João Amílcar Salgado

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

 


ESPORTISTA MÁRCIO FREIRE MORRE EM 5/1/23

João Amílcar Salgado

Em aditamento à mensagem precedente, intitulada O ESPORTE MATA, lamento informar que faleceu hoje, 5/1/23, o surfista brasileiro Márcio Freire. Tinha 47 anos de idade e se acidentou na descida de uma onda gigante em Nazaré, litoral de Portugal.

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 


O ESPORTE MATA

João Amílcar Salgado

Em 3/1/23, Damar Hamlin,  atleta de 24 anos do time de futebol americano de Cincinnati, EUA, foi ressuscitado ainda dentro de campo após parada cardíaca, causada por violento trauma no tórax. Esta modalidade esportiva é tão violenta que os jogadores entram em campo como astronautas. O médico mineiro José Rois é autor de O ESPORTE MATA (2004), livro que causou impacto numa época em que as indústrias do exercício físico e do esporte passaram a dominar a mídia. Coincidiu que exatamente nesta ocasião morreu um jogador de nosso futebol, em cenas fortes flagradas pela televisão. 

 Grande audiência tinha um canal de tevê só de esporte. Fui indicado, como professor universitário, para ser entrevistado sobre as ideias do Rois, então membro de nossa equipe de historiadores médicos. Minha entrevista foi resumida e evidentemente editada no interesse da emissora.  Ali, eu disse que o alerta de Róis contrariava os interesses de milhões de dólares investidos na crescente indústria esportiva, mas, em compensação, a morte real daquele jogador e de outros passaria a dar lucros aos fabricantes de desfibriladores e outros equipamentos de socorro. Foi aí que o Jô Soares convidou o Rois para seu programa. E então meu grande amigo deu um show. Vejam pelo youtube:  https://www.youtube.com/watch?v=fUZDmtSwcc4.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

 


PELÉ, O SANTOS E O TONINHO

João Amílcar Salgado

Meu eterno motorista, o inesquecível Toninho Batista (mais conhecido como Toninho da Ambulância, Toninho Santista ou Toninho Cavalo), entre ontem e hoje teria atravessado a madrugada no velório do Pelé. Apesar do apelido futebolista de Cavalo, foi um craque na Trumbuca, em Nepomuceno e em São Paulo. Ali era queridíssimo entre dirigentes e colegas do banco onde era funcionário, indispensável no time respectivo. Fanático torcedor do Santos, era conhecido no estádio santista como figura habitual, às vezes semanal. Foi habilidoso treinador de futuros craques.  Na foto, ex- alunos do CDCA treinados pelo Toninho: Baiano, João Paulo, Vaguinho, Carlão, Leite, Zé, Adriano, Pimenta e Toninho; agachados: Coreo, Randinho, PC, Cassinho, Romeu e Leo.

 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

 PELÉ É O PELÉ, PORQUE...

 

João Amílcar Salgado

 

Carlos Caiafa Filho diplomou-se médico na UFMG, em 1934. Vários de sua juventude acadêmica se tornaram celebridades na medicina e no futebol. Neste, citamos dois do Galo. O 1º é  o goleiro Perigoso, apelido esportivo de Osvaldo Costa, depois o maior dermatologista das Américas. O 2º é o Mário de Castro, apelidado Orion, um dos maiores artilheiros do clube,  ao lado de Guará, Reinaldo e Dario. Caiafa, sendo de família italiana, seria cruzeirense, mas sua amizade pela vida toda com o colega de turma Mário o fez galista fanático, inclusive conselheiro. 

Mais outro craque representa surpreendente ligação entre o Caiafa e a história atleticana. É nada menos que Dondinho, o pai de Pelé. Isso porque Carlos foi o primeiro treinador do Dondinho (João Ramos do Nascimento), na equipe da Congregação Mariana de Campos Gerais, entre 1936 e 1938. Em seu livro VIDA DE MENINO ANTIGO (1986), Caiafa Filho diz que o Dondinho antes era da turma rival de meninos, com a qual seu grupo entrava em briga de rua, quase a cada dia. Brigavam contra “a turma do Carlito do Euzébio (sobrinho do Padre Maurício), entre os quais estavam o Rodão, o João Rabelo, o Geraldo do Guilherme Surdo, o Benedito Rabelo, o Marcelo, o Gaguinho, o Dondinho (futuro pai do PELÉ), o Morais, o João Trancolino (o Dá Um Pé...) e outros de que não me lembro agora.”  O sonho do garoto Dondinho devia ser poder “chutar bola  no campinho do Largo da Matriz”, em frente à Casa Caiafa. Ali o Caiafinha “era o dono da bola, do campo, do time e até de alguns jogadores, como o Canhão da Flausina ...”, seu grande amigo.

Em Florença, eu estava na praça do Mercado Novo (do Porcelino), quando uma turma animada, que só conversa futebol, soube que eu era brasileiro – e me cercou. Na prosa, cheia de gargalhadas, quiseram saber se eu admirava o futebol italiano. Respondi que só duas gentes jogam o fino do futebol: os negros e os italianos. Perguntaram: o melhor negro é o Pelé e o melhor italiano é quem? Respondi que o Pelé é o Pelé porque acumula as virtudes de negros e italianos. Foi um entusiasmo só, queriam que eu desse entrevista à LA GAZZETTA DELLO SPORT, mas me esquivei, porque não poderia comprovar que entre os ascendentes do Dondinho, consta um imigrante italiano, tal como se comenta há décadas em Campos Gerais.

