João Amílcar Salgado

sábado, 27 de novembro de 2021

 


A MAJESTADE DA CANÇÃO CAIPIRA MINEIRA

João Amílcar Salgado

Minas detém brilho invejável em música sertaneja. José Carlos da Piedade, Zé Coco do Riachão, Goiá e Tião Carreiro são mineiros que não podem faltar a qualquer registro do cancioneiro deste país. A esses quatro astros devem ser acrescentados o múltiplo Teo Azevedo, os Grupos de Serestas de Montes Claros e Diamantina, o coral Tangarás de Santa Isabel, o coral Arte Miúda,  bem como Teddy Vieira, ilustre sulmineiro adotivo.

José Carlos foi sanfoneiro, cantor e galã, até ser atingido pela hanseníase, trágico desfecho que lamenta na letra de SAUDADE DE MATÃO, sua criação imortal. Quando faleceu no sanatório, estelionatários que estavam à espreita se apossaram de sua criação. Zé Coco faleceu quando meu amigo Hermes de Paula programava levá-lo a um congresso médico em Montes Claros, onde eu receberia solenemente uma rabeca confeccionada pelo artista e declararia que algumas de suas composições são de fato bachianas, tanto           quanto as de Villa-Lobos. Dele é NO TERREIRO DA FAZENDA.  Ao Goiá me ligam três circunstâncias: a) ele é personagem da juventude de meu fraterno amigo José Sílvio Resende, o maior cirurgião torácico do país; b) sua gravação TIPOS POPULARES DE MINHA TERRA é coextensiva a meu livro O Riso Dourado da Vila e c) graças ao cabeleireiro Tadeu, o Amaraí foi nosso conviva na Vila, sendo membro da dupla que fez imenso sucesso com SAUDADE DA MINHA TERRA.  Já Tião Carreiro, autor de A VACA JÁ FOI PRO BREJO, foi consagrado definitivamente por Almir Sater, quando o declarou autor do resgate de nossa música rural, sendo inspirador e modelo do próprio Almir.

De Teo Azevedo exemplifico com LINGUAJAR CATRUMANO; das Serestas cito a modinha É A TI FLOR DO CÉU; dos Tangarás menciono ABC DE NOSSA SENHORA; do Arte Miúda lembro SAUDADES DE JK, e de Teddy Vieira relembro BOIADEIRO ERRANTE e O MENINO DA PORTEIRA. Em Ouro Fino, nasceu Luiz Renault Apocalypse, o maior juiz que já passou por Nepomuceno. Ali, na festa acontecida na casa do Geraldo Coutinho, sumidade ourofinense em medicina e cirurgia, os colegas goianos presentes aceitaram transferir Ouro Fino de Goiás para Minas.

[TODAS ESSAS GRAVAÇÕES ESTÃO NO YOUTUBE]

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 

O VERDADEIRO MAPA DO MUNDO


jOÃO AMÍLCAR SALGADO

A primeira rainha Elisabete ou Isabel (1533-1603) ficou indignada quando lhe mostraram o ridículo tamanho da Inglaterra no mapa da Europa e mais indignada ficou com a insignificância da ilha no mapa do mundo. Ordenou que corrigissem aquilo nas dimensões que indicou, alegando que sua vontade devia prevalecer sobre a ciência. Parece que ela, com essa irritação e apoiada em seus piratas oficiosos, iniciou outra maneira de mudar qualquer mapa. Forjou o domínio quase total do mundo, por meio do poderio militar do Império Britânico. Essa conquista foi feita em detrimento da origem espanhola da rainha. Já seus primos lusos e seus longínquos parentes brasileiros seriam atingidos 200 anos depois, no começo da revolução industrial. Esta não seria viável sem o ouro de Minas e sem a alimentação popular pela batata sul-americana. E tiveram o cinismo de nos obrigar a chamar esta nossa batata de batata inglesa. 

Esses dados estão em meu estudo sobre o tema do umbigo do mundo. Gente inteligente de todos os lugares, inclusive desse mesmo império, sempre desconfiou que os mapas, desde que foram amplamente divulgados pelo desenvolvimento da imprensa, eram elaborados também ao largo da ciência, com base em tendenciosa cartografia eurocêntrica. Um desses críticos foi o religioso escocês James Gall, já em 1885. Foi ignorado - e só em 1973 o notável alemão Arno Peters conseguiu maior repercussão (mas nem tanto) com seu mapa mundial verdadeiro.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

 

ILUSTRAÇÕES DO TEXTO

OS VILELAS E OS ALVES VILELAS

AS ILUSTRAÇÕES MAIS IMPORTANTES ESTÃO NO FACEBOOK – JOÃO AMÍLCAR SALGADO

 

os vilelaS e os Alves vilelaS

 

João Amílcar Salgado

 

 

 

FAZENDA DO ENGENHO DO BOM JARDIM DA MATA DO RIO JACARÉ de ANTÔNIO VILELA FRAZÃO

 

SUMARIO: ORIGEM DOS VILELAS – VILELAS FORA DE MINAS – VILELAS MINEIROS DE SERRANOS – VILELAS MINEIROS DE SANTANA DE JACARÉ – O MADEIRAME DE QUELUZ – ALVES VILELAS DE NEPOMUCENO E ITUIUTABA – COMENTÁRIOS – O TESTAMENTO DE VILELA FRAZÃO - OS 80 ANOS DE CLIMAR VILELA PAIVA – CLYDE ALVES VILELA – MARIA TAGLIAFERRI E OS VILELAS LIMAS – CENTENÁRIO DE EVANGELINA VILELA SALGADO – DISCURSO DE EVÓDIO VILELA – MÁRCIA SOUZA ALMEIDA – MARTA NAIR MONTEIRO – ANTONIO GUILHERME E JOSÉ GUILHERME VILELA – QUINTETO DA MEMÓRIA VILELA -  JOÃO AMÍLCAR (VILELA)  SALGADO – MENSAGEM DE AFRÂNIO VILELA – MENSAGEM DE JOÃO BATISTA VILELA


 

ORIGEM DOS VILELAS

No sul de Minas Gerais há duas famílias Vilela, uma proveniente de Serranos, antigo distrito de Aiuruoca, e outra proveniente de Santana do Jacaré, ex-distrito de Candeias. Curiosamente os Vilelas de Serranos se deslocaram na direção dos Vilelas de Santana do Jacaré, de tal maneira que bem cedo se casaram entre si e continuam a fazê-lo até hoje. Podemos mesmo dizer que muitos Vilelas de Boa Esperança, Nepomuceno, Três Pontas, Coqueiral, Carmo da Cachoeira, Candeias e Campo Belo devem ser considerados Vilela & Vilela, ou seja, oriundos de ambas as linhagens. Meus dois filhos, Carlos Amílcar Salgado e João Vinícius Salgado são exemplos de Vilela & Vilela. Daí é natural que se queira saber se essa gente era ou não parente em Portugal, já que vêm da mesma região norte, entre Porto e Braga. O primeiro Vilela de Serranos, Domingos Villela, nasceu na freguesia de Santa Maria das Palmeiras, próximo a Braga, cerca de 1708, enquanto o primeiro Vilela de Santana de Jacaré, Antônio Villela, nasceu na freguesia de São Martinho de Frazão (Penafiel), bispado do Porto, em (?)1739, em Portugal. Em favor de que o sobrenome Vilela possa ser eventualmente toponímico, sabe-se que a localidade Vilela é uma freguesia que  compõe o município de Paredes, hoje na área metropolitana da cidade do Porto.

 

 

Se os Vilelas são gente ilustre em Minas e no Brasil, não o são tanto assim na história de Portugal, onde é raro o sobrenome Vilela, nenhum com título de nobreza. Há Vilelas que alegam estar localizado na Espanha, em Navarra, o lado nobre dos Vilelas. Referem-se a Terçal Perez de Villela, conde de Monjaraz, que, na época manoelina, deixou um filho luso, Justo Vaz de Villela. Terçal veio a Portugal para selar tratados com Manoel I, que o convidou para conselheiro durante as grandes navegações, em virtude de sua inteligência e habilidade política. Seu filho nascido luso, Justo Vaz de Vilela, o sucedeu na função, pelo que o brasão de armas e títulos navarros foram confirmados como lusitanos pelo rei Manoel e por João III em 1547.

 

 A palavra Vilela foi e é nome de lugar, freqüente na Galiza e em Portugal - por exemplo, o distrito de Vilela de Arcos de Valdevez - com o significado de diminutivo de vila, constante de documentos desde o século X. O mesmo acontece com a palavra Villèle na França (condato de Villèle), Como sobrenome, aparece inicialmente acompanhado da preposição de : De Vilela. A primeira pessoa de sobrenome Vilela com referência direta na história lusa é Rodrigo Anes Villela, já sem a preposição de, e sem data indicada, citado na publicação DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES.

O Vilela seguinte é o padre Gaspar Villela, que nasceu em Aviz, distrito de Portalegre (Alentejo), em 1524, e foi missionário no Oriente. Talvez tenha sido o primeiro ocidental a percorrer extensivamente todo o Japão, lá ficando por muitos anos, a ponto de escrever dissertações em língua japonesa. De acordo com a tradição de inteligência e cultura, bem como de inclinação para historiadores, entre os Vilelas, Gaspar Villela escreveu uma HISTÓRIA DA VIDA DOS SANTOS e deixou precioso acervo de cartas. Faleceu no ano de 1571, em Goa, onde certamente conviveu com três portugueses célebres: o poeta Luís de Camões, o escritor Fernão Mendes Pinto e o médico Garcia de Orta. Estamos estudando possível relacionamento direto ou indireto entre Gaspar Vilela e os jesuítas, especialmente com o luso Simão Rodrigues e o basco São Francisco Xavier. Por outro lado, é possível que Gaspar Vilela, de alguma forma, tenha inspirado o padre que figura como intérprete no romance XÓGUM (1975), de James Clavell.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VILELAS FORA DE MINAS

 

Já no Brasil há um Vilela com títulos nobres, não só de visconde mas de marquês: Francisco Barbosa Vilela, nascido no Rio de pai luso (de igual nome, nascido em Braga). Ficou com o sobrenosme sempre oculto pela pomposa designação de marquês de Paranaguá; foi matemático e poeta e ocupou vários ministérios imperiais. O Vilela brasileiro, entretanto, mais conhecido não é o marquês e igualmente não é mineiro: é o senador e usineiro alagoano Teotônio Brandão Vilela, herói da chamada campanha das Diretas-Já, que levou à redemocratização do país, depois de vinte anos de ditadura militar. É irmão de Avelar Brandão Vilela, também um nome nacional por ter sido cardeal primaz do Brasil. Quando conheci a médica Rosana Vilela, filha de Teotônio, disse-lhe que ela se parecia com as moças Vilelas de Nepomuceno. Ela, que é minha amiga e como eu se dedica à pedagogia médica, respondeu dizendo que seu tio Avelar lhe havia dito que os Vilelas brasileiros eram todos uma única família. Seu irmão Teotônio Vilela Filho foi eleito senador e governador de Alagoas. Há Vilelas em outros Estados nordestinos. È provável que o advogado, jornalista e escritor pernambucano, Joaquim Carneiro Vilela, pertença ao tronco dos alagoanos.  Os mais numerosos fora de Minas são aqueles nativos de Estados vizinhos a Minas, quase sempre ligados à diáspora de sulmineiros. São assinalados no Rio, São Paulo, Goiás e vale do rio Paraná. No Rio, o Vilela mais ilustre é o cientista Eurico Vilela, amigo fraternal do descobridor Carlos Chagas e concunhado de  outro amigo fraterno Samuel Libânio. É digno de nota haver em Goiás uma cidade chamada Mineiros, da qual duas das famílias principais são Vilela (à qual pertence o deputado federal Leandro Vilela) e Carrijo, e que desse Estado foi governador o político Luiz Alberto Maguito Vilela, cujo trisavô, José Manoel Vilela, fundador da cidade de Jataí, GO, é sulmineiro da cidade de Coqueiral, vizinha a Nepomuceno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GALERIA DE VILELAS MINEIROS

 

 

            Sobressaem aí, de início, os educadores. Há dois reitores de importantes universidades: Evaldo Vilela (Viçosa, federal) e Suely Vilela (São Paulo, estadual), seguidos de dirigentes educacionais Marta Nair, Marcia Souza, Maria Salgado, Iracema Lima e Zélia Lima. Um secretário de Estado e escritor acadêmico: Márcio Vilela. Três juristas: João Batista Vilela, Afrânio Vilela e José Guilherme Vilela. Dois altos cientistas agronômicos: o citado Evaldo e Edilson Paiva. E, para coroar, quatro artistas: o ficicionista Luiz Vilela, o teatrólogo Gabriel Vilela, o violonista Ivan Vilela e a apresentadora Valéria Monteiro. Proximamente esta galeria será completada com os Vilelas da área da saúde, saudáveis competidores dos citados e demais Vilelas agrônomos.

