João Amílcar Salgado

sexta-feira, 5 de julho de 2024

 



QUARTO TRIUNFO DE GANDHI SOBRE CHURCHILL

João Amílcar Salgado

Há sete anos, publiquei a seguinte comemoração intitulada DUPLO TRIUNFO DE GANDHI SOBRE CHURCHILL: “No livro O Riso Dourado Da Vila (2003, 2020), narro que meu pai, na época da guerra mundial, me fez admirador de Churchill e que mais tarde, ao ler sobre a vida de Ghandi, passei a desprezar Churchill, porque este se recusara a receber este líder defensor da independência da Índia. Simplesmente alegou que nada tinha a falar com um faquir semi-nu. Não muito tempo depois o arrogante político teve de aceitar a independência pela qual o pacifista lutava. Hoje, 14-3-2015, Ghandi completa seu triunfo sobre Churchill, pois nesta data é inaugurada no centro de Londres a estátua de Ghandi, bem perto da estátua em homenagem a Churchill.  Meu regozijo pelo fato me obriga a homenagear meu pai, que me fez entrar indiretamente neste enredo, e a homenagear os que tiveram a iniciativa da estátua, num momento histórico em que se faz urgente exaltar a grandeza da doutrina da não-violência, difundida mundialmente por Ghandi.” Hoje, 24-10-2022, faço nova comemoração, pois acaba de acontecer um terceiro triunfo de Ghandi sobre Churchill, com a eleição de Rishi Sunak, de origem indiana, para primeiro-ministro britânico.

E mais. Hoje, 5/7/24, o Sunak deixa o cargo em virtude da derrota eleitoral dos conservadores, assumindo o trabalhista Keir Starmer. O Sunak é uma espécie de Ives Gandra britânico, no sentido de que descendentes de indianos e de paquistaneses se mostram discordantes de Gandhi. O mesmo acontece com descendentes hispânicos nos EUA. Trata-se de ex-colonizados tentando transparecer colonizadores. A vitória trabalhista por este aspecto é um quarto triunfo de Ghandi sobre Churchill.

[FOTO DE STARMER COM O REI]

sábado, 29 de junho de 2024

 


ADÉLIA PRADO, LEDA CAPORALI E ADÉLIA SALES

João Amílcar Salgado

A excelente ginecologista, mastologista, prosadora e poeta Leda Caporali é docente da UFMG e membra do colegiado do Centro de Memória da Medicina de MG. Pronunciou várias aulas, sempre aplaudidas, no curso de História da Medicina e é personagem de meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020). Seu perfil estudantil está no livro de Carlos Epifânio Queiroz REMINISCÊNCIAS DA TURMA DE MÉDICOS DE 1959 DA UFMG (sd). Em seu depoimento para o Carlos, ela revelou ter sido colega de Adélia Prado, quando dividia com ela o assento e a merendeira, nas aulas do ensino primário. Confessou que nessa época a poetisa era a Leda e não a Adélia. O despertar literário desta pode ter sido influenciado por tal circunstância. Mais tarde, em 2011, a Leda me procurou para saber a razão pela qual eu indicara a Adélia Prado como conferencista oficial do centenário de nossa faculdade. Respondi que de fato a diretoria me pedira uma lista de oradores para a solenidade. Na lista havia vários nomes e apenas o de uma mulher, Adélia Sales, também de nosso colegiado, com inestimável serviço à história da medicina mineira, especialmente por sua intimidade com seu pai Pedro Sales e com Pedro Nava. Na hora de apontar o escolhido, alguém disse: “ninguém aqui sabe quem é Adélia Sales, está claro que houve um erro de anotação e a sugerida só pode ser a Adélia Prado”. Quando recebeu o convite, esta estranhou, mas aceitou. Graças a seu talento, não deixou de abrilhantar a comemoração. Agora, em 26/6/24, Adélia Prado foi brindada com o PRÊMIO CAMÕES deste ano, o mais alto laurel do idioma luso.

 

domingo, 23 de junho de 2024

 



XICO BUARQUE E CELESTE ARANTES

Joáo Amílcar Salgado

Pedro Nava foi quem primeiro deu ênfase ao patrimônio genealógico mineiro com o livro BAÚ DE OSSOS (1972) e Xico Buarque o reenfatizou quando cantou “0 meu pai era paulista, meu avô pernambucano, meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano”. Pedro Vidigal documentou esse bisavô mineiro em OS ANTEPASSADOS (1980). Já Celeste ARANTES, mãe do Pelé, complementa essa valorização genealógica, inscrevendo-a na arte mundialmente aclamada de seu filho. Trata-se de mulher sul-mineira 4 vezes fidalga: é de 3 Corações, procede das alturas, mãe de um rei e consanguínea de um Duque. Não bastante, tem parentesco com Ivonne de Arantes. esposa do rival em talento do Xico, o ubaense Ari Barroso.

