JOSE GERALDO RIBEIRO
Hoje, 1/6/21, ocorreu uma coincidência impressionante.
José Geraldo Ribeiro, a maior autoridade
brasileira em vacinas, declara sua despedida. E, em contraste, pela tevê, passamos
o dia vendo o depoimento de uma impostora. O José e eu, que somos
infectologistas, presenciamos alguém que exibiu toda a sua completa incompetência
científica e sua gigantesca maldade para, em nome da ciência, propagar falsa terapêutica,
em vez de vacinas. Com isso enganou milhões e contribuiu para causar a morte de
incalculável número de brasileiros.
Eis
a despedida do José.
Hoje encerro
oficialmente minhas atividades como neonatologista. Na verdade, quando entrei
na FM UFMG tinha como objetivo ser pesquisador, especialmente nas áreas de
parasitologia e entomologia. Mas nos ambulatórios da Faculdade desenvolvi a
paixão pela pediatria. Também com os
maravilhosos professores daquele Departamento era fácil apaixonar-se. No
internato de neonatologia, através de meu professor César Xavier veio o
encantamento pela área. Durante minha residência na FHEMIG fiz 6 meses de neo
no berçário da Octaviano Neves. Fantástico. Como professor Edson Corrêa, um dos
maiores pediatras qu conheci, e que compartilhava comigo o amor também pela
Saúde Coletiva. Exercer a neonatologia era um sonho difícil de r pealizar, pois
naquela época entrar em maternidades públicas dependia muito de indicações e eu
fui o primeiro médico de minha família e não tinha também padrinhos políticos.
Nas maternidades privadas era necessário ser cotista e eu não tinha recursos
para tal. Aí vem a surpresa: antes do término de minha residência, em outubro
de 1981, a Octaviano Neves me convida para compor seu corpo clínico. Formou-se
um laço indissolúvel entre eu e a instituição. Durante esse tempo tive convites
de outras maternidades, em BH, outras cidades e do Canadá. Mas nunca consegui
deixar a Octaviano, onde sempre me senti querido e respeitado. E lá nasceram
meus filhos amados.
Durante
esses 40 anos e o cuidado de mais de 12 000 recém-nascidos, a neonatologia mudou muito. Assisti a
espetacular revolução da sobrevivência dos prematuros. A especialidade ficou
mais tecnológica, com a utilização de grande número de aparelhos. As relações
humanas pioraram; antes vistos pelos clientes com admiração passamos a ser
suspeitos de negligentes, até prova em contrário.
Minha
maior alegria é ter tido como colegas várias ex- alunas e ex-residentes. E
reconhecer, nos olhos brilhantes delas e deles, os meus. Tive muita sorte.
Jamais esquecerei a Octaviano, seus funcionários, enfermagem e colegas. Jamais
esquecerei a delícia de ter um RN no colo. Sou muito agradecido a todos.
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