 

VILELAS MINEIROS DE SERRANOS: VILELAS FIALHOS E VILELAS GARCIAS

O primeiro Vilela de Serranos, Domingos Vilela, é neto de João Vilela, morador na localidade de Galego da freguesia de Santa Maria das Palmeiras, e filho de Custódio Vilela, da mesma freguesia. Custódio casou-se ali mesmo com Felícia Cerqueira, em 1707, e dali Domingos, filho do casal, migrou para o Brasil. Um irmão de Domingos, André Vilela Cerqueira, migrou para Guaratinguetá, São Paulo, casou-se aí, em 1753, na família Fialho, mas seus filhos, os Vilelas Fialhos, vieram para Minas Gerais na direção de seus primos. Vale lembrar que em Guaratinguetá era pároco o padre José Alves Vilela, que, em 1743, foi o primeiro a relatar o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Dele ora estudamos a relação com os Vilelas Fialhos.

Já Domingos Vilela, casou-se, na mesma época de seu irmão, com Maria do Espírito Santo Garcia, filha de Júlia Maria da Caridade, uma das irmãs ilhoas, que vieram da ilha do Faial para Minas Gerais. Júlia casou-se na freguesia de Rio das Mortes Pequeno, pertencente a São João del Rei, com Diogo Garcia, também ilhéu, em 1724, e a filha Maria nasceu na mesma localidade, mas foi morar com o marido Domingos Vilela em Serranos, onde tiveram onze filhos que chegaram à idade adulta. Quatro destes permaneceram em Serranos, dois na atual cidade de Natércia, uma (Mariana) em Carmo da Cachoeira, e quatro (José, Maria, Teresa e Ana) na região compreendida por Boa Esperança, Campos Gerais, Coqueiral, Carmo do Rio Claro, Três Pontas e Nepomuceno, todas, na época, localidades pertencentes a Lavras. Dos descendentes destes últimos cinco é que vieram os principais entrelaçamentos com os descendentes dos Vilelas de Santana de Jacaré.

O texto básico para o estudo dos Vilelas de Serranos foi escrito pelo monsenhor José do Patrocínio Lefort, completado por José Guimarães. O rastreamento dos descendentes de André e Domingos Vilela (isto é, os Vilelas Fialhos e os Garcias Vilelas) é dificultado pelos numerosos membros da família que não conservaram o sobrenome Vilela, sendo mais difíceis casos como o do sub-ramo de sobrenome Corrêa. São descendentes que não conservam os sobrenomes Garcia ou Vilela, mas integram a numerosa prole do padre Manuel Gonçalves Corrêa (que, embora Garcia, recebeu, por exigência de Júlia Maria da Caridade, o sobrenome Gonçalves Corrêa, em homenagem ao avô materno). Muitos de tal prole matrimoniaram com primos Vilelas, por exemplo nas cidades de Formiga, Itapecerica e Nepomuceno.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VILELAS MINEIROS DE SANTANA DO JACARÉ: VILELA FRAZÃO, VILELA CARRIJO E ALVES VILELA

 

 

          A família Vilela Frazão está incluída pelos linhagistas na Genealogia Paulistana, no capítulo dos Horta/Gago. Os Horta, no Brasil, se originam com Baltazar Nunes de Horta, da cidade de Setúbal, Portugal, especificamente com a neta deste Catarina de Figueiredo Horta, falecida em 1621 em São Paulo, e que tinha, nos ascendentes, os sobrenomes Carvalho, Alves, Gonçalves, Salema, Correia, Andrade, Ferreira, Magro e Soares. Catarina Horta casou-se com Pascoal Ribeiro e depois com  Rafael de Oliveira Gago. Os Vilela Frazão provêm dos filhos do primeiro casamento, pois Antônio Vilela Frazão veio de Portugal e, em Minas, se casou com Eufrásia Pires Brant Ribeiro, de família fundadora de São João del-Rei.

 

Nesta linhagem há dois casos em que os filhos ficaram com o sobrenome Vilela da mãe - a começar pelo primeiro deles Antônio Vilela, cujo pai era Antônio Velho Porto e a mãe era Maria João (Vilela). Antônio Vilela (Frazão) casou-se em Minas Gerais com Eufrásia de Jesus Maria Pires Ribeiro, filha do sargento-mor Manoel Pires Ribeiro, de S.J. Del Rei, e de Jacinta Maria Caldeira Brant. Eufrásia é neta de Ambrósio Caldeira Brant, importante na guerra dos Emboabas, e sobrinha do legendário contratador Felisberto Caldeira Brant.   Além disso, os ascendentes paulistas de Eufrásia, como já dito, são Horta e Gago. Já o lado Ribeiro de Eufrásia tem ligação com os Ribeiro da Silva e os Ribeiro de Oliveira Pena, da fazenda do Salto, onde foi batizada.  

A filha de Antônio Vilela, Joana Francisca Rosa Vilela, casou-se, em 1801, com Manoel Alves Carrijo, cujos filhos passaram a ter o sobrenome Alves Vilela, sendo o Alves tirado do pai e o Vilela da mãe. Assim, os Alves Vilelas são de fato Vilelas Carrijos. Essa preferência pelo sobrenome materno pode ser explicada quando este for denotativo de cristão-velho, que assim ganha preferência em comparação com o sobrenome paterno, eventualmente denotativo de cristão-novo. Dessas observações se deduz que há descendentes de Antônio Vilela que não são Alves nem Carrijo, bem assim há Carrijos que não são Vilelas, se forem descendentes unilaterais de irmãos de Manoel Alves Carrijo (um deles é Antônio Alves Carrijo que com ele adquiriu sesmarias vizinhas a Vilela Frazão). E há os Vilelas que assinam apenas Frazão, descendentes de outra filha de Antônio Vilela Frazão, Páscoa Angélica de Jesus Vilela, que se casou com Alexandre Gonçalves de Oliveira, fixados principalmente em Formiga. Já os descendentes de Joana Francisca Rosa Vilela, os Alves Vilelas, se fixaram em Campo Belo, Cristais, Candeias, Ituiutaba e Nepomuceno. Vale lembrar que Felisberto (Alves Carrejo), um irmão de Manoel Alves Carrijo é considerado fundador de Uberlândia e três irmãos Alves Vilelas são co-fundadores de Ituiutaba. Vilela e Carrijo são sobrenomes históricos na região da cidade de Mineiros em Goiás. O sobrenome Carrijo, de si corruptela de Carrillo, sofreu mudança para Carrejo no Triangulo e em Goiás.

Antônio Vilela chegou das proximidades da cidade do Porto para a região centro-mineira de Congonhas do Campo, mas acabou vindo para o sul da província e encontrou já estabelecidos aqui os Vilelas de Serranos. Para distinguir o recém-chegado dos demais, este passou a ser cognominado de Frazão, derivado de sua localidade natal, e é assim que se auto-denomina em seu testamento. Faleceu em 1813. Casou-se em família importante de São João del Rei. Assim, Antônio Vilela Frazão, que deve ter migrado por ambição mineradora, se viu entregue à agropecuária, inclusive a agro-indústria de açúcar e cachaça, sem contudo deixar de ser proprietário de lavras no Rio Paraopeba [ver seu testamento já divulgado na internet]. Algo semelhante aconteceu ao patriarca de Serranos, Domingos Vilela. As férteis terras sulmineiras, antes desprezadas por mineradores do norte de Portugal, passaram a ser valorizadas para a agropecuária no final do século 18, como resultado da chegada e da expansão de agricultores açorianos, sendo esta facilitada pelo extermínio de quilombos e o genocídio de quilombolas.

Tudo indica que Antônio Vilela Frazão não abandonou a mineração de ouro pois fez seu primogênito homônimo ocupar terras no vale do rio Pará de modo semelhante às que ocupara no vale do rio Jacaré. Esta região ficou conhecida como Pará dos Vilela e ali a família teve várias fazendas, uma delas a fazenda Aurora, onde João Guimarães Rosa, muito amigo dos Vilela, situou o conto SARAPALHA. As terras dos Frazão correspondem a áreas depois situadas nas cidades de Itaguara, Cláudio, Carmópolis e Itaúna. A família Frazão também se deslocou para Paracatu, logo após a fama do ouro ali disponível.

Os quadros a seguir permitem uma visão geral da gente Vilela Frazão.

 

 

 

 

O texto básico para o estudo dos Vilelas de Santana do Jacaré foi escrito por José Gomide Borges, completado parcialmente por Denise Garcia e por anotações manuscritas preservadas por Marta Nair Monteiro. Já Luiz Alberto (Vilela) Franco Junqueira, em seu abrangente estudo, cobre os dois clãs Vilelas. Discípulos itaunenses do linhagista Guaraci Nogueira são também importantes estudiosos dos Frazão. Sobre o possível parentesco entre as duas famílias Vilela, recebi de meu fraternal amigo Miguel Monteiro, ilustre historiador da Universidade de Braga, ajuda fundamental, que culminou com o encontro de Águeda Vilela, bisavó de Antônio Frazão. Seus dados permitiram também chegar ao possível parentesco entre os Alves Vilela e a família Costa Vale, dois clãs que vieram do norte luso para nossa região, estendendo-se para os Correa Vale, Cardoso Vale, Ribeiro do Vale e Vale Mendes.  Cumpre lembrar que o padre José Alves Vilela (1696-1779), vigário de Guaratinguetá, que, a partir de 1725, foi o primeiro cronista do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, não pode, por anterioridade, pertencer à descendência de Alves Carrijo, embora deva ser ligado aos demais Vilelas de Portugal.

 

O MADEIRAME DE QUELUZ

 

Entre os Vilelas de Santana de Jacaré há a tradição apenas oral de que, após o término da construção do palácio de Queluz (réplica de Versailles, onde nasceu e faleceu nosso imperador Pedro I), Antonio Vilela Frazão teria oferecido e enviado o jacarandá rosa de suas terras da mata do Jacaré para revesti-lo. Infelizmente a casa do Engenho do Bom Jardim da Mata do Jacaré, de Frazão, não foi preservada mas pode ser vista em foto. Há também a tradição de que desta fazenda foi gado para a corte de João VI, quando houve escassez de carne para satisfazer o apetite dos cortesãos recém-chegados.

 

ALVES VILELAS DE NEPOMUCENO E ITUIUTABA

 

Como foi dito, Antônio Vilela Frazão teve uma filha que se casou com Manoel Alves Carrijo de que resultou a família Alves Vilela. Um dos filhos de Manoel Alves Carrijo recebeu o nome de Manoel Alves Vilela (tenente-coronel), o qual se casou várias vezes, sendo a primeira esposa Ana Umbelina Souza Monteiro Costa (filha do co-fundador de Nepomuceno Manoel Joaquim Costa Vale) e a última Laura Gontijo Gomide. Quando faleceu, 32 filhos teriam comparecido ao velório, sendo que Pedro, o mais velho, podia ser avô do caçula Joaquim. Três dos filhos de Manoel Alves Vilela foram para Ituiutaba (cidade que ajudaram a fundar): Pedro, Augusto e João, todos casados na família Garcia Frade. Outro também de prenome João, o cônego João Alves Vilela, foi ordenado por D. Antônio Viçoso em 1859 (oito anos após o venerável padre Vítor). Três vieram para Nepomuceno. Destes, Francisco Alves Vilela se casou com Mariana Umbelina Correia Lima, da mesma família de sua mãe, e deu origem aos Vilelas Limas - e Delminda Alves Vilela, casada com Francisco Anastácio Barbosa, deu origem a descendentes com o sobrenome Barbosa (o mais eminente dos quais é o notável cardiologista Adauto Barbosa Lima) .  Uma outra irmã, Carolina Cândida Alves Vilela se casou também na família Barbosa, com Antônio Anastácio Barbosa.

ADAUTO BARBOSA LIMA, PIONEIRO CLÍNICO DA CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA  NO BRASIL

O terceiro era o caçula Joaquim Alves Vilela (1870 –1914), que foi trazido pela família do irmão Francisco, este bem mais velho, para constituir em Nepomuceno um ramo também Lima, mas que conservou o sobrenome Alves Vilela. Casado com Amélia Augusta Lima Ribeiro de Oliveira Costa, tiveram os filhos Demétrio, Adélia, Adelaide, Licínia, Clyde e Evangelina Alves Vilela.

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O autor é neto de Joaquim Alves Vilela. É também professor titular de Clinica Médica e pesquisador em História da Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

 

COMENTÁRIOS:

1- A pedido da coordenadora do Projeto Partilha colocamos um link na página de www.carmodacachoeira.blogspot.com à sua página principal, e doravante iremos linkar as referências os "Alves Vilela" nesta página específica.

