PADRE-MÉDICO CARLOS
VALADARES DE VASCONCELOS
João Amílcar Salgado
Hoje faço
uma homenagem a um de meus grandes amigos, meu ex-aluno padre e médico Carlos
Valadares. Anualmente ele celebrava a missa dos cadáveres, tradicional na UFMG.
Após o ofício ele vinha beber o delicioso capucino da Leila no Centro de
Memória. Disse-lhe que mais um ofício lhe cabia: uma aula de história da
medicina sobre ser padre e ser médico. Pediu tempo para prepará-la. Ele saiu-se
muito bem, comovendo a todos. Iniciou confessando que escondeu dos colegas, por
bastante tempo, sua condição de padre, mesmo assim sofreu búlingue. Contou toda
sua interessantíssima vida, especialmente sua atuação no pronto-socorro, junto
às famílias dos atendidos. E encerrou com a passagem evangélica em que Jesus é questionado
e hostilizado em sua cidade de Nazaré.
O
episódio aparece em Marcos, Mateus e Lucas. Este último, talvez por ser médico,
inclui o aforismo “médico, cura-te a ti mesmo” que teria sido proferido pelos
questionadores, enquanto Jesus retruca com outro aforismo de que “ninguém
consegue ser profeta em sua própria terra”, exemplificando com os casos de dois
profetas. Os mais hostis vinham alegando que não fez ali as curas que fez em
Carfanaum e o expulsam da cidade. E mais: o arrastam até o alto do monte e
quase o arremessam dali. Jesus se esgueira e escapa.
O
padre-médico Carlos comenta que o médico e o sacerdote têm de estar preparados
para a ingratidão e todas as demais incompreensões. E acrescentou: concordo com
o João Amílcar em que este evangelho é notável por definir o lado social da
medicina, quando Jesus começa por citar o profeta Isaías, mostrando que a saúde
é muito mais ampla do que a cura individual. Além de Jesus, Isaías fez de
Francisco de Assis, Bento de Núrcia e o querido padre Carlos seus diletos
discípulos neste conceito.
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