João Amílcar Salgado

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

JOSÉ GOMES VIEIRA NÃO SERÁ ESQUECIDO
João Amílcar Salgado
José Gomes Vieira foi consultor de medicina mediúnica do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais. Depois do falecimento de Chico Xavier ele era o último dos primeiros verdadeiros seguidores dele. Era da sala e da cozinha do grande líder espirita, desde os tempos em que este ainda não era celebridade. O Zé Gomes era altissimamente qualificado em duas áreas. Foi dos melhores técnicos em refrigeração em Minas e dominava integralmente cada parágrafo de qualquer livro de Xavier. Sua memória de tais textos parecia uma espécie de psicografia transversal de toda a colossal obra. Em qualquer debate dos historiadores da medicina, era hábito que se pedisse ao Gomes que lembrasse um trecho do Chico que se aplicava ao tema em pauta. Era hora de santa, prazerosa e consubstanciada contribuição desse verdadeiro sacerdote do espiritualismo. No território propriamente da medicina mediúnica, ele se opunha àqueles que praticavam curas cruentas. Dizia que nisso estava sendo ortodoxo na defesa do aforisma de seu mestre Chico, segundo o qual o espírito, sendo espírito, não necessita verter sangue em cirurgias espirituais.
Em sua penúltima internação, estava muito mal e na certeza de que não ia sobreviver, invocou os espíritos de Chico Xavier e de Bezerra de Menezes. Logo os reconheceu sorridentes ao pé de seu leito e havia um de óculos não identificado, na penumbra, atrás dos dois. Os visitantes disseram-lhe que ele não ia dessa vez, pois ainda tinha uma missão por cumprir. Acrescentei que o de óculos era eu, pois, pela hora em que o fato se deu, eu estava na casa de minha prima Zulmira, pedindo-lhe um serviço espiritual pela recuperação do Zé. Este era muito sagaz e ficou eufórico: esse episódio indica que conseguimos fazê-lo espírita! Respondi: não, nada disso, eu estava ali por amizade, é que, por um grande amigo como você, topo perfórmances em qualquer plano.
NOTA: O Centro de Memória contou com consultores em história das medicinas não convencionais: mediúnica, afromineira, indígena e orientais.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

PEÃO DE BARRETOS – QUE NEPOMUCENO TEM COM ISSO?
João Amílcar Salgado
Nestes dias de agosto de 2015, ocorre a festa do peão de boiadeiro da cidade de Barretos, SP.  Que Nepomuceno tem com isso? Tem muito a ver, pois Barretos foi fundada por nepomucenenses.  Mariana de Souza Monteiro (terceira desse nome) nasceu na Fazenda da Lagoa em Nepomuceno, em 1829, casou-se com Francisco Angelo Rodrigues Airão, nascido na cidade de Campanha, e o casal foi para o sertão do Rio Pardo entre São Paulo, Minas e Mato Grosso. Seus descendentes, conhecidos como a família ÂNGELO, são considerados edificadores de Barretos.  Tios, irmãos e primos de Mariana foram para ali também, de tal maneira que cidades não só Barretos, mas Mococa, Casa Branca, Franca e Igarapava só surgiram quando as famílias Souza Monteiro Costa, Garcia, Junqueira Diniz, Figueiredo e Lima saem da região de Nepomuceno, Três Pontas, Coqueiral Boa Esperança, Carmo da Cachoeira, Lavras e Campanha para se transformarem em colonizadores e civilizadores daquele sertão. Infelizmente nesse deslocamento perpetraram mais um dos diversos genocídios indígenas de nossa história. Por outro lado, é importante que o povo de Nepomuceno saiba desses acontecimentos, principalmente os descendentes do capitão Vicente Ferreira da Costa (tio de Mariana) que compõem a família Costa Ribeiro Lima  e também os das demais famílias citadas.