2- Meu nome é Douglas Vilela, e estou tentando trabalhar a árvore da família Villea, mais especificamente no tronco de Pernambuco. Até onde encontrei, foi Manoel da Cruz Villela, português dos arredores de Braga, que primeiro teria vindo ao Brasil com dois irmãos, por volta de 1707. Manoel teria ido para pernambuco, de onde vem a minha linhagem, e os irmãos teriam descido mais ao sul. Não sei se há parentesco com Custódio Villea, pois as datas não bateriam, nem eu conegui descobrir de onde viria esse "Cruz". Talvez ele seja irmão ou primo de Custódio, mas quem seriam esses irmãos que vieram com ele para o Brasil? Domingos e André seriam candidatos, mas suas datas de nascimento não batem, tendo eles vindo algumas décadas depois. Se tiver mais alguma informação ou alguma luz que possa ajudar minha pesquisa, ficaria muito grato! Desde já obrigado, Douglas Vilela.

3- Meu nome é Ely Paiva, sou de Uberlândia. Parabéns pelo belo trabalho sobre os Alves Vilela. Estou escrevendo um livro sobre os Pioneiros de Coxim, MS, com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado. Um esboço da nossa pesquisa inicial pode ser vista no link www.povoadores.net   Estou traçando as origens de uma das primeiras famílias de Coxim, que veio através de Antonio Teodoro de Carvalho e seu (sobrinho ?) Manoel Teodoro de Carvalho. O Antonio Teodoro foi citado em vários livros do Taunay à época da Guerra do Paraguai.  Esse "Manoel Teodoro de Carvalho", nascido em 1856, foi casado em primeiras núpcias com "Rita Alves Vilela". Além disso, já vi que os Teodoro de Carvalho de Coxim eram muito próximos dos Ferreira Junqueira dali. João Ferreira Junqueira que morou no Prata antes de ir pra Coxim, era padrinho de casamento de Antonio Teodoro de Carvalho. E já percebi que essa proximidade das 2 famílias ocorreu também em outras cidades do triângulo mineiro.  Por favor, você já ouviu falar dessa "Rita Alves Vilela".  Pelo sobrenome "Alves Vilela" podemos dizer com grande chance, que eram oriundos do Triângulo.

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OS 80 ANOS DE CLIMAR PAIVA – ILUSTRE ALVES VILELA

João Amílcar Salgado

Os cidadãos nativos e adotivos de Nepomuceno estão acompanhando com aplauso a sucessão de reuniões de clãs locais. No momento, a propósito da terceira reunião dos Alves Vilelas, sugiro duas coisas. Primeiro, que todas as demais famílias nepomucenenses façam congraçamentos semelhantes. Segundo, que a próxima dos Vilelas seja uma reunião conjunta de todos os sub-ramos, numa autêntica VILELADA.

A primeira festa foi a dos 90 anos da mui amada Maria Tagliaferri Vilela, na agradável fazenda de sua filha Glorinha, regida (a fazenda e a comemoração) pelo esposo desta, o Toninho Lima Reis – imbatível na fidalguia com que recebe cada um e a todos. A segunda, comandada pelo casal Roberto Vilela Gonçalves e Elina Lima, foi a reunião dos numerosos descendentes do legendário João Alves Vilela Lima. Este foi um Alves Vilela autêntico e tão marcante e em tantos aspectos, sobretudo por sua inventividade e sua habilidade fitoterapêutica, que será objeto de livro biográfico, coordenado pelo neto Evódio Vilela – destacado docente da Universidade Federal de Lavras. A terceira acaba de ocorrer em comemoração aos 80 anos (que parecem menos de 60) da vitoriosa Climar Vilela Paiva, quando foi oportuno homenagear também seu saudoso esposo Jainir Santos Paiva (nosso Nininho), os filhos, irmãos e inesquecíveis genitores.

Divulguei ali um texto que assim termina: Exemplo ilustre dos Alves Vilelas de Nepomuceno são os filhos do casal Jainir-Climar: MARCOS, EDILSON, RENATO e LUCIANO. São todos engenheiros agrônomos (como outros notáveis Vilelas agrônomos), com pós-graduação nos EUA e que brilham na Universidade, na Embrapa ou como empresários – um por um verdadeiros cientistas que honram o boom agrícola que ora vivemos e, mais que isso, a tradição de pesquisa agronômica de Minas e do Brasil. Em Ituiutaba, exemplo igualmente nobilitante dos Alves Vilelas é o jurista João Batista Vilela (como outros notáveis Vilelas juristas e escritores), astro maior, em Minas, no Brasil e no exterior, na especialidade do Direito Privado. Observe-se que no Triângulo a presença dos Vilelas e Garcias é tão marcante que acabou por gerar um novo sobrenome: Garvil (tirado de Fanny e Osvaldo), conforme a oportuna observação do escritor  Olavo Romano.

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CLYDE ALVES VILELA – MINHA TERNA REFERÊNCIA NO PANFLETO E NO HUMOR

CLYDE E CLIMAR

João Amílcar Salgado

Clyde Alves Vilela, meu inesquecível Tio Lela, recebeu este nome inglês de meu avô Joaquim Alves Vilela, que primou por escolher nomes sofisticados da história e da literatura para os filhos: DEMÉTRIO, ADELAIDE, ADÉLIA, LICÍNIA, CLYDE e EVANGELINA. O povo da Vila recusou a pronúncia inglesa e fez bem em apelidar o Clyde de Lela. Ele foi uma inteligência incomum, exímio e criativo farmacêutico (inventou vários remédios de manipulação) e também temido panfletário na política municipal. Estas qualidades me foram espontaneamente apontadas por seu parente e amigo de juventude Oscar Negrão de Lima, catedrático de Medicina Legal da atual UFMG.

Além de usar de inteligência e criatividade privilegiadas no exercício profissional, no jornalismo partidário e no jogo de xadrez, usou-as em duas outras áreas, hoje marco na tradição de nossa família. Foi um dos contribuintes célebres ao folclore estudantil de Ouro Preto, para onde, no curso de Farmácia, levou o senso de humor inigualável de sua cidade natal – e criou para os filhos que teve com a também inesquecível tia Mariinha (Maria Cardoso Vilela) nomes tão originais quanto designativos de algumas das pessoas mais estimadas da vida nepomucenense: CLIMAR, MARCLI, CLYDE, ILCRAM e RAMILC. Em meu livro de memórias O RISO DOURADO DA VILA, de 2003, procurei deixar fixados para sempre estes e outros dos traços essenciais desse paradigmático grupo familiar sulmineiro.

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MARIA TAGLIAFERRI E OS VILELA LIMA DA QUITINHA

 

JACY VILELA LIMA

João Amílcar Salgado

A casa da dona Riqueta (Henriqueta Rafael de Menezes), vizinha à nossa farmácia, era e é muito imponente. Foi erguida com todo o requinte pelo construtor civil veronês Ambrósio Tagliaferri, mas a dona Luiza (Tonetti), sua esposa florentina, disse que só a habitaria com todas as dívidas pagas. E foi assim que, antes de habitada, foi vendida. Desde que soube disso inscrevi este trágico Ambrósio entre meus personagens shakespearianos.

Com o fim da guerra e a queda da ditadura Vargas, em 1945, a Pax Nepomucenensis (antes abalada pela disputa entre veados e caranguejos) foi mais uma vez posta à prova, quando nossa farmácia passou a ser o quartel general desta vez dos udenistas.  À noite a política fervia e os primeiros a chegar eram os irmãos Rodrigues, seguidos dos irmãos Lourençoni. Depois chegavam os irmãos Vilela Lima, sento estes netos de Francisco Alves Vilela, o primeiro Alves Vilela da Vila, irmão de meu avô Major Joaquim Alves Vilela, o Quinca:   Ernane, Ari, Jaci, Soneca, além  do cunhado Cacá Ferraz e do meio irmão Zinho. Interessante é que os netos de Francisco Alves Vilela eram identificados pelas noras: os Vilela Lima da Vicentina (casada com o João Vilela) e os Vilela Lima da Quitinha (casada com o Neca Vilela).  O udenista mais irritante para os pessedistas era o Dumingo Miguel e o mais exaltado, querendo briga, era o Jaci Vilela.  Os estrategistas mais temidos eram o farmaceutico Sargado e o advogado Ernane Vilela.  Estes, sendo os dois homens mais cultos da cidade, em vez de se rivalizarem, admiravam-se mutuamente, pelo que eram  temidos aliados políticos.  O doutor Ernane era verdadeiro jurista e se quisesse teria feito a mais brilhante carreira na magistratura. Aliava o melhor domínio verbal dos Ribeiros Limas à melhor agilidade mental dos Vilelas. Ele e o Lídio Bandeira de Melo talvez tenham sido os únicos advogados brilhantes em matemática. Como seu aluno no ginásio, o vi transitar com ágil desenvoltura entre teoremas e equações, tanto quanto entre códigos e leis.

Depois da janta era hora de chegar o Tunico Barbosa, irmão da Dona Sinhaninha, também Alves Vilela por via materna.  Usava sempre um terno de brim cáqui e também falava espremido, comentando sempre negócios e política, ouvindo causos sem contá-los.  Depois chegavam os mais interessados em saber das novidades políticas e das notícias da guerra, lidas nos jornais e ouvidas no rádio. O mais sintonizado com tudo que se passava era o Vivico (Cordovil) de Freitas. Já o carbonário Ambrósio Tagliaferri, ao ver seu genro, Jaci Vilela, sair para a farmácia em busca de novidades, dizia: lá vai ele para o alto comando francês da Vila! Nesta não houve qualquer hostilidade aos italianos, como ocorreu contra estes e os alemães, por exemplo, em Belo Horizonte. O Ambrósio, aliás, chegou a Minas para ficar na Capital, mas foi atraído à Vila pelos Custódios da Veiga.

Evidência de que o Ambrósio não era fascista e sim patriota está no nome Jefferson dado a seu filho, homenagem ao esquerdista do grupo fundador da democracia ianque. O Jefferson, parceiro de xadrês e grande amigo de meu pai, foi referido assim pelo Wagner Cardoso, em seu livro História Pitoresca de Campo Belo: veio para Campo Belo como operário e jogador de futebol e chegou a ser um dos três maiores empresários de nossa história – versátil, trabalhador, dinâmico. Já a dona Maria Tagliaferri, hoje em sua magnífica lucidez octogenária, deve ser homenageada como heroína e como exemplo de inata bondade e inexcedível doçura. Inteligente, observadora e mãezona, ela é a nona latina que se aclimatou à Vila, com o fim precípuo de distribuir carinho aos filhos dela e de todas as mães da cidade. Ela e minha mãe são irmãs de viuvez. Os amigos Sargado e Jaci morreram cedo e à mesma época, deixando os filhos muito jovens, os deste mais jovens ainda. Ambas reencontraram forças para superar a adversidade e conduzir a prole no rumo de que os pais ausentes se orgulhariam.

A fraterna ligação da dona Maria conosco é anterior ao parentesco do esposo com minha mãe. Vem de quando a vivíssima garota, filha do casal Ambrósio-Luiza, foi aluna de minha avó Xanica no grupo escolar, dirigido pelo esposo desta, meu avô João de Abreu Salgado. Diz ela que era encantada com a beleza física daquele diretor alto e de olhos azuis, sendo ao mesmo tempo atencioso, severo e culto. Já a dona Xanica, escondia em cativante meiguice, a mulher fina da aristocracia trespontana, admirada pelas prendas manuais em confeitos e bordados. Diz que o bisneto Carlos lhe traz a imagem do diretor bonitão. – E os Vilelas, dona Maria? – Ah, é tudo gente boa e muito engraçada! Perguntei que traços vilelas ela mais identificou. Respondeu que meu outro avô, Major Quinca, vivia com a calça despencando e que o Jaci tinha o mesmo hábito, tomando o apelido de Major. E acrescentou que, na geração seguinte, a tradição é mantida pelo Zeca da Vange e pelo Aluízio do Ari.

Hoje calculo a alegria do Jaci, se vivo fosse, diante da projeção e do brilho do filho cirurgião Manoel Jaci Vilela - das nossas principais autoridades em transplantes de órgãos e docente da Universidade Federal de Minas Gerais.

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EM 2007 NEPOMUCENO COMEMORA O

CENTENÁRIO DE EVANGELINA VILELA SALGADO

João Amílcar Salgado

Evangelina Vilela Salgado (1907-1995) foi a filha caçula do boticário e major Joaquim Alves Vilela e de Amélia Augusta Costa Vilela - e por isso mesmo ficou com o apelido de caçulinha. Em especial, este diminutivo passou a ser carinhosamente usado por todos os parentes, após tornar-se órfã de pai, quando ainda não completara sete anos de idade. Logo a seguir, passou a ser chamada de Vange, o que a agradava, pois não gostava do prenome de batismo. Mais tarde, tentei mudar-lhe a opinião, dizendo que Evangelina era nome elegante da literatura internacional e de uma heroína de guerra, mas ela manteve a velha ojeriza.

