João Amílcar Salgado

segunda-feira, 22 de julho de 2024

 


ARMAS E MORTE

João Amílcar Salgado

Em 1791, foi aprovada a 2ª Emenda à Constituição dos EUA, que garante ao povo manter ou portar armas para legítima defesa. Os líderes Samuel Adams e Patrick Henry influíram para esta emenda, depois de criticarem a Constituição por ser excessivamente democrática.

Em 1828, o francês nascido na atual Alemanha Henri Gustave Delvigne inventou o rifle, para ser a principal arma de infantaria, que substituiu o mosquete e a espingarda (os quais, quando curtos, eram chamados de carabina).

Em 1836, Samuel Colt inventou o revólver, capaz de ser produzido em massa. A indústria criada por Colt passou a produzir o rifle, cuja patente expirou recentemente, fato   que permitiu a multiplicação de fabricantes legais em qualquer lugar.

Em 1871, foi fundada a Associação Nacional do Rifle dos EUA (NRA), com o principal objetivo de defender a 2ª Emenda.

Em 1873, o rifle de retrocarga  Springfield foi usado para o genocídio indígena cometido pelo exército dos EUA

Em 13/7/2024, Donald Trump foi baleado por Thomas Crooks, auxiliar de cozinha de 20 anos, num comício em Butler, Pensilvania, EUA.

Dois dos principais financiadores do partido de Trump são a Associação Nacional do Rifle e a indústria farmacêutica. O interesse econômico da indústria de armas é acusado pela manutenção de guerras, por exemplo, contra a Ucrânia e contra os palestinos.

 

 

 

quarta-feira, 10 de julho de 2024


 

 



O LÍTIO, A PETROBRÁS E A BOLÍVIA

João Amílcar Salgado

O presidente Lula, em 8/7/24, visita a Bolívia e propõe renovar a parceria econômica com o vizinho, especialmente envolvendo o gás e o lítio. Faz-se oportuno relembrar o que divulguei sobre isso em 24/3/21:

“ Em 1989, propus a Mário Covas, junto com o Almir Gabriel, o Cid Veloso e o Carlos Becker, que incluísse, em sua proposta presidencial, obter da Bolívia que a Petrobrás explorasse suas jazidas de lítio, hoje apelidado de petróleo branco. Pouco antes, tinha havido uma reunião no Departamento de Química da UFMG, onde falei sobre a visita de Marie e Irene Curie a nosso Instituto do Radium. Principiei lembrando que o primeiro livro lusófono de química foi escrito pelo mineiro Vicente Silva Teles e que José Bonifácio de Andrada, cuja família veio de Santos para Minas, foi o descobridor, em 1790, do minério de lítio, a petalita, mas o nome lítio foi dado, pouco tempo depois, pelo genial purificador Humphry Davy. Um dos químicos presentes me perguntou se eu conhecia Gilbert Newton Lewis, descobridor, em 1912, de que o lítio poderia ser fonte de energia elétrica. Respondi que talvez o tenha estudado para o vestibular, mas seu nome se apagou com o tempo. Lembrei-me apenas que estudei o lítio como o mais leve dos metais. Mas, num esforço de memória, perguntei: “não seria Gilbert o tal dos elétrons pareados?” A partir de José Bonifácio, passei a acompanhar a crescente importância do lítio como calmante (1954) e, a seguir (1991), como miniaturizador das pilhas. Em 1980, nos EUA, um cientista me perguntou se o Brasil tinha muita reserva de minério de lítio. Confessei nada saber e ele disse que era bom eu saber, “porque, segundo amigos meus japoneses, isso vai ser uma riqueza estratégica”. Chegando aqui, verifiquei que em Araçuaí, Minas, o lítio era promissor, mas a Bolívia era riquíssima dele, com reservas bastante quantificadas desde 1985. Foi então que fiz a proposta a Covas. Os paulistas que acompanhavam o candidato nesta caravana a Minas, um deles Franco Montoro, descartaram minha sugestão, por causa do risco de que fosse ridicularizada. O risco de fato havia, pela provável relação com o lítio que receitaram para amansar o Ulisses Guimarães.”