            Quando se fala em gado dessa região, outra família originária daqui se tornou legendária. É a família Maia, que muitos pensam ser exclusivamente de Boa Esperança, de Guapé ou de Passos, mas é originária da Trumbuca e do Esmeril.  O sobrenome deixou de ser usado na Vila para evitar falar no parentesco com o bandoleiro Urias Maia. Aqui a família conserva mais o sobrenome Barbosa de Oliveira, dos Barbosa de Coqueiral, além de outros sobrenomes de gente da Trumbuca. Os que são Maia, em Nepomuceno, na Trumbuca e em Coqueiral, hoje devem orgulhar-se, entre outros, de dois Maias de grande fama: Nelson Freire Maia, um dos maiores pianistas do mundo, e Tião Maia, que muitos garantem ter sido o verdadeiro Rei do Gado e também inspirador da célebre moda de viola. Tião Maia estava para ser morto pelos militares em 1964, por ser muito amigo de João Goulart, e, antes que o encontrassem, levou toda sua fortuna para a Austrália. Lá ficou conhecido nacionalmente. Espertalhões quiseram tomar-lhe o dinheiro em Las Vegas, EUA, e ele, fingindo ser um caipirão australiano, enganou a todos – e essa sua façanha teria inspirado o filme CROCODILO DUNDEE (1986). Vejam o filme aqui.
CROCODILO

TIÃO MAIA

domingo, 16 de agosto de 2015

VACINAÇÃO ANTI-PÓLIO, QUE NEPOMUCENO TEM COM ISSO?
     No Brasil a transmissão da paralisia infantil foi interrompida em 1991. Para essa histórica vitória houve a contribuição fundamental de um notável médico nepomucenense e  infectologista pediátrico de projeção internacional, Edward Tonelli. Contemplado com os mais altos títulos da UFMG, da Academia de Medicina e do Rotary, Edward, ao lado de mais dois outros pediatras mineiros, Archimedes Theodoro e Elmo Perez, fez com que o Brasil relembrasse a façanha saneadora de Osvaldo Cruz, acontecida noventa anos antes.  A partir da vitória sobre a varíola em 1980 e sobre a paralisia infantil em 1991, o Brasil passa a ser considerado exemplo de luta contra infecções por vírus, vanguarda confirmada com o êxito do programa brasileiro contra a AIDS. Se o país vem fracassando na assistência médica, nas imunizações tem continuado vitorioso. Isso se deve a médicos extraordinários como os citados, aos quais podemos reunir José Geraldo Leite Ribeiro, atual maior autoridade nacional em vacinas. Se lembrarmos que José Geraldo  é de Três Corações, concluímos que o sul de MINAS entra nesse grupo de quatro seletos especialistas com a metade deles, um nepomucenense e um tricordiano, sendo este, além disso, ligado por parentesco aos Ribeiros de Nepomuceno.

            Também na história da paralisia infantil no Brasil figura uma nepomucenense. Trata-se da Mariana Santos, nossa querida Marianinha do Zé Dingo. Ela sofreu poliomielite, doença que causou pânico na Vila e trauma à menina de quatro anos, que era muito bonita. Todas as consequências de sua paralisia ela própria relata no  livro TRAJETÓRIAS DE MINHA VIDA (2015), o qual tem importância tanto como depoimento humano, como parte da história da cidade e ainda por ser uma página da historia da medicina brasileira. Na década de 40 do século 20 o único tratamento que lhe foi possível foi balneoterapia em São Lourenço. Ali ela foi orientada pelo especialista Lutero Vargas, filho do então ditador do Brasil, Getúlio Vargas. O ortopedista Lutero  havia regressado da Alemanha onde estudara especialmente essa doença e disse à família: essa menina é a paciente mais graciosa que já examinei, mas nem eu nem nenhum médico da Europa pode devolver-lhe os movimentos. A Marianinha continua linda mulher aos 80 anos, tanto quanto Ana Paula, sua jovem neta.
EDWARD TONELLI

