COLÉGIO
DOS SONHOS
João Amílcar Salgado
Aproveitando o Enem
e as competições de redação, de matemática e outras ora noticiados, lembro que,
em meu curso de pedagogia na Ufmg, o professor de administração escolar, o
excelente Ennes Moreira, propôs um trabalho desafiador: se você fosse criar um colégio,
qual seria seu projeto? Propus um colégio em que não houvesse mais que
treze alunos por professor, em que não houvesse aula teórica e no qual o aluno
cumpriria atividade pela manhã e pela tarde. Cada docente teria dedicação
exclusiva e receberia 150% do salário pago pelo melhor colégio já existente. Haveria
completo equipamento esportivo, inclusive piscina e ciclismo; completas
instalações para aprendizagem culinária e completo ambulatório médico-odontológico.
Todas as decisões seriam feitas em assembleia paritária de docentes, estudantes
e funcionários, a qual elegeria o diretor e equipe, sem reeleição. O professor
observou que a proposta o surpreendeu pela audácia, mas disse que eu teria de
cobrar uma mensalidade altíssima e inviável. Respondi que não estava pensando
em colégio lucrativo, mas público. Isso exigiria um pressuposto, no âmbito
nacional, de sistemas de educação, saúde e transporte gratuitos para todos – não
sendo impedida a opção das mesmas disposições no âmbito privado. Isso era uma
aplicação ao ensino médio do que propúnhamos para o ensino superior,
especificamente para o da medicina. Frequentava esse curso um colega que não
conseguia disfarçar sua função de serviçal de informação da ditadura vigente,
então início da década de 70 do século 20. Perguntou se poderia levar consigo
uma cópia da proposta. Respondi que a
fornecia com o maior prazer e estava pronto para discuti-la em qualquer lugar
com quaisquer interessados.
Ainda sobre o Enem,
esta é a oportunidade de homenagear meu querido colega de turma na medicina, Sebastião
Lopes Pereira, a seguir.
Anexo: fotos
referentes a 3 dos primeiros educandários mineiros