João Amílcar Salgado

sexta-feira, 29 de abril de 2022

 



FOTÓGRAFO WALTER FIRMO E ÓPERA ALEIJADINHO

João Amílcar Salgado

Em 29/4/22 podemos ter o privilégio de ver em S.Paulo as fotos de WALTER FIRMO e presenciar em Ouro Preto a ópera ALEIJADINHO. Walter Firmo e Sebastião Salgado são fotógrafos brasileiros internacionais, sendo que Walter é um negro fotógrafo de negros. Sua exposição está no Instituto Moreira Salles. Na ilustração vemos sua foto de Pixinguinha, gênio de nossa música. Já a ópera é imperdível, ainda mais no adro da principal igreja do próprio Aleijadinho. Foi composta por ERNANE AGUIAR, com libreto de ANDRÉ CARDOSO, tendo JOHNNY FRANÇA como solista, no papel de Aleijadinho.

domingo, 10 de abril de 2022

 


MARIA MARTINS – MÚLTIPLA ARTISTA SULMINEIRA

João Amílcar Salgado

Maria Martins, artista polivalente, é uma brasileira com biografia simplesmente espetacular e personagem do modernismo mundial. Mineira sedutora, teria tido em seus braços celebridades mundo afora. Nascida em Campanha, sul de Minas, faz parte das famílias Alves, Faria e Pereira, sendo parente dos nepomucenenses com tais sobrenomes. Cito quatro aparentados dela marcantes para mim:  Antônio Pereira, empresário de ônibus, Ozeias do Prado Pereira, craque, cronista esportivo e humorista, ambos personagens salientes em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2003), Júlia Pereira, esposa do Levi Veiga Costa, primo de minha mãe, e Carlota Pereira, nossa vovó Lolota, terceira esposa de meu avô João de Abreu Salgado. Além disso, outro parente dela, areadense e sulmineiro de renome, é meu querido colega de medicina e de docência, o Álvaro de Vasconcelos Pereira. A obra de Maria Martins volta a ser lembrada agora, em abril de 2022, como a escultura dos trópicos e do surrealismo, dentre a qual a mais conhecida é O IMPOSSÍVEL (1945).

sexta-feira, 8 de abril de 2022

 

PRIMEIRA MULHER NEGRA NA SUPREMA CORTE IANQUE  

João Amílcar Salgad



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Em nome do Negro Cascalho, do Padre Vítor, de Abraham Lincoln, de Spike Lee, de Milton Nascimento e de meu avô, João de Abreu Salgado, tenho a alegria de comunicar aos amigos a boa notícia da eleição, hoje, 7/4/22, de KETANJI BROWN JACKSON, para a suprema corte ianque. Em 1967, o partido democrata, como legado de John Kennedy, conseguiu que Thurgood Marshall fosse o primeiro negro na corte. Foi sucedido pelo também negro Clarence Thomas, que terá a colega Ketanji como a primeira mulher negra admitida.  A primeira mulher foi Sandra Day O'Connor, eleita em 1981, bramca, hoje com 92 anos. O esposo da nova juiza é o cirurgião hispânico Patrick Jackson, egresso de Columbia e Havard, que presenciou a cerimônia em lágrimas.

Este acontecimento traduz uma verdade histórica: a retardatária presença negra, nessa corte, antecedeu a ainda mais retardatária presença feminina - e esta precedeu cumulativamente a presença da mulher negra. A efeméride ora celebrada foi, por sinal - e para desespero dos racistas - presidida pela afro-oriental senadora Kamala Harris, vice-presidente do país.