MARIANA SANTOS

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

BOMBA DE HIROSHIMA E QUE MINAS TEM COM ISSO?
FRANCISCO

OPPENHEIMER

João Amílcar Salgado
            Neste agosto de 2015 completam-se 70 anos de um dos maiores crimes de guerra de todos os tempos, cometidos pelo presidente Truman dos EUA. Trata-se do assassinato coletivo de quase 300 mil pessoas inocentes, somados a número incalculável de sobreviventes lesados, inválidos ou que vieram a morrer mediatamente. Truman ordenou o lançamento das duas primeiras e únicas bombas atômicas, usadas em situação de guerra, sobre as cidades japonesas de Hiroshima (6-8-1945) e Nagasaki (9-8). Após o morticínio, Truman, em vez de ser submetido a julgamento pelo hediondo crime, foi glorificado e continuou impune até sua morte - e não foi julgado até hoje.
            Minas Gerais tem relação com isso porque veio para Belo Horizonte o cientista Julius Robert Oppenheimer, diretor do PROJETO MANHATTAN, criado pelo presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt, para desenvolver a bomba atômica.  O terrível projeto se iniciou a partir de 9-10-1941, com a participação de Albert Einstein, Enrico Fermi e outros. Roosevelt morreu subitamente em 12-4-1945 e Truman assumiu a presidência.
            Na hoje UFMG era professor Francisco Magalhães Gomes, que propunha o desenvolvimento da bomba atômica brasileira. Seu apelido de Chico Bomba Atômica, implica a tentativa, por parte de docentes e estudantes, de interpretar como ridícula sua pretensão.  Todos os que assim pensavam ficaram de riso amarelo quando ele traz, em 1955, nada menos que Robert Oppenheimer para apoio a seu laboratório. O professor Francisco, além disso, ajudou o papa a anistiar o ex-estudante de medicina Galileu Galilei, em 2000, ocasião em que eu o trouxe para falar no curso de História da Medicina. Se o professor Márcio Quintão não escreve afinal sua biografia eu a teria escrito, pois ele vinha sendo um dos notáveis homens e mulheres da UFMG ainda não biografados.
Percebe-se certo silêncio medroso em torno da estada entre nós do extraordinário cientista nuclear Oppenheimer, que, aliás, se apaixonou por nossa cachaça. Era uma época em que ele era vigiado pelos macartistas, acusado de comunista. Entre suas frases, a mais famosa é Tornei-me a morte, a destruidora de mundos, adotada por ele da bíblia hindu Bhagavad-Gita. Outra frase, esta dele mesmo: O gênio vê a resposta antes da pergunta.
            E Nepomuceno tem curiosa relação com o tema, pois um cidadão nepomucenense tem o nome de Franklin Delano Roosevelt de Almeida Antunes, em homenagem ao presidente ianque, prestada pelo cantor e técnico-eletricista Tarzan Almeida Antunes. Perguntei ao Tarzan, como brincadeira, se ele tinha autorização do FBI para colocar esse nome no filho. Ele respondeu que se meu pai me colocou o nome de Tarzan sem nenhuma permissão, achei que nada de mal ia me acontecer...


O AUTOR É PROFESSOR TITULAR DE CLÍNICA MÉDICA DA UFMG E CRIADOR DO CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA DE MG

