João Amílcar Salgado

quinta-feira, 31 de julho de 2025

 


LATANCHA, OUTRO DO CINE 4D DA VILA

João Amílcar Salgado

Além de meus três primos precursores do cine 4d, o Latancha, na década seguinte, surgiu como astro da arte esboçada.  No caso dele, era uma perfórmance exclusiva de alguém sendo alvejado.  Quando aparecia na tela o mocinho ou o bandido apontando a arma, ele já se erguia. Com o disparo, a vítima podia até estar na tela, mas o alvo concreto era ele ali na frente da plateia. Nem o melhor artista de Hollywood representava tão realisticamente a agonia e a morte do atingido. Impressionante era o som do baque de seu corpo no duro cimento de nosso cinema. A partir daí, o que era previsível aconteceu. Qualquer moleque, ao cruzar, em qualquer esquina, com o Latancha, fingia um tiro nele e ele, em resposta automática e instantânea, caia na sarjeta. E foi assim que ele morreu: o Zé Liminha tinha o único caminhão F8 dali, o qual ficava mais majestoso lotado de sacas de café. O alto da carga era o palco ideal para o Latancha e cenário perfeito para os tiros da molecada. Num destes, ele exagerou no realismo e veio do alto até o chão.

FOTO: F8 51

segunda-feira, 28 de julho de 2025

 


CINE 4D NÃO É NOVIDADE EM NEPOMUCENO

João Amílcar Salgado

O cine 4d consiste na experiência imersiva em salas de cinema, onde as cadeiras se movem e efeitos como vento, água e cheiro complementam o que é visto na tela. Por que isso não é novidade na Vila? Acontece que, nos anos 40 do século passado, o João Teófilo estava em nossa farmácia e uma algazarra de meninos era aprontada por nós. De repente a meninada saiu e meu pai explicou ao xará que era hora da fita-em-série do Tom Mix. O fazendeiro exclamou: “há... há... meus filhos estão ficando jeca demais, na semana que vem vou mandar eles pra ver o Tom Mix”.  Vieram três de seus filhos: o Zé Fubá, o João Cabrito e o Paulinho. Sentaram no meio da molecada, logo debaixo da tela. Apagam-se as luzes e a fita começa com uma porta de saloon, aquela de vai-e-vem, sendo invadida por bandidos de arma em punho e atirando prá todos os lados. Os 3 gritaram em coro, “tomos perdido!!!”, se levantaram e foram pisando em barrigas, pernas e genitais dos cine-espectadores de trás – e só pararam de correr quando, na escuridão da noite, conseguiram avistar sua roça.

 

sábado, 19 de julho de 2025

 


MÉDICOS DE 1975 DA UFMG, MEUS AFILHADOS

João Amílcar Salgado

Os médicos formados na UFMG em julho de 1975 comemoraram seu JUBILEU DE OURO (50 anos) em 11/7/25. Como homenageado na formatura, participei com enorme emoção da festa - ao reencontrar grisalhos meus jovens alunos da época. Um deles me disse: “acho que fui excelente médico por todo este tempo e faço questão de dizer que devo isso a suas aulas e digo também que, em apenas um ano, aprendi com você toda a clínica que ofereci a meus clientes – e, mais uma coisa, chorei quando avistei o senhor lá no palco, ainda muito parecido com aquele meu professor de propedêutica”. Vários outros manifestaram carinho semelhante. Minha homenagem a eles consiste em transcrever aqui seus nomes e sua foto.

4744 ADEMIR NILTON VIEIRA 1975/1 60ª    4745 AFRÂNIO CALDEIRA BRANT FILHO 1975/1 60ª    4746 ALAN PENIDO 1975/1 60ª    4747 ALENCAR RIBEIRO NETO 1975/1 60ª    4748 ALEXANDRE MACHADO 1975/1 60ª    4749 ALTINO EDGAR RAMOS DE MELO 1975/1 60ª    4750 ANA MARIA HORTA DE FIGUEIREDO 1975/1 60ª    4751 ANTÔNIO ALVES DO VALLE NETO 1975/1 60ª    4752 ANTÔNIO CARLOS DE MELO 1975/1 60ª    4753 ANTÔNIO CARLOS TÔRRES 1975/1 60ª    4754 ANTÔNIO FERNANDO DE OLIVEIRA REIS 1975/1 60ª    4755 ANTÔNIO GERALDO BELTRAME 1975/1 60ª    4756 ANTÔNIO HAROLDO GARCIA TEIXEIRA 1975/1 60ª    4757 ANTÔNIO LUIZ CHAGURI  1975/1 60ª    4758 ANTÔNIO DE PÁDUA AUAD 1975/1 60ª    4759 BRENO SILVA DUARTE 1975/1 60ª    4760 CARLOS ALBERTO CORBUCCI 1975/1 60ª    4761 CARLOS ALBERTO SETTE 1975/1 60ª    4762 CARLOS BRAMBILA 1975/1 60ª    4763 CARLÚCIO CARDOSO DE ALMEIDA 1975/1 60ª    4764 CECÍLIA SHIMOYA 1975/1 60ª    4765 CÉSAR ANTÔNIO DE PAULA MACEDO 1975/1 60ª    4766 CLAUDEMIR NOCENTE 1975/1 60ª    4767 DANILO RONALDO RENÉ OLIVEIRA 1975/1 60ª    4768 DEMERCINDO BRANDÃO NETO 1975/1 60ª    4769 DENIS MAGALHÃES 1975/1 60ª    4770