 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

 


OS PRESBITERIANOS

João Amílcar Salgado

A Igreja Presbiteriana e a família Ribeiro devem ser desagravadas diante da conduta criminosa do pastor presbiteriano Milton Ribeiro, na condição de Ministro da Educação. Ele escancarou a horripilante degradação a que chegou a educação nacional, sendo que sua conduta está severamente agravada pela placidez e pelo cinismo com que a vem confirmando em sucessivos flagrantes e depoimentos. Igual placidez e cinismo exibem seus dois principais comparsas, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura (Assembleia de Deus), antecedidos por Amilton Gomes de Paula (Batista).  Nosso país, depois de esmagado por dolorosíssimo escândalo na saúde, perpetrado pela PREVENT SENIOR, se vê ultrajado por outro na educação, neste caso perpetrado pelo próprio ministro. Parece que nenhuma consequência resultará de ambos, o que significa terceiro mega-escândalo – definitiva evidência de corrupção e impunidade generalizadas, orquestradas e organizadas.

            A história dos religiosos presbiterianos é muito rica e dela me venho ocupando desde que meu pai me relatou sua participação no corpo docente do colégio protestante, criado por Ruth See em Nepomuceno (ver NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA, 2016, e O RISO DOURADO DA VILA, 2003 e 2020). Relacionado a isso, estudei também os insignes educadores George Gammon, Carlota Kemper, Firmino Costa, Eduardo Carlos Pereira, Rubem Alves, Abdênago Lisboa, Márcio Moreira, George Butler e o mártir Né Vilela. Neste estudo incluem-se os sucessivos cismas desta corrente religiosa, sendo o mais recente causado pela adoção do casamento homoafetivo.

terça-feira, 29 de março de 2022

 


 

RECEBI DO AFONSO BORGES, ILUSTRE ESCRITOR, JORNALISTA E COORDENADOR DO PROGRAMA “SEMPRE UM PAPO” (sempreumpapo.com.br) a seguinte mensagem de João Cândido Portinari:

18/3/22

 

 

 

 

Caro João Amílcar,

 

Fico-lhe muitíssimo grato por nos trazer este episódio que eu, apesar dos 43 anos pesquisando no Projeto Portinari, desconhecia!

 

Chatô tinha paixão por meu pai, veja este texto, o discurso dele na inauguração da Série Os Músicos, e 7 painéis para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro (5 deles destruidos em incêndio anos depois), em 10.12.1942:

 

"...Grandezas e misérias do Brasil, sua sensibilidade, suas tragédias secretas, a contra-revolta obscura das suas classes desafortunadas, o frenesi dos sambas, dos batuques, o desengonço do frevo, a melancolia, sem azedume, dos negros e dos mulatos, que a escravidão policiou, o cavalo marinho e o africano, o enterro dos simples e dos humildes, o tocador de flauta e o malandro dos morros, em toda essa comédia humana a palheta de Portinari deita cores imortais.  Seu estilo não tem sombra de artifício.  Fatigados de tanto academismo, de tanta arte de repetição e de decadência, os brasileiros se volvem para a interpretação mágica desse operário da arte nacional autêntica, que é Portinari. (...) Aqui ele está solto.  Não teve governo, Capanema, admoestações estatais, nada, para o sufocar ou estrangular.  Ficou por conta do demônio interior que o possue, e compôs estas fábulas que sobem pelas paredes acima como labaredas de fogo do gênio infernal que o devora.  Portinari é o maior e mais fantástico pintor de negros que ainda viu a espécie humana.  Ele sente a Africa com sua magia, os seus mistérios, a sua volúpia, como nenhum outro artista do pincel.  É preciso ser florentino de sangue e de centelha como ele é, para produzir estas maravilhas murais que aí estão.  O gênio puro e universal de Florença enterrou olhos, alma, coração nas raízes negras e amarelas do povo brasileiro, e veio, da Baixa do Sapateiro, do morro do Querosene, do bas fond das duas cidades com esses diamantes negros que sacudiu a mancheias por ali além.  Mas não são só o negro e o mulato que ele viu.  Viu também o jangadeiro e viu o gaúcho, isto é, viu o norte e o sul do Brasil, na serena unidade dos materiais que lhe alimentam a força com as suas peculiaridades e o seu rutilante colorido humano.  Deste bazar que nós somos, o turco maravilhoso é Candido Portinari…"

 

Um grato e fraterno abraço do

 

João Candido

 

 

Belo Horizonte, 22/3/22

PREZADO XARÁ,

 Muito agradeço sua atenciosa mensagem. Na internete publiquei o seguinte:

domingo, 20 de março de 2022

 