Nasceu na casa mais conhecida da praça da matriz, chamada de Botica, onde seu pai instalara sua farmácia. O que resta hoje da Botica foi modernizado pelo último proprietário, Dario Sebastião de Lima, parente próximo da Vange, que a transformou em agradável residência. A Botica primitiva era de fato uma casa comprida que ia da porção remanescente até a esquina da antiga saída para Lavras. A Botica provavelmente já existia antes de ser a farmácia do pai da Vange.  É quase certo que tenha sido originalmente um misto de farmácia e casa de comércio, do tempo do Casaquinha.

Logo a seguir, a habitação da família passou a local bem próximo à Botica, numa casa que fechava a atual rua Pimenta da Veiga, exatamente servindo de sede a uma chácara, posteriormente herdada pela própria Vange.  Nesta casa foi feita uma fotografia que mostra o quintal dos fundos, que era um curral. Seu pai está ao lado de uma vaca e na porta está a Vange com os cabelos alvoroçados. A menininha tinha cerca de três anos e fizera pirraça para não se pentear. Provavelmente, no mesmo dia, foi feita a fotografia de toda a família, com roupa domingueira: o pai Joaquim (Quinca), a mãe Amélia, os dois filhos Demétrio e Clyde (Lela), ambos futuros farmacêuticos por Ouro Preto (o primeiro em final de curso), e as irmãs Adélia, Adelaide Licínea e Vange.  Curiosamente a Licínea aparece com os dois sapatos do mesmo pé.

Mais tarde, a viúva Amélia voltou a morar na praça da matriz, no lado oposto à Botica, no casarão vizinho ao prédio novo da farmácia herdada pelos filhos e junto da filha Adélia, então recém-casada com o primo João Batista Lima.  Em volta da praça, moravam quase que só parentes e isso fez da meninice e juventude da Vange um período muito divertido e feliz.  Além da convivência da praça, a menina era recebida com muito mimo nas fazendas de duas de suas tias maternas, a da tia Elisa, casada com o tio Batistinha, primo desta, e da tia Zulmira, casada com o tio José de Barros, famoso por detestar o uso de sapatos, apesar de muito rico. Mais próxima da cidade, ficava a fazenda da Santa Cruz, do advogado Otaviano de Lima (o famoso Dr. Vico), primo da viúva Amélia e também primo da esposa Elisa, aonde a Vange ia com freqüência na companhia da Leolita, filha dos donos, que lhe foi companheira de infância e mocidade e, mais que isso, querida amiga pela vida toda.

A Vange, porém, gostava, sobretudo, da fazenda da Limeira, dos avós maternos, seus padrinhos, apelidados de Dindinho e Dindinha.  Tratava-se do tenente José Augusto Ribeiro de Oliveira Costa, cuja esposa, Mariana Corrêa Lima Costa, tinha o espírito de empresária, contrastante com o hábito descansado do esposo. De fato, enquanto o tenente, um Ribeiro típico, aguardava o resultado primário da lavoura e da pecuária, a Dindinha, uma Correia Lima típica, colocava o demais pessoal válido na labuta diária pela manufatura de polvilho, banha, lã, quitandas e laticínios. Como lamento ter sido privado de conhecer a casa antiga da fazenda!  Por que não a compramos antes de ser demolida?

Foi nessa fazenda que a menina Vange, quatro anos depois de perder o pai, presenciou um quadro indescritível de doença e morte. No ano de 1918 a chamada Gripe Espanhola, uma das maiores pandemias da história, chega a Nepomuceno e na fazenda da Limeira quase todos são acometidos. Apenas alguns poucos tinham de atender o resto das pessoas. O dono da fazenda, na idade em que estava, acaba falecendo e não havia quem cuidasse de seu corpo. O desespero e o caos se generalizaram na casa e isso marcou muito a pré-adolescente Vange, que escapou sem sequer ter tido febre.

Além dos encantos da beleza física e do temperamento, a Vange conquistava a todos por sua incorrigível tendência em ver apenas o lado alegre da vida.  Ex-aluna de violino do maestro Antônio Izidoro, não pôde prosseguir na música por causa dos acessos de riso nas aulas e no palco. O mesmo ocorria em novenas e até em velórios, levando a severíssima mãe Amélia a evitar que a menina comparecesse a tais acontecimentos.  A capacidade de rir de si mesma, traço sadio de sua personalidade,  e a excelente memória sobre episódios hilariantes serão objeto de um livreto que ora escrevo (em colaboração com o historiador Evaldo Rui de Oliveira), baseado em seus depoimentos  em fitas de áudio e de vídeo, gravados com ela e com a irmã Licínea.

Quatro anos depois da morte do Dindinho, já a encontramos a arrumar as malas para comparecer ao Centenário da Independência do Brasil no Rio de Janeiro. Poderia haver melhor festa de debutante?  Sim, aos 15 anos, ela foi de trem-de-ferro para a Capital do país, na companhia de sua amiga por toda a vida, a também sempre sorridente Caixinha, este o singular apelido da boníssima Atonieta Correia Lima. Além de ser sobrinha da Dindinha, a Caixinha era irmã da cunhada da Vange,  Esméria Correia Lima Vilela (hoje nome de bairro), esposa do mano Demétrio. O casal e as respectivas cunhadas passaram dias felizes na Capital engalanada, repleta de exposições e cumulada de festas.  À mesma época, outra viagem inesquecível: comparecer a Ouro Preto (em tempo de jabuticaba) para a formatura do Lela. Para o pernoite em Belo Horizonte, a dona Amélia foi convidada por seu primo Licas de Lima para se hospedar na chácara do Comendador Negrão, onde todos foram recebidos fidalgamente pela dona Mariquinha Negrão de Lima.

Certo tempo depois, a Vange, como é próprio de todos os Ribeiros, foi queixar vagos sintomas dispépticos ao parente Dr. José Reis, que clinicou em Nepomuceno antes de se fixar em Varginha, e este firmou um diagnóstico que estava em moda na medicina da época: apendicite crônica. Sugeriu que a jovem aproveitasse a viagem a ser feita pelo Xico Batista, outro Ribeiro. Enquanto este iria a Juiz de Fora para perder as hemorróidas, ela o acompanharia para perder o apêndice.  Sua apendicite era tão crônica que deu tempo de fazer dois enxovais, um para a viagem de trem e outro para a internação hospitalar. Os Ribeiros de Nepomuceno estavam entusiasmados com a facilidade para chegar a Juiz de Fora e ali encontrar o maior cirurgião nascido em Minas, Hermenegildo Vilaça.  Ele era casado com a dona Olívia Ribeiro de Oliveira e recebia, com a maior amabilidade, todos os parentes nepomucenenses de sua esposa. Quando confirmou o diagnóstico do Dr. José Reis e operou a juvenil Vange, o Dr. Hermenegildo confessou que ela era a paciente mais formosa que já atendera.

De fato, a Vange foi a moça mais bonita de sua geração em Nepomuceno.  Esse testemunho eu tenho das fotos que ficaram e o recebi espontaneamente de pessoas que a admiravam, não só pelo encanto físico, mas por sua candura e pelo jeito doce de conviver com todas as pessoas, das mais requintadas às mais humildes. Lembro-me do depoimento de Alice Lima, Vicentina Vilela Lima, Eunice Veiga, Nieta Veiga Sales, Dr. Juca (José Augusto Lima), Dr. Levi Gonçalves e Olívia, Lazarino de Melo, Sinhaninha Barbosa Lima, Nazira Massaud, Márcia Almeida, Iolanda Cambraia Lima e outros. 

Alguém que tinha verdadeira adoração por ela era a Sá Mariana, que freqüentava nossa casa, principalmente na época de fazer goiabada, marmelada e bananada. Ela era uma negra de  inteligência e lábios enormes, tendo sido criada na fazenda do referido tio Batistinha.  Não havia a menor dúvida de que a Sá Mariana era tida por nós e por toda a parentalha como legítima e queridíssima integrante da família. Quando eu a ouvia proseando na sala ou na cozinha, largava qualquer brinquedo e ia ouvir suas frases francas e definitivas sobre tudo e sobre todos.

Na vida doméstica, a Vange sempre desfrutou, mesmo depois de viúva, de mais de uma auxiliar na cozinha e no cuidado de filhos e netos. Três requerem saudosa citação: a Serafina, a Aparecida e a Neném. Daí que sua atividade, na cozinha, na máquina de costura e na horta, era destinada a fazer o que gostava, principalmente frango caipira e matança de porco, sendo famosos e inigualáveis a lingüiça, o pastel, doces-de-caixeta e o requeijão. Desde jovem, foi leitora voraz de romances, começando pelos água-com-açúcar até os mais picantes, alternados com novelas de rádio e depois de televisão.  Adorava viajar e ouvir poemas declamados e também músicas de seresta, principalmente, na voz de Carlos Galhardo e Nélson Gonçalves. E, mais que tudo, uma boa prosa, principalmente evocação do tempo antigo e de episódios humorísticos.

Na foto de inauguração do campo de futebol do América, é possível observar o público e as jogadoras de voleibol, comandadas pelo técnico Dr. Getúlio Lima. Bem no meio da estampa, vê-se uma garota, a Vange, toda cheia de si, quer pela confiança no desempenho esportivo que estava por acontecer, quer pela certeza de ser a mais linda do grupo. Essa notável mulher, que foi amada por toda a cidade, durante todos seus 86 anos de vida, teve também um casamento de sonhos. Casou-se com o farmacêutico, galã e poeta João Salgado Filho, que, como ela, era dotado de raro senso de humor. Foi o primeiro casamento oficiado pelo novo pároco Luiz de Gonzaga, depois cônego e monsenhor. Foram padrinhos do vistoso casal, a educadora Alice Lima e o odontólogo José Augusto Moreira da Silva.

Quem observa a foto de ambos nessa data, pode entender melhor a quadra que o candidato apaixonado dedicara ao objeto de sua conquista: Eu sou um nauta perdido / Num mar juncado de escolhos, / Vagando desiludido / À luz de teus lindos olhos!...

 

O autor é filho da homenageada, professor titular de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e historiador do Sul de Minas. Demais traços biográficos de Evangelina Vilela Salgado encontram-se no livro O RISO DOURADO DA VILA, 2003, do mesmo autor.

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DISCURSO DE EVÓDIO RIBEIRO VILELA NA FESTA DOS ALVES VILELAS DE 03/05/2008 [trecho]

À tia Elisa  e aos meus primos, bem como aos netos, bisnetos, tataranetos de João Alves Vilela Lima – e ainda aos convidados presentes e  aos saudosos que nos deixaram.

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Em oito de outubro de 1945, ao terminar a guerra mundial, eu nasci. Parece que eles estavam me esperando, pois levei um tapa-na-bunda da parteira. Foi como se eu tivesse alguma coisa a ver com a guerra. Depois eu descobri que isso era normal. Mas, até hoje, aquele “tapa” me incomoda. Fui agredido em pleno nascimento. Eu nasci com uma parteira, na roça, como quase todos os meus irmãos. Um ser que de repente vive, respira, e acorda numa casa imensa, cercado de muita gente. Meu pai, minha mãe, meu avô, minha avó, tios, tias, primas e primos. Abri os olhos e senti o suave perfume da vida. É assim que eu quero escrever. De um passado que nos foi construído com carinho e muito amor. Eu só posso escrever em nome de algumas pessoas. Mas posso deixar os endereços daquela época: Rua Direita, casa do vô João e da vó Vicentina; casa da “Sô Quinzinho e Niquinha ”, ou melhor, de todos que estão aqui e que as freqüentaram; casas do tio Paulo e tia Elisa, do Vilico e da Elisa Costa, e na roça: Fazenda do vô João Vilela - Município do Carrapato.

Foi aí que o vovô João e a vovó Vicentina lançaram suas sementes, e estes frutos estão aqui, lotando este Clube. Ele foi um agricultor de muitas terras. Ele dizia que um dia o Brasil seria o “celeiro do mundo”. O único celeiro que eu conheci foi o paiol dele que vivia abarrotado de milho. Por várias vezes eu vi o Fordinho 29, nos meus 6-7anos, sumir nos eucaliptos, indo para Nepomuceno. Como eu era pequenino, não podia ir, e meu pai mandava meus irmãos, Tarcísio e Adilson, esperarem lá na ponta dos eucaliptos, perto da casa do Pedro Aquiles, me enganando. Isto foi covardia. Mas o vovô, nas festas juninas, trazia um monte de foguetes e bombinhas, e eu era o eleito dele, como fogueteiro mirim, apesar de meu irmão Adilson ser seu neto preferido na época. E eram rojões, busca-pés, que subiam e desciam. Uma vez - espero que ele e a vovó, não estejam me vendo - apontei um busca-pé para a janela da sala da fazenda, para acordar algumas tias e o Tita, irmão da minha avó, que morava conosco. A tia Benedita pulou pela janela, a Nali tropeçou, a tia Alda correu para os fundos da horta e a minha mãe veio ao meu encontro para a “surra”, que meu avô impediu. Desculpem-me, isso é só fantasia. Se isso não for verdade, é porque eu era criança.

