João Amílcar Salgado

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

 


FOTO RARA DO JÚLIO, DO TIÃO, DA CÉLIA E DA BILIA

João Amílcar Salgado

Esta foto é importante para mim porque traz dois de meus colegas de ginásio e duas amigas de infância e juventude, todos os quatro muito queridos. O JÚLIO PENHA foi meu colega e logo na primeira série se revelou excepcionalmente disciplinado, muito bom em nosso idioma e orador a qualquer pretexto. Seu dote é cultivado por irmãos e filhos e, em especial, pelo Julinho, nosso fraterno amigo. A oratória do Neca e de toda a família é característica de Penhas e Penas (famílias de mesma origem em Portugal). O SEBASTIÃO CARVALHO foi, ao lado da Julinha Miguel, do Gusa Felicori, do Alberto Vilela e do Aroldo Peixoto, meu comparsa de gargalhadas por 4 anos nessa turma, talvez a mais hilariante de todas. O inegável carisma do Tião e sua franca simpatia o poderiam ter levado à carreira política fora da Vila, não fosse sua modéstia incomensurável. A CÉLIA BOTELHO foi assessora decisiva dos melhores de nossos prefeitos, por longos anos. Dona de incomum inteligência, se fez inevitável autora de um capítulo de meu livro “NEPOMUCENO – SÍNTESE HISTÓRICA”. Já a BILIA representa a transformação radical da meninota valente na obstinada líder, última esperança dos mais humildes e de qualquer necessitado. Incansável para todo tipo de socorro, seu tirocínio político ficou famoso entre parlamentares da capital. Restou inesquecível para mim sua alegria em dizer que seu filho Raul é o maior amigo de meu filho Carlos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

 


FOGOS PROIBIDOS

João Amílcar Salgado

Osvaldo Lopes, Irlan Melo, Wesley Moreira e Miltinho de Freitas, vereadores de BH propõem eliminar barulho de fogos comemorativos. Conseguiram aprovação em 1/8/22. Proponho que aprovem também eliminar o ensurdecedor barulho por aceleração proposital de motocicleta, causador de danos análogos. Sugiro que proibição do ruído de motos barulhentas deva estender-se ao Estado e ao País.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

 



FIASCO CORPORATIVO

João Amílcar Salgado

Vergonhoso fiasco vem sendo consumado pelas corporações da medicina brasileira. Seja pelo ensurdecedor silencio, seja pelo sutil balbucio diante de fatos horripilantes, ligados à saúde e à política. Seja também por atitudes delituosas, incompatíveis com a natureza de cada instituição, inclusive as associações de especialistas. Não é difícil enumerar esse assustador somatório: negacionismo à ciência, negacionismo à vacina, cumplicidade na indicação de medicação errônea, cumplicidade ou omissão para com as atitudes criminosas de autoridades de saúde e de educação, dolorosa indiferença diante dos colapsos da disponibilidade farmacêutica, da atenção pediátrica e da atenção psiquiátrica e diante da fome epidêmica, cumplicidade com a publicidade criminosa e, pior que tudo, nefanda impunidade generalizada.

Exemplifico com o seguinte escândalo. Daiana Chaves Cavalcanti, de 36 anos estava internada, desde junho de 2020, no hospital particular Santa Branca, em Duque de Caxias, RJ, onde o cirurgião plástico Bolivar Guerrero Silva lhe fez cirurgia mal-sucedida. Ela alegou “cárcere privado”, impedida de procurar ajuda. O médico foi preso e havia sido preso em 2010, por uso de substâncias não autorizadas. Demais foi denunciado por mais oito pacientes. O Conselho Regional de Medicina do Rio o puniu apenas com a suspensão do exercício da profissão por 30 dias, além de informar ter contra ele apenas um processo em andamento e apenas uma sindicância. Sem dúvida, tais desvios disseminados e de todos os lados são acontecimentos medonhos e exponencialmente gravíssimos, ainda mais se persistentes ou repetitivos. Sou estudioso da efetivação de tais conselhos por Juscelino Kubitschek e Clóvis Salgado, notáveis médicos mineiros, quando eram dirigentes do país. Fico imaginando o desalento que sentiriam se vivos fossem.

