ANTECEDENTES HISTÓRICOS DE CARMO DA CACHOEIRA
João Amílcar SalgadoNo rastro de Francisco Bueno da Fonseca, Manuel da Costa Vale, Luiz Gomes Salgado, André Martins Ferreira e Maria de Souza Monteiro, os 5 de origem judaica, egressos da região lusa entre Braga e Porto, que aqui chegaram atraídos pelo ouro das Lavras do Funil, vieram as familias Rattes, Branquinho, Gouveia, Gondins, Reis, Caldeira e Ximenes, de origem semelhante. Estes vieram para lugar deserto, ou seja, não ocupado por aqueles, o qual veio a ser Carmo da Cachoeira. A múltipla tentativa de registrar a história local produziu documentos considerados insatisfatórios, até que Luiz Eduardo Vilela de Resende (Vilela como eu) começa do começo, ou seja, faz a revisão crítica desde os fatos que antecederam a formação da cidade. Seu livro A HISTÓRIA QUE ANTECEDEU CARMO DA CACHOEIRA (2023) é gratíssima surpresa para os historiadores de nossa região.
Desde meus tempos de colégio em Varginha conheci amigos cachoeirenses, a começar pelo ex-seminarista José Ferreira, professor no ginásio de Nepomuceno, e pelo excelente violonista e campeão de sinuca Chancha, que veio conosco para a Capital. Meu ex-aluno e ex-estagiário Francisco Caldeira Reis foi encaminhado por mim ao Canadá, donde voltou astro em pneumologia pediátrica, sendo meu parente pelo Caldeira. Alcebíades Viana de Paula, co-herdeiro das terras de João Urbano Vilela de Figueiredo e parente de meus filhos, foi meu companheiro em pesquisa etnológica e histórica, inclusive sobre os habitantes precabralinos de Carmo da Cachoeira. José Alvarenga Caldeira, meu querido Matinata, é notável ginecologista e expoente da ética médica. Chryso Duque de Rezende, colega de República, e seu pai Moacir Resende, são meus eternos amigos. Guardo, como gente estimadíssima, o nepomucenense João Otaviano Veiga Lima, primo de minha mãe, e os primos Veiga Lima.
Os fatos históricos relacionados a Carmo da Cachoeira registrados em meus textos têm um fascínio todo especial: a fazenda Salto de meu colega de turma Fábio Araújo Reis, sendo que a fazenda e ele com seu pai (também médico, Osvaldo Campos Reis, contemporâneo de meu pai no Colégio Santo Antônio de S. J. del Rei) merecem cada qual um livro, as legendas dos Mandiboias, dos quilombos Gundum, Boa Vista, Chamusca e outros, do Sete Orelhas, do Mingutinha, dos Justiniano dos Reis, do mesmo João Otaviano, da raça Mangalarga (a partir das éguas marchadeiras veadeiras selecionadas na indústria primordial do Couro do Cervo), da epidemia de varíola, do cemitério de escravos e da seita de charlatanismo médico. Aproveito para denunciar a procrastinação criminosa da pista-dupla Três Pontas–Carmo da Cachoeira. Daí que o futuro livro da história cachoeirense será volumoso, tendo como capítulo inicial esta oportuna publicação do pesquisador-nato Luiz Eduardo.