Eu me vejo, junto com meus primos, o saudoso André (o Bite) , o Ailton, a Nilza, a Nivalda, meus irmãos, Adilson, Tarcísio, Mariinha, Joãzinho, Donizete (saudoso), Leila. Meus tios: tia Alda, tio Jil, tia Benedita, tio João, a Nali, a Narci (saudades), Neire e nossos saudosos tios que pouco conheci: tio Tuta, tio Joaquim e os que vinham sempre nos visitar, de Varginha, de Belo Horizonte, de Campo Belo. Há, que saudades eu tenho da aurora da minha vida! A gente acordava, em pleno mês de julho. Inverno frio! E corria para disputar uma vaga no rabo do fogão à lenha da vovó. Depois, a vovó enchia o forno à lenha de biscoitos de polvilho. E aí, saíamos para a caça. Eu não gostaria de lembrar estas façanhas, mas infância é infância. Tínhamos uma cartucheira, dois canos, calibre 24, do meu avô. Nós mesmos fazíamos os cartuchos para matar rolinhas, saracuras, pombas juritis. Hoje eu me sinto envergonhado disso.

E por falar de meu avô, segundo o Dr. João Amílcar, em seu livro “O Riso Dourado da Vila”, ele foi um dos homens mais inteligentes de Nepomuceno. Como testemunha o nosso saudoso engenheiro Dr. Alfredo Unes me afirmou, por diversas vezes, que foi o meu avô que inventou a “muda” (em balainho), ou seja, o transplantio de uma planta para outro local. Isto não é Brasil, é descoberta internacional. O ministro da agricultura esteve aqui naquela ocasião, mas, infelizmente, perdemos o jornal do seu Waldemar. Meu avô chegou a produzir, naquela época, 11.000 sacas de café. Transportava em 10 carros de boi até o porto do Zé Padre, Rio Grande. Dali, por barco a vapor, ia para Ribeirão Vermelho, e em seguida para o porto de Santos, por via férrea - quando o vô ia junto exportar o seu café. Coisa rara, hoje em dia. Eu acho que ele não gostava de futebol. Senão, nós todos seríamos santistas, hoje, e não botafoguenses! Ele tinha fábrica de açúcar, rapadura, aguardente. Infelizmente essa agricultura-mãe foi destruída, e essa é a nossa diferença com os EUA, onde os agricultores prevaleceram e não destruíram a agricultura.

Eu me vejo, com orgulho, na casa da fazenda, com 10 quartos de dormir, 3 salas, duas copas enormes. Infelizmente, só um banheiro, onde a fila era enorme. A casa era tão grande que, se você almoçava, ao chegar do outro lado, estava na hora da jantar. Havia um gramofone, no lado oposto da cozinha e um telefone de parede. O gramofone era movido à corda. Desculpem-me, os bisnetos e tataranetos, não dá para explicar aqui, o que é gramofone. Mas para encurtar conversa, era um aparelho que tocava músicas em disco de vinil. O que é isso? Peçam seus pais e seus avós maiores detalhes. Quando a corda do gramofone começava a acabar, a rotação caía, e a voz dos cantores ficava grossa e lenta. Alguém tinha que correr, atravessar toda a casa, para dar corda. Um dos recordistas desta corrida foi o André, logicamente por causa de suas pernas longas. Com 10 segundos e 6 décimos em 100 metros rasos. Isto acontecia também quando tocava o telefone.

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Evódio Ribeiro Vilela é mestre, doutor e professor  da Universidade Federal de Lavras e cientista de tecnologia de alimentos.

 

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MÁRCIA (ALVES VILELA) DE SOUZA ALMEIDA

MICOTA ALVES VILELA

MOREIRA, mãe de MÁRCIA

João Amílcar Salgado

       Em 2006 recebi das mãos de uma senhora, às vésperas de seus 90 anos, um livro de belo título: SEMEANDO E COLHENDO, que acabara de escrever. Na capa estava estampado seu belo rosto, quando jovem, flagrado em cativante sorriso. Comparei a foto com o rosto ali defronte e me espantei de ver como tantas décadas não foram capazes de desfazer aqueles delicados traços de beleza. Na dedicatória ela escreveu: Ao emérito cientista e cultor das artes, com o carinho e a admiração da prima, Márcia.

            Essa extraordinária Márcia fez bem em deixar registrado o que o casal de educadores Márcia-Manoel Almeida SEMEOU e COLHEU pelo Estado de Minas Gerais inteiro. Admira-me como a Márcia fulgura com desembaraço na rica galeria de mulheres da família Alves Vilela, aclamadas como queridas educadoras: Marta Nair Monteiro, Iracema Vilela Lima, Climar Vilela Paiva, Maria Aparecida Salgado e Neusa Vilela Salgado.

            Márcia é filha da Dona Micota (Maria Olímpia), uma mâezona da velha têmpera Alves Vilela. Foi a querida dama de Boa Esperança, que ajudou o alfaiate João Rosa, a bem educar seus quase vinte filhos, sendo ambos, por isso mesmo, também notáveis educadores. Ela, exímia na culinária e na costura e ele, na alfaiataria e na música, que obtiveram de cada filho dominar o canto e também um instrumento musical, dominando ele o saxofone, embora tirasse o sustento de tantos, segundo a Márcia, pelo menor instrumento de trabalho – a agulha – a amiga silenciosa e discreta. Dona Micota era filha de Joana Alves Vilela e do poeta Modestino Moreira, sendo Joana filha de Modesto Vilela e de Laura Alves Vilela  (ou seja, curiosamente, a filha do Modesto matrimoniou-se com o Modestino).

            Perguntei ao Carlos Netto, também musicista dorense, se, pelo pendor musical, havia a possibilidade de o saxofonista João Rosa ser parente do compositor Noel Rosa, que tinha parentes mineiros. Netto achou pouco provável. Mas hoje estou em busca de algo mais: o eventual parentesco entre dois Joões Rosas: o sulmineiro João Rosa e o sertanejo João Guimarães Rosa.

            A música é marca tão forte na Márcia que ela recheou seu livro com as letras e partituras das canções que ela (e eu) mais preza. A tradição musical de Boa Esperança, simbolizada em Nelson Freire, passa necessariamente por esta família. Mas, nas páginas citadas, o que me encantou em especial é a foto saudosa de João e Micota com a filharada, que poderia ter por legenda: UMA FAMILIA SULMINEIRA TÍPICA E EXEMPLAR.

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MARTA NAIR MONTEIRO

João Amílcar Salgado

A Marta Nair, nascida em Candeias, é filha da Mariquinhas, prima de minha mãe. Casou-se com o sanitarista Agnaldo Massote Monteiro, que gostava de chamar-me de sobrinho, pois trabalhava lado a lado, na mesma sala, de meu tio Aprígio Salgado.  Em 1992, vendo um noticiário da televisão Globo, antes só ancorado por homens, notei a novidade de uma locutora mulher e que era tão meiga quanto bonita, mas que parecia nervosa com a estréia.  Em duas tropeçadas, vi que tremeu a bochecha e pensei: interessante essa moça, além de se parecer com  minha irmã, treme a bochecha em sinal de nervosismo, como a Neusa fazia.  Depois soube seu nome, Valéria Monteiro: era a neta da Marta Nair.  A Valéria também se parece muito com minha sobrinha Ana Paula. Quando contei esse episódio para a avó, esta, comovida, passou a me relatar a vida artística da neta.  E me presenteou com uma cópia preciosíssima de um manuscrito de nosso bisavô Manoel Alves (Carrijo) Vilela, que a avó dela, minha tia-avó Sinhana (Ana Alves Vilela) Barreto, conservara com carinho.

 A Marta, miraculosamente sobrevivente a gravíssima doença cardíaca - tratada espiritualmente e por meu colega de turma Sérgio Almeida – mostra em seu  livro autobiográfico, MEU MUNDO (1991), as razões por que integra a galeria das grandes mulheres de Minas. Nesta, ela tem lugar garantido ao lado de Joaquina do Pompeu, Dona Beja, Bárbara Heliodora (estas três também minhas parentas), Maria Tangará (parente dos Mendonças de Nepomuceno), a Diadorim histórica (que existiu de fato, como guerrilheira de diamante, entre o Serro e Diamantina), Tiburtina, Alzira Nogueira Reis, Elvira Kommel e Emely Vieira.  Sua linda filha Sandra Maria casou-se com o gastroenterologista Ronaldo Correia, meu colega de vestibular.

Marta descreve seus pais com grande ternura. Dona Mariquinhas (Maria Umbertina Vilela Barreto), sua mãe, foi mulher extraordinária, a mãe de todos, ativa, corajosa e trabalhadora. Dela a filha herdou tudo isso, provando-o ainda menina, quando teve a audaz iniciativa de pedir a Janot Pacheco (engenheiro, diretor da Rede Mineira) que transferisse seu pai ferroviário para onde houvesse escola pública. Daí terem mudado para a Capital.

O nome Nair foi inspirado em Nair de Tefé. A condição desta, de mulher bonita e moderna, contagiou a denominada - bela por toda a vida. Seu livro veio-me com a seguinte dedicatória: Ao primo – com muita honra – com simpatia e agradecimento,  pelo belo trabalho que você está fazendo pela família. E, para coroar a oferta do documento e do livro, me indicou outra prima adorável, a campobelense Anita Vilela. A ex-vereadora Marta Nair foi a primeira mulher a ser deputada em Minas e liderou greve das professoras estaduais, de repercussão nacional, quando desafiou a ditadura militar, em forte impulso à redemocratização do Brasil.

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RILMA, TONINHO, EVALDO, TONY E ROBERTO – QUINTETO PROEMINENTE DA MEMÓRIA VILELA

João Amílcar Salgado

        Rilma Vilela Braga, Antônio Vilela Braga, Evaldo Rui (Vilela Teixeira) de Oliveira, Antonio Vilela Reis e Roberto (Vilela) Gonçalves são cinco primos entusiastas da memória Alves Vilela. A Rilma foi a primeira, há bastante tempo, a propor os encontros entre Vilelas, que só se concretizaram com o dinamismo dos demais -  para o que suponho  ter contribuído com meu livro O RISO DOURADO DA VILA  (2003).

Falar da Rilma é falar de mulher bonita. Quando se toca em seu nome, ninguém quer referir os demais atributos humanos desta mulher excepcional, exceto o seu encanto físico, que prima por persistir ao longo do tempo. Quando a Rilma e sua mãe leram o meu livro de memórias, ficaram felizes em encontrar um parceiro no culto às lembranças familiares. Assinalaram que o velho João Vilela teve na Rilma a neta que lhe encheu de felicidade a alma calejada.  Ele não se cansava de proclamar  o encanto, feito de doçura e magnetismo, daquela menina, que não saia do colo do avô. Quem também não resistiu a isso tudo foi o Joaquim Martins da Costa – de profissão engenheiro, mas que, ao lado da esposa Rilma, é um raro varão autêntico, dos melhores que conheci: atencioso, sensível e capaz de tudo para ajudar a qualquer um. 

Quando li o livro OS ANTEPASSADOS de Pedro Vidigal tive a alegria de saber que eu, além de primo da Rilma,  era também parente do Joaquim. Vidigal prova no livro que os Martins da Costa são os mesmos Buenos paulistanos de minha avó Emerenciana.  Vidigal havia prometido doar ao Centro de Memória da Medicina  os livros autografados que o grande médico espanhol Gregório Marañon lhe ofertara. Pedi ao Joaquim que obtivesse dele o cumprimento da promessa. Ele marcou um almoço, que foi divertido e transbordante de causos, mas acabou-se desculpando, pela falta de coragem para desfazer-se dos livros.

Como historiadora a Rilma é original.  Em vez de escrever algo da história dos Vilelas, ela faz muito mais: vive a lembrar de Vilelas com quem ainda não temos contato. Dois deles, agora de nossa convivência,   são fundamentais para os registros da família: Evaldo Vilela, figura nacional da agronomia e da vida universitária, e Afrânio Vilela, estrela maior da magistratura.  O filho Vinícius e o neto Henrique são dois exemplos de primos que, se não fosse a Rilma, mãe e avó zelosa, eu não os teria identificado como tais, quando foram meus alunos na Faculdade de Medicina..

            Já o historiador Antônio Carlos Vilela Braga, sendo professor e historiador em São Carlos, SP, tem feito inestimável contribuição à memória desta progressista cidade paulista. Sendo mineiro, não seria justo que sua invejável capacidade não fosse aplicada também à memória quer de Nepomuceno quer de Varginha, seu duplo berço. Quando Nepomuceno reunir o acervo histórico municipal, com todos os requisitos técnicos, a experiência do Toninho Braga será imprescindível. Não tenho dúvida de que dessa participação teremos um livro que biografe João Alves Vilela, resultado do levantamento feito por seus numerosos descendentes coordenado pelo Evódio Ribeiro Vilela e pelo Antõnio Vilela Braga.

