João Amílcar Salgado

sábado, 12 de abril de 2025

 

INACREDITÁVEL

João Amílcar Salgado

JASON STANLEY,  professor de filosofia da Universidade Yale, EUA, vai deixar o país diante da ameaça de uma ditadura no país. É autor do livro COMO FUNCIONA O FASCISMO (2018), traduzido para mais de 20 idiomas, Stanley está convencido de que o governo de Donald Trump está funcionando assim. "Acho que já somos um regime fascista", diante da repressão às universidades, disse   em entrevista à BBC, quando confirmou que  vai mudar-se para o Canadá.  Igualmente, outros dois importantes acadêmicos de Yale e críticos de Trump, os professores de história Timothy Snyder e Marci Shore, também anunciaram que vão para a Universidade de Toronto, no Canadá. Stanley, 55 anos, é filho de imigrantes europeus (sua avó fugiu da Alemanha nazista com seu pai em 1939). Seu último livro é ERASING HISTORY: HOW FASCISTS REWRITE THE PAST TO CONTROL THE FUTURE ("APAGANDO A HISTÓRIA: COMO OS FASCISTAS REESCREVEM O PASSADO PARA CONTROLAR O FUTURO" (2024).

segunda-feira, 7 de abril de 2025

 


CARINHOSA HOMENAGEM AOS RIBEIRO GARCIA

João Amílcar  Salgado

O jovem historiador nepomucenense Evandro Ribeiro Olímpio declarou que teve a satisfação de conversar com o  Manoel Ribeiro Garcia (pai do Josi, do Eduardo e da Jane), que está com 95 anos. Afirmou que ele é pentaneto do fundador de Nepomuceno, Mateus Luís Garcia, bisneto do primeiro administrador distrital, coronel Joaquim Ribeiro, e neto do primeiro chefe do executivo municipal, Manoel Correia Ribeiro. Esta é uma homenagem muito feliz. Comentei-a dizendo que o Manoel é meu primo e foi meu inesquecível colega desde o curso de admissão ao ginásio da Vila, quando causou admiração pelo domínio da gramática e pelos dotes de precoce orador. Se tivesse continuado os estudos, não tenho dúvida de que chegaria a desembargador. O Evandro citou seus filhos e eu cito dois irmãos que trago no coração: a Maria Marly, a moça mais linda de sua época (sósia da Sarita Montiel), e o Joãozinho (Vânia) que foi meu companheiro, também inesquecível, em minha primeira viagem a BH, notável por seu inesgotável repertório humorístico, do qual estamos aguardando um delicioso livro. Esta terna homenagem é extensiva a toda a família.

segunda-feira, 31 de março de 2025

 


CARLOS AMÍLCAR COLABORA COM  MELHOR SAÚDE PARA MINAS

João Amílcar Salgado

O ministro Padilha veio a BH para providências na saúde em 29/3/25, tendo Carlos Amílcar Salgado em sua equipe. Entre elas, julgo da maior importância a retomada da fábrica de soros da Funed e a implementação da velocidade do telessaúde na UFMG, liderado pelo brilhante especialista Antônio Luiz Pinho Ribeiro. Antônio Dilson Fernandes e eu preparamos o primeiro telessaúde, mas a ditadura vigente em 1981 ordenou que a Telemig vetasse a proposta. Antes, o Centro de Memória da Medicina documentou três experiencias precursoras em Minas: duas com pombos-correio e uma com teco-teco, que lembraremos a seguir.

sexta-feira, 28 de março de 2025

 


A ORATÓRIA VOLTA AO PALCO

João Amílcar Salgado

Em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2020), descrevo a admiração dos estudantes pelos oradores na década de 50. Os grandes astros de então eram o Carlos Lacerda, os irmãos Carlos e Paulo Pinheiro Chagas, os nepomucenenses João Pimenta da Veiga (pai) e Xico Negrão, o Pedro Aleixo, o Adauto Lúcio Cardoso, o Aliomar Baleeiro e o Afonso Arinos (sobrinho), entre outros. As aulas de patologia de Carlos Pinheiro eram assistidas por alunos de direito e engenharia, não obstante o conteúdo. Em qualquer júri, estes e os de medicina se misturavam na plateia. Na Vila, sabíamos que a galeria dos Lima, formada por Alice, Pimenta, Xico, Tio Zezé, Vico, Batista, Assis, Neca Correia, Getúlio, Marcílio, Dario, Léla, Rubem e Celso Lima, junto com o Neca Firmiano eram do mesmo nível.  O Zezé da Leleza, o Marcinho do Soneca, o Carlinho do Sargadinho, o Toninho da Lolô, o Julinho Penha e o Toninho da Samina e eu passávamos horas imitando aqueles, sendo que o Zezé (José Maria Ribeiro, também Lima) gastou o que tinha e o que não tinha com a Esther Leão, a maior treinadora de oradores do país.