Caso caminhe bem a retomada lulista de parceria Bolívia-Brasil, principalmente pela entrada do país irmão no Mercosul e pelas perspectivas de inovação em energia limpa, talvez aquele sonho de 35 anos atrás se realize.

 

segunda-feira, 8 de julho de 2024

 







SUGESTÕES PARA O MUSEU MUNICIPAL DE NEPOMUCENO

João Amílcar Salgado

Desde a época de vários palacetes e residências antigos preservados, pessoas cultas de Nepomuceno procuravam eleger entre eles o mais adequado a ser o museu da cidade. Pode ser que, agora, os pretendentes a prefeito, recuperem esta ideia.  Apresentamos aqueles que foram lembrados, vistos nas fotos seguintes:

1.     BOTICA – Provavelmente residência do Casaquinha, infelizmente descaracterizada pelo herdeiro.

SANTA CRUZ – Sede da fazenda, provavelmente erguida pelo Casaquinha, demolida pelo mesmo.

CASA DE IRACEMA-LUIZ  E PRIMEIRO TEATRO ANEXO – Provavelmente erguida por Manoel de Souza Lima, nome inicial da rua, hoje Mariana Januária

CASA DE ADÉLIA VILELA-JOÃO BATISTA LIMA – Provável projeto de Fávero

2.     PALACETE HOTEL S. GERALDO – Hoje da família Garcia Mudesto

PALACETE RUBEM RIBEIRO Hoje danificado

PALACETE OLAVO SALLES – Hoje da família Teixeira

PALACETE ANTENOR BARBOSA – Hoje restaurante

PALACETE DANIEL BARRIOS – Hoje alugado à prefeitura

3.     PALACETE ZICO LOURENÇONI

CASA JOÃO HORÁCIO

CASA SILVÉRIO SILVA – Demolida e substituída pelo prédio da prefeitura

PALACETE AMBRÓZIO TAGLIAFERI – Hoje da família Menezes

4.     PALACETES MARCÍLIO LIMA  E GONTIJO – O 1º foi demolido

PALACETE MANSO – Depois Clube

PALACETE JONAS VEIGA – Demolido e hoje supermercado

PALACETES NENZICO TEÓFILO E HOTEL MENEZES – O 1º foi modificado

PALACETE ADOLFO CAPELO – Foi o ginásio municipal e hoje é o Cefet

 





sexta-feira, 5 de julho de 2024

 



QUARTO TRIUNFO DE GANDHI SOBRE CHURCHILL

João Amílcar Salgado

Há sete anos, publiquei a seguinte comemoração intitulada DUPLO TRIUNFO DE GANDHI SOBRE CHURCHILL: “No livro O Riso Dourado Da Vila (2003, 2020), narro que meu pai, na época da guerra mundial, me fez admirador de Churchill e que mais tarde, ao ler sobre a vida de Ghandi, passei a desprezar Churchill, porque este se recusara a receber este líder defensor da independência da Índia. Simplesmente alegou que nada tinha a falar com um faquir semi-nu. Não muito tempo depois o arrogante político teve de aceitar a independência pela qual o pacifista lutava. Hoje, 14-3-2015, Ghandi completa seu triunfo sobre Churchill, pois nesta data é inaugurada no centro de Londres a estátua de Ghandi, bem perto da estátua em homenagem a Churchill.  Meu regozijo pelo fato me obriga a homenagear meu pai, que me fez entrar indiretamente neste enredo, e a homenagear os que tiveram a iniciativa da estátua, num momento histórico em que se faz urgente exaltar a grandeza da doutrina da não-violência, difundida mundialmente por Ghandi.” Hoje, 24-10-2022, faço nova comemoração, pois acaba de acontecer um terceiro triunfo de Ghandi sobre Churchill, com a eleição de Rishi Sunak, de origem indiana, para primeiro-ministro britânico.