            Evaldo Rui de Oliveira é outro, para nossa sorte, igualmente historiador e professor. Vivendo em Arcos, MG, ele também quer estender a Nepomuceno a magnífica contribuição que oferece a sua cidade adotiva, onde é aplaudido membro da administração municipal.  Ele e eu estamos preparando um livro sobre as duas irmãs Licínia e Evangelina Vilela, com base em rica documentação, principalmente o depoimento em vídeo, no qual, com muito humor, ambas relembram a infância e a juventude. Há pouco participei de agradável sessão histórica em Arcos, organizada pelo Evaldo, quando a historiadora Denise Garcia de Campo Belo, o escritor Olavo Romano de Ferros e eu falamos da história do oeste mineiro. Pergunto: por que uma sessão análoga não está programada para Nepomuceno? Com a ajuda do vilela  Evaldo Rui, seria facílimo!

            Antônio (Tony Vilela) Lima Reis Júnior, reúne as qualidades da mãe  Glorinha e do pai Antônio, no modo cavalheiresco com que nos recebe nas inesquecíveis festas da Bela Vista.  Apoiado pelo tio Manoel Jacy Vilela e pelo contra-parente Fábio Araújo Reis - ambos ilustres médicos com notável interesse na historia regional - vem reunindo  outros tantos amigos que tenham a mesma curiosidade, nas cidades de Nepomuceno, Varginha, Carmo da Cachoeira e outras da região. Isso tudo acaba compendiando as  lembranças e registros de três troncos senhoriais do Sul de Minas: Reis, Alves Vilela e Ribeiro Lima.

            O engenheiro Roberto Vilela Gonçalves veio a ser o valioso reforço a tão forte equipe de memorialistas.  Ao lado da querida Elina Ribeiro Lima, além de organizar, com dedicação e desprendimento, nossos encontros, veio tornar palpável nossa esperança de que afinal cada livro prometido pelos estudiosos dos Vilelas saia do papel. A figura humana marcante e a imensa obra de benemerência de seu pai, nosso queridíssimo Levi Gonçalves – itaunense adotado por Nepomuceno – estarão sem dúvida nos textos ilustrados que não devem tardar.

            DONA ANITA ALVES VILELA BELO PEREIRA ASSUNÇÃO

Anita Alves Belo Pereira

     Dona Anita (Ana Alves Belo Pereira d´Assumpção) foi casada como o médico Sebastião D´Assunção formado na UFMG em 1933, colega de turma de Hilton Rocha. A jovem Anita estudava no colégio em Campo Belo quando houve uma epidemia de sarampo e ela teve complicações auriculares com mastoidite. Veio trepanar a mastóide no Hospital São Geraldo em Belo Horizonte e o jovem estudante de medicina Sebastião D´Assunção se apaixonou por ela, sendo ela de Campo Belo e ele de Carmo da Mata. Quando se casaram ele foi clinicar em Santana do Jacaré onde não havia médicos, havendo na época vários médicos em Campo Belo. Depois se mudaram para Campo Belo, fizeram amizade com a filha de Samuel Gammon, que os preparou na língua inglesa e foram para os EUA, quando o Evaldo tinha oito anos. Com os filhos na idade de colégio, vieram para Belo Horizonte onde o Dr Sebastião deu aula no Colégio Arnaldo.

Orozimbo Alves (Vilela) Parreira Pereira

            Dona Anita, nascida em 1916, é Vilela por parte de seu pai Orozimbo Alves Pereira (1875-1957). Ele era filho de Benjamim Costa Pereira (1846-1910), que, por sua vez, era filho de Antônia Cândida Vilela (suponho que Antônia seja filha de Manoel Alves Vilela e, se assim for, era irmã de meu avô Joaquim Alves Vilela – isso deve ser conferido nas anotações manuscritas de Manoel). A família Pereira era de origem açoriana.

            A mãe de Orozimbo era da família Parreira, entre as principais de Campo Belo, e se chamava Ana Alves Parreira (1855-1940). Ela era filha de Manoel Martins de Faria Parreira, conhecido como Parreira da Vargem, sendo a mãe dela Joana Francisca de Jesus. Manoel Martins Parreira era filho de Antônio Martins Parreira e de Ana Gertrudes de Faria. Antônio, por sua vez, era filho da célebre Catarina Parreira, que construiu a igreja de Campo Belo. Será necessário estudo documental para esclarecer possível relação entre Catarina Parreira e Antônio Vilela Frazão, que explique o deslocamento de ambos de Congonhas para a mesma região e na mesma época.

            A mãe da dona Anita era da família (Arantes) Alves Belo, a que também pertencia a família da mãe do Duque de Caxias, e seu nome era Carolina Alves Belo (1880-1936). Era filha de Venceslau Alves Belo, que, por sua vez, era filho de Alexandre Alves Batista Belo. Alexandre era irmão de Maria Cândida de Oliveira Alves Belo, mãe do Duque, sendo o pai deste o marechal Francisco de Lima e Silva. A esposa de Venceslau era Maria Madalena e a de Alexandre era Maria Rosa de Jesus.

            A avó materna de dona Anita era Dicimília Justina Rodrigues Nunes, filha de Florêncio Rodrigues Nunes e Carolina do Amor Divino Justino Silva. Os pais de Carolina do Amor Divino eram Manoel Justino da Silva e Mariana Justino do Amor Divino.

Fazenda da Várzea onde nasceu Anita

            Dona Anita teve oito irmãos do primeiro casamento de Orozimbo com Carolina: Sebastião, José Orozimbo, Decimília, Benjamim, Luiz, Orozimba, Joaquim e Pedro Jesus. Teve cinco meio-irmãos do segundo casamento de Orozimbo com Maria: Ida Pereira dos Santos (casada com médico), Orozimbo Filho, Tomé Ramos, Cleuza e Maria das Graças (casada com o advogado Elder Tocafundo [Elder morava na av.Crist.Machado 1400/1003, Cid Nova, tel.34633256].

               Dona Anita e o médico Sebastião tiveram dois filhos: o médico Evaldo (de grande projeção como cirurgião plástico, laicista católico e pioneiro em tanatologia) e a normalista e musicista Eliana, que se casou com o médico René Guimarães.

 

ADAUTO BARBOSA LIMA

Vanguardeiro clínico da circulação extracorpórea no Brasil e inovador na cafeicultura

João Amílcar Salgado

        Em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2003) relato que eu estava interno no colégio marista em Varginha, em 1953, e fui a um almoço na casa de meu tio Aprígio de Abreu Salgado, colega de turma do cardiologista Adauto Barbosa Lima, recém-chegado dos EUA: O almoço daquele dia [...] foi para receber o Adauto e a dona Sinhaninha.  Ele [... ] veio trazer sua mãe para exames em Varginha.  [...]  Entre as novidades da América, o Adauto disse uma coisa que me espantou: ô Aprígio, lá nos EUA a moda agora é fundar religião, lá por dia são fundadas várias novas religiões, quê que você acha disso? Quando voltou do exterior, onde estagiou junto aos maiores cardiologistas de lá, ele veio a ser o líder clínico  do grupo que introduziu a cirurgia cardíaca com circulação extra-corpórea  no Brasil.  Tempos depois ele seria inovador mais uma vez, não na medicina mas na cafeicultura. O Vavico, irmão dele, me disse: o Adauto está querendo saber se vocês vendem aquele cerrado no alto para ele plantar café;  ele disse que, se vocês não forem vender, devem plantar vocês mesmos. – Mas no cerrado? – É, eu e  o Zé estamos achando que o Adauto vai se estrepar com essas idéias...  Afinal, prá resumir: não vendemos mas plantamos, e o café dali é uma beleza, sendo o Adauto hoje o mais reverenciado cafeicultor da região.

            Ivo Pitangui, Adauto Barbosa Lima e José Geraldo Albernaz são os três mais proeminentes entre os eminentes integrantes da sempre elogiada turma de 1946 da Faculdade de Medicina da hoje Universidade Federal de Minas Gerais.  Com essa turma ocorreu fato inusitado, pois, sendo tão ilustre, nela aparecem quatro formandos ligados a Nepomuceno, dos quais três têm o nome iniciado por A: Adauto, Alberto Sarquis, Aprígio de Abreu Salgado e Oscar Resende Lima. Os primos Adauto e  Oscar são parentes de minha mãe, sendo o Adauto duplamente, pelo lado Ribeiro Lima e Alves Vilela - enquanto o Aprígio é irmão de meu pai. Outro fato talvez único foi a escolha do paraninfo, o Brigadeiro Eduardo Gomes, então candidato à presidência da república, na primeira eleição após a ditadura Vargas.

            O Adauto, Alves Vilela por parte da mãe, formou-se quase dez anos depois de outro notável médico, também ligado a Nepomuceno e também nosso parente: João Batista Veiga Sales. Ambos têm em comum a especialização em altíssimos centros nos EUA e o brilho em São Paulo. Aproximadamente na mesma época da passagem do Adauto pela Norte-América, estiveram ali três professores da faculdade mineira: o dermatologista Tancredo Furtado, da mesma turma de 46, o cirurgião cardiovascular Sebastião Rabelo e o cardiologista Arnaldo Antonio Elian – circunstancia que os fez grandes amigos.

            Antes de ir para o exterior, Adauto Barbosa Lima estimulou seu cunhado e meu tio, o farmacêutico Moacir de Abreu Salgado, a dedicar-se a procedimentos de análises clínicas. Associou-se a ele e ambos organizaram o primeiro laboratório de Nepomuceno, cidade natal de Adauto. Moacir Salgado foi então, a partir de 1947, pioneiro na atividade de farmacêutico-bioquímico no Brasil. O livro MÉTODOS DE LABORATÓRIO APLICADOS À CLÍNICA havia sido publicado por uma equipe de médicos ex-estagiários de Baeta Viana. Subsidiado por Adauto, Moacir Salgado, de excepcional habilidade técnica (que poderia ter sido grande cientista se tivesse tido oportunidade) partiu desse manual para logo acumular seleta biblioteca, em inglês, francês e espanhol, de técnicas laboratoriais atualizadas – surpreendendo conhecidos médicos laboratoristas com a precisão e o critério de seus exames.

            Adauto Barbosa não poderia ter escolhido melhor local para sua especialização cardiológica. Foi para nada menos do que Baltimore, onde a Faculdade de Medicina de Johns Hopkins havia sido, no final do século 19, a plataforma a partir da qual Osler e Halsted lançaram a América do Norte rumo a sua hegemonia mundial. Ali, em 1951, Adauto Barbosa Lima se tornou o privilegiado discípulo de dois astros da moderna cirurgia cardiovascular: Richard Bing e Helen Taussig.

            Richard Bing, presentemente vivo em seus 101 anos, com seu porte alto, magro e de feições bondosas, é um alemão de impressionante biografia.  Sendo de família com alta tradição na música, ele próprio é interprete e autor de cerca de 200 peças eruditas, sendo que seu 100º aniversário foi comemorado com concertos de criações de sua lavra por várias orquestras sinfônicas da Europa. Quando escolheu não ser apenas musicista, entregou-se a estudos de vária linha, tendo alcançado a mais completa preparação cientifica que se pode imaginar, não só em seu país, mas em Copenhagen e em Nova Iorque.  Para a América veio instado por Charles Lindbergh, o herói da aviação. Isso quer dizer que o grande salto da tecnologia ianque, em cardiologia, partiu do norte-americano Lindbergh, do alemão Bing e do francês Alexis Carrel. Ali aproveitou para se engajar como oficial das forças armadas e lutar contra Hitler.

            Já a médica Helen Brooke Taussig está ligada ao marco maior da cardio-cirurgia pediátrica, ocorrido em 29 de novembro de 1944, no Hospital Johns Hopkins, quando pela primeira vez  foi feita a OPERAÇÃO DE BLALOCK-TAUSSIG,  num bebê acometido da “Síndrome do Bebê Azul” (no caso o defeito congênito denominado Tetralogia de Fallot). Em 1985, com a divulgação das memórias de Vivien Thomas, auxiliar técnico de Alfred Blalock, ficou evidente que, por seu papel na solução técnica do procedimento cirúrgico, devia ter seu nome no epônimo da inovação científica, que passaria então a ser OPERAÇÃO DE BLALOCK-THOMAS-TAUSSIG. Em virtude de Thomas ser negro, não-médico e sem curso universitário, tal reparo não seria viável na época, mas passou a ser hoje plausível,  depois que Barack Obama foi eleito o primeiro presidente negro dos EUA.

            Helen Taussig logo depois se uniu ao referido Richard Bing para mais um novo avanço na pediatria cardiológica. Ambos publicaram, em 1949, o artigo Completa transposição da aorta e uma levo-posição da artéria pulmonar, no American Heart Journal (37:551). Esta é a memorável SÍNDROME DE TAUSSIG & BING. A vida da doutora Helen não é menos fascinante que a de Richard, pois foi considerada criança anormal por sua dislexia. Sob a comovente dedicação de seu pai, um economista, ela superou o problema para se tornar fulgurante estrela das ciências médicas. Mesmo assim, depois da idade madura, desenvolveu surdez - cruel para uma cardiologista - que igualmente superou.