 Digo isso porque agora tivemos um desfile de oradores famosos, entre os advogados defensores dos denunciados, no julgamento do STF de 25/3/25. O Brasil inteiro estava focado no que argumentavam e eu, nostálgico, só analisava sua oratória. Matei toda a minha saudade.

Por oportuno, lembro que, na tradição luso-brasileira, refulgem os oradores sacros João 21, João de Deus, Santo Antônio, Padre Vieira e Helder Câmara, estando entre eles, hoje, na mesma altura, o nepomucenense Luís Henrique Eloy. E entre os advogados citados não poderia faltar um Lima: José Luís de Oliveira Lima – conhecido no meio forense como dr. Juca Lima, xará de nome e de apelido de nosso queridíssimo médico dr. Juca.

quarta-feira, 12 de março de 2025

 


LUIGHI – VÍTIMA DE CRIME DOCUMENTADAMENTE IMPUNE

Joáo Amílcar Salgado

O jovem Luighi, jogador juvenil do Palmeiras, foi vítima de racismo em jogo contra o Cerro Porteño do Paraguai, pela Copa Libertadores sub-20, em 6/3/25. Apontou o episódio ao árbitro e aos policiais presentes. Disse que se aproximou do árbitro para denunciar: “ME CHAMARAM DE MACACO! ELE NÃO LIGOU. FUI AOS POLICIAIS E NÃO FIZERAM NADA…!”  O choro de adolescente exibido em todo o Brasil e em todo o mundo escancarou tanto o crime como a impunidade.

Antes denunciamos o racismo no futebol contra o brasileiro Vinícius Jr, quando mostramos que o racismo na Espanha traz o paradoxo de que, num país mestiço, seus racistas traduzem a necessidade de se sentirem brancos, agredindo pessoas acentuadamente pretas. Afirmei que ali a hostilidade aos negros é simbolizada na morte de animais tipicamente pretos, na tourada, espetáculo resultante de dominações negras sob egípcios e árabes.

No Paraguai, a maioria mestiça da população manifesta necessidade análoga. Curiosamente se orgulham do idioma e da cultura guarani. Vale lembrar que esta cultura é abrangente, pois o território guarani original ultrapassava bem mais do que os limites paraguaios, alcançando todo o sul e parte do sudeste brasileiro e ainda todo o sul matogrossense. Isso explica por que muitas de nossas músicas sertanejas e seresteiras são verdadeiras guarânias. Demais, os guaranis dos Sete Povos das Missões viveram uma das maiores experiências igualitárias da humanidade. A severa punição individual dos racistas será uma conquista dos craques brasileiros Luighi e Vinícius e também de todos nós.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

 


OS GALIZZIS SÃO GENTE MUITO QUERIDA

João Amílcar Salgadp

João Galizzi, J. B. Greco e Romeu Cançado estão definitivamente na história da medicina brasileira como líderes dos baetófilos clínicos, discípulos que passaram, a partir do final da década de 30 do século 20, a aplicar na clínica médica os princípios científicos de seu mestre, o bioquímico Baeta Viana.  Esta corrente representou um salto de qualidade na assistência médica, não só em Minas mas no Brasil, inclusive com a pioneira interiorização da tecnologia laboratorial simplificada. Resumi João Galizzi como “retilíneo em ciência e ética; paladino da melhor relação médico-paciente”.  Foi catedrático de Clínica Propedêutica na Faculdade de Medicina da UFMG, onde suas lições de Semiologia Médica, ministrada com o auxílio de seletos seguidores fieis, formou multiplicadores docentes e não-docentes, em sucessivas gerações,  todos testemunhas de que nessa disciplina foi recebida a estrutura nuclear de suas reconhecidas competências.

