MÍDIA NO MUNDO – QUEM MANDA
Estudo a mídia principalmente em função de minhas críticas à publicidade em saúde, iniciadas com minha tese de doutorado, no preparo da qual estive na Grã-Bretanha. Além disso, em minha juventude ocorreram várias coincidências:
Meu pai, em minha cidade de Nepomuceno, foi um dos donos e redatores de um tablóide udenista (29 DE OUTUBRO), e eu, com nove anos, acompanhava fascinado tudo aquilo
Aos 18 anos fui um dos fundadores e editorialista de um jornal estudantil (O ELO) e fui articulista do jornal pH7 na Faculdade, pelo que tive direito a carteira de jornalista, que nunca fui buscar.
Meu pai faleceu quando eu tinha 14 anos e logo depois li no Correio da Manhã que Orson Welles (ao mesmo tempo o maior cineasta e o maior artista de cinema do mundo, depois do Carlitos) perdera o seu pai aos 15 anos e já tinha perdido sua mãe aos 9 anos. Isso me foi tremendo consolo e passei a ler tudo sobre ele e a assistir seus filmes. Seu filme Cagliostro (Black Magic, 1949) foi forte influencia para que eu estudasse medicina. E seu filme Cidadão Kane (O mundo a seus pés, 1941) fez efeito cumulativo sobre minha ligação com o jornalismo, pois passei a estudar a vida do magnata da mídia William Randolph Hearst, o tal cidadão. Por outro lado, muito me impressionou a perseguição feita a Orson Welles pela extrema direita macarthista, sob a suspeita de que era comunista. Por causa disso, ele teve de interromper um filme que rodava, coincidentemente, no Brasil...!
Relato essas coisas para mostrar a origem de meu interesse em acompanhar o impacto das redes coletivas de internautas sobre a mídia em geral e a apreensão causada por elas aos detentores de monopólio. Sob pressão, os monopolistas se apegam, de unhas e dentes, ao argumento de que seu direito de monopolizar e de manipular é visceralmente indissociável de seu direito à liberdade de expressão. Isso vinha sendo assim até que houve o escândalo do Murdoch. E a Grã-Bretanha, que foi o berço da liberdade de expressão, acaba de produzir o RELATÓRIO LEVESON, decorrente desse escândalo. Se as recomendações deste relatório forem aprovadas lá, desfecho que parece provável, como é que os monopolistas do Brasil e do mundo vão argumentar?
Eis a lista:RUPERT MURDOCH na Grã Bretanha
BBC, pública, na Grã Bretanha
SILVIO BERLUSCONI na Itália
ANNE COX CHAMBERS nos EUA
ANGEL GONZALES, lado hispânico dos EUA e América Central
WLADIMIR PUTIN na Rússia
EMILIO AZCARRAGA no México
AGA KHAN, xiita, no leste da África
TIONG HIEW KING na Malásia
AMÉRICA DO SUL –
ARGENTINA – Grupo Clarin
COLOMBIA – Grupo Caracol
VENEZUELA – Grupo Globovisión
BRASIL (parte competidores, parte afiliados entre si) –
FAMILIA MARINHO – Rede Globo
FAMÍLIA DO BISPO MACEDO – Rede Record
FAMÍLIA SAAD – Rede Bandeirantes
FAMÍLIA SILVIO SANTOS – Rede SBT
FAMÍLIA DALLEVO – Rede TV
IGREJA CATÓLICA – Rede Vida
FAMÍLIA CIVITA / NASPERS – Revista Veja e Editora Abril
FAMÍLIA FRIAS – Grupo Folha
FAMÍLIA MESQUITA – Grupo Estado
FAMILIA SIROTSKY – Grupo RBS no RS
FAMÍLIA COLLOR – Grupo Collor em AL
FAMÍLIA SARNEY – Grupo Sarney no MA
FAMÍLIA MAGALHÃES – Grupo Magalhães na BA
FAMÍLIA TEIXEIRA DA COSTA – Grupo Associados em MG
“REDE” CAÓTICA DE MÍDIA PUBLICA E PSEUDO-PÚBLICA
Segundo o especialista Venício Lima, da Universidade de Brasilia, “a ausência de legislação no Brasil permite que sobrevivam a velha estrutura da propriedade familiar, o renovado vínculo com as elites e a crescente presença das igrejas no setor de comunicações [Venício é o criador da expressão “coronelismo eletrônico]. Venício Lima e Franklin Martins são os intelectuais brasileiros mais autorizados nesta área.
LEIAM O RELATÓRIO LEVESON. Você tem acesso a ele exatamente graças à liberdade que a internete propicia ao mais desinformado e ao mais distante internauta. E pode ser lido em inglês ou em português!
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