            Pois bem, foi junto a Bing e a Taussig que Adauto Barbosa Lima se especializou - e de Baltimore voltou a São Paulo para, por sua vez, ser pioneiro no Brasil. Participou, como clínico, da primeira cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea total, em 12 de novembro de 1956. Há uma foto histórica em que, enquanto o cirurgião Hugo João Felipozzi executa a cirurgia, Adauto controla o traçado contínuo do eletrocardiograma, José dos Santos Perfeito conduz a circulação extra-corpórea e Pedro Geretto faz a anestesia. Desde então o nepomucenense Adauto Barbosa Lima ocupa o lugar inarredável de primeiro e maior cardiologista pediátrico do Brasil  Além disso ele fez enorme clínica privada, tornou-se professor e ocupou cargos, o mais distinto deles como diretor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

            Hugo Felipozzi nasceu em Cajuru, no noroeste paulista, região por sinal colonizada por migrantes do Sul de Minas, região natal de seu futuro colaborador Adauto. Formou-se um ano após este, em 1947, na Escola Paulista de Medicina, que tem entre seus fundadores cientistas também sulmineiros. Analogamente ao Adauto, Felipozzi especializou-se nos EUA, com equipes que iniciavam o tratamento de cardiopatias congênitas, a começar pelo Children's Memorial Hospital de Chicago, onde se fez discípulo do cirurgião pediátrico Willis Potts. Depois esteve na Universidade de Minnesota, na Mayo Clinic, na Universidade de Baylor e em outros centros. Em São Paulo, seus esforços iniciais para a complexidade tecnológica de que necessitava adquiriram impulso com a criação do Instituto de Cardiologia "Sabbado D'Angelo", graças ao provedor Agostinho Janequine e ao suporte financeiro da Fundação Anita Pastore D'Angelo. Assim foi possível o trabalho da equipe em dedicação exclusiva composta de Adauto Barbosa Lima, Maria Vitória Martin (colega deste em Baltimore), André Nicolai, Sergio Paladino, Hortêncio Medeiros, Rubens Santos, Laio Gomes, José Perfeito e Pedro Geretto.  Todo esse arrojo foi abortado por questões econômicas. É lamentável que o Instituto não tenha sido anexado à Escola Paulista de Medicina, mas, de qualquer modo, o brilho de sua conquista é inquestionável e definitivo.

            E Minas Gerais tem o dever de considerar como seu tão inestimável patrimônio, ou seja, a participação fundamental de Adauto Barbosa Lima nessa página de vanguarda e heroísmo da medicina brasileira.

 

                 

 

            JOÃO AMÍLCAR (VILELA) SALGADO

Sebastião N. S. Fusmão

Os amigos e admiradores do médico e historiador João Amílcar Salgado, professor titular de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais e criador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, não escondem o contentamento por afinal poderem percorrer as 600 páginas do livro autobiográfico que ele acaba de publicar, em comemoração ao centenário de nascimento de seu pai, o farmacêutico e poeta João Salgado Filho.

            Sendo amigo e estudioso de Pedro Nava, João Amílcar Salgado não quis seguir a linha proustiana do grande memorialista. Muito menos ambicioso, optou pela memória humorística do período entre 1940 e 1960, entremeada de flashes de antes e de depois. Trata-se dos chamados anos dourados, intensamente vividos do ponto de vista pitoresco de sua cidade: Nepomuceno, a antiga Vila de S. João Nepomuceno de Lavras.

            Além de sua querida Vila, ele focaliza o colégio marista de Varginha, bem como a ainda pequena capital Belo Horizonte, nos nostálgicos anos dos governos estadual e federal de Juscelino Kubitschek. Sendo também especialista em ensino médico, faz bem humorada análise da educação que viveu. Teve, aliás, privilegiada maneira de observar, sem recalques, a escola do primeiro ao terceiro grau, aluno continuamente louvado e premiado que foi. Não bastasse isso, foi o primeiro estudante a passar em primeiro lugar em ambos os vestibulares das duas faculdades belorizontinas, sendo sua turma excepcionalmente pequena, já que foram aprovados apenas 44 candidatos!. Tal drástica elitização foi imposta pela Fundação Rockefeller, que estava americanizando o ensino em São Paulo e em Minas (antes prevalecia o modelo francês), onde  graduou várias turmas apelidadas de Rockefeller generation (1955-65)  Diante disso, o autor encerra o livro com trechos de seu crítico e profético discurso de orador muito jovem daquela turma de escassos 44 doutorandos, em dezembro de 1960.

Até então os alunos distintos primavam por incensar o establishment do ensino e da profissão. Daí que sua irreverentíssima oração, saudando o paraninfo Javert Barros, foi ouvida, com perplexidade, entre outros, pelos saudosos e inesquecíveis mestres Baeta, Feldman, Bogliolo, Rivadávia, Mendes Campos, Melo Campos, Negrão de Lima, Resende Alves, Rubens Monteiro, Hilton Rocha, O. Magalhães, O. Costa, A. Lodi, Hermínio Pinto, Amílcar Martins e Aparício Assis – dos quais agora focaliza o mérito e o folclore. Com isso, consegue também preservar parte preciosa de nosso anedotário escolar, principalmente das repúblicas de estudantes.

            Como cientista, obteve repercussão internacional já logo após a formatura, ao fazer a surpreendente revelação de que estava ainda viva a paciente Berenice, na qual Carlos Chagas descobrira, décadas antes, a doença de seu nome. Além de pesquisador em medicina tropical, aposentou-se como respeitada autoridade em pedagogia e semiologia médicas. Alguns de nossos melhores clínicos foram seus alunos e/ou residentes nos anos 60-85.   Se tivesse acontecido o governo federal de Tancredo Neves, teria sido marcado, nas áreas da saúde e da educação,  pela lucidez do pensamento original desse raro homem de enciclopédica cultura.  E é admirável que sua tão bem sucedida carreira estudantil, científica e docente tenha sido percorrida, sem que, para isso, tenha transigido com seus corajosos e influentes posicionamentos no campo político-social, expressos em sua tese de doutorado e em tantos célebres panfletos e debates.    

Fanático nepomucenense e fanático sulmineiro, João Amílcar Salgado formula neste  livro a teoria de que sua Vila é o umbigo do mundo, enquanto descobre que vários personagens de sua infância e juventude são incríveis sábios disfarçados de caipiras. Assim usa, desta vez por escrito, os recursos que o fizeram requisitado conferencista e aplaudido orador. Demais tem prontos para publicar livros do pai e do avô, bem como a história inicial de sua cidade, graças ao acervo que deixou de utilizar no presente texto.  Igualmente finaliza um manual de pedagogia médica e outro de história da medicina, além do estudo completo sobre o caso Berenice.

 

O autor é professor de Neuro-Cirurgia na Universidade Federal de Minas Gerais e ex-coordenador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais

*              *              *

 

MENSAGEM DE AFRÂNIO VILELA AO ENCONTRO DOS VILELA DE 11-10-2009

Belo Horizonte, 12 de outubro de 2009

Prezados familiares, que a todos chamaremos de primas e primos,

É com imensa alegria que nos dirigimos a todos vocês para externar nossos agradecimentos pelo convite para integrar a festividade anual dos “Vilela”.

A amizade e o circulo familiar são elos que ajudam na fortificação da humanidade, e merecem ser cultivados, diuturnamente.  E é esse cultivar que almejamos, e almejaremos doravante.

De lado outro, é com pesar que, neste ano, não poderemos comparecer, em função de viagem já organizada anteriormente, cujo retorno está marcado para o dia 12/10.

            Para que possam nos situar dentro da família, podemos adiantar que somos do ramo dos “Vilela” de Cristais, então distrito de Candeias. Meu pai era José Vilella, filho de José Alves Vilella e de d. Alzira Lamounier Afonso Vilella, vinda dos Afonso Lamounier de Itapeceria e região. Meus bisavós paternos eram Saturnino Alves Vilela e d. Francisca Maria de Jesus, casados em 1904. Ela, filha do Cel. João Afonso Lamounier do Nascimento, ex-prefeito de Candeias, e de d. Guilhermina Constância da Silveira, cujo Tio, deputado Antonio Afonso Lamounier Godofredo,  ajudou a escrever a primeira Constituição Republicana, de 1891.

Meu avô, José Alves Vilela, condecorado pelo Governo do Estado de Minas Gerais com a patente de Major, residia na Fazenda dos Coqueiros, e também era proprietário das “Borges” e “Retirinho”, em Cristais/Campo Belo, até por volta de 1933, quando tiveram todas penhoradas para pagamento de condenações civis de reparação de danos pela acusação do cometimento de um crime em família, do qual foram posteriormente inocentados.

Além de meu pai, José Vilela, tiveram filhos, os mais conhecidos Aparício Vilela (Ddezinho), Francisco (Baiano), Gumercino (Nenzinho), Olga, Zita, Francisca.

Diante da perda patrimonial meu pai, José Vilella, no final da década de 30, associou-se a José Cambraia, seu primo de Campo Belo, então próspero empresário do ramo de charqueadas, que havia adquirido a Charqueada Velha, então de propriedade de Manoel Terra Cruz, em Ibiá, município que naquela época reconhecidamente era sertão. Construíram aquela que seria a nova charqueada, cujo prédio ainda hoje é marca da cidade de Ibiá, e que proporcionava emprego direto para mais de 100 pessoas, sendo, por certo, a primeira grande empresa privada a se instalar naquela cidade.

Meu Pai casou-se com Erotildes Antônia de São José, de Ibiá, tendo nascidos: Leila Vilela, professora aposentada e fazendeira, em Ibiá, casada com Vander, bacharel em direito, e três filhos advogados naquela cidade, Ricardo, Rogéria e Rejane Silva Vilela; Alzira Lamounier Vilela, precocemente falecida aos 33 anos de idade; Maria Aparecida Vilela, precocemente falecida, que deixou quatro filhos: os advogados Renata e João Paulo Vilela, e a Assistente Social Rose Vilela, hoje empresária nesta Capital, e Michele, estudante.

Sou o mais novo dos filhos de José Vilela, nascido em Ibiá. Fiz o curso de direito na Universidade Federal de Uberlândia, e em função de ser o primeiro aluno desta Universidade a chegar ao Segundo Grau do Judiciário MIneiro, recentemente me foi outorgada a cidadania honorária daquela próspera Terra. Formado, advoguei até 1988, a partir de então tornei-me magistrado de carreira, tendo passado pelas Comarcas de Resende Costa, Bom Sucesso, São João Del Rei, Conselheiro Lafaytte, Contagem, Belo Horizonte. Fui promovido ao cargo de Juiz do Tribunal de Alçada em 2004, e a Desembargador do Tribunal de Justiça deste Estado, em 2005, e atualmente integro a 2ª Câmara Cível e tenho a função de Superintendente de Administração Financeira e de Execução Orçamentária do Poder Judiciário. Minha esposa, Gisela Pereira Resende Vilela, é bacharel em direito e funcionária do Tribunal de Justiça e Chefia a Assessoria Jurídica da Corregedoria Geral de Justiça. Tenho dois Filhos: Mateus e Henrique Resende Vilela, estudantes no Colégio Marista Dom Silvério.

Meu pai, José Vilella foi exemplar cidadão, cumpridor de seus deveres. A simplicidade sempre mostrada por José Vilella, as peripécias passadas com os problemas no decorrer de sua vida, mas ao mesmo tempo a temperança de caráter, a firmeza da conduta moral e a idoneidade, mostravam a rígida formação familiar recebida de seus pais. Legou-nos a firme convicção de pertencer a uma importante família, que é a Vilela.

Agradecemos à Rosane Vilela, colega de trabalho no Tribunal de Justiça, responsável pela nossa aproximação, pois através dela conhecemos o grande amigo e primo, dr. João Amilcar Salgado, também Vilela no “sangue”, e o dr. Roberto Vilela, este encarregado de justificar nossa ausência nesta oportunidade e de assumir em nosso nome compromisso de presença no próximo evento.

A todos os prezados primas e primos nossos efusivos votos de boa festa.

Afrânio Vilela, Gisela, Mateus e Henrique.

 

ADENDO

            A divulgação dos dados acima causou novas informações sobre a família Vilela, de fora e de dentro de Minas. São exemplos os seguintes comentários:

Luisa Vilela disse...

Excelente texto!! Sou Vilela nascida em Formiga-MG, mas minha parte da família é de Piumhí, cidade na qual um Vilela, segundo a "lenda", foi um dos responsáveis pela fundação e fez-se família numerosa e influente até hoje.

Ruca disse...