OS CARVALHOS

João Amílcar Salgado

 

Os Carvalhos nepomucenenses descendem do luso Caetano de Carvalho Duarte, de Silvares, Arcebispado de Braga, que migrou para São Miguel do Cajuru, distrito de São João del Rei, onde se casou com Catarina de São José Fonseca, prima de Mateus Luiz Garcia, fundador de Nepomuceno. São co-fundadores da Vila, já que Mateus os trouxe para apoio na ocupação da imensa propriedade do Congonhal. São também co-fundadores de Campo Belo, pois Mateus atribuiu-lhes especificamente as terras da outra banda do Rio Grande, na Mata dos Carvalhos. Na banda de cá criaram a tradicional fazenda dos Coqueiros.

Entre os Carvalhos que vieram, muitos eram brancos e outros mulatos. Há a lenda de que Caetano era fascinado por mulheres negras e engravidava várias escravas ao mesmo tempo, mas cuidava de todas as crianças como filhos. Os herdeiros legítimos enjeitaram os demais e a ameaça de conflito foi solucionada por Mateus, que trouxe os excluídos para Nepomuceno, sendo que aqui se tornaram muito mais prósperos que os avaros.

Os Carvalhos acompanharam a diáspora sulmineira rumo ao oeste. Visitei em Uberaba a família do médico e compositor Joubert de Carvalho, autor de MaringáMinha CasaDe Papo Pro Ar e Zíngara.  Joubert, em seus hábitos e demais traços da personalidade, parecia-se muito com os primos nepomucenenses. Isso deve ter atraído Cândido Portinari, que nasceu numa região colonizada por gente semelhante. Todo o carinho do artista do pincel para com o artista das notas musicais está traduzido no retrato que o primeiro fez do segundo (anexo). Um gesto grosseiro de Assis Chateaubriand arrebatou a tela da família.

https://youtu.be/LBzSLSHD6YM

https://youtu.be/cJvXfOXhsVA

https://youtu.be/1RiPBLIHD1A

https://youtu.be/XilBNgjV41E

***

O livro onde relato o episódio está esgotado e se intitula O RISO DOURADO DA VILA (2003), mas sua 2ª edição será lançada agora. Minha relação especial com o assunto decorre de minha condição de historiador da medicina, sendo Joubert importante figura da medicina mineira. Sou também historiador de minha cidade, Nepomuceno, no sul de Minas, e sou autor do livro NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA (2016). Neles me refiro à diáspora de sulmineiros para o oeste. Daí que parentes meus ajudaram a fundar cidades no Triangulo, por exemplo, Uberaba, em São Paulo, por exemplo, Barretos, e em Goiás, por exemplo, Mineiros. Para minha satisfação, Portinari nasceu em Brodowski, incluída nessa área, situada não muito distante de Nepomuceno. Portinari nasceu em 1903, mesmo ano de meu pai, João Salgado Filho, que foi contemporâneo de Carlos Drummond de Andrade, no curso de farmácia na atual UFMG, sendo ambos farmacêuticos e poetas.

        Como historiador da medicina, editei facsimilarmente um livro publicado em 1735, denominado ERÁRIO MINERAL, que é nosso primeiro livro sistemático para os clínicos, em português. Ofereço um exemplar para seu acervo, sendo que a capa é uma obra de arte de nosso artista Jarbas Juarez, que recebeu grande influência de Portinari. Envio também outros livros de minha família. Para isso, rogo indicar-me o endereço apropriado.

        Receba meu entusiástico abraço,

        João

 

 

domingo, 20 de março de 2022

 

OS CARVALHOS

João Amílcar Salgado


Os Carvalhos nepomucenenses descendem do luso Caetano de Carvalho Duarte, de Silvares, Arcebispado de Braga, que migrou para São Miguel do Cajuru, distrito de São João del Rei, onde se casou com Catarina de São José Fonseca, prima de Mateus Luiz Garcia, fundador de Nepomuceno. São co-fundadores da Vila, já que Mateus os trouxe para apoio na ocupação da imensa propriedade do Congonhal. São também co-fundadores de Campo Belo, pois Mateus atribuiu-lhes especificamente as terras da outra banda do Rio Grande, na Mata dos Carvalhos. Na banda de cá criaram a tradicional fazenda dos Coqueiros.