Para cúmulo dos cúmulos, agora, em 27/7/22, assistimos estupefatos à desmoralização e à decadência corporativa, em seu auge: “médicos” “reunidos” no Conselho Federal de Medicina, para ouvir um candidato à presidência, o aplaudiram de pé, quando defendeu o uso de remédios ineficazes para a covide e duvidou da eficácia da vacinação

 

quinta-feira, 21 de julho de 2022

 


 

 

 

MINA DO PADRE VÍTOR EM TRÊS PONTAS

João Amílcar Salgado

O Parque Multiuso Mina do Padre Victor é considerado Patrimônio Cultural da cidade de Três Pontas. Localiza-se no Bairro Jardim das Oliveiras, com área de 81.318,45 m2. Foi delimitado como atrativo turístico e para atividades culturais. O acesso ao local é livre e se dá por grandes avenidas. Nele se encontra um manancial de água chamado popularmente de “Mina do Padre Victor”, tendo anexo pequeno “santuário” com a imagem do santo cônego. Os numerosos romeiros consideram que a água da mina é milagrosa, com poder de cura para múltiplos males. A tradição diz que o Cônego Victor, usava beber dessa água para matar a sede e refrescar-se, em seus deslocamentos, no atendimento aos fiéis. Os herdeiros da área cederam-no ao município desde que não seja privatizado ou destinado a fins lucrativos. O terreno tradicionalmente pertence à família Abreu Salgado e co-herdeiros. Esta família é intimamente ligada ao Padre Vítor. O primeiro biógrafo do milagroso sacerdote é o educador João de Abreu Salgado, batizado por ele, seu discípulo e compadre, autor de MAGNUS SACERDOS - CÔNEGO FRANCISCO DE PAULA VITOR (1946, reeditado em 2015).

 

sábado, 16 de julho de 2022

 


ANESTESISTA ESTUPRADOR

João Amílcar Salgado

Em 1886, Robert Louis Stevenson, notável escritor escocês, que não era médico, publicou o STRANGE CASE OF DR. JEKYLL AND MR HYDE, traduzido como O MÉDICO E O MONSTRO, popular no mundo, inclusive no cinema. Como historiador da medicina e por isso muito ligado a Edimburgo, cidade natal de Robert, estudo casos horripilantes ocorridos de fato e que o devem ter inspirado. O tema igual ou análogo prosseguiu através de personagens, entre outros, como DOUTOR KILDARE (1961) e O INCRÍVEL HULK (2008). Em 2002 foi descoberto que o médico Eugênio Chipkevitch,  ucraniano de família refugiada da União Soviética e diplomado pela USP, era um estuprador pedófilo em série, que estuprou dezenas de jovens pacientes, todos masculinos, sendo condenado a 114 anos de prisão. Em 2006 foi descoberto que o médico Roger Abdelmassih, paulista, diplomado pela UNICAMP, era um estuprador em série, violentador de incontáveis mulheres, que o procuravam por ser aclamado astro da obstetrícia avançada, sendo condenado a 180 anos de prisão. Em 2020, foi descoberto que o médico Giovanni Quintella Bezerra, fluminense, diplomado pelo Centro Universitário de Volta Redonda, anestesista obstétrico do Hospital da Mulher Heloneida Sudart, de São João de Meriti, estuprou um número ainda sendo levantado de parturientes anestesiadas, sendo que seus crimes, em série, não seriam revelados, caso não tivesse sido filmado adrede por telefone celular..

