os vilelaS e os
Alves vilelaS
João Amílcar Salgado
FAZENDA DO ENGENHO DO BOM JARDIM DA MATA
DO RIO JACARÉ de ANTÔNIO VILELA FRAZÃO
SUMARIO: ORIGEM DOS VILELAS –
VILELAS FORA DE MINAS – VILELAS MINEIROS DE SERRANOS – VILELAS MINEIROS DE
SANTANA DE JACARÉ – O MADEIRAME DE QUELUZ – ALVES VILELAS DE NEPOMUCENO E
ITUIUTABA – COMENTÁRIOS – O TESTAMENTO DE VILELA FRAZÃO - OS 80 ANOS DE CLIMAR
VILELA PAIVA – CLYDE ALVES VILELA – MARIA TAGLIAFERRI E OS VILELAS LIMAS –
CENTENÁRIO DE EVANGELINA VILELA SALGADO – DISCURSO DE EVÓDIO VILELA – MÁRCIA
SOUZA ALMEIDA – MARTA NAIR MONTEIRO – ANTONIO GUILHERME E JOSÉ GUILHERME VILELA
– QUINTETO DA MEMÓRIA VILELA - JOÃO
AMÍLCAR (VILELA) SALGADO – MENSAGEM DE
AFRÂNIO VILELA – MENSAGEM DE JOÃO BATISTA VILELA
ORIGEM DOS VILELAS
No sul de Minas Gerais há duas famílias Vilela, uma
proveniente de Serranos, antigo distrito de Aiuruoca, e outra proveniente de
Santana do Jacaré, ex-distrito de Candeias. Curiosamente os Vilelas de Serranos
se deslocaram na direção dos Vilelas de Santana do Jacaré, de tal maneira que
bem cedo se casaram entre si e continuam a fazê-lo até hoje. Podemos mesmo
dizer que muitos Vilelas de Boa Esperança, Nepomuceno, Três Pontas, Coqueiral,
Carmo da Cachoeira, Candeias e Campo Belo devem ser considerados Vilela &
Vilela, ou seja, oriundos de ambas as linhagens. Meus dois filhos, Carlos
Amílcar Salgado e João Vinícius Salgado são exemplos de Vilela & Vilela. Daí
é natural que se queira saber se essa gente era ou não parente em Portugal, já
que vêm da mesma região norte, entre Porto e Braga. O primeiro Vilela de
Serranos, Domingos Villela, nasceu na freguesia de Santa Maria das Palmeiras,
próximo a Braga, cerca de 1708, enquanto o primeiro Vilela de Santana de
Jacaré, Antônio Villela, nasceu na freguesia de São Martinho de Frazão
(Penafiel), bispado do Porto, em (?)1739, em Portugal. Em favor de que o sobrenome
Vilela possa ser eventualmente toponímico, sabe-se que a localidade Vilela é
uma freguesia que compõe o município de
Paredes, hoje na área metropolitana da cidade do Porto.
Se os Vilelas são gente ilustre em Minas e no Brasil,
não o são tanto assim na história de Portugal, onde é raro o sobrenome Vilela,
nenhum com título de nobreza. Há Vilelas que alegam estar localizado na Espanha,
em Navarra, o lado nobre dos Vilelas. Referem-se a Terçal Perez de Villela,
conde de Monjaraz, que, na época manoelina, deixou um filho luso, Justo Vaz de
Villela. Terçal veio a Portugal para
selar tratados com Manoel I, que o convidou para conselheiro durante as grandes
navegações, em virtude de sua inteligência e habilidade política. Seu filho
nascido luso, Justo Vaz de Vilela, o sucedeu na função, pelo que o brasão de
armas e títulos navarros foram confirmados como lusitanos pelo rei Manoel e por
João III em 1547.
A palavra
Vilela foi e é nome de lugar, freqüente na Galiza e em Portugal - por exemplo,
o distrito de Vilela de Arcos de Valdevez - com o significado de diminutivo de
vila, constante de documentos desde o século X. O mesmo acontece com a palavra
Villèle na França (condato de Villèle), Como sobrenome, aparece inicialmente
acompanhado da preposição de : De Vilela. A primeira pessoa de sobrenome Vilela
com referência direta na história lusa é Rodrigo Anes Villela, já sem a
preposição de, e sem data indicada,
citado na publicação DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES.
O Vilela seguinte é o padre Gaspar Villela, que nasceu
em Aviz, distrito de Portalegre (Alentejo), em 1524, e foi missionário no
Oriente. Talvez tenha sido o primeiro ocidental a percorrer extensivamente todo
o Japão, lá ficando por muitos anos, a ponto de escrever dissertações em língua
japonesa. De acordo com a tradição de inteligência e cultura, bem como de
inclinação para historiadores, entre os Vilelas, Gaspar Villela escreveu uma
HISTÓRIA DA VIDA DOS SANTOS e deixou precioso acervo de cartas. Faleceu no ano
de 1571, em Goa, onde certamente conviveu com três portugueses célebres: o
poeta Luís de Camões, o escritor Fernão Mendes Pinto e o médico Garcia de Orta.
Estamos estudando possível relacionamento direto ou indireto entre Gaspar
Vilela e os jesuítas, especialmente com o luso Simão Rodrigues e o basco São
Francisco Xavier. Por outro lado, é possível que Gaspar Vilela, de alguma
forma, tenha inspirado o padre que figura como intérprete no romance XÓGUM
(1975), de James Clavell.
VILELAS FORA DE MINAS
Já no Brasil há um Vilela com títulos nobres, não só
de visconde mas de marquês: Francisco Barbosa Vilela, nascido no Rio de pai
luso (de igual nome, nascido em Braga). Ficou com o sobrenosme sempre oculto
pela pomposa designação de marquês de Paranaguá; foi matemático e poeta e
ocupou vários ministérios imperiais. O Vilela brasileiro, entretanto, mais
conhecido não é o marquês e igualmente não é mineiro: é o senador e usineiro
alagoano Teotônio Brandão Vilela, herói da chamada campanha das Diretas-Já, que
levou à redemocratização do país, depois de vinte anos de ditadura militar. É
irmão de Avelar Brandão Vilela, também um nome nacional por ter sido cardeal
primaz do Brasil. Quando conheci a médica Rosana Vilela, filha de Teotônio,
disse-lhe que ela se parecia com as moças Vilelas de Nepomuceno. Ela, que é
minha amiga e como eu se dedica à pedagogia médica, respondeu dizendo que seu
tio Avelar lhe havia dito que os Vilelas brasileiros eram todos uma única
família. Seu irmão Teotônio Vilela Filho foi eleito senador e governador de
Alagoas. Há Vilelas
GALERIA DE VILELAS MINEIROS
Sobressaem aí, de início, os
educadores. Há dois reitores de importantes universidades: Evaldo Vilela
(Viçosa, federal) e Suely Vilela (São Paulo, estadual), seguidos de dirigentes
educacionais Marta Nair, Marcia Souza, Maria Salgado, Iracema Lima e Zélia
Lima. Um secretário de Estado e escritor acadêmico: Márcio Vilela. Três
juristas: João Batista Vilela, Afrânio Vilela e José Guilherme Vilela. Dois
altos cientistas agronômicos: o citado Evaldo e Edilson Paiva. E, para coroar,
quatro artistas: o ficicionista Luiz Vilela, o teatrólogo Gabriel Vilela, o
violonista Ivan Vilela e a apresentadora Valéria Monteiro. Proximamente esta galeria
será completada com os Vilelas da área da saúde, saudáveis competidores dos
citados e demais Vilelas agrônomos.
VILELAS MINEIROS DE SERRANOS: VILELAS FIALHOS
E VILELAS GARCIAS
O primeiro Vilela de Serranos, Domingos Vilela, é neto
de João Vilela, morador na localidade de Galego da freguesia de Santa Maria das
Palmeiras, e filho de Custódio Vilela, da mesma freguesia. Custódio casou-se
ali mesmo com Felícia Cerqueira, em 1707, e dali Domingos, filho do casal,
migrou para o Brasil. Um irmão de Domingos, André Vilela Cerqueira, migrou para
Guaratinguetá, São Paulo, casou-se aí, em 1753, na família Fialho, mas seus
filhos, os Vilelas Fialhos, vieram para Minas Gerais na direção de seus primos.
Vale lembrar que em Guaratinguetá era pároco o padre José Alves Vilela, que, em
1743, foi o primeiro a relatar o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Dele ora estudamos a relação com os Vilelas Fialhos.
Já Domingos Vilela, casou-se, na mesma época de seu
irmão, com Maria do Espírito Santo Garcia, filha de Júlia Maria da Caridade,
uma das irmãs ilhoas, que vieram da ilha do Faial para Minas Gerais. Júlia
casou-se na freguesia de Rio das Mortes Pequeno, pertencente a São João del
Rei, com Diogo Garcia, também ilhéu, em 1724, e a filha Maria nasceu na mesma
localidade, mas foi morar com o marido Domingos Vilela em Serranos, onde
tiveram onze filhos que chegaram à idade adulta. Quatro destes permaneceram em
Serranos, dois na atual cidade de Natércia, uma (Mariana) em Carmo da
Cachoeira, e quatro (José, Maria, Teresa e Ana) na região compreendida por Boa
Esperança, Campos Gerais, Coqueiral, Carmo do Rio Claro, Três Pontas e
Nepomuceno, todas, na época, localidades pertencentes a Lavras. Dos
descendentes destes últimos cinco é que vieram os principais entrelaçamentos
com os descendentes dos Vilelas de Santana de Jacaré.
O texto básico para o estudo dos Vilelas de Serranos
foi escrito pelo monsenhor José do Patrocínio Lefort, completado por José
Guimarães. O rastreamento dos descendentes de André e Domingos Vilela (isto é,
os Vilelas Fialhos e os Garcias Vilelas) é dificultado pelos numerosos membros
da família que não conservaram o sobrenome Vilela, sendo mais difíceis casos
como o do sub-ramo de sobrenome Corrêa. São descendentes que não conservam os
sobrenomes Garcia ou Vilela, mas integram a numerosa prole do padre Manuel
Gonçalves Corrêa (que, embora Garcia, recebeu, por exigência de Júlia Maria da
Caridade, o sobrenome Gonçalves Corrêa, em homenagem ao avô materno). Muitos de
tal prole matrimoniaram com primos Vilelas, por exemplo nas cidades de Formiga,
Itapecerica e Nepomuceno.
VILELAS MINEIROS DE SANTANA DO JACARÉ:
VILELA FRAZÃO, VILELA CARRIJO E ALVES VILELA
A família Vilela Frazão está incluída pelos
linhagistas na Genealogia Paulistana, no capítulo dos Horta/Gago. Os Horta, no
Brasil, se originam com Baltazar Nunes de Horta, da cidade de Setúbal,
Portugal, especificamente com a neta deste Catarina de Figueiredo Horta,
falecida em 1621 em São Paulo, e que tinha, nos ascendentes, os sobrenomes
Carvalho, Alves, Gonçalves, Salema, Correia, Andrade, Ferreira, Magro e Soares.