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O BRILHO DA MEDICINA MINEIRA
João Amílcar Salgado
A medicina mineira tem bela história a dizer ao mundo.  A Minas européia inicia-se 200 anos depois do Brasil, e, já em 1735, produz o primeiro manual brasileiro para a clínica diária: o ERÁRIO MINERAL, do luso Luís Gomes Ferreira. Nesse tempo, há o martírio de Diogo Corrêa do Valle e a Europa lê sobre a Lagoa Prodigiosa (Lagoa Santa), que atrai Lund, Burmeister e Saint Hilaire. Ainda no século 18, contamos com o enciclopédico José Vieira Couto e o inigualável Francisco Mello Franco: pioneiro na puericultura, na sexologia e na pedagogia superior - enquanto  os estudantes de medicina inconfidentes deflagram a saga engajada dos estudantes brasileiros.  Eram cúmplices de Tiradentes, este também pioneiro nos hoje chamados cuidados primários de saúde
Em 1801, Vila Rica dá início ao ensino médico oficial neste país. Aí a imprensa inaugural brasílica edita manuais, farmacopéia e até elixir licencioso. Caeté oferece ao novo país o múltiplo Antônio Gonçalves Gomide, seu primeiro psiquiatra, Sabará vê um de seus filhos, Joaquim Soares Meirelles, fundar a Academia Imperial de Medicina e outro, Sinfrônio de Abreu,  inaugurar muito cedo nossa anestesia geral.  Rio Novo exibe Basílio Furtado, vanguardeiro da arqueologia, e Formiga ostenta José Ferreira Pires, dos primeiros no mundo em radiologia clínica -  enquanto outros brilham nacionalmente, ao lado de profissionais imigrados. Minas é também origem da indústria nacional de saúde: estâncias, sanatórios e remédios (de artesanais a industriais).
A medicina mineira inicia luminosa o século 20, com Vital Brasil. Ocorre então a maior realização da ciência brasileira: a descoberta da doença de Chagas.  A segunda foi também na área médica e também mineira: a descoberta da bradicinina por Wilson Beraldo. Brilham também Hermenegildo Vilaça, pioneiro da cirurgia moderna, Matias Vilhena, insuperável clínico em São Paulo, Agripa Vasconcelos,  fecundo escritor-historiador, seguidos, entre outros,  pelos notáveis Antônio Silva Melo, Pedro A. Pinto, Alípio Correia Neto, Ribe Portugal, Clóvis Salgado e José Ribeiro do Vale.
A fundação da Faculdade de Medicina hoje da Universidade Federal de Minas Gerais enriquece ainda mais tais realizações. É a primeira escola superior médica distanciada do litoral, institucionalizada pelo gigante Cícero Ferreira.  Irmã gêmea da descoberta de Chagas, da modernidade de Belo Horizonte e da corrida internacional a nosso minério, é também subproduto da tuberculose. A doença de Hugo Werneck,  Ezequiel Dias, Borges da Costa e  Cícero Ferreira, quatro de seus fundadores, nos traz a Santa Casa moderna, a filial de Manguinhos e o Instituto do Radium (o 1º das Américas).  Manter os ricos estudantes mineiros no Rio era manobra econômica que Aurélio Pires neutralizou em combate memorável, resumido em seu  livro.  Este, Chão de Ferro e Beira Mar de Pedro Nava, os textos de Mendes Campos, de Pedro Salles, de Hilton Rocha,  de Corrêa & Gusmão e de João Amílcar Salgado, e ainda o do processo curricular e várias teses – fazem desta a mais bem historiada faculdade, brindada ainda com fervilhante e rico Centro de Memória. Demais, o currículo de 1975, com o internato rural e outras inovações, colocou a UFMG entre as quatro vanguardas internacionais do ensino médico.