E mais. Hoje, 5/7/24, o Sunak deixa o cargo em virtude da derrota eleitoral dos conservadores, assumindo o trabalhista Keir Starmer. O Sunak é uma espécie de Ives Gandra britânico, no sentido de que descendentes de indianos e de paquistaneses se mostram discordantes de Gandhi. O mesmo acontece com descendentes hispânicos nos EUA. Trata-se de ex-colonizados tentando transparecer colonizadores. A vitória trabalhista por este aspecto é um quarto triunfo de Ghandi sobre Churchill.

[FOTO DE STARMER COM O REI]

sábado, 29 de junho de 2024

 


ADÉLIA PRADO, LEDA CAPORALI E ADÉLIA SALES

João Amílcar Salgado

A excelente ginecologista, mastologista, prosadora e poeta Leda Caporali é docente da UFMG e membra do colegiado do Centro de Memória da Medicina de MG. Pronunciou várias aulas, sempre aplaudidas, no curso de História da Medicina e é personagem de meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020). Seu perfil estudantil está no livro de Carlos Epifânio Queiroz REMINISCÊNCIAS DA TURMA DE MÉDICOS DE 1959 DA UFMG (sd). Em seu depoimento para o Carlos, ela revelou ter sido colega de Adélia Prado, quando dividia com ela o assento e a merendeira, nas aulas do ensino primário. Confessou que nessa época a poetisa era a Leda e não a Adélia. O despertar literário desta pode ter sido influenciado por tal circunstância. Mais tarde, em 2011, a Leda me procurou para saber a razão pela qual eu indicara a Adélia Prado como conferencista oficial do centenário de nossa faculdade. Respondi que de fato a diretoria me pedira uma lista de oradores para a solenidade. Na lista havia vários nomes e apenas o de uma mulher, Adélia Sales, também de nosso colegiado, com inestimável serviço à história da medicina mineira, especialmente por sua intimidade com seu pai Pedro Sales e com Pedro Nava. Na hora de apontar o escolhido, alguém disse: “ninguém aqui sabe quem é Adélia Sales, está claro que houve um erro de anotação e a sugerida só pode ser a Adélia Prado”. Quando recebeu o convite, esta estranhou, mas aceitou. Graças a seu talento, não deixou de abrilhantar a comemoração. Agora, em 26/6/24, Adélia Prado foi brindada com o PRÊMIO CAMÕES deste ano, o mais alto laurel do idioma luso.

 

domingo, 23 de junho de 2024

 



XICO BUARQUE E CELESTE ARANTES

Joáo Amílcar Salgado

Pedro Nava foi quem primeiro deu ênfase ao patrimônio genealógico mineiro com o livro BAÚ DE OSSOS (1972) e Xico Buarque o reenfatizou quando cantou “0 meu pai era paulista, meu avô pernambucano, meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano”. Pedro Vidigal documentou esse bisavô mineiro em OS ANTEPASSADOS (1980). Já Celeste ARANTES, mãe do Pelé, complementa essa valorização genealógica, inscrevendo-a na arte mundialmente aclamada de seu filho. Trata-se de mulher sul-mineira 4 vezes fidalga: é de 3 Corações, procede das alturas, mãe de um rei e consanguínea de um Duque. Não bastante, tem parentesco com Ivonne de Arantes. esposa do rival em talento do Xico, o ubaense Ari Barroso.

Os Arantes no Brasil se originam do luso Antônio Marques de Arantes, que nasceu, em 1738, em São Salvador, na Comarca de Vieira, Braga, Portugal, e faleceu em Aiuruoca, MG, em 1801 (seus pais:  Domingos de Arantes e Josefa Marques). Mais remotamente Amtônio é originário de um esconderijo anti-mouro chamado “Entre o Homem e o Cávado”. Nasceu de família que deve ter chegado ali da Galiza, sendo de mescla goda e celta. Em Formiga, MG, houve a união dos Arantes com os Farias Belos, da qual nasceram a mãe do Duque de Caxias, Mariana Cândida Faria Belo, e Sabina Madalena Faria Belo, casada com Estêvão de Abreu Salgado, dono das Águas Verdes.