Eu sou português, há poucos Vilelas em Portugal. Os meus bisavós vieram do Brasil no séc. XIX, eram Vilela pouco sei sobre eles para além de terem tido uma fazenda e terem vindo para Portugal em finais de séc. XIX. Eu sou português, há poucos Vilelas em Portugal. Os meus bisavós vieram do Brasil no séc. XIX, eram Vilela pouco sei sobre eles para além de terem tido uma fazenda e terem vindo para Portugal em finais de séc. XIX.

Prezado João Amílcar,
Meu nome é Ely Paiva, sou de Uberlândia. Parabéns pelo belo trabalho do seu Blog sobre os Alves Vilela.
Estou escrevendo um livro sobre os Pioneiros de Coxim, MS, com o apoio do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado. Um esboço da nossa pesquisa inicial pode ser vista no link www.povoadores.net 
Estou traçando as origens de uma das primeiras famílias de Coxim, que veio através de Antonio Teodoro de Carvalho e seu (sobrinho ?) Manoel Teodoro de Carvalho. O Antonio Teodoro foi citado em vários livros do Taunay à época da Guerra do Paraguai.

Esse "Manoel Teodoro de Carvalho", nascido em 1856, foi casado em primeiras núpcias com "Rita Alves Vilela". Além disso, já vi que os Teodoro de Carvalho de Coxim eram muito próximos dos Ferreira Junqueira dali. João Ferreira Junqueira que morou no Prata antes de ir pra Coxim, era padrinho 
de casamento de Antonio Teodoro de Carvalho.
E já percebi que essa proximidade das 2 famílias ocorreu também em outras cidades do triângulo mineiro.
Por favor, você já ouviu falar dessa "Rita Alves Vilela" ? Pelo sobrenome "Alves Vilela" podemos dizer com grande chance, que eram oriundos do Triângulo ?
obrigado pela atenção e um abraço,
Ely

Fernando disse...

EU SOU FERNANDO RODRIGUES VILELA, FILHO DE MANOEL RODRIGUES VILELA NATURAL DE PERNANBUCO E GOSTARIA DE SABER SE HÁ ALGUEM DA FAMILIA DE MEU PAI QUE QUEIRA FAZER CONTATO, POIS ELE JÁ FALECEU E POUCO FALOU DOS PARENTES. FERNANDORVILELA@HOTMAIL.COM

Edilberto Vilela disse...

Olá...sou neto de João Vilela de Carvalho, que residia em Itiquira-MT, meu avô veio de Goiás,creio que de Jataí, foi um dos pioneiros na colonização de Itiquira.Tb tenho curiosidade em saber a origem de meu sobrenome.Moro em Rondonópolis-MT e por aqui existem diversos Vilela.

Eliel Vilela disse...

Ola sou Eliel Vilela, filho de Eliazar Vilela, neto de Oracio Correia Vilela, e gostaria de conhecer pessoas da geracao dos Correia Vilela! meu e-mail e eliel-brasil@hotmail.com
Um abraco pra todos os Vilelas do brasil e do mundo....

Bia-Chan disse...

Meu nome é Beatriz Vilela e eu sei que pouco sobre minha familia.
Ouvi uma história ,quando era mais nova , não me lembro bem porque estava escutando atras da porta ...
Minha avó se apaixou por homem pobre , e se casou com ele sem o concentimento de seu pai ,o meu pai é o 13º irmão e o ultimo .e a Mãe dele fugiu assim que ele nasceu . ele é nascido em Chagas-MG , 1966 .
Se alguém conhecer essa história pode me mandar um e-mail em chii.sakura@gmail.com
Obrigado

Marcio disse...

Os Vilela de Pernambuco são muitos. É uma numerosa e antiga família com origens portuguesas (dizem, e acho que existe algum fundamento antropológico nesta história oral transmitida de geração em geração, que descendem de cristãos novos). Talvez seja verdade, pois de fato, os Vilela nordestinos, apesar de a seu modo serem há longa data muito religiosos, sempre foram também muito ariscos aos padres, aos santos católicos e aos ritos e sacramentos do catolicismo.
Também há um costume antigo na família que creio seja quase um elemento arquetípico, talvez herdado de ancestrais marranos (não afirmo que é, mas creio provável): muitos na família, pelo menos desde meados de século XIX, até onde consegui descobrir, frequentemente utilizavam e ainda utilizam, nomes bíblicos do Velho Testamento (Israel, Manassés, Ozias, Daniel, Jeremias, Isaac, Raquel, Mirian, etc).
Mas deixando a potencial ancestralidade judaica a parte, hoje os Vilela nordestinos que conheço são cristãos (mas, não católicos), pois no final do século XIX, houve uma conversão em massa da família para o protestantismo. Parece até que a família CORREIA VILELA e seus familiares da região de Guaranhuns-PE e Canhotinho-PE esperavam aciosamente para se livrarem da influência e da fiscalização religiosa dos padres católicos. Até onde sei, como de uma tacada só, todos Correia Vilela e parentes tornaram-se presbiterianos. Um deles inclusive morreu e virou até martir da Igreja Presbiteriana no Brasil, ao salvar um missionário estadunidense em um atentado ocorrido em São Bento do Una no ano de 1898. Esta conversão para o presbiterianismo ocorreu na família durante a década de 1880.
Sou paulistano, não sou presbiteriano ou protestante e infelizmente nunca estive no Nordeste, mas cresci ouvindo tais histórias sobre a família Vilela de Pernambuco, pois minha avó materna é pernambucana e da família CORREIA VILELA da região de Guaranhuns, Calçado e Canhotinho-PE. Meu trisavô era Manoel Correia Vilela ("Mandim" Vilela). Meu bisavô era Otoniel Correia Vilela.
Gostaria de conhecer melhor as histórias e as origens da família CORREIA VILELA de Pernambuco. Se alguém da família desejar trocar informações, meu e-mail segue abaixo.Fraternais saudações, Márcio,
São Paulo/SP.
e-mail: professor.marcio@hotmail.com
P.S.: Há também muitos Vilela em Santa Catarina. Talvez de origens açorianas - não sei.

jose h vilela disse...

meu nome e josé hermogenes vilela, sou filho de manoel vilela machado,e de gesia maria de lima,neto de julia alvés vilela, naturais de iturama e carneirinhos minas gerais (triangulo mineiro),moro atualmente em breu branco Pa. Josehermogenes@bol.com.br

Anónimo disse...

O ex senador goiano Maguito Vilela é tetraneto de José Manuel Vilela fundador de Jataí GO oriundo de Coqueiral MG foi desbravador dos sertões do sudoeste goiano apartir de 1836 jutamente com o Paulista José de Carvalho Bastos. As terras dos Vilelas se extendia do vale do Rio Claro até o Araguaia, Jatai tem varios Vilelas minha avó assinava Vilela, procure pelo livro os Pioneiros de Basileu Toledo França...

Leandro Neto disse...

Boa Tarde, tenho alguns nomes de Alves Vilela e Vilela de magalhães e gostaria de saber se tem relação com esta familias vilela e de onde vem, os nomes que possuo Antonio Vilela de Magalhães, nascido por 1849 casado com Maria Barbara de magalhães pai de Manoel Alves Vilela de Magalhães nascido em 1883, irmã de manoel Maria Amélia de magalhães, qualquer informação serei imensamente grato.
Leandro Neto
leandropiola@micropic.com.br

Bruno Vilela disse...

Muito interessante!!! Em 1753 as familias Vilela e Fialho se uniram... Eu, que nasci em 1984, sou filho de "uma" Fialho com "um" Vilela. Mas sei que meus descendentes "Fialho" sao do Norte de Minas e nao do sul, como os "Vilela". Coincidencia?

Anónimo disse...

Há um tempo, adquiri uma fazenda, que pertencia a cidade de Sao Fidelis/RJ que passou a pertencer a Cambuci/RJ, esta fazenda foi uma grande produtora de cafe na epoca, e nela encontrei vestigio de uma familia Vilela. Se alguem souber algo favor me contactar pelo e-mail, ficarei feliz em compartilhar informações.
mauro4471@hotmail.com

Anónimo disse...

Obrigado pelo retorno.
Poderia me informar se seu avo teve uma fazenda aki na regiao de Sao Fidelis/RJ ou Cambuci/RJ.
Por meio de informações, esta fazenda era uma grande produtora de cafe, e pertencia a uma familia Vilela.
Dentro da mata encontrei ruinas de uma grande sede, com ceramicas, vidros, talheres entre outros, datados com brasao frances de 1850.
Estou muito curioso em descobrir mais informações.
Mauro
mauro@cipel.com.br

Bruno Carrijo Vilela disse...

Meu nome é Bruno César Carrijo Vilela,muito interessante está hístoria, sempre quis saber mais sobre a família Vilela. Sou da cidade de Mineiros-GO,sou bisneto de Césario Vilela, que com seu pai e seu tio vieram de Minas (região de Prata e Ituitaba)e ocupou boa baste de Caiaponia, Mineiros, Perolandia e Jataí(grande parte do sudeste goiano). Até hoje a os Vilelas aqui são vistos como uma família nobre.
caso tenha mais informações, meu e-mail é bcvilela@hotmail.com
Bruno Carrijo Vilela

Anónimo disse...

Ola Pessoal..
meu nome é Diego Vilela.. Bisneto de João Ribeiro Vilela que foi um grande fazendeiro na região do MT.
A um tempo atrás uma Senhora nos procurou para pegar informações sobre nossa família pois ela estava escrevendo um livro. algum tempo depois ela nos mandou o livro publicado.. é bem interessante e bastante curioso...

Anónimo disse...

Olá Professor Márcio, há um tempo que tento contactá-lo pelo e-mail que encontrei nesse blogue : professor.marcio@hotmail.com , sem sucesso (as mensagens retornam). Estou comentando aqui apenas na tentativa de que o senhor veja minha mensagem e possa me contactar. Meu endereço eletrônico é douglasgustavo@gmail.com.

Emerson Villela Carvalho Jr disse...

Meu sobrenome - Villela de Carvalho e acredito de origem de Ituiutaba, MG. Tenho prazer de minha origem apesar de ter nascido nos Estados Unidos. Gostei muito do historico aqui sobre esta familia. Espero recber sempre mais informacoes da origem deste sobrenome.

Alex L. disse...

sou tetraneto de Francisco Joaquim Vilela e Floriana Maria Vilela[primeira mulher].Tiveram 3 filhos,2homens e uma mulher,Flavia joaquina vilela mãe de Helena Joaquina Vilela mãe de Mariana Batista Lima minha avó. Francisco J.Vilela foi um grande fazendeiro possuindo terras aqui em Boa Esperança,Coqueiral,TrÊs Pontas,Prata,Jataí,etc.O estranho é que a minha avó era muito pobre sem herança nenhuma. Poderia explicar? ALEX VITOR LIMA-Boa Esperança-MG

ʟingtσи Vieℓα  disse...

Exelente texto esplicativo, sou de Caiapônia-GO, o nome do meu bisavô "Belmiro Manoel Vilela" uns dos pioneiros daqui do municipio, observando o comentário do Bruno Carrijo, confirmo as informação dele, grande parte da Familia VILELA aqui no Sudoeste Goiano vieram de Minas (região de Prata e Ituitaba).  Se quizerem mais informações só add o msn welingtoncpa@hotmail.com ou welingtonvilela@yahoo.com.br 

Luzia disse...

oi sou Luzia, também sou da família Vilela, pouco sei dos parentes de minha mãe, pelo fato de ela ter morrido cedo, meu avô era Gabriel Vilela e a avó Maria Inácia Vilela. Se alguém tiver laços familiares com os mesmos, entre em contato.
E-MAIL:lu-boamenina@hotmail.com

TOR disse...

oi boa tarde eu tenho em minhas maõs a certidão de casamento de meu bisavo Jose Colleta Riberio casado com Maria Joanna de Jezus e conta na certidão que ela "Maria Joanna" era filho de Antonio Vilela Frazão residente em Itapecerica !!! existe alguma ligação entre esse outro vilela Frazão???

 

            Por outro lado, coerente com a vocação dos Vilelas para historiadores, poetas e ficcionistas, verificamos o lançamento de mais um livro do professor Antônio Vilela de Souza em Pernambuco

 

            Demais, estamos estudando quatro ramos adicionais em Minas Gerais: os Vilela Frazão da Parada dos Vilelas, que foram muito amigos de Guimarães Rosa, quando este clinicou em Itaguara; os Quaresma Vilela do nordeste de Minas, mineradores em Morro do Pilar e Joaima; os Vilela da Fonseca de Divinópolis entre os quais o poeta e historiador Jadir Vilela, importante no país para o estudo do linguajar regional mineiro; e os  Afonso Vilela, a partir de Manoel Afonso Vilela, luso da região de Braga, cujos descendentes se matrimoniaram com descendentes de bandeirantes na região de São João Del Rei e centro de Minas, sendo que a maioria não conservou o sobrenome Vilela.

 JADIR VILELA