De minhas conversas com esse meu mestre, soube que a família Galizzi veio da Itália, um ramo para o Brasil e outro para a Argentina. Quando as AVÓS DA PRAÇA DE MAIO receberam o PRÊMIO DAS NAÇÕES UNIDAS de 2003, verifiquei que um dos netos desaparecidos era Galizzi. De cerca de 300 netos só 139 foram encontrados. A remanescente das “abuelas” Mirta Acuña de Baravalle faleceu aos 99 anos, em 2024. Durante 48 anos lutou para conhecer o destino da sua filha Ana Maria, grávida de cinco meses, e o do seu genro Júlio Cesar Galizzi, sequestrados em 1976 pela brutal ditadura do Cone Sul.   Aquela criança, se sobreviveu, hoje deve ter outro sobrenome e não sabe que pertence à ilustríssima família dos Galizzi.

Este registro é homenagem às avós de netos desaparecidos, a vó Mirta, à família Galizzi, à família de Rubens Paiva e a todas as vítimas de todas as ditaduras.

domingo, 23 de fevereiro de 2025

 


CAMPO DE AVIAÇÃO DA VILA

João Amílcar Salgado

            A ligação mais umbilical de Nepomuceno com a aviação vem do parentesco do inventor Santos Dumont com a família local Ribeiro Costa Lima. Ao mesmo tempo, a família Veiga exibe vários vínculos com a aviação, a começar pelo local oferecido por ela para a construção do campo de pouso. O notável cientista João Batista Veiga Sales é o membro desta família que mais se identificou com a aviação, tendo sido piloto esportivo e paraquedista. E tem sido seguido por primos seus, como o brigadeiro da aeronáutica Adalberto de Rezende Rocha e o piloto comercial Helvécio da Veiga Rezende. Por outro lado, as relações de parentesco entre o governador Kubitschek e a família nepomucenense Negrão de Lima era propícia à criação de um aeródromo local, dentro do binômio juscelinista de “energia e transporte”, lema de seu governo estadual. Mas a pista de pouso só foi construída na época do governo federal de JK. Dois dos primeiros usuários foram o engenheiro Zé Barati e o governador Chico Negrão.  Sem dúvida teria sido completada com hangar e demais requisitos, em 1965, se JK, em vez de exilado do país pela ditadura, tivesse sido reeleito presidente.  Por outro lado, a Usina de Furnas, iniciada pelo mesmo JK em 1958, ergueu sua rede ao RJ passando junto ao campo da Vila, impondo sua desativação. Hoje é hangar avícola.

Já o aeroclube de Lavras foi fundado em 1940, no clima da 2ª guerra mundial, mas o campo de aviação só foi inaugurado em 1943. Entre 1956 e 60 a empresa comercial Aerovias-Real chegou a utilizá-lo, com aviões DC3, de um dos quais desembarquei, pela primeira vez de um avião, em 1956. Vários episódios marcam a aviação nas proximidades de Nepomuceno. Em 1942 o oficial da FAB Eduardo Mendes fez, de emergência, o pouso incólume de um monomotor NA, numa várzea de Boa Esperança (há a foto), sendo depois brindado com um baile.  Em 1956, logo após a inauguração do campo de pouso de Três Pontas, o jovem Tarley Vilela saltou sem paraquedas de voo demonstrativo, e nada sofreu.  Mais tarde, no Pantanal Matogrossense, Tarley repetiu o  salto de um avião maior, salvando-se a nado. Nos anos 50, a FAB cogitou construir uma base onde hoje é o novo cemitério da Vila. Finalmente, houve o pouso de caça supersônico Phantom F5 da FAB numa reta da rodovia entre Boa Esperança e Três Pontas, em 14/8/1980, quando trombou com um fusca. Além disso, o Lair Rolino, no 1º salto de paraquedas na Vila, chegou ao solo são, mas desmaiado (segundo ele dormindo), o Mudinho Jorge Mudesto imitou o Lair usando um guarda-chuva e se deu mal, o primeiro voo rasante da Vila derrubou de susto o artífice Caco de sua alongada escada de pintor, o Zico do Miceno desapareceu no alto da Serra em surto delirante de astronauta, enquanto o borracheiro-inventor José Fernando Pedro construiu um helicóptero no quintal de sua casa.

IMPORTANTE. No livro O RISO DOURADO DA VILA (2020) relato a versão popular circulante em 2003, sobre o pouso do avião F5. Aproveito para atualizar a informação sobre o dono do fusca (amassado pelo caça) José Francisco Spinelli, falecido em 2023, consanguíneo do nosso Fausto, que depõe no vídeo https://youtu.be/xzZXPFjVRHo