Entre os Carvalhos que vieram, muitos eram brancos e outros mulatos. Há a lenda de que Caetano era fascinado por mulheres negras e engravidava várias escravas ao mesmo tempo, mas cuidava de todas as crianças como filhos. Os herdeiros legítimos enjeitaram os demais e a ameaça de conflito foi solucionada por Mateus, que trouxe os excluídos para Nepomuceno, sendo que aqui se tornaram muito mais prósperos que os avaros.

Os Carvalhos acompanharam a diáspora sulmineira rumo ao oeste. Visitei em Uberaba a família do médico e compositor Joubert de Carvalho, autor de Maringá, Minha Casa, De Papo Pro Ar e Zíngara.  Joubert, em seus hábitos e demais traços da personalidade, parecia-se muito com os primos nepomucenenses. Isso deve ter atraído Cândido Portinari, que nasceu numa região colonizada por gente semelhante. Todo o carinho do artista do pincel para com o artista das notas musicais está traduzido no retrato que o primeiro fez do segundo (anexo). Um gesto grosseiro de Assis Chateaubriand arrebatou a tela da família.

https://youtu.be/LBzSLSHD6YM

https://youtu.be/cJvXfOXhsVA

https://youtu.be/1RiPBLIHD1A

https://youtu.be/XilBNgjV41E

 

terça-feira, 15 de março de 2022

 


AINDA SOBRE JANUÁRIO GARCIA E LUÍS GARCIA

João Amílcar Salgado

O 7ORELHAS foi personagem muito cedo de minhas lembranças, na farmácia de meu pai. Ali era o reduto de Garcias, Rodrigues, Menezes, Junqueiras e Amorellis - gente autora de tropelias e que gostava de relembrá-las. Se eu tivesse idade para anotar tudo, daria uma antologia fantástica. Assim, as façanhas do Januário e do Luís são apenas uma fração dessa crônica. Foi ali que tive notícia do regresso do Orelhas para sua fazenda, episódio que só consta de meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2003). Assim é fácil alcançar minha emoção, quando no grande e repleto auditório da universidade em Campo Grande, MS, iniciei minha conferência falando que muita gente do sul de Minas migrara para ali. Meu colega de turma e parente, Fábio Ribeiro Monteiro, de Guaxupé, astro da medicina local, observou então que o MS está cheio de Ribeiros, Correas, Vilelas, Garcias e até Salgados. Nisso, ele dizia um sobrenome e as mãos se levantavam. Isso me levou a pesquisar o Sertão dos Garcias, MS, Vilelas de Coxins, MS, bem como as famílias de meus colegas Willon Garcia de Carvalho e Eli Bonini Garcia, GO. Vejam ALBUM GARCIA LEAL:- https://eusougarcialeal.wordpress.com ou eliogarcia@superig.com.br.

 O estudo dos Garcia deve englobar - além dos Garcia Frade e dos Garcia Leal - os primos Garcia Velho, Garcia Leão, Resende, Correa e outros. O rival em fama do Januário Garcia Leal é, como mencionei antes, Luís Garcia Leão, morto em Paíns, e que já conta com um filme biográfico, coisa que falta ao outro. Houve proposta frustrada para que  Braz Chediak Neville dAlmeida e Selton Melo (este descendente da irmã de Mateus, fundador da Vila) e outros realizassem a fita. Estudo imprescindível, também, é sobre o irmão de Mateus, o padre Manoel Gonçalves Correa. Seria o descobridor dos poços das “águas caldas”, teria inspirado o texto do padre Feijó sobre celibato e trazia o sobrenome divergente por promessa da mãe Júlia, para que fosse menos mulherengo que os irmãos -  mas, mesmo ordenado, teve numerosa prole.