LANÇAMENTO DO FILME “OPPENHEIMER”
João Amílcar Salgado
Em
20/7/23 foi lançado o filme “OPPENHEIMER” de Christopher
Nolan, com grande repercussão mundial. Os leitores de meu livro “O
RISO DOURADO DA VILA” (2020) certamente leram o trecho sobre a vinda de Robert
Oppenheimer a Minas Gerais. Um deles, o Luiz Fernando Maia, acaba de dizer: “mais
uma confirmação do umbigo do mundo, pois esse Oppenheimer está no riso da Vila. Nepomuceno
em peso vai ver o filme e vai conferir com o que está no livro.
Em
2015 resumi essa historia:
BOMBA DE HIROSHIMA E QUE MINAS TEM COM ISSO?
Neste agosto de 2015 completam-se 70 anos de um dos maiores crimes de
guerra de todos os tempos, cometidos pelo presidente Truman dos EUA. Trata-se
do assassinato coletivo de quase 300 mil pessoas inocentes, somados a número
incalculável de sobreviventes lesados, inválidos ou que vieram a morrer
mediatamente. Truman ordenou o lançamento das duas primeiras e únicas bombas
atômicas, usadas em situação de guerra, sobre as cidades japonesas de Hiroshima
(6-8-1945) e Nagasaki (9-8). Após o morticínio, Truman, em vez de ser submetido
a julgamento pelo hediondo crime, foi glorificado e continuou impune até sua
morte - e não foi julgado até hoje.
Minas Gerais tem relação com isso porque veio para Belo Horizonte o cientista
Julius Robert Oppenheimer, diretor do “PROJETO MANHATTAN”, criado pelo
presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt, para desenvolver a bomba
atômica. O terrível projeto se iniciou a partir de 9-10-1941, com a
participação de Albert Einstein, Enrico Fermi e outros. Roosevelt morreu
subitamente em 12-4-1945 e Truman assumiu a presidência.
Na hoje UFMG era professor Francisco Magalhães Gomes, que propunha o
desenvolvimento da bomba atômica brasileira. Seu apelido de Chico
Bomba Atômica, implica a tentativa, por parte de docentes e estudantes,
de interpretar como ridícula sua pretensão. Todos os que assim pensavam
ficaram de riso amarelo quando ele traz, em 1955, nada menos que Robert
Oppenheimer para apoio a seu laboratório. O professor Francisco, além disso, ajudou
o papa a anistiar o ex-estudante de medicina Galileu Galilei, em 2000, ocasião
em que eu o trouxe para falar no curso de História da Medicina. Se o professor
Márcio Quintão não escreve afinal sua biografia eu a teria escrito, pois ele
vinha sendo um dos notáveis homens e mulheres da UFMG ainda não biografados.
Percebe-se certo silêncio medroso em torno da estada entre nós do
extraordinário cientista nuclear Oppenheimer, que, aliás, se apaixonou por
nossa cachaça. Era uma época em que ele era vigiado pelos macartistas, acusado
de comunista. Entre suas frases, a mais famosa é Tornei-me a morte,
a destruidora de mundos, adotada por ele da bíblia hindu Bhagavad-Gita.
Outra frase, esta dele mesmo: O gênio vê a resposta antes da pergunta.
E Nepomuceno tem curiosa relação com o tema, pois um cidadão nepomucenense tem
o nome de Franklin Delano Roosevelt de Almeida Antunes, em homenagem ao
presidente ianque, prestada pelo cantor e técnico-eletricista Tarzan Almeida
Antunes. Perguntei ao Tarzan, como brincadeira, se ele tinha autorização do FBI
para colocar esse nome no filho. Ele respondeu que se meu pai me
colocou o nome de Tarzan sem nenhuma permissão, achei que nada de mal ia me
acontecer...
Em 2022, volto ao Oppenheimer, conforme o seguinte:
LINUS PAULING - SOU FÃ DELE DESDE VESTIBULANDO
Citei o
Pauling a propósito de meu conceito de muletas sucessivas em educação. Quero
complementar com os demais dados de minha admiração por ele, por sinal ligada
ao mundo farmacêutico. Para começar, ele e eu somos filhos de farmacêuticos.
Fiz um estudo de importantes clínicos, cirurgiões e cientistas filhos de
farmacêuticos ou que foram ex-aprendizes de farmácia. Muito do que aconteceu ao
Pauling atribuo a isso. Por outro lado, fui aluno de química do farmacêutico
Elias Murad, que, como eu, foi aluno dos maristas em Varginha e se formou médico
na UFMG, no final de meu primeiro ano ali. Enquanto foi meu professor no
Colégio Estadual e sextanista de medicina, morou na célebre República
Nepomuceno da rua Tomé de Souza. Quando publicou seu livro didático de química,
deduzi que ele nos trouxe a experiencia de Pauling como docente
pré-universitário nos EUA. A partir daí acompanhei as façanhas do genial
cientista ianque. Quando soube que Robert Oppenheimer veio parar em Belo
Horizonte e verifiquei que ele trabalhou com Pauling, fiquei maravilhado. Ambos
se tornaram pacifistas, mas se distanciaram, porque este desconfiou que o
colega se apaixonara por sua esposa, Ava Helen. E não é que fato semelhante
tinha acontecido aqui em Coqueiral, quando um compadre se apaixonou pela mulher
do outro, mas neste caso foi morto. E coincidentemente este último era
farmacêutico. Uma de minhas maiores alegrias ocorreu em 1962, quando Pauling
recebeu um segundo prêmio Nobel. Recebeu antes o de química, em 1954 (exatamente em meu ano de vestibulando), e o
segundo foi da paz. Ele teve um final de vida infeliz, pois uma indústria
farmacêutica explorou sua perturbação senil, para fazer dele mero balconista de
vitamina C.
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