O conto Rosarita de Drummond na revista estudantil Radium, o poema Mestre Aurélio Entre As Rosas, de Nava, e a oração de Carleto Chagas a João Pessoa são marcos na literatura brasileira. Eis exemplos de egressos invejáveis da FMUFMG: Juscelino Kubistschek, o maior governante brasileiro; Baeta Viana, prógono da bioquímica latinamericana; Beraldo, já citado; Nava, o maior memorialista do idioma; Pedro Salles, pontífice em história; Guimarães Rosa, o mais criativo prosador da língua; Osvaldo Costa, luminar internacional da dermatologia; Lemos Monteiro, mártir da ciência; Amílcar Martins, epígono da parasitologia nacional; Paulo Pinheiro Chagas, semiólogo, orador e historiador; Bogliolo, primaz da patologia; Noronha Peres, grão-mestre da virologia brasileira; Rezende Neves, comprovador no homem da anticoncepção hormonal; Hilton Rocha, maior oftalmologista do país; Veiga Salles, partícipe primordial da química nuclêica;  Ivo Pitangui, maior cirurgião plástico do mundo; Washington Tafuri, descobridor da primeira estrutura secretora autonômica; Marcelo C. Christo, revolucionário da cirurgia do baço; Ennio Leão, marco mundial do ensino pediátrico; W. Mayrink, imunizador contra a leishmaniose; Hélio Pellegrino e Darci Ribeiro (este, ex-estudante), os mais originais ideólogos políticos do país; Ângelo Machado, imensurável cientista e escritor; Luiz P.Castro, expressão internacional em gastroenterologia; e  Sérgio A. Oliveira, astro da cirurgia cardíaca brasileira. Por fim, Chanina, Konstantin, LOR, Razuk, R. Paolucci,  Dângelo, João Gabriel e Tostão ornam a lista com sua arte consagrada.
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No ano 2000, entre as comemorações do início do novo milênio, o Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais propôs a lista dos 60 maiores médicos mineiros já falecidos do século 20.
          Médicos mineiros (e não mineiros que atuaram em Minas Gerais) durante o século 20, mas já falecidos:
          A – Autores de realizações máximas em qualquer campo:
1.     CARLOS RIBEIRO CHAGAS
2.     JOÃO GUIMARÃES ROSA
3.     VITAL BRASIL MINEIRO DA CAMPANHA
4.     JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA
5.     JOSÉ BAETA VIANA
6.     PEDRO DA SILVA NAVA
7.     WILSON TEIXEIRA BERALDO
8.     OSVALDO DE MELO CAMPOS
9.     OSVALDO GONÇALVES DA COSTA
10.   CLÁUDIO ALAOR BERNHAUS DE LIMA
11.   JOSÉ CARLOS FERREIRA PIRES
12.   AGRIPA VASCONCELOS
B – Cientistas notáveis:
13.   EZEQUIEL CAETANO DIAS
14.   OTÁVIO COELHO DE MAGALHÃES
15.   JOSÉ AROEIRA DE SOUZA NEVES
16.   CARLOS PINHEIRO CHAGAS
17.   LUIGI BOGLIOLO
18.   AMÍLCAR VIANA MARTINS
19.   JOÃO BATISTA VEIGA SALES
20.   JOSÉ DE MOURA GONÇALVES
21.   LEAL PRADO
22.   JOSÉ PELLEGRINO
23.   SEBASTIÃO BAETA HENRIQUES
24.   EURICO DE AZEVEDO VILLELA
25.   RENÉ RACHOU
26.   LINEU FREIRE MAIA
C – Líderes e/ou organizadores:
27.   CÍCERO FERREIRA RIBEIRO DA SILVA
28.   HERMENEGILDO VILAÇA
29.   EDUARDO BORGES DA COSTA
30.   HUGO FURQUIM WERNECK
31.   ALFREDO BALENA
32.   CLÓVIS SALGADO DA GAMA
33.   ÁLVARO DE BARROS
34.   ALÍPIO CORREIA NETO
35.   JOSÉ MARTINHO DA ROCHA
36.   OTAVIANO DE ALMEIDA
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37.   BELIZÁRIO AUGUSTO DE OLIVEIRA PENA
38.   SAMUEL LIBÂNIO
39.   ANTÔNIO ALEIXO
40.   HENRIQUE MARQUES LISBOA
41.   MÁRIO GOULART PENA
42.   JOAQUIM ANTÔNIO DUTRA
43.   JOSÉ LEMOS MONTEIRO DA SILVA
44.   MATIAS DE VILHENA VALADÃO
45.   GUILHERME BASTOS MILWARD
46.   EDUARDO DE MENEZES
47.   ALBERTO CAVALCANTI
48.   DAVID RABELO
49.   ADAUTO JUNQUEIRA BOTELHO
50.   JÚLIO SOARES
51.   ORESTES DINIZ
52.   LUCAS MONTEIRO MACHADO
53.   LUIZ ADELMO LODI
54. ANTÔNIO DA SILVA MELO
55. MÁRIO MENDES CAMPOS
56. HILTON RIBEIRO DA ROCHA
57. HÉLIO PELLEGRINO
58. JAVERT BARROS
59. JOSÉ FELDMAN
60. JOÃO GALIZZI
[DONATO VALE]