Os Arantes no Brasil se originam do luso Antônio Marques de Arantes, que nasceu, em 1738, em São Salvador, na Comarca de Vieira, Braga, Portugal, e faleceu em Aiuruoca, MG, em 1801 (seus pais:  Domingos de Arantes e Josefa Marques). Mais remotamente Amtônio é originário de um esconderijo anti-mouro chamado “Entre o Homem e o Cávado”. Nasceu de família que deve ter chegado ali da Galiza, sendo de mescla goda e celta. Em Formiga, MG, houve a união dos Arantes com os Farias Belos, da qual nasceram a mãe do Duque de Caxias, Mariana Cândida Faria Belo, e Sabina Madalena Faria Belo, casada com Estêvão de Abreu Salgado, dono das Águas Verdes.

terça-feira, 18 de junho de 2024

 

SANGUE É QUESTÃO DE SOBERANIA NACIONAL E ESTÁ NO ÍNTIMO MAIS PROFUNDO DA ÉTICA MÉDICA

 

Carlos Amílcar Salgado participa da luta para aperfeiçoar a sistemática nacional de transfusão de sangue. Agora no Recife, o Brasil intensifica a polÍtica de sangue como questão de soberania nacional e questão primeira da ética médica. Dentro do atual esforço concentrado, o país culminará com a nacionalização total da respectiva tecnologia.


sexta-feira, 14 de junho de 2024

 


JOÃO SEBASTIÃO E ARI ANTUNES – a Vila não pode esquecê-los.

João Amílcar Salgado

Eu tinha 17 anos e me preparava para o vestibular. Então houve uma conversa, em nossa farmácia, sobre as pessoas da Vila que lamentavelmente não tiveram oportunidade de prosseguir depois do grupo escolar.  Em dado momento o Ari Antunes disse que os três homens mais inteligentes da cidade eram Joões: o João Vilela, o João Salgado e o João Sebastião. Alguém acrescentou: “está faltando um que não é João, é o Ari”. Acho que este foi um dos dias mais felizes de sua vida. O Ari misturava uma velocíssima agilidade mental com uma incrível habilidade manual. Um receptor de rádio, um sapato zero km ou qualquer geringonça ele desmontava e os punha muitas vezes mais aperfeiçoados. Um dia ele pegou um relógio vagabundo e o transformou em automático.

 O Zé Sebastião, por sua vez, chegou a se achar tão inteligente como o João Sebastião, seu irmão. Infelizmente não era. O Zé tinha chegado de São Paulo, donde trouxera um omega de luxo, não automático. Ele falou que, se o Ari conseguira, ele faria com que aquela máquina perfeita ficasse automática. “Não faça isso”, todos disseram. Aí é que o Zé enfezou e a desmontou. O Lazinho Mendonça, seu auxiliar ainda menino, mexeu nas peças e na recontagem faltava uma. O Zé tentou recompor aquela joia, não conseguiu e começou a passar mal. A dona Linda pediu socorro ao Ari, que remontou o relógio e a máquina ficou melhor do que antes, mas sem a pecinha perdida. O João Salgado relatou isso à fábrica na Suíça e os técnicos de lá convidaram o Ari para repetir o conserto na Europa. Ele não foi porque sua esposa estava grávida. Pelos anos afora, a fábrica não conseguiu esclarecer o show do Ari.

Já o João Sebastião morreu aos 19 anos de apendicite supurada, embora operado pelo maior cirurgião de Minas, Borges da Costa. Faltou luz e nada pôde ser feito. Antes, o João, o Dr. Décio e outros foram ao Baeta Viana pedir para estagiar com o mestre, que era o maior cientista do Brasil.  “Quem aqui lê alemão?”, perguntou o Baeta. Ninguém. Ele emendou: “voltem quando souberem; e pela minha experiencia vão levar de um a três anos”. Apenas uma semana depois, o João Sebastião voltou. O Baeta não acreditou, mas teve de acreditar quando o jovem pegou um livro da estante ali atrás, traduziu o título e ia lendo o prefácio.  O João desapareceu do laboratório, o cientista mandou procurá-lo e lhe relataram a morte daquele gênio que o Brasil perdeu.

FOTO DO JOÃO SEBASTIÃO

quinta-feira, 13 de junho de 2024

 

MACHADO DE ASSIS EM INGLÊS TRADUZIDO POR UMA TRADUTORA BRASILEIRA

Posthumous Memoirs of Brás Cubas (translated also as Epitaph of a Small Winner), the ghost of a decadent and disagreeable aristocrat decides to write his memoir. He dedicates it to the worms gnawing at his corpse and, in 160 brief chapters, tells of his failed romances and halfhearted political ambitions, serves up harebrained philosophies, and complains with gusto from the depths of his grave. Wildly imaginative, wickedly witty, and ahead of its time, the novel has been compared to the work of everyone from Cervantes to Sterne to Joyce to Nabokov to Borges to Calvino, and has influenced generations of writers around the world.

This new English translation is the first to include extensive notes providing crucial historical and cultural context and also includes excerpts from previous versions of the novel never before published in English. KINDLE 2021