FREI LUÍS SALGADO PRECURSOR DO NÃO-É-NÃO
João Amílcar Salgado
Em
30/12/23 passa a vigorar A LEI DO NÃO-É-NÃO contra o assédio à
mulher. Não pode haver melhor oportunidade para homenagear um religioso
esquecido na história brasileira. Trata-se do carmelita luso frei LUÍS SALGADO
DE CASTILHO (ou frei Luís de Santa Teresa). Nasceu em Lisboa em 1693, diplomado e professor por Coimbra, em Filosofia e
Teologia, quando brilhou por sua rara inteligência e erudição. Logo optou por
ser carmelita descalço. Passou a admirado mestre no Colégio de São José de
Coimbra. Foi nomeado Bispo de Pernambuco em 1738, função que exerceu de 1739 a 1753. Foi verdadeiro pastor, visitando todas as povoações do interior e
executou reformas da moral e dos costumes, sobretudo a protecção das escravas
contra os despudores de que eram vítimas. Tutelou casas de clausura femininas,
como o Recolhimento do Paraíso dos Afogados e o de Nossa Senhora
da Conceição de Olinda, e
envolveu-se pessoalmente em atritos com os escravocratas, nos quais representou
e defendeu as escravas. Seus oponentes exigiram do rei D. José sua remoção e foram
atendidos. De volta a Lisboa, retirou-se para a Quinta da Granja da Paradela
(ou do Barruncho), em Loures, propriedade de sua sobrinha Antônia Mariana
Teresa Salgado de Vargas, onde morreu em 1759. Está sepultado na capela-mor do
Convento de São João da Cruz de Carnide.
Nepomuceno, cidade conhecida pelo grande número de
membros do clã Salgado, deve incluir o carmelita frei Luís Salgado no panteão
de seus oragos (S. J. Nepomuceno, S. Miguel, S. Antônio, S. Vicente e N. S.
Aparecida) e rogar ao papa Francisco sua beatificação. Este notável precursor
da lei do Não-é-Não deve ser declarado cidadão honorário póstumo da
Vila, ao lado de outros que venho sugerindo. Frei Luís teve um irmão também
carmelia, frei João da Cruz Salgado de Castilho, que tem a ver com Minas
Gerais, pois, em 1739, se tornou bispo da diocese do Rio, que na época abrangia
Minas e São Paulo. Adoentado voltou a Portugal, deixando fama de santo.