HOMENAGEM FORA DA LISTA A ALZIRA NOGUEIRA REIS, MARIA TÓFANI, OLGA BOHOMOLETZ, [IRACEMA BACARINI, CONCEIÇÃO MACHADO E ORCANDA ROCHA PATRUS*].

HOMENAGEM FORA DA LISTA AOS HERÓICOS MÉDICOS DO INTERIOR (ver lista  em elaboração)

MERECEM MENÇÃO POR TEREM SIDO INSISTENTEMENTE VOTADOS: HERMÍNIO FERREIRA PINTO, ALEIXO DE BRITO, JOSÉ FEROLA, OTO CIRNE, RIVADÁVIA GUSMÃO, IAGO PIMENTEL, SÍLVIO MIRAGLIA, ÁLVARO AGUIAR, BERARDO NUNAN, JOÃO AFONSO MOREIRA (PAI E FILHO), FLÁVIO MARQUES LISBOA, LINEU SILVA, ZOROASTRO ALVARENGA, JOSÉ SILVA DE ASSIS, FLÁVIO NEVES, EURICO A FIGUEIREDO E  J COSTA  CHIABI

[*FALECIDAS DEPOIS DO ANO 2000]



JOSÉ NIEVAS
João Amílcar Salgado

JOSÉ NIEVAS
Na Casa Rosada, mansão para recepções em Belo Horizonte, estava sendo brindado um casamento de família nepomucenense.  Já ao chegar, fui conquistado pelo som acolhedor do conjunto do Vinício Tiso. Entre os músicos me chamaram a atenção a flautista Taciana, doce filha do Vinício, que tão cedo nos deixou, e o violinista argentino José Nievas.
Nievas, apesar de gordo e idoso, irradiava juvenil entusiasmo nos acordes de um tango. Quando a execução fez pausa, quis conversar com ele, mas o tanguista estava mais interessado nas guloseimas ali distribuídas. Só após vê-lo bem alimentado, pude fazer-lhe a pergunta que atravessava minha garganta: Nievas, você já ouviu falar num tango chamado MILONGUITA?
Surpreendeu-se com o pedido, fez um olhar longínquo e a partir daí ignorou tudo ao redor.  Como que refugiado num nostálgico recanto de seu passado, passou a cantar  MILONGUITA. Fiquei paralisado de emoção pois, por longos anos, desejava ouvir a canção. Comprei todas as coleções de tango existentes no Brasil e na Argentina e nenhum disco ou fita a trazia. Sequer era mencionada nos textos históricos. Quando terminou, perguntei quem a cantava e ele sorrindo disse: la Praguayita e emendou: ela era linda!...
No final da década de 30 uma linda paraguaia apelidada de La Paraguayita fez sucesso na Argentina e percorreu várias cidades brasileiras, inclusive supostamente Lavras. O nepomucenense Eurico César Antunes de Almeida, se apaixonou pela artista e colocou em sua filha o nome de PRAGUAGITA. Nós a chamávamos de GIGITA, pois ela própria detestava o nome original. Veio a se casar com meu queridíssimo primo, Marcli Vilela, ele próprio de nome incomum. Logo em seguida o irmão do Eurico, José, se juntou a meu pai para fabricar a mais célebre cachaça da cidade. Eurico, José e João Salgado não tiveram dúvida em denominar a cachaça de MILONGUITA, associando o sucesso da bela cantora ao da deliciosa bebida. Na cortina que recobria a tela do cinema da Samina, havia uma propaganda redigida por meu pai: MILONGUITA – O APERITIVO QUE VALE UMA CANÇÃO.
Só depois de adulto eu quis ouvir aquele tango e não o conseguia, até encontrar o Nievas. Outro tanguista entranhado era Juscelino Kubitschek e nessa mesma época trouxe para tocar no Cassino da Pampulha a orquestra típica de Francisco Canaro, que chegou com a cantante Libertad Lamarque e o cantante José Nievas.  Segundo Miltonilo, fiel escudeiro de Juscelino, a temporada mesclou enorme sucesso a acontecimentos românticos.  Canaro e Libertad já estavam no saguão do Grande Hotel, na rua da Bahia, prontos para viajar, quando topam com o cantor completamente alheio à partida. Canaro o interpelou e Nievas respondeu que conhecera Maria da Silva uma linda morena e aqui ficaria. Teve com ela filhos mineiros, todos muito bem criados.