            Na UFMG, em 1971, a tentativa de sistematizar equipes mínimas de médicos para cidades do interior foi anulada por ingerência da associação dos anestesistas. Da inovação do ensino de 1975 constava a disciplina de técnica cirúrgica-e-anestésica. Até hoje não é ministrada a parte do ensino da anestesia, por dois motivos inacreditáveis: o coordenador designado reconheceu que desprezava a anestesia e não se dava bem com os anestesistas. Num dos esforços para resolver a questão, foi convocado o decano dos anestesistas, o notável Cristiano Alvim Pena, sumidade na área. Nada conseguiu e foi até ridicularizado. Pedi-lhe que aproveitássemos o que foi reunido e debatido e daí escrevêssemos um livro sobre a fascinante história da anestesia em Minas e no Brasil. O livro foi abortado porque o Cristiano exigiu eliminar os aspectos indecorosos de nossa crônica anestésica, censura que não aceitei.

 

segunda-feira, 11 de julho de 2022

 


HOTEL GLÓRIA

João Amílcar Salgado

Em 1963 o presidente do Brasil era João Goulart e foi então que o hotel Gloria entrou em minha vida. Os 2 melhores hoteis do Rio eram o Copacabana (fiquei num prédio vizinho) e o Glória, reservado ao congresso mundial de Medicina Tropical. O governo exagerou no requinte, a abertura foi no Palácio do Itamarati, seguido de coquetel na Hípica. Eu estava ali para participar dessa rara convenção, à qual compareceram as maiores celebridades cientificas, nelas incluidos pela primeira vez cientistas de países socialistas. Relatei isso em algumas publicações. Nos anos seguintes, fiquei desolado com o abandono do Glória, mas seu edifício, de 1920, o primeiro em concreto armado da América do Sul, parece que será recuperado. No intervalo das apresentações eu me deixava ficar à beira da piscina apreciando as beldades desfilantes. O café servido gratis pelo IBC era simplesmente delicioso e disputado. O local do hotal fora a mansão de um ingles, John Frederick Russel, primo de Bertrand Russel, meu ídolo  em filosofia. A propósito, quando estive nos estados do sul, pesquisei migrantes parentes de nepomucenenses. Levantei as famílias Lourençoni, Goulart, Marques, Pasqualotti, Lima, Salgado, Ferreira de Brito e outras. A família Goulart da Vila teria migrado para o Carmo, parte restando em Lavras.

Alguns de nós, naquela piscina, não .disfarçávamos a esperança de reconhecer por ali a Maria Teresa Goulart, que disputava com Jacqueline Kennedy o título de mais bela primeira dama mundial. A placidez deste devaneio contrasta com dois acontecimentos bem próximos: o assassitato de John Kennedy, no mesmo ano, e, um ano depois, a brutalidade do golpe de 1964.

 

 

domingo, 3 de julho de 2022

 


MÁRCIO SALVIANO VILELA – INVEJO ESTE PRIMO

João Amílcar Salgado

            O Márcio pertence ao ramo inicial dos Alves Vilela, procedente da Fazenda Bom Jardim, em Santana do Jacaré, mas nasceu em Ribeirão Vermelho, de família de Candeias. Agrônomo pela UFLA, vive lamentando a perda das florestas lindeiras do Rio Grande, antes habitadas pelos índios, cujo sangue teria tingido seu ribeirão nativo. Vegetavam como parte de pujante mata atlântica: à esquerda, a floresta da Serra da Bocaina e, à direita, a floresta da Serra do Senhor Bom Jesus, mais tarde denominada Bom Jesus dos Perdões, sendo controversos tais perdões. Li seus livros EMENTÁRIO DA HISTÓRIA DE RIBEIRÃO VERMELHO (2003) e A FORMAÇÃO HISTORICA DOS CAMPOS DE SANTANA DAS LAVRAS DO FUNIL (2007). Sua pesquisa me espantou pelo escrutínio beneditino de preciosas informações garimpadas. Êta Vilela dos bons!!!

            Bem antes de conhecer o Márcio, me ocupei de Ribeirão Vermelho. Estávamos discutindo como criar um sistema público de saúde e um de universidades públicas para o futuro governo Tancredo Neves, quando lembrei aos colegas que entre os primeiros atos dele seria estender a maria-fumaça Tiradentes - São João até Ribeirão. Esclareci que Tancredo ainda moleque era clandestino habitual do trecho.