 



quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

 


SPRAY DE FUTEBOL

João Amílcar Salgado

Durante toda a copa do mundo de 2022, houve suspeito silêncio sobre a invenção do spray de futebol (spray demarcador de distância nas cobranças). Em cada disputa presenciamos seu uso.  Até a data desta competição, a imprensa tem registrado que o inventor desse spray é um mineiro de Ituiutaba, o Heine Allemagne Vilarinho Dias, que no ano de 2000, teve a ideia de usar uma espuma volátil e biodegradável, capaz de marcar o gramado de futebol por um minuto e logo  desaparece. Foi usado experimentalmente na Taça BH de Júniores de 2000 e, no mesmo ano, a CBF autorizou seu uso na Copa Joao Havelange. A FIFA finalmente aprovou seu uso em 2012. O direito à patente tem sido o pretexto para tal silencio. Se o Heine é o inventor, negar seu direito é um crime.

Estudo outras invenções principalmente as mineiras, começando por Santos Dumont. Outra também ocorrida em Minas é a invenção usurpada do jipe, que fiz questão de documentar em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2021).  Ali está  também minha invenção, com a colaboração do Sebastião Soares Leal, do Tarcísio Campos Ribeiro e do Luiz de Paula Castro. Trata-se do mais potente antiácido disponível, hoje com o nome de SIMECO-PLUS, depois de usurpado pela Wyeth. O novo governo deve tomar conhecimento e providências sobre tão fundamentais direitos.

 

domingo, 25 de dezembro de 2022

 


O BAIACU E OS MORTOS-VIVOS

João Amílcar Salgado

Em 1982, o etnobotânico Wade Davis descobriu a tetrodotoxina, veneno do peixe baiacu, milhares de vezes mais letal que o cianeto. Ela faz o corpo parecer morto, o que gerou a lenda haitiana dos zumbis e a série de filmes de mortos ambulantes. Terapeutas nativos do Haiti usam a mistura dessa toxina com ervas alucinógenas, o que deixa a pessoa morta-viva em 25 minutos. O principal texto de Wade é  A SERPENTE E O ARCO-IRIS (1986). O peixe venenoso voltou às manchetes, porque raro baiacu oceânico foi achado, neste final de 2022, numa praia britânica da Cornualha, por Constance Morris, especialista em animais marinhos. Meu neto pescou um baiacu em Arraial d´Ajuda e, depois de ouvir-me, perguntou: “Tudo bem, estou contaminado, mas em quantas horas serei um zumbi?”.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

 


RAW VERSUS VEIGA SALES

João Amílcar Salgado

O administrador científico Isaías Raw faleceu em 13/12/22, aos 95 anos. Em 2010 ele esteve nas manchetes, acusado de desleixo pelo incêndio escandaloso do Instituto Butantã. Sua biografia tem dois pontos em comum com Nepomuceno. O mais recente ocorreu quando ambos participamos de uma mesa num congresso de ensino da medicina na Unicamp. Estávamos preparando a sessão, quando ele me disse: “me indicaram você para meu auxiliar como moderador do debate, pois não estou suficientemente enfronhado nas questões programadas”. No final ele me agradeceu muito. No cafezinho a seguir, o procurei, mas já tinha saído. Era para conversar sobre o segundo ponto, que foi a disputa que ele travou com João Batista Veiga Sales, pela cátedra de bioquímica da Usp, em 1957.

O João é meu parente pelo lado Sales, filho da nepomucenense Mariana da Veiga e do lavrense José Salles Botelho. Essa disputa está envolta em mistério, pois meus amigos da Usp, Sérgio Almeida, Dalton Chamone, Luiz Décourt, Fúlvio Pileggi, Michel Jamra, Luiz Carlos Junqueira, Afonso DiDio, Oscar Resende Lima, Adib Jatene, Guilherme Rodrigues, Eduardo Krieger e os queridos conterrâneos Carlito e Jaime Pimenta, pouco me puderam informar. Mais dois outros meus amigos catedráticos da Usp, Sebastião Sampaio e Carlos Lacaz, segredaram-me algum pormenor, mas alegaram ser cedo para adiantar a íntegra – e ambos faleceram nesse silêncio. Outros três parentes sulmineiros, José Ribeiro do Vale, Adauto Barbosa Lima e Carlos Ribeiro Diniz poderiam contribuir, sendo que este me prometeu relato, desde que apenas oral, do ocorrido, mas a conversa com eles ficou sempre adiada. Ainda outro sulmineiro, o geneticista Newton Freire Maia, desafiou o grupelho de uspeanos obcecados pelos dólares da Rockefeller (ver seus livros). Por fim,  Sebastião Baeta e Olga Bohonoletz também adiaram nossa conversa.  Assim, o manto plúmbeo da ditadura, com imperdoável poder na cúpula direitista da Usp, parece ter influído na discrição de meu chefe João Galizzi e de demais condiscípulos baetianos, dos colegas da turma de 1937, da viúva Gelsa e de demais familiares do João Batista. Curiosamente, a morte do Raw quase coincidiu com a do Mariano, sobrinho dele. Tudo indica que os perversos obstáculos contra o brilhantíssimo Veiga Sales foram incrivelmente mesquinhos e evidentemente indignos daquela grande universidade. Sua estrondosa vitória nessa competição deve ser cultuada com imenso orgulho por nós todos nepomucenenses.