA AMENDOEIRA, de Drummond, Revista Kriterion, 18:250, 1964.  Ver também a introdução de Ângela ao livro DICIONÁRIO FRANCÊS-PORTUGUÊS DE LOCUÇÕES, de meu querido amigo Aluísio Mendes Campos, também personagem do RISO.

terça-feira, 12 de março de 2024

 

 


AMEDÉE PERET - ARQUITETO PATRIMÔNIO DA UFMG

João Amílcar Salgado

Luciano Amedée Peret, belorizontino, arquiteto, diplomado em 1950 pela UFMG, foi professor e diretor das Escolas de Belas Artes e de Arquitetura da UFMG e um dos fundadores, diretor e presidente do INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS (IEPHA). Contemplado com admirável cultura geral e especializada, poderia parecer um francês desgarrado, mas, ao contrário, era de uma mineirice radical. Logo que fundamos o Centro de Memória da Medicina de MG, procuramos criar um centro em cada unidade. Para a arquitetura, entrei em contato com o Peret, que me confessou ter tentado algo semelhante, mas seus obstáculos vieram principalmente da ditadura e de docentes temerosos da mesma. Revelou que a Escola tinha uma gráfica grande e moderna e era vigiada contra uso subversivo. Uma tradução recém-editada de um livro, que nada tinha disso, fora confiscada, porque um araponga analfabeto concluiu que o autor francês difamava o Brasil. Importante acervo desse centro seria a réplica da Vênus de Milo e os moldes dos profetas de Congonhas, preciosidades que seriam protegidas e aproveitadas em vários fins. Afinal Peret foi decisivo no tombamento do Instituto do Radium, famoso internacionalmente, antes quase demolido. Luciano Filho, refinado pediatra da equipe de Ênio Leão, foi um dos que transformaram o antigo posto de gastroenterite em atendimento infantil de alto nível e em ambiente de seleta pesquisa científica. É o atual coordenador do Centro de Memória da Medicina, no encalço do paradigma paterno.

Vale registrar que um ramo da família Peret foi para a cidade de Três Pontas, havendo ali um local que o povo chama Perétia. Casaram-se no tronco Ferreira de Brito, o mesmo de minha família.