Francisco Canaro não teve outra saída a não ser substituir Nievas e conseguiu um substituto, de voz muito parecida. Assim, hoje pela internete é possível ouvir a orquestra com o substituto e ter uma idéia de como era o Nievas cantando sob o comando do notável uruguaio (vejam, por exemplo, www.youtube.com/watch?v=TgI0U3PIfhY).
Coincidentemente a Libertad Lamarque foi varias vezes substituída, em shows e até no cinema, pela Leonor Faria, mexicana de voz incrivelmente parecida com a dela. E a Leonor também passou a morar em Belo Horizonte, casando-se com o Miro (Valdomiro Constant), refinado violonista da radio Inconfidência. Fui médico do Miro a pedido de seu dedicado amigo, o goleiro Cafunga, que morava em frente à Faculdade de Medicina e era juiz do futebol dos universitários
Nievas foi aluno de canto de Eduardo Bonessi, professor também de Carlos Gardel. Em Belo Horizonte atuou junto aos maestros Castilho e Delê. Culminou sua carreira ao integrar o conjunto de cordas de Vinício Tiso, o musicista sulmineiro que democratizou o violino clássico, além de notável cover de Chaplin. Quando faleceu o Nievas, aos 99 anos, o Vinício estava inconsolável, associando a perda do dileto amigo à da filha inesquecível.
Ainda sobre a dita recepção, no final da festa, completei minha saudade, exigindo do Tiso e do Nievas executarem DESDE EL ALMA, sucesso de Canaro, que muito me marcou, pois foi a valsa de formatura de minha irmã Neusa, no Clube de Lavras  (www.youtube.com/watch?v=72aRCJHRt_o).


O autor é professor titular de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais e criador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais
BONECAS SEXUAIS E O ENSINO DA MEDICINA
João Amílcar Salgado
Depois da impressora tridimensional novo avanço tecnológico será oferecido à venda. É a boneca sexual inteligente. Vejam no vídeo anexo. http://www.tecmundo.com.br/bizarro/81451-bonecas-sexuais-ultrarrealistas-terao-inteligencia-artificial.htm
Em meu livro ainda inédito, com o nome provisório de PEDAGOGIA MÉDICA, há um capítulo sobre ENSINO SIMULADO EM MEDICINA. Menciono ali o histórico dos manequins e outros dispositivos desenvolvidos para esse ensino.  Ultimamente as pessoas têm tomado conhecimento do ensino simulado, a propósito de desastres aéreos e sua prevenção por meio da pilotagem simulada. Além disso, adotou-se a pilotagem simulada no preparo de condutores de automóvel.
Em 1976, adquirimos para a UFMG várias bonecas para diversos treinamentos: de enfermagem, de anestesia, de exame oftalmo-otorrinologico, de intubação, de ginecologia e outros. Na época as empresas estrangeiras fornecedoras eram as mesmas que fabricavam bonecas eróticas. Essa indústria era originalmente escandinava, mas os EUA superaram os escrúpulos com que as viam, quando necessitaram substituir cadáveres por réplicas orgânicas.

Com o presente anúncio de bonecas sexuais inteligentes, o capítulo de meu livro deverá ser convenientemente atualizado.