Catarina Horta casou-se com Pascoal Ribeiro e depois com Rafael de Oliveira Gago. Os Vilela Frazão
provêm dos filhos do primeiro casamento, pois Antônio Vilela Frazão veio de
Portugal e, em Minas, se casou com Eufrásia Pires Brant Ribeiro, de família
fundadora de São João del-Rei.
Nesta linhagem há dois casos em que os filhos ficaram
com o sobrenome Vilela da mãe - a começar pelo primeiro deles Antônio Vilela,
cujo pai era Antônio Velho Porto e a mãe era Maria João (Vilela). Antônio
Vilela (Frazão) casou-se
A filha de Antônio Vilela, Joana Francisca Rosa
Vilela, casou-se, em 1801, com Manoel Alves Carrijo, cujos filhos passaram a
ter o sobrenome Alves Vilela, sendo o Alves tirado do pai e o Vilela da mãe.
Assim, os Alves Vilelas são de fato Vilelas Carrijos. Essa preferência pelo
sobrenome materno pode ser explicada quando este for denotativo de
cristão-velho, que assim ganha preferência em comparação com o sobrenome
paterno, eventualmente denotativo de cristão-novo. Dessas observações se deduz
que há descendentes de Antônio Vilela que não são Alves nem Carrijo, bem assim
há Carrijos que não são Vilelas, se forem descendentes unilaterais de irmãos de
Manoel Alves Carrijo (um deles é Antônio Alves Carrijo que com ele adquiriu sesmarias
vizinhas a Vilela Frazão). E há os Vilelas que assinam apenas Frazão,
descendentes de outra filha de Antônio Vilela Frazão, Páscoa Angélica de Jesus
Vilela, que se casou com Alexandre Gonçalves de Oliveira, fixados
principalmente
Antônio Vilela chegou das proximidades da cidade do
Porto para a região centro-mineira de Congonhas do Campo, mas acabou vindo para
o sul da província e encontrou já estabelecidos aqui os Vilelas de Serranos.
Para distinguir o recém-chegado dos demais, este passou a ser cognominado de
Frazão, derivado de sua localidade natal, e é assim que se auto-denomina em seu
testamento. Faleceu em 1813. Casou-se em família importante de São João del
Rei. Assim, Antônio Vilela Frazão, que deve ter migrado por ambição mineradora,
se viu entregue à agropecuária, inclusive a agro-indústria de açúcar e cachaça,
sem contudo deixar de ser proprietário de lavras no Rio Paraopeba [ver seu
testamento já divulgado na internet].
Algo semelhante aconteceu ao patriarca de Serranos, Domingos Vilela. As férteis
terras sulmineiras, antes desprezadas por mineradores do norte de Portugal,
passaram a ser valorizadas para a agropecuária no final do século 18, como
resultado da chegada e da expansão de agricultores açorianos, sendo esta
facilitada pelo extermínio de quilombos e o genocídio de quilombolas.
Tudo indica que Antônio Vilela Frazão não abandonou a
mineração de ouro pois fez seu primogênito homônimo ocupar terras no vale do
rio Pará de modo semelhante às que ocupara no vale do rio Jacaré. Esta região
ficou conhecida como Pará dos Vilela e ali a família teve várias fazendas, uma
delas a fazenda Aurora, onde João Guimarães Rosa, muito amigo dos Vilela,
situou o conto SARAPALHA. As terras dos Frazão correspondem a áreas depois
situadas nas cidades de Itaguara, Cláudio, Carmópolis e Itaúna. A família
Frazão também se deslocou para Paracatu, logo após a fama do ouro ali
disponível.
Os quadros a seguir permitem uma visão geral da gente
Vilela Frazão.
O texto básico para o estudo dos Vilelas de Santana do
Jacaré foi escrito por José Gomide Borges, completado parcialmente por Denise
Garcia e por anotações manuscritas preservadas por Marta Nair Monteiro. Já Luiz
Alberto (Vilela) Franco Junqueira, em seu abrangente estudo, cobre os dois clãs
Vilelas. Discípulos itaunenses do linhagista Guaraci Nogueira são também importantes
estudiosos dos Frazão. Sobre o possível parentesco entre as duas famílias
Vilela, recebi de meu fraternal amigo Miguel Monteiro, ilustre historiador da
Universidade de Braga, ajuda fundamental, que culminou com o encontro de Águeda
Vilela, bisavó de Antônio Frazão. Seus dados permitiram também chegar ao
possível parentesco entre os Alves Vilela e a família Costa Vale, dois clãs que
vieram do norte luso para nossa região, estendendo-se para os Correa Vale,
Cardoso Vale, Ribeiro do Vale e Vale Mendes. Cumpre lembrar que o padre José Alves Vilela (1696-1779),
vigário de Guaratinguetá, que, a partir de 1725, foi o primeiro cronista do
encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, não pode, por anterioridade,
pertencer à descendência de Alves Carrijo, embora deva ser ligado aos demais
Vilelas de Portugal.
O MADEIRAME DE QUELUZ
Entre os Vilelas de Santana de Jacaré há a tradição
apenas oral de que, após o término da construção do palácio de Queluz (réplica de
Versailles, onde nasceu e faleceu nosso imperador Pedro I), Antonio Vilela
Frazão teria oferecido e enviado o jacarandá rosa de suas terras da mata do
Jacaré para revesti-lo. Infelizmente a casa do Engenho do Bom Jardim da Mata do
Jacaré, de Frazão, não foi preservada mas pode ser vista
ALVES VILELAS DE NEPOMUCENO E ITUIUTABA
Como foi dito, Antônio Vilela Frazão teve uma filha
que se casou com Manoel Alves Carrijo de que resultou a família Alves Vilela.
Um dos filhos de Manoel Alves Carrijo recebeu o nome de Manoel Alves Vilela
(tenente-coronel), o qual se casou várias vezes, sendo a primeira esposa Ana
Umbelina Souza Monteiro Costa (filha do co-fundador de Nepomuceno Manoel Joaquim
Costa Vale) e a última Laura Gontijo Gomide. Quando faleceu, 32 filhos teriam
comparecido ao velório, sendo que Pedro, o mais velho, podia ser avô do caçula
Joaquim. Três dos filhos de Manoel Alves Vilela foram para Ituiutaba (cidade
que ajudaram a fundar): Pedro, Augusto e João, todos casados na família Garcia
Frade. Outro também de prenome João, o cônego João Alves Vilela, foi ordenado
por D. Antônio Viçoso em 1859 (oito anos após o venerável padre Vítor). Três
vieram para Nepomuceno. Destes, Francisco Alves Vilela se casou com Mariana Umbelina
Correia Lima, da mesma família de sua mãe, e deu origem aos Vilelas Limas - e
Delminda Alves Vilela, casada com Francisco Anastácio Barbosa, deu origem a
descendentes com o sobrenome Barbosa (o mais eminente dos quais é o notável
cardiologista Adauto Barbosa Lima) . Uma
outra irmã, Carolina Cândida Alves Vilela se casou também na família Barbosa,
com Antônio Anastácio Barbosa.
ADAUTO BARBOSA LIMA, PIONEIRO CLÍNICO DA
CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA NO BRASIL
O terceiro era o caçula Joaquim Alves Vilela (1870 –1914),
que foi trazido pela família do irmão Francisco, este bem mais velho, para
constituir em Nepomuceno um ramo também Lima, mas que conservou o sobrenome
Alves Vilela. Casado com Amélia Augusta Lima Ribeiro de Oliveira Costa, tiveram
os filhos Demétrio, Adélia, Adelaide, Licínia, Clyde e Evangelina Alves Vilela.
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O autor é neto de Joaquim Alves Vilela.
É também professor titular de Clinica Médica e pesquisador em História da Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais.
COMENTÁRIOS:
1-
A pedido da coordenadora do Projeto Partilha colocamos um link na página de
www.carmodacachoeira.blogspot.com à sua página principal, e doravante iremos
linkar as referências os "Alves Vilela" nesta página específica.
2-
Meu nome é Douglas Vilela, e estou tentando trabalhar a árvore da família Villea,
mais especificamente no tronco de Pernambuco. Até onde encontrei, foi Manoel da
Cruz Villela, português dos arredores de Braga, que primeiro teria vindo ao
Brasil com dois irmãos, por volta de 1707. Manoel teria ido para pernambuco, de
onde vem a minha linhagem, e os irmãos teriam descido mais ao sul. Não sei se
há parentesco com Custódio Villea, pois as datas não bateriam, nem eu conegui
descobrir de onde viria esse "Cruz". Talvez ele seja irmão ou primo
de Custódio, mas quem seriam esses irmãos que vieram com ele para o Brasil?
Domingos e André seriam candidatos, mas suas datas de nascimento não batem,
tendo eles vindo algumas décadas depois. Se tiver mais alguma informação ou
alguma luz que possa ajudar minha pesquisa, ficaria muito grato! Desde já obrigado,
Douglas Vilela.
3-
Meu nome é Ely Paiva, sou de Uberlândia. Parabéns pelo belo trabalho sobre os
Alves Vilela. Estou escrevendo um livro sobre os Pioneiros de Coxim, MS, com o
apoio do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado. Um esboço da nossa
pesquisa inicial pode ser vista no link www.povoadores.net Estou traçando as origens de uma das
primeiras famílias de Coxim, que veio através de Antonio Teodoro de Carvalho e
seu (sobrinho ?) Manoel Teodoro de Carvalho. O Antonio Teodoro foi citado em
vários livros do Taunay à época da Guerra do Paraguai. Esse "Manoel Teodoro de Carvalho",
nascido em 1856, foi casado em primeiras núpcias com "Rita Alves
Vilela". Além disso, já vi que os Teodoro de Carvalho de Coxim eram muito
próximos dos Ferreira Junqueira dali. João Ferreira Junqueira que morou no
Prata antes de ir pra Coxim, era padrinho de casamento de Antonio Teodoro de
Carvalho. E já percebi que essa proximidade das 2 famílias ocorreu também em
outras cidades do triângulo mineiro. Por
favor, você já ouviu falar dessa "Rita Alves Vilela". Pelo sobrenome "Alves Vilela"
podemos dizer com grande chance, que eram oriundos do Triângulo.
* * *
OS 80 ANOS DE CLIMAR PAIVA – ILUSTRE
ALVES VILELA
João Amílcar Salgado
Os cidadãos nativos e adotivos de Nepomuceno estão
acompanhando com aplauso a sucessão de reuniões de clãs locais. No momento, a
propósito da terceira reunião dos Alves Vilelas, sugiro duas coisas. Primeiro,
que todas as demais famílias nepomucenenses façam congraçamentos semelhantes.
Segundo, que a próxima dos Vilelas seja uma reunião conjunta de todos os
sub-ramos, numa autêntica VILELADA.
A
primeira festa foi a dos 90 anos da mui amada Maria Tagliaferri Vilela, na
agradável fazenda de sua filha Glorinha, regida (a fazenda e a comemoração) pelo
esposo desta, o Toninho Lima Reis – imbatível na fidalguia com que recebe cada
um e a todos. A segunda, comandada pelo casal Roberto Vilela Gonçalves e Elina
Lima, foi a reunião dos numerosos descendentes do legendário João Alves Vilela
Lima. Este foi um Alves Vilela autêntico e tão marcante e em tantos aspectos,
sobretudo por sua inventividade e sua habilidade fitoterapêutica, que será
objeto de livro biográfico, coordenado pelo neto Evódio Vilela – destacado
docente da Universidade Federal de Lavras. A terceira acaba de ocorrer em
comemoração aos 80 anos (que parecem menos de 60) da vitoriosa Climar Vilela
Paiva, quando foi oportuno homenagear também seu saudoso esposo Jainir Santos
Paiva (nosso Nininho), os filhos, irmãos e inesquecíveis genitores.
Divulguei ali um texto que assim termina: Exemplo
ilustre dos Alves Vilelas de Nepomuceno são os filhos do casal Jainir-Climar:
MARCOS, EDILSON, RENATO e LUCIANO. São todos engenheiros agrônomos (como outros
notáveis Vilelas agrônomos), com pós-graduação nos EUA e que brilham na
Universidade, na Embrapa ou como empresários – um por um verdadeiros cientistas
que honram o boom agrícola que ora vivemos e, mais que isso, a tradição de
pesquisa agronômica de Minas e do Brasil. Em Ituiutaba, exemplo igualmente nobilitante
dos Alves Vilelas é o jurista João Batista Vilela (como outros notáveis Vilelas
juristas e escritores), astro maior, em Minas, no Brasil e no exterior, na
especialidade do Direito Privado. Observe-se que no Triângulo a presença dos
Vilelas e Garcias é tão marcante que acabou por gerar um novo sobrenome: Garvil
(tirado de Fanny e Osvaldo), conforme a oportuna observação do escritor Olavo Romano.
* * *
CLYDE ALVES VILELA – MINHA TERNA
REFERÊNCIA NO PANFLETO E NO HUMOR
CLYDE E CLIMAR
João Amílcar Salgado
Clyde Alves Vilela, meu inesquecível Tio Lela, recebeu
este nome inglês de meu avô Joaquim Alves Vilela, que primou por escolher nomes
sofisticados da história e da literatura para os filhos: DEMÉTRIO, ADELAIDE,
ADÉLIA, LICÍNIA, CLYDE e EVANGELINA. O povo da Vila recusou a pronúncia inglesa
e fez bem em apelidar o Clyde de Lela. Ele foi uma inteligência incomum, exímio
e criativo farmacêutico (inventou vários remédios de manipulação) e também temido
panfletário na política municipal. Estas qualidades me foram espontaneamente
apontadas por seu parente e amigo de juventude Oscar Negrão de Lima,
catedrático de Medicina Legal da atual UFMG.
Além de usar de inteligência e criatividade
privilegiadas no exercício profissional, no jornalismo partidário e no jogo de
xadrez, usou-as em duas outras áreas, hoje marco na tradição de nossa família. Foi
um dos contribuintes célebres ao folclore estudantil de Ouro Preto, para onde,
no curso de Farmácia, levou o senso de humor inigualável de sua cidade natal –
e criou para os filhos que teve com a também inesquecível tia Mariinha (Maria
Cardoso Vilela) nomes tão originais quanto designativos de algumas das pessoas
mais estimadas da vida nepomucenense: CLIMAR, MARCLI, CLYDE, ILCRAM e RAMILC.
Em meu livro de memórias O RISO DOURADO DA VILA, de 2003, procurei deixar
fixados para sempre estes e outros dos traços essenciais desse paradigmático grupo
familiar sulmineiro.
* * *
MARIA TAGLIAFERRI E OS VILELA LIMA DA
QUITINHA
JACY VILELA LIMA
João Amílcar Salgado
A casa da dona Riqueta (Henriqueta Rafael de Menezes),
vizinha à nossa farmácia, era e é muito imponente. Foi erguida com todo o
requinte pelo construtor civil veronês Ambrósio Tagliaferri, mas a dona Luiza
(Tonetti), sua esposa florentina, disse que só a habitaria com todas as dívidas
pagas. E foi assim que, antes de habitada, foi vendida. Desde que soube disso
inscrevi este trágico Ambrósio entre meus personagens shakespearianos.
Com o fim da guerra e a queda da ditadura Vargas, em
Depois da janta era hora de chegar o Tunico Barbosa,
irmão da Dona Sinhaninha, também Alves Vilela por via materna. Usava sempre um terno de brim cáqui e também
falava espremido, comentando sempre negócios e política, ouvindo causos sem
contá-los. Depois chegavam os mais
interessados em saber das novidades políticas e das notícias da guerra, lidas
nos jornais e ouvidas no rádio. O mais sintonizado com tudo que se passava era
o Vivico (Cordovil) de Freitas. Já o carbonário Ambrósio Tagliaferri, ao ver
seu genro, Jaci Vilela, sair para a farmácia em busca de novidades, dizia: lá vai ele para o alto comando francês da
Vila! Nesta não houve qualquer hostilidade aos italianos, como ocorreu
contra estes e os alemães, por exemplo,
Evidência de que o Ambrósio não era fascista e sim
patriota está no nome Jefferson dado a seu filho, homenagem ao esquerdista do
grupo fundador da democracia ianque. O Jefferson, parceiro de xadrês e grande
amigo de meu pai, foi referido assim pelo Wagner Cardoso, em seu livro História
Pitoresca de Campo Belo: veio para Campo Belo como operário e jogador de
futebol e chegou a ser um dos três maiores empresários de nossa história –
versátil, trabalhador, dinâmico. Já a dona Maria Tagliaferri, hoje em sua
magnífica lucidez octogenária, deve ser homenageada como heroína e como exemplo
de inata bondade e inexcedível doçura. Inteligente, observadora e mãezona, ela
é a nona latina que se aclimatou à Vila, com o fim precípuo de distribuir
carinho aos filhos dela e de todas as mães da cidade. Ela e minha mãe são irmãs
de viuvez. Os amigos Sargado e Jaci morreram cedo e à mesma época, deixando os
filhos muito jovens, os deste mais jovens ainda. Ambas reencontraram forças
para superar a adversidade e conduzir a prole no rumo de que os pais ausentes
se orgulhariam.
A fraterna ligação da dona Maria conosco é anterior ao
parentesco do esposo com minha mãe. Vem de quando a vivíssima garota, filha do
casal Ambrósio-Luiza, foi aluna de minha avó Xanica no grupo escolar, dirigido
pelo esposo desta, meu avô João de Abreu Salgado. Diz ela que era encantada com
a beleza física daquele diretor alto e de olhos azuis, sendo ao mesmo tempo
atencioso, severo e culto. Já a dona Xanica, escondia em cativante meiguice, a
mulher fina da aristocracia trespontana, admirada pelas prendas manuais em
confeitos e bordados. Diz que o bisneto Carlos lhe traz a imagem do diretor
bonitão. – E os Vilelas, dona Maria?
– Ah, é tudo gente boa e muito engraçada!
Perguntei que traços vilelas ela mais identificou. Respondeu que meu outro avô,
Major Quinca, vivia com a calça despencando e que o Jaci tinha o mesmo hábito,
tomando o apelido de Major. E acrescentou que, na geração seguinte, a tradição
é mantida pelo Zeca da Vange e pelo Aluízio do Ari.
Hoje calculo a alegria do Jaci, se vivo fosse, diante
da projeção e do brilho do filho cirurgião Manoel Jaci Vilela - das nossas principais
autoridades em transplantes de órgãos e docente da Universidade Federal de
Minas Gerais.
* * *
EM 2007 NEPOMUCENO COMEMORA O
CENTENÁRIO DE EVANGELINA VILELA
SALGADO
João Amílcar Salgado
Evangelina Vilela Salgado (1907-1995) foi a filha
caçula do boticário e major Joaquim Alves Vilela e de Amélia Augusta Costa
Vilela - e por isso mesmo ficou com o apelido de caçulinha. Em especial, este
diminutivo passou a ser carinhosamente usado por todos os parentes, após
tornar-se órfã de pai, quando ainda não completara sete anos de idade. Logo a
seguir, passou a ser chamada de Vange, o que a agradava, pois não gostava do
prenome de batismo. Mais tarde, tentei mudar-lhe a opinião, dizendo que
Evangelina era nome elegante da literatura internacional e de uma heroína de
guerra, mas ela manteve a velha ojeriza.
Nasceu na casa mais conhecida da praça da matriz,
chamada de Botica, onde seu pai instalara sua farmácia. O que resta hoje da Botica
foi modernizado pelo último proprietário, Dario Sebastião de Lima, parente próximo
da Vange, que a transformou em agradável residência. A Botica primitiva era de
fato uma casa comprida que ia da porção remanescente até a esquina da antiga
saída para Lavras. A Botica provavelmente já existia antes de ser a farmácia do
pai da Vange. É quase certo que tenha sido
originalmente um misto de farmácia e casa de comércio, do tempo do Casaquinha.
Logo a seguir, a habitação da família passou a local
bem próximo à Botica, numa casa que fechava a atual rua Pimenta da Veiga,
exatamente servindo de sede a uma chácara, posteriormente herdada pela própria
Vange. Nesta casa foi feita uma
fotografia que mostra o quintal dos fundos, que era um curral. Seu pai está ao
lado de uma vaca e na porta está a Vange com os cabelos alvoroçados. A
menininha tinha cerca de três anos e fizera pirraça para não se pentear.
Provavelmente, no mesmo dia, foi feita a fotografia de toda a família, com roupa
domingueira: o pai Joaquim (Quinca), a mãe Amélia, os dois filhos Demétrio e
Clyde (Lela), ambos futuros farmacêuticos por Ouro Preto (o primeiro em final
de curso), e as irmãs Adélia, Adelaide Licínea e Vange. Curiosamente a Licínea aparece com os dois
sapatos do mesmo pé.
Mais tarde, a viúva Amélia voltou a morar na praça da
matriz, no lado oposto à Botica, no casarão vizinho ao prédio novo da farmácia herdada
pelos filhos e junto da filha Adélia, então recém-casada com o primo João
Batista Lima. Em volta da praça, moravam
quase que só parentes e isso fez da meninice e juventude da Vange um período
muito divertido e feliz. Além da
convivência da praça, a menina era recebida com muito mimo nas fazendas de duas
de suas tias maternas, a da tia Elisa, casada com o tio Batistinha, primo desta,
e da tia Zulmira, casada com o tio José de Barros, famoso por detestar o uso de
sapatos, apesar de muito rico. Mais próxima da cidade, ficava a fazenda da
Santa Cruz, do advogado Otaviano de Lima (o famoso Dr. Vico), primo da viúva
Amélia e também primo da esposa Elisa, aonde a Vange ia com freqüência na
companhia da Leolita, filha dos donos, que lhe foi companheira de infância e
mocidade e, mais que isso, querida amiga pela vida toda.
A Vange, porém, gostava, sobretudo, da fazenda da
Limeira, dos avós maternos, seus padrinhos, apelidados de Dindinho e
Dindinha. Tratava-se do tenente José
Augusto Ribeiro de Oliveira Costa, cuja esposa, Mariana Corrêa Lima Costa,
tinha o espírito de empresária, contrastante com o hábito descansado do esposo.
De fato, enquanto o tenente, um Ribeiro típico, aguardava o resultado primário
da lavoura e da pecuária, a Dindinha, uma Correia Lima típica, colocava o
demais pessoal válido na labuta diária pela manufatura de polvilho, banha, lã,
quitandas e laticínios. Como lamento ter sido privado de conhecer a casa antiga
da fazenda! Por que não a compramos
antes de ser demolida?
Foi nessa fazenda que a menina Vange, quatro anos
depois de perder o pai, presenciou um quadro indescritível de doença e morte.
No ano de
Além dos encantos da beleza física e do temperamento,
a Vange conquistava a todos por sua incorrigível tendência em ver apenas o lado
alegre da vida. Ex-aluna de violino do maestro
Antônio Izidoro, não pôde prosseguir na música por causa dos acessos de riso
nas aulas e no palco. O mesmo ocorria em novenas e até em velórios, levando a
severíssima mãe Amélia a evitar que a menina comparecesse a tais
acontecimentos. A capacidade de rir de
si mesma, traço sadio de sua personalidade,
e a excelente memória sobre episódios hilariantes serão objeto de um
livreto que ora escrevo (em colaboração com o historiador Evaldo Rui de
Oliveira), baseado em seus depoimentos
em fitas de áudio e de vídeo, gravados com ela e com a irmã Licínea.
Quatro anos depois da morte do Dindinho, já a
encontramos a arrumar as malas para comparecer ao Centenário da Independência do
Brasil no Rio de Janeiro. Poderia haver melhor festa de debutante? Sim, aos 15 anos, ela foi de trem-de-ferro
para a Capital do país, na companhia de sua amiga por toda a vida, a também
sempre sorridente Caixinha, este o singular apelido da boníssima Atonieta
Correia Lima. Além de ser sobrinha da Dindinha, a Caixinha era irmã da cunhada
da Vange, Esméria Correia Lima Vilela
(hoje nome de bairro), esposa do mano Demétrio. O casal e as respectivas
cunhadas passaram dias felizes na Capital engalanada, repleta de exposições e
cumulada de festas. À mesma época, outra
viagem inesquecível: comparecer a Ouro Preto (em tempo de jabuticaba) para a
formatura do Lela. Para o pernoite
Certo tempo depois, a Vange, como é próprio de todos
os Ribeiros, foi queixar vagos sintomas dispépticos ao parente Dr. José Reis,
que clinicou em Nepomuceno antes de se fixar em Varginha, e este firmou um
diagnóstico que estava em moda na medicina da época: apendicite crônica.
Sugeriu que a jovem aproveitasse a viagem a ser feita pelo Xico Batista, outro
Ribeiro. Enquanto este iria a Juiz de Fora para perder as hemorróidas, ela o
acompanharia para perder o apêndice. Sua
apendicite era tão crônica que deu tempo de fazer dois enxovais, um para a
viagem de trem e outro para a internação hospitalar. Os Ribeiros de Nepomuceno
estavam entusiasmados com a facilidade para chegar a Juiz de Fora e ali
encontrar o maior cirurgião nascido em Minas, Hermenegildo Vilaça. Ele era casado com a dona Olívia Ribeiro de
Oliveira e recebia, com a maior amabilidade, todos os parentes nepomucenenses
de sua esposa. Quando confirmou o diagnóstico do Dr. José Reis e operou a
juvenil Vange, o Dr. Hermenegildo confessou que ela era a paciente mais formosa
que já atendera.
De fato, a Vange foi a moça mais bonita de sua geração
Alguém que tinha verdadeira adoração por ela era a Sá
Mariana, que freqüentava nossa casa, principalmente na época de fazer goiabada,
marmelada e bananada. Ela era uma negra de
inteligência e lábios enormes, tendo sido criada na fazenda do referido
tio Batistinha. Não havia a menor dúvida
de que a Sá Mariana era tida por nós e por toda a parentalha como legítima e queridíssima
integrante da família. Quando eu a ouvia proseando na sala ou na cozinha,
largava qualquer brinquedo e ia ouvir suas frases francas e definitivas sobre
tudo e sobre todos.
Na vida doméstica, a Vange sempre desfrutou, mesmo
depois de viúva, de mais de uma auxiliar na cozinha e no cuidado de filhos e
netos. Três requerem saudosa citação: a Serafina, a Aparecida e a Neném. Daí
que sua atividade, na cozinha, na máquina de costura e na horta, era destinada
a fazer o que gostava, principalmente frango caipira e matança de porco, sendo
famosos e inigualáveis a lingüiça, o pastel, doces-de-caixeta e o requeijão.
Desde jovem, foi leitora voraz de romances, começando pelos água-com-açúcar até
os mais picantes, alternados com novelas de rádio e depois de televisão. Adorava viajar e ouvir poemas declamados e
também músicas de seresta, principalmente, na voz de Carlos Galhardo e Nélson
Gonçalves. E, mais que tudo, uma boa prosa, principalmente evocação do tempo
antigo e de episódios humorísticos.
Na foto de inauguração do campo de futebol do América,
é possível observar o público e as jogadoras de voleibol, comandadas pelo
técnico Dr. Getúlio Lima. Bem no meio da estampa, vê-se uma garota, a Vange,
toda cheia de si, quer pela confiança no desempenho esportivo que estava por
acontecer, quer pela certeza de ser a mais linda do grupo. Essa notável mulher,
que foi amada por toda a cidade, durante todos seus 86 anos de vida, teve
também um casamento de sonhos. Casou-se com o farmacêutico, galã e poeta João
Salgado Filho, que, como ela, era dotado de raro senso de humor. Foi o primeiro
casamento oficiado pelo novo pároco Luiz de Gonzaga, depois cônego e monsenhor.
Foram padrinhos do vistoso casal, a educadora Alice Lima e o odontólogo José
Augusto Moreira da Silva.
Quem observa a foto de ambos nessa data, pode entender
melhor a quadra que o candidato apaixonado dedicara ao objeto de sua conquista:
Eu sou um nauta perdido / Num mar juncado de escolhos, / Vagando
desiludido / À luz de teus lindos olhos!...
O autor é filho
da homenageada, professor titular de medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais e historiador do Sul de Minas. Demais traços biográficos de Evangelina
Vilela Salgado encontram-se no livro O RISO DOURADO DA VILA, 2003, do
mesmo autor.
* * *
DISCURSO DE EVÓDIO RIBEIRO VILELA NA
FESTA DOS ALVES VILELAS DE 03/05/2008 [trecho]
À tia Elisa e
aos meus primos, bem como aos netos, bisnetos, tataranetos de João Alves Vilela
Lima – e ainda aos convidados presentes
e aos saudosos que nos deixaram.
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Em oito de outubro de 1945, ao terminar a guerra
mundial, eu nasci. Parece que eles estavam me esperando, pois levei um tapa-na-bunda
da parteira. Foi como se eu tivesse alguma coisa a ver com a guerra. Depois eu
descobri que isso era normal. Mas, até hoje, aquele “tapa” me incomoda. Fui
agredido em pleno nascimento. Eu nasci com uma parteira, na roça, como quase
todos os meus irmãos. Um ser que de repente vive, respira, e acorda numa casa
imensa, cercado de muita gente. Meu pai, minha mãe, meu avô, minha avó, tios,
tias, primas e primos. Abri os olhos e senti o suave perfume da vida. É assim
que eu quero escrever. De um passado que nos foi construído com carinho e muito
amor. Eu só posso escrever em nome de algumas pessoas. Mas posso deixar os
endereços daquela época: Rua Direita, casa do vô João e da vó Vicentina; casa
da “Sô Quinzinho e Niquinha ”, ou melhor, de todos que estão aqui e que as
freqüentaram; casas do tio Paulo e tia Elisa, do Vilico e da Elisa Costa, e na
roça: Fazenda do vô João Vilela - Município do Carrapato.
Foi aí que o vovô João e a vovó Vicentina lançaram
suas sementes, e estes frutos estão aqui, lotando este Clube. Ele foi um agricultor
de muitas terras. Ele dizia que um dia o Brasil seria o “celeiro do mundo”. O
único celeiro que eu conheci foi o paiol dele que vivia abarrotado de milho.
Por várias vezes eu vi o Fordinho 29, nos meus 6-7anos, sumir nos eucaliptos,
indo para Nepomuceno. Como eu era pequenino, não podia ir, e meu pai mandava
meus irmãos, Tarcísio e Adilson, esperarem lá na ponta dos eucaliptos, perto da
casa do Pedro Aquiles, me enganando. Isto foi covardia. Mas o vovô, nas festas
juninas, trazia um monte de foguetes e bombinhas, e eu era o eleito dele, como
fogueteiro mirim, apesar de meu irmão Adilson ser seu neto preferido na época.
E eram rojões, busca-pés, que subiam e desciam. Uma vez - espero que ele e a
vovó, não estejam me vendo - apontei um busca-pé para a janela da sala da
fazenda, para acordar algumas tias e o Tita, irmão da minha avó, que morava
conosco. A tia Benedita pulou pela janela, a Nali tropeçou, a tia Alda correu
para os fundos da horta e a minha mãe veio ao meu encontro para a “surra”, que
meu avô impediu. Desculpem-me, isso é só fantasia. Se isso não for verdade, é
porque eu era criança.
Eu me vejo, junto com meus primos, o saudoso André (o
Bite) , o Ailton, a Nilza, a Nivalda, meus irmãos, Adilson, Tarcísio, Mariinha,
Joãzinho, Donizete (saudoso), Leila. Meus tios: tia Alda, tio Jil, tia
Benedita, tio João, a Nali, a Narci (saudades), Neire e nossos saudosos tios
que pouco conheci: tio Tuta, tio Joaquim e os que vinham sempre nos visitar, de
Varginha, de Belo Horizonte, de Campo Belo. Há, que saudades eu tenho da aurora
da minha vida! A gente acordava, em pleno mês de julho. Inverno frio! E corria
para disputar uma vaga no rabo do fogão à lenha da vovó. Depois, a vovó enchia
o forno à lenha de biscoitos de polvilho. E aí, saíamos para a caça. Eu não
gostaria de lembrar estas façanhas, mas infância é infância. Tínhamos uma
cartucheira, dois canos, calibre 24, do meu avô. Nós mesmos fazíamos os cartuchos
para matar rolinhas, saracuras, pombas juritis. Hoje eu me sinto envergonhado
disso.
E por falar de meu avô, segundo o Dr. João Amílcar, em
seu livro “O Riso Dourado da Vila”, ele foi um dos homens mais inteligentes de
Nepomuceno. Como testemunha o nosso saudoso engenheiro Dr. Alfredo Unes me
afirmou, por diversas vezes, que foi o meu avô que inventou a “muda” (em balainho),
ou seja, o transplantio de uma planta para outro local. Isto não é Brasil, é
descoberta internacional. O ministro da agricultura esteve aqui naquela
ocasião, mas, infelizmente, perdemos o jornal do seu Waldemar. Meu avô chegou a
produzir, naquela época, 11.000 sacas de café. Transportava em 10 carros de boi
até o porto do Zé Padre, Rio Grande. Dali, por barco a vapor, ia para Ribeirão
Vermelho, e em seguida para o porto de Santos, por via férrea - quando o vô ia
junto exportar o seu café. Coisa rara, hoje
Eu me vejo, com orgulho, na casa da fazenda, com
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Evódio Ribeiro Vilela é mestre, doutor e
professor da Universidade Federal de
Lavras e cientista de tecnologia de alimentos.
* * *
MÁRCIA
(ALVES VILELA) DE SOUZA ALMEIDA
MICOTA
ALVES VILELA
MOREIRA,
mãe de MÁRCIA
João Amílcar Salgado
Em 2006 recebi das mãos de uma senhora, às vésperas de
seus 90 anos, um livro de belo título: SEMEANDO E COLHENDO, que acabara
de escrever. Na capa estava estampado seu belo rosto, quando jovem, flagrado em
cativante sorriso. Comparei a foto com o rosto ali defronte e me espantei de
ver como tantas décadas não foram capazes de desfazer aqueles delicados traços
de beleza. Na dedicatória ela escreveu: Ao
emérito cientista e cultor das artes, com o carinho e a admiração da prima,
Márcia.
Essa extraordinária Márcia fez bem
em deixar registrado o que o casal de educadores Márcia-Manoel Almeida SEMEOU
e COLHEU pelo Estado de Minas Gerais inteiro. Admira-me como a Márcia
fulgura com desembaraço na rica galeria de mulheres da família Alves Vilela,
aclamadas como queridas educadoras: Marta Nair Monteiro, Iracema Vilela Lima,
Climar Vilela Paiva, Maria Aparecida Salgado e Neusa Vilela Salgado.
Márcia é filha da Dona Micota (Maria
Olímpia), uma mâezona da velha
têmpera Alves Vilela. Foi a querida dama de Boa Esperança, que ajudou o alfaiate
João Rosa, a bem educar seus quase vinte filhos, sendo ambos, por isso mesmo,
também notáveis educadores. Ela, exímia na culinária e na costura e ele, na
alfaiataria e na música, que obtiveram de cada filho dominar o canto e também
um instrumento musical, dominando ele o saxofone, embora tirasse o sustento de
tantos, segundo a Márcia, pelo menor instrumento
de trabalho – a agulha – a amiga silenciosa e discreta. Dona Micota era
filha de Joana Alves Vilela e do poeta Modestino Moreira, sendo Joana filha de
Modesto Vilela e de Laura Alves Vilela
(ou seja, curiosamente, a filha do Modesto matrimoniou-se com o Modestino).
Perguntei ao Carlos Netto, também
musicista dorense, se, pelo pendor musical, havia a possibilidade de o
saxofonista João Rosa ser parente do compositor Noel Rosa, que tinha parentes
mineiros. Netto achou pouco provável. Mas hoje estou em busca de algo mais: o
eventual parentesco entre dois Joões Rosas: o sulmineiro João Rosa e o
sertanejo João Guimarães Rosa.
A música é marca tão forte na Márcia
que ela recheou seu livro com as letras e partituras das canções que ela (e eu)
mais preza. A tradição musical de Boa Esperança, simbolizada
* * *
MARTA NAIR MONTEIRO
João Amílcar Salgado
A Marta Nair, nascida em Candeias, é filha da
Mariquinhas, prima de minha mãe. Casou-se com o sanitarista Agnaldo Massote
Monteiro, que gostava de chamar-me de sobrinho,
pois trabalhava lado a lado, na mesma sala, de meu tio Aprígio Salgado.
Em 1992, vendo um noticiário da televisão Globo, antes só ancorado por
homens, notei a novidade de uma locutora mulher e que era tão meiga quanto
bonita, mas que parecia nervosa com a estréia.
Em duas tropeçadas, vi que tremeu a bochecha e pensei: interessante
essa moça, além de se parecer com minha
irmã, treme a bochecha em sinal de nervosismo, como a Neusa fazia. Depois soube seu nome, Valéria Monteiro: era
a neta da Marta Nair. A Valéria também
se parece muito com minha sobrinha Ana Paula. Quando contei esse episódio para
a avó, esta, comovida, passou a me relatar a vida artística da neta. E me presenteou com uma cópia preciosíssima
de um manuscrito de nosso bisavô Manoel Alves (Carrijo) Vilela, que a avó dela,
minha tia-avó Sinhana (Ana Alves Vilela) Barreto, conservara com carinho.
A Marta, miraculosamente
sobrevivente a gravíssima doença cardíaca - tratada espiritualmente e por meu
colega de turma Sérgio Almeida – mostra em seu
livro autobiográfico, MEU MUNDO (1991), as razões por que integra
a galeria das grandes mulheres de Minas. Nesta, ela tem lugar garantido ao lado
de Joaquina do Pompeu, Dona Beja, Bárbara Heliodora (estas três também minhas
parentas), Maria Tangará (parente dos Mendonças de Nepomuceno), a Diadorim histórica (que existiu de fato,
como guerrilheira de diamante, entre o Serro e Diamantina), Tiburtina, Alzira
Nogueira Reis, Elvira Kommel e Emely Vieira.
Sua linda filha Sandra Maria casou-se com o gastroenterologista Ronaldo Correia,
meu colega de vestibular.
Marta descreve seus pais com grande ternura. Dona
Mariquinhas (Maria Umbertina Vilela Barreto), sua mãe, foi mulher
extraordinária, a mãe de todos, ativa, corajosa e trabalhadora. Dela a filha
herdou tudo isso, provando-o ainda menina, quando teve a audaz iniciativa de
pedir a Janot Pacheco (engenheiro, diretor da Rede Mineira) que transferisse
seu pai ferroviário para onde houvesse escola pública. Daí terem mudado para a
Capital.
O nome Nair foi inspirado em Nair de Tefé. A condição
desta, de mulher bonita e moderna, contagiou a denominada - bela por toda a
vida. Seu livro veio-me com a seguinte dedicatória: Ao primo – com muita
honra – com simpatia e agradecimento,
pelo belo trabalho que você está fazendo pela família. E, para
coroar a oferta do documento e do livro, me indicou outra prima adorável, a
campobelense Anita Vilela. A ex-vereadora Marta Nair foi a primeira mulher a
ser deputada em Minas e liderou greve das professoras estaduais, de repercussão
nacional, quando desafiou a ditadura militar, em forte impulso à
redemocratização do Brasil.
* * *
RILMA, TONINHO,
EVALDO, TONY E ROBERTO – QUINTETO PROEMINENTE DA MEMÓRIA VILELA
João Amílcar Salgado
Rilma
Vilela Braga, Antônio Vilela Braga, Evaldo Rui (Vilela Teixeira) de Oliveira,
Antonio Vilela Reis e Roberto (Vilela) Gonçalves são cinco primos entusiastas
da memória Alves Vilela. A Rilma foi a primeira, há bastante tempo, a propor os
encontros entre Vilelas, que só se concretizaram com o dinamismo dos demais
- para o que suponho ter contribuído com meu livro O RISO
DOURADO DA VILA (2003).
Falar da Rilma
é falar de mulher bonita. Quando se toca em seu nome, ninguém quer referir os demais
atributos humanos desta mulher excepcional, exceto o seu encanto físico, que prima
por persistir ao longo do tempo. Quando a Rilma e sua mãe leram o meu livro de
memórias, ficaram felizes em encontrar um parceiro no culto às lembranças
familiares. Assinalaram que o velho João Vilela teve na Rilma a neta que lhe
encheu de felicidade a alma calejada.
Ele não se cansava de proclamar o
encanto, feito de doçura e magnetismo, daquela menina, que não saia do colo do
avô. Quem também não resistiu a isso tudo foi o Joaquim Martins da Costa – de
profissão engenheiro, mas que, ao lado da esposa Rilma, é um raro varão
autêntico, dos melhores que conheci: atencioso, sensível e capaz de tudo para
ajudar a qualquer um.
Quando li o livro
OS ANTEPASSADOS de Pedro Vidigal tive a alegria de saber que eu, além de
primo da Rilma, era também parente do
Joaquim. Vidigal prova no livro que os Martins da Costa são os mesmos Buenos
paulistanos de minha avó Emerenciana.
Vidigal havia prometido doar ao Centro de Memória da Medicina os livros autografados que o grande médico
espanhol Gregório Marañon lhe ofertara. Pedi ao Joaquim que obtivesse dele o
cumprimento da promessa. Ele marcou um almoço, que foi divertido e
transbordante de causos, mas acabou-se desculpando, pela falta de coragem para
desfazer-se dos livros.
Como historiadora a Rilma é original. Em vez de escrever algo da história dos
Vilelas, ela faz muito mais: vive a lembrar de Vilelas com quem ainda não temos
contato. Dois deles, agora de nossa convivência, são fundamentais para os registros da família:
Evaldo Vilela, figura nacional da agronomia e da vida universitária, e Afrânio
Vilela, estrela maior da magistratura. O
filho Vinícius e o neto Henrique são dois exemplos de primos que, se não fosse
a Rilma, mãe e avó zelosa, eu não os teria identificado como tais, quando foram
meus alunos na Faculdade de Medicina..
Já
o historiador Antônio Carlos Vilela Braga, sendo professor e historiador
Evaldo
Rui de Oliveira é outro, para nossa sorte, igualmente historiador e professor. Vivendo
em Arcos, MG, ele também quer estender a Nepomuceno a magnífica contribuição
que oferece a sua cidade adotiva, onde é aplaudido membro da administração
municipal. Ele e eu estamos preparando
um livro sobre as duas irmãs Licínia e Evangelina Vilela, com base em rica
documentação, principalmente o depoimento em vídeo, no qual, com muito humor,
ambas relembram a infância e a juventude. Há pouco participei de agradável
sessão histórica em Arcos, organizada pelo Evaldo, quando a historiadora Denise
Garcia de Campo Belo, o escritor Olavo Romano de Ferros e eu falamos da
história do oeste mineiro. Pergunto: por que uma sessão análoga não está
programada para Nepomuceno? Com a ajuda do vilela Evaldo Rui, seria facílimo!
Antônio
(Tony Vilela) Lima Reis Júnior, reúne as qualidades da mãe Glorinha e do pai Antônio, no modo
cavalheiresco com que nos recebe nas inesquecíveis festas da Bela Vista. Apoiado pelo tio Manoel Jacy Vilela e pelo contra-parente
Fábio Araújo Reis - ambos ilustres médicos com notável interesse na historia
regional - vem reunindo outros tantos
amigos que tenham a mesma curiosidade, nas cidades de Nepomuceno, Varginha,
Carmo da Cachoeira e outras da região. Isso tudo acaba compendiando as lembranças e registros de três troncos
senhoriais do Sul de Minas: Reis, Alves Vilela e Ribeiro Lima.
O
engenheiro Roberto Vilela Gonçalves veio a ser o valioso reforço a tão forte
equipe de memorialistas. Ao lado da
querida Elina Ribeiro Lima, além de organizar, com dedicação e desprendimento,
nossos encontros, veio tornar palpável nossa esperança de que afinal cada livro
prometido pelos estudiosos dos Vilelas saia do papel. A figura humana marcante
e a imensa obra de benemerência de seu pai, nosso queridíssimo Levi Gonçalves –
itaunense adotado por Nepomuceno – estarão sem dúvida nos textos ilustrados que
não devem tardar.
DONA ANITA ALVES VILELA BELO PEREIRA
ASSUNÇÃO
Anita
Alves Belo Pereira
Dona
Anita (Ana Alves Belo Pereira d´Assumpção) foi casada como o médico Sebastião
D´Assunção formado na UFMG em 1933, colega de turma de Hilton Rocha. A jovem
Anita estudava no colégio
Orozimbo
Alves (Vilela) Parreira Pereira
Dona
Anita, nascida em 1916, é Vilela por parte de seu pai Orozimbo Alves Pereira
(1875-1957). Ele era filho de Benjamim Costa Pereira (1846-1910), que, por sua
vez, era filho de Antônia Cândida Vilela (suponho que Antônia seja filha de
Manoel Alves Vilela e, se assim for, era irmã de meu avô Joaquim Alves Vilela –
isso deve ser conferido nas anotações manuscritas de Manoel). A família Pereira
era de origem açoriana.
A
mãe de Orozimbo era da família Parreira, entre as principais de Campo Belo, e
se chamava Ana Alves Parreira (1855-1940). Ela era filha de Manoel Martins de
Faria Parreira, conhecido como Parreira da Vargem, sendo a mãe dela Joana
Francisca de Jesus. Manoel Martins Parreira era filho de Antônio Martins
Parreira e de Ana Gertrudes de Faria. Antônio, por sua vez, era filho da
célebre Catarina Parreira, que construiu a igreja de Campo Belo. Será
necessário estudo documental para esclarecer possível relação entre Catarina
Parreira e Antônio Vilela Frazão, que explique o deslocamento de ambos de
Congonhas para a mesma região e na mesma época.
A
mãe da dona Anita era da família (Arantes) Alves Belo, a que também pertencia a
família da mãe do Duque de Caxias, e seu nome era Carolina Alves Belo
(1880-1936). Era filha de Venceslau Alves Belo, que, por sua vez, era filho de
Alexandre Alves Batista Belo. Alexandre era irmão de Maria Cândida de Oliveira
Alves Belo, mãe do Duque, sendo o pai deste o marechal Francisco de Lima e
Silva. A esposa de Venceslau era Maria Madalena e a de Alexandre era Maria Rosa
de Jesus.
A
avó materna de dona Anita era Dicimília Justina Rodrigues Nunes, filha de
Florêncio Rodrigues Nunes e Carolina do Amor Divino Justino Silva. Os pais de
Carolina do Amor Divino eram Manoel Justino da Silva e Mariana Justino do Amor
Divino.
Fazenda
da Várzea onde nasceu Anita
Dona
Anita teve oito irmãos do primeiro casamento de Orozimbo com Carolina:
Sebastião, José Orozimbo, Decimília, Benjamim, Luiz, Orozimba, Joaquim e Pedro
Jesus. Teve cinco meio-irmãos do segundo casamento de Orozimbo com Maria: Ida Pereira
dos Santos (casada com médico), Orozimbo Filho, Tomé Ramos, Cleuza e Maria das
Graças (casada com o advogado Elder Tocafundo [Elder
morava na av.Crist.Machado 1400/1003, Cid Nova, tel.34633256].
Dona Anita e o médico
Sebastião tiveram dois filhos: o médico Evaldo (de grande projeção como cirurgião
plástico, laicista católico e pioneiro em tanatologia) e a normalista e
musicista Eliana, que se casou com o médico René Guimarães.
ADAUTO BARBOSA LIMA
Vanguardeiro clínico
da circulação extracorpórea no Brasil e inovador na cafeicultura
João Amílcar Salgado
Em meu livro O RISO
DOURADO DA VILA (2003) relato que eu estava interno no colégio marista em Varginha,
em 1953, e fui a um almoço na casa de meu tio Aprígio de Abreu Salgado, colega
de turma do cardiologista Adauto Barbosa Lima, recém-chegado dos EUA: O almoço daquele dia [...] foi para
receber o Adauto e a dona Sinhaninha.
Ele [... ] veio trazer sua mãe para exames em Varginha. [...]
Entre as novidades da América, o Adauto disse uma coisa que me espantou:
ô Aprígio, lá nos EUA a moda agora é
fundar religião, lá por dia são fundadas várias novas religiões, quê que você
acha disso? Quando voltou do exterior, onde estagiou junto aos maiores
cardiologistas de lá, ele veio a ser o líder clínico do grupo que introduziu a cirurgia cardíaca
com circulação extra-corpórea no
Brasil. Tempos depois ele seria inovador
mais uma vez, não na medicina mas na cafeicultura. O Vavico, irmão dele, me
disse: o Adauto está querendo saber se
vocês vendem aquele cerrado no alto para ele plantar café; ele disse que, se vocês não forem vender,
devem plantar vocês mesmos. – Mas no
cerrado? – É, eu e o Zé estamos achando
que o Adauto vai se estrepar com essas idéias... Afinal, prá resumir: não vendemos mas
plantamos, e o café dali é uma beleza, sendo o Adauto hoje o mais reverenciado
cafeicultor da região.
Ivo
Pitangui, Adauto Barbosa Lima e José Geraldo Albernaz são os três mais
proeminentes entre os eminentes integrantes da sempre elogiada turma de 1946 da
Faculdade de Medicina da hoje Universidade Federal de Minas Gerais. Com essa turma ocorreu fato inusitado, pois,
sendo tão ilustre, nela aparecem quatro formandos ligados a Nepomuceno, dos
quais três têm o nome iniciado por A: Adauto, Alberto Sarquis, Aprígio de Abreu
Salgado e Oscar Resende Lima. Os primos Adauto e Oscar são parentes de minha mãe, sendo o
Adauto duplamente, pelo lado Ribeiro Lima e Alves Vilela - enquanto o Aprígio é
irmão de meu pai. Outro fato talvez único foi a escolha do paraninfo, o
Brigadeiro Eduardo Gomes, então candidato à presidência da república, na
primeira eleição após a ditadura Vargas.
O
Adauto, Alves Vilela por parte da mãe, formou-se quase dez anos depois de outro
notável médico, também ligado a Nepomuceno e também nosso parente: João Batista
Veiga Sales. Ambos têm em comum a especialização em altíssimos centros nos EUA
e o brilho
Antes
de ir para o exterior, Adauto Barbosa Lima estimulou seu cunhado e meu tio, o farmacêutico
Moacir de Abreu Salgado, a dedicar-se a procedimentos de análises clínicas.
Associou-se a ele e ambos organizaram o primeiro laboratório de Nepomuceno,
cidade natal de Adauto. Moacir Salgado foi então, a partir de 1947, pioneiro na
atividade de farmacêutico-bioquímico no Brasil. O livro MÉTODOS DE LABORATÓRIO
APLICADOS À CLÍNICA havia sido publicado por uma equipe de médicos ex-estagiários
de Baeta Viana. Subsidiado por Adauto, Moacir Salgado, de excepcional
habilidade técnica (que poderia ter sido grande cientista se tivesse tido oportunidade)
partiu desse manual para logo acumular seleta biblioteca, em inglês, francês e
espanhol, de técnicas laboratoriais atualizadas – surpreendendo conhecidos
médicos laboratoristas com a precisão e o critério de seus exames.
Adauto
Barbosa não poderia ter escolhido melhor local para sua especialização
cardiológica. Foi para nada menos do que Baltimore, onde a Faculdade de
Medicina de Johns Hopkins havia sido, no final do século
Richard
Bing, presentemente vivo em seus 101 anos, com seu porte alto, magro e de
feições bondosas, é um alemão de impressionante biografia. Sendo de família com alta tradição na música,
ele próprio é interprete e autor de cerca de 200 peças eruditas, sendo que seu
100º aniversário foi comemorado com concertos de criações de sua lavra por
várias orquestras sinfônicas da Europa. Quando escolheu não ser apenas
musicista, entregou-se a estudos de vária linha, tendo alcançado a mais
completa preparação cientifica que se pode imaginar, não só em seu país, mas em
Copenhagen e
Já
a médica Helen Brooke Taussig está ligada ao marco maior da cardio-cirurgia
pediátrica, ocorrido em 29 de novembro de 1944, no Hospital Johns Hopkins,
quando pela primeira vez foi feita a
OPERAÇÃO DE BLALOCK-TAUSSIG, num bebê
acometido da “Síndrome do Bebê Azul” (no caso o defeito congênito denominado
Tetralogia de Fallot). Em 1985, com a divulgação das memórias de Vivien Thomas,
auxiliar técnico de Alfred Blalock, ficou evidente que, por seu papel na
solução técnica do procedimento cirúrgico, devia ter seu nome no epônimo da
inovação científica, que passaria então a ser OPERAÇÃO DE
BLALOCK-THOMAS-TAUSSIG. Em virtude de Thomas ser negro, não-médico e sem curso
universitário, tal reparo não seria viável na época, mas passou a ser hoje
plausível, depois que Barack Obama foi
eleito o primeiro presidente negro dos EUA.
Helen
Taussig logo depois se uniu ao referido Richard Bing para mais um novo avanço
na pediatria cardiológica. Ambos publicaram, em 1949, o artigo Completa
transposição da aorta e uma levo-posição da artéria pulmonar, no American
Heart Journal (37:551). Esta é a memorável SÍNDROME DE TAUSSIG &
BING. A vida da doutora Helen não é menos fascinante que a de Richard, pois foi
considerada criança anormal por sua dislexia. Sob a comovente dedicação de seu
pai, um economista, ela superou o problema para se tornar fulgurante estrela
das ciências médicas. Mesmo assim, depois da idade madura, desenvolveu surdez -
cruel para uma cardiologista - que igualmente superou.
Pois
bem, foi junto a Bing e a Taussig que Adauto Barbosa Lima se especializou - e
de Baltimore voltou a São Paulo para, por sua vez, ser pioneiro no Brasil.
Participou, como clínico, da primeira cirurgia cardíaca com circulação
extracorpórea total, em 12 de novembro de 1956. Há uma foto histórica em que,
enquanto o cirurgião Hugo João Felipozzi executa a cirurgia, Adauto controla o
traçado contínuo do eletrocardiograma, José dos Santos Perfeito conduz a
circulação extra-corpórea e Pedro Geretto faz a anestesia. Desde então o
nepomucenense Adauto Barbosa Lima ocupa o lugar inarredável de primeiro e maior
cardiologista pediátrico do Brasil Além
disso ele fez enorme clínica privada, tornou-se professor e ocupou cargos, o mais
distinto deles como diretor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Hugo
Felipozzi nasceu em Cajuru, no noroeste paulista, região por sinal colonizada
por migrantes do Sul de Minas, região natal de seu futuro colaborador Adauto.
Formou-se um ano após este, em 1947, na Escola Paulista de Medicina, que tem
entre seus fundadores cientistas também sulmineiros. Analogamente ao Adauto, Felipozzi
especializou-se nos EUA, com equipes que iniciavam o tratamento de cardiopatias
congênitas, a começar pelo Children's Memorial Hospital de Chicago, onde se fez
discípulo do cirurgião pediátrico Willis Potts. Depois esteve na
Universidade de Minnesota, na Mayo Clinic, na Universidade de Baylor e em
outros centros.
E
Minas Gerais tem o dever de considerar como seu tão inestimável patrimônio, ou
seja, a participação fundamental de Adauto Barbosa Lima nessa página de
vanguarda e heroísmo da medicina brasileira.
JOÃO AMÍLCAR
(VILELA) SALGADO
Sebastião N. S. Fusmão
Os amigos e admiradores do médico e historiador João Amílcar Salgado,
professor titular de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais e
criador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, não escondem o
contentamento por afinal poderem percorrer as 600 páginas do livro
autobiográfico que ele acaba de publicar, em comemoração ao centenário de
nascimento de seu pai, o farmacêutico e poeta João Salgado Filho.
Sendo amigo e estudioso de Pedro
Nava, João Amílcar Salgado não quis seguir a linha proustiana do grande
memorialista. Muito menos ambicioso, optou pela memória humorística do período
entre 1940 e 1960, entremeada de flashes de antes e de depois. Trata-se dos chamados
anos dourados, intensamente vividos do ponto de vista pitoresco de sua cidade:
Nepomuceno, a antiga Vila de S. João Nepomuceno de Lavras.
Além de sua querida Vila, ele
focaliza o colégio marista de Varginha, bem como a ainda pequena capital Belo Horizonte,
nos nostálgicos anos dos governos estadual e federal de Juscelino Kubitschek.
Sendo também especialista em ensino médico, faz bem humorada análise da
educação que viveu. Teve, aliás, privilegiada maneira de observar, sem
recalques, a escola do primeiro ao terceiro grau, aluno continuamente louvado e
premiado que foi. Não bastasse isso, foi o primeiro estudante a passar em
primeiro lugar em ambos os vestibulares das duas faculdades belorizontinas,
sendo sua turma excepcionalmente pequena, já que foram aprovados apenas 44
candidatos!. Tal drástica elitização foi imposta pela Fundação Rockefeller, que
estava americanizando o ensino
Até então os alunos distintos primavam por incensar o establishment
do ensino e da profissão. Daí que sua irreverentíssima oração, saudando o
paraninfo Javert Barros, foi ouvida, com perplexidade, entre outros, pelos
saudosos e inesquecíveis mestres Baeta, Feldman, Bogliolo, Rivadávia, Mendes
Campos, Melo Campos, Negrão de Lima, Resende Alves, Rubens Monteiro, Hilton
Rocha, O. Magalhães, O. Costa, A. Lodi, Hermínio Pinto, Amílcar Martins e
Aparício Assis – dos quais agora focaliza o mérito e o folclore. Com isso,
consegue também preservar parte preciosa de nosso anedotário escolar,
principalmente das repúblicas de estudantes.
Como
cientista, obteve repercussão internacional já logo após a formatura, ao fazer
a surpreendente revelação de que estava ainda viva a paciente Berenice, na qual
Carlos Chagas descobrira, décadas antes, a doença de seu nome. Além de
pesquisador em medicina tropical, aposentou-se como respeitada autoridade em
pedagogia e semiologia médicas. Alguns de nossos melhores clínicos foram seus
alunos e/ou residentes nos anos 60-85.
Se tivesse acontecido o governo federal de Tancredo Neves, teria sido
marcado, nas áreas da saúde e da educação,
pela lucidez do pensamento original desse raro homem de enciclopédica
cultura. E é admirável que sua tão bem
sucedida carreira estudantil, científica e docente tenha sido percorrida, sem
que, para isso, tenha transigido com seus corajosos e influentes posicionamentos
no campo político-social, expressos em sua tese de doutorado e em tantos
célebres panfletos e debates.
Fanático nepomucenense e fanático sulmineiro, João
Amílcar Salgado formula neste livro a
teoria de que sua Vila é o umbigo do mundo, enquanto descobre que vários
personagens de sua infância e juventude são incríveis sábios disfarçados de
caipiras. Assim usa, desta vez por escrito, os recursos que o fizeram
requisitado conferencista e aplaudido orador. Demais tem prontos para publicar
livros do pai e do avô, bem como a história inicial de sua cidade, graças ao
acervo que deixou de utilizar no presente texto. Igualmente finaliza um manual de pedagogia médica
e outro de história da medicina, além do estudo completo sobre o caso Berenice.
O
autor é professor de Neuro-Cirurgia na Universidade Federal de Minas Gerais e
ex-coordenador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais
* * *
MENSAGEM
DE AFRÂNIO VILELA AO ENCONTRO DOS VILELA DE 11-10-2009
Belo Horizonte, 12 de outubro de 2009
Prezados
familiares, que a todos chamaremos de primas e primos,
É com imensa
alegria que nos dirigimos a todos vocês para externar nossos agradecimentos
pelo convite para integrar a festividade anual dos “Vilela”.
A amizade e o
circulo familiar são elos que ajudam na fortificação da humanidade, e merecem
ser cultivados, diuturnamente. E é esse
cultivar que almejamos, e almejaremos doravante.
De lado outro,
é com pesar que, neste ano, não poderemos comparecer, em função de viagem já
organizada anteriormente, cujo retorno está marcado para o dia 12/10.
Para
que possam nos situar dentro da família, podemos adiantar que somos do ramo dos
“Vilela” de Cristais, então distrito de Candeias. Meu pai era José Vilella,
filho de José Alves Vilella e de d. Alzira Lamounier Afonso Vilella, vinda dos
Afonso Lamounier de Itapeceria e região. Meus bisavós paternos eram Saturnino
Alves Vilela e d. Francisca Maria de Jesus, casados em 1904. Ela, filha do Cel.
João Afonso Lamounier do Nascimento, ex-prefeito de Candeias, e de d.
Guilhermina Constância da Silveira, cujo Tio, deputado Antonio Afonso Lamounier
Godofredo, ajudou a escrever a primeira
Constituição Republicana, de 1891.
Meu avô, José
Alves Vilela, condecorado pelo Governo do Estado de Minas Gerais com a patente
de Major, residia na Fazenda dos Coqueiros, e também era proprietário das
“Borges” e “Retirinho”, em Cristais/Campo Belo, até por volta de 1933, quando
tiveram todas penhoradas para pagamento de condenações civis de reparação de
danos pela acusação do cometimento de um crime em família, do qual foram
posteriormente inocentados.
Além de meu
pai, José Vilela, tiveram filhos, os mais conhecidos Aparício Vilela (Ddezinho),
Francisco (Baiano), Gumercino (Nenzinho), Olga, Zita, Francisca.
Diante da
perda patrimonial meu pai, José Vilella, no final da década de 30, associou-se
a José Cambraia, seu primo de Campo Belo, então próspero empresário do ramo de
charqueadas, que havia adquirido a Charqueada Velha, então de propriedade de
Manoel Terra Cruz, em Ibiá, município que naquela época reconhecidamente era
sertão. Construíram aquela que seria a nova charqueada, cujo prédio ainda hoje
é marca da cidade de Ibiá, e que proporcionava emprego direto para mais de 100
pessoas, sendo, por certo, a primeira grande empresa privada a se instalar
naquela cidade.
Meu Pai
casou-se com Erotildes Antônia de São José, de Ibiá, tendo nascidos: Leila
Vilela, professora aposentada e fazendeira, em Ibiá, casada com Vander,
bacharel em direito, e três filhos advogados naquela cidade, Ricardo, Rogéria e
Rejane Silva Vilela; Alzira Lamounier Vilela, precocemente falecida aos 33 anos
de idade; Maria Aparecida Vilela, precocemente falecida, que deixou quatro filhos:
os advogados Renata e João Paulo Vilela, e a Assistente Social Rose Vilela,
hoje empresária nesta Capital, e Michele, estudante.
Sou o mais
novo dos filhos de José Vilela, nascido
Meu pai, José
Vilella foi exemplar cidadão, cumpridor de seus deveres. A simplicidade sempre mostrada
por José Vilella, as peripécias passadas com os problemas no decorrer de sua
vida, mas ao mesmo tempo a temperança de caráter, a firmeza da conduta moral e
a idoneidade, mostravam a rígida formação familiar recebida de seus pais. Legou-nos
a firme convicção de pertencer a uma importante família, que é a Vilela.
Agradecemos à
Rosane Vilela, colega de trabalho no Tribunal de Justiça, responsável pela
nossa aproximação, pois através dela conhecemos o grande amigo e primo, dr.
João Amilcar Salgado, também Vilela no “sangue”, e o dr. Roberto Vilela, este
encarregado de justificar nossa ausência nesta oportunidade e de assumir em
nosso nome compromisso de presença no próximo evento.
A todos os
prezados primas e primos nossos efusivos votos de boa festa.
Afrânio Vilela, Gisela,
Mateus e Henrique.
ADENDO
A
divulgação dos dados acima causou novas informações sobre a família Vilela, de
fora e de dentro de Minas. São exemplos os seguintes comentários:
Luisa Vilela
disse...
Excelente texto!! Sou Vilela nascida
em Formiga-MG, mas minha parte da família é de Piumhí, cidade na qual um
Vilela, segundo a "lenda", foi um dos responsáveis pela fundação e fez-se
família numerosa e influente até hoje.
Ruca disse...
Eu sou português, há poucos Vilelas
em Portugal. Os meus bisavós vieram do Brasil no séc. XIX, eram Vilela pouco
sei sobre eles para além de terem tido uma fazenda e terem vindo para Portugal
em finais de séc. XIX. Eu sou português, há poucos Vilelas em Portugal. Os meus
bisavós vieram do Brasil no séc. XIX, eram Vilela pouco sei sobre eles para
além de terem tido uma fazenda e terem vindo para Portugal em finais de séc.
XIX.
Prezado João
Amílcar,
Meu nome é Ely Paiva, sou de Uberlândia. Parabéns pelo belo trabalho do seu
Blog sobre os Alves Vilela.
Estou escrevendo um livro sobre os Pioneiros de Coxim, MS, com o apoio do
Instituto Histórico e Geográfico daquele estado. Um esboço da nossa pesquisa
inicial pode ser vista no link www.povoadores.net
Estou traçando as origens de uma das primeiras famílias de Coxim, que veio
através de Antonio Teodoro de Carvalho e seu (sobrinho ?) Manoel Teodoro de
Carvalho. O Antonio Teodoro foi citado em vários livros do Taunay à época da
Guerra do Paraguai.
Esse "Manoel Teodoro de Carvalho", nascido em 1856, foi casado em
primeiras núpcias com "Rita Alves Vilela". Além disso, já vi que os
Teodoro de Carvalho de Coxim eram muito próximos dos Ferreira Junqueira dali.
João Ferreira Junqueira que morou no Prata antes de ir pra Coxim, era padrinho
de casamento de Antonio Teodoro de Carvalho.
E já percebi que essa proximidade das 2 famílias ocorreu também em outras
cidades do triângulo mineiro.
Por favor, você já ouviu falar dessa "Rita Alves Vilela" ? Pelo
sobrenome "Alves Vilela" podemos dizer com grande chance, que eram
oriundos do Triângulo ?
obrigado pela atenção e um abraço,
Ely
Fernando disse...
EU SOU FERNANDO RODRIGUES VILELA,
FILHO DE MANOEL RODRIGUES VILELA NATURAL DE PERNANBUCO E GOSTARIA DE SABER SE
HÁ ALGUEM DA FAMILIA DE MEU PAI QUE QUEIRA FAZER CONTATO, POIS ELE JÁ FALECEU E
POUCO FALOU DOS PARENTES. FERNANDORVILELA@HOTMAIL.COM
Edilberto
Vilela disse...
Olá...sou neto de João Vilela de Carvalho,
que residia em Itiquira-MT, meu avô veio de Goiás,creio que de Jataí, foi um
dos pioneiros na colonização de Itiquira.Tb tenho curiosidade em saber a origem
de meu sobrenome.Moro em Rondonópolis-MT e por aqui existem diversos Vilela.
Eliel Vilela disse...
Ola sou Eliel Vilela, filho de
Eliazar Vilela, neto de Oracio Correia Vilela, e gostaria de conhecer pessoas
da geracao dos Correia Vilela! meu e-mail e eliel-brasil@hotmail.com
Um abraco pra todos os Vilelas do brasil e do mundo....
Bia-Chan disse...
Meu nome é Beatriz Vilela e eu sei
que pouco sobre minha familia.
Ouvi uma história ,quando era mais nova , não me lembro bem porque estava
escutando atras da porta ...
Minha avó se apaixou por homem pobre , e se casou com ele sem o concentimento
de seu pai ,o meu pai é o 13º irmão e o ultimo .e a Mãe dele fugiu assim que
ele nasceu . ele é nascido em Chagas-MG , 1966 .
Se alguém conhecer essa história pode me mandar um e-mail em
chii.sakura@gmail.com
Obrigado
Marcio disse...
Os Vilela de Pernambuco são muitos.
É uma numerosa e antiga família com origens portuguesas (dizem, e acho que
existe algum fundamento antropológico nesta história oral transmitida de
geração em geração, que descendem de cristãos novos). Talvez seja verdade, pois
de fato, os Vilela nordestinos, apesar de a seu modo serem há longa data muito
religiosos, sempre foram também muito ariscos aos padres, aos santos católicos
e aos ritos e sacramentos do catolicismo.
Também há um costume antigo na família que creio seja quase um elemento
arquetípico, talvez herdado de ancestrais marranos (não afirmo que é, mas creio
provável): muitos na família, pelo menos desde meados de século XIX, até onde
consegui descobrir, frequentemente utilizavam e ainda utilizam, nomes bíblicos
do Velho Testamento (Israel, Manassés, Ozias, Daniel, Jeremias, Isaac, Raquel,
Mirian, etc).
Mas deixando a potencial ancestralidade judaica a parte, hoje os Vilela
nordestinos que conheço são cristãos (mas, não católicos), pois no final do
século XIX, houve uma conversão em massa da família para o protestantismo. Parece
até que a família CORREIA VILELA e seus familiares da região de Guaranhuns-PE e
Canhotinho-PE esperavam aciosamente para se livrarem da influência e da
fiscalização religiosa dos padres católicos. Até onde sei, como de uma tacada
só, todos Correia Vilela e parentes tornaram-se presbiterianos. Um deles
inclusive morreu e virou até martir da Igreja Presbiteriana no Brasil, ao
salvar um missionário estadunidense em um atentado ocorrido em São Bento do Una
no ano de 1898. Esta conversão para o presbiterianismo ocorreu na família
durante a década de 1880.
Sou paulistano, não sou presbiteriano ou protestante e infelizmente nunca
estive no Nordeste, mas cresci ouvindo tais histórias sobre a família Vilela de
Pernambuco, pois minha avó materna é pernambucana e da família CORREIA VILELA
da região de Guaranhuns, Calçado e Canhotinho-PE. Meu trisavô era Manoel
Correia Vilela ("Mandim" Vilela). Meu bisavô era Otoniel Correia
Vilela.
Gostaria de conhecer melhor as histórias e as origens da família CORREIA VILELA
de Pernambuco. Se alguém da família desejar trocar informações, meu e-mail
segue abaixo.Fraternais saudações, Márcio,
São Paulo/SP.
e-mail: professor.marcio@hotmail.com
P.S.: Há também muitos Vilela em Santa Catarina. Talvez de origens açorianas -
não sei.
jose h
vilela disse...
meu nome e josé hermogenes vilela,
sou filho de manoel vilela machado,e de gesia maria de lima,neto de julia alvés
vilela, naturais de iturama e carneirinhos minas gerais (triangulo
mineiro),moro atualmente em breu branco Pa. Josehermogenes@bol.com.br
Anónimo
disse...
O ex senador goiano Maguito Vilela é
tetraneto de José Manuel Vilela fundador de Jataí GO oriundo de Coqueiral MG foi
desbravador dos sertões do sudoeste goiano apartir de 1836 jutamente com o Paulista
José de Carvalho Bastos. As terras dos Vilelas se extendia do vale do Rio Claro
até o Araguaia, Jatai tem varios Vilelas minha avó assinava Vilela, procure
pelo livro os Pioneiros de Basileu Toledo França...
Leandro
Neto disse...
Boa Tarde, tenho alguns nomes de
Alves Vilela e Vilela de magalhães e gostaria de saber se tem relação com esta
familias vilela e de onde vem, os nomes que possuo Antonio Vilela de Magalhães,
nascido por 1849 casado com Maria Barbara de magalhães pai de Manoel Alves
Vilela de Magalhães nascido em 1883, irmã de manoel Maria Amélia de magalhães,
qualquer informação serei imensamente grato.
Leandro Neto
leandropiola@micropic.com.br
Bruno Vilela disse...
Muito interessante!!! Em 1753 as
familias Vilela e Fialho se uniram... Eu, que nasci em 1984, sou filho de
"uma" Fialho com "um" Vilela. Mas sei que meus descendentes
"Fialho" sao do Norte de Minas e nao do sul, como os
"Vilela". Coincidencia?
Anónimo
disse...
Há um tempo, adquiri uma fazenda,
que pertencia a cidade de Sao Fidelis/RJ que passou a pertencer a Cambuci/RJ,
esta fazenda foi uma grande produtora de cafe na epoca, e nela encontrei
vestigio de uma familia Vilela. Se alguem souber algo favor me contactar pelo
e-mail, ficarei feliz em compartilhar informações.
mauro4471@hotmail.com
Anónimo
disse...
Obrigado pelo retorno.
Poderia me informar se seu avo teve uma fazenda aki na regiao de Sao Fidelis/RJ
ou Cambuci/RJ.
Por meio de informações, esta fazenda era uma grande produtora de cafe, e pertencia
a uma familia Vilela.
Dentro da mata encontrei ruinas de uma grande sede, com ceramicas, vidros,
talheres entre outros, datados com brasao frances de 1850.
Estou muito curioso em descobrir mais informações.
Mauro
mauro@cipel.com.br
Meu nome é Bruno César Carrijo
Vilela,muito interessante está hístoria, sempre quis saber mais sobre a família
Vilela. Sou da cidade de Mineiros-GO,sou bisneto de Césario Vilela, que com seu
pai e seu tio vieram de Minas (região de Prata e Ituitaba)e ocupou boa baste de
Caiaponia, Mineiros, Perolandia e Jataí(grande parte do sudeste goiano). Até
hoje a os Vilelas aqui são vistos como uma família nobre.
caso tenha mais informações, meu e-mail é bcvilela@hotmail.com
Bruno Carrijo Vilela
Anónimo
disse...
Ola Pessoal..
meu nome é Diego Vilela.. Bisneto de João Ribeiro Vilela que foi um grande
fazendeiro na região do MT.
A um tempo atrás uma Senhora nos procurou para pegar informações sobre nossa
família pois ela estava escrevendo um livro. algum tempo depois ela nos mandou
o livro publicado.. é bem interessante e bastante curioso...
Anónimo
disse...
Olá Professor Márcio, há um tempo
que tento contactá-lo pelo e-mail que encontrei nesse blogue : professor.marcio@hotmail.com
, sem sucesso (as mensagens retornam). Estou comentando aqui apenas na
tentativa de que o senhor veja minha mensagem e possa me contactar. Meu
endereço eletrônico é douglasgustavo@gmail.com.
Emerson Villela Carvalho Jr disse...
Meu sobrenome - Villela de Carvalho
e acredito de origem de Ituiutaba, MG. Tenho prazer de minha origem apesar de
ter nascido nos Estados Unidos. Gostei muito do historico aqui sobre esta
familia. Espero recber sempre mais informacoes da origem deste sobrenome.
Alex L. disse...
sou tetraneto de Francisco Joaquim
Vilela e Floriana Maria Vilela[primeira mulher].Tiveram 3 filhos,2homens e uma
mulher,Flavia joaquina vilela mãe de Helena Joaquina Vilela mãe de Mariana
Batista Lima minha avó. Francisco J.Vilela foi um grande fazendeiro possuindo
terras aqui em Boa Esperança,Coqueiral,TrÊs Pontas,Prata,Jataí,etc.O estranho é
que a minha avó era muito pobre sem herança nenhuma. Poderia explicar? ALEX
VITOR LIMA-Boa Esperança-MG
Wєʟingtσи Viℓeℓα disse...
Exelente texto esplicativo, sou de
Caiapônia-GO, o nome do meu bisavô "Belmiro Manoel Vilela" uns dos
pioneiros daqui do municipio, observando o comentário do Bruno Carrijo,
confirmo as informação dele, grande parte da Familia VILELA aqui no Sudoeste
Goiano vieram de Minas (região de Prata e Ituitaba). Se quizerem mais informações só add o
msn welingtoncpa@hotmail.com ou welingtonvilela@yahoo.com.br
Luzia disse...
oi sou Luzia, também sou da família
Vilela, pouco sei dos parentes de minha mãe, pelo fato de ela ter morrido cedo,
meu avô era Gabriel Vilela e a avó Maria Inácia Vilela. Se alguém tiver laços
familiares com os mesmos, entre em contato.
E-MAIL:lu-boamenina@hotmail.com
TOR disse...
oi boa tarde eu tenho em minhas maõs
a certidão de casamento de meu bisavo Jose Colleta Riberio casado com Maria
Joanna de Jezus e conta na certidão que ela "Maria Joanna" era filho
de Antonio Vilela Frazão residente em Itapecerica !!! existe alguma ligação entre
esse outro vilela Frazão???
Por
outro lado, coerente com a vocação dos Vilelas para historiadores, poetas e
ficcionistas, verificamos o lançamento de mais um livro do professor Antônio
Vilela de Souza em Pernambuco
Demais,
estamos estudando quatro ramos adicionais em Minas Gerais: os Vilela Frazão da
Parada dos Vilelas, que foram muito amigos de Guimarães Rosa, quando este
clinicou em Itaguara; os Quaresma Vilela do nordeste de Minas, mineradores em
Morro do Pilar e Joaima; os Vilela da Fonseca de Divinópolis entre os quais o
poeta e historiador Jadir Vilela, importante no país para o estudo do linguajar
regional mineiro; e os Afonso Vilela, a
partir de Manoel Afonso Vilela, luso da região de Braga, cujos descendentes se matrimoniaram
com descendentes de bandeirantes na região de São João Del Rei e centro de
Minas, sendo que a maioria não conservou o sobrenome Vilela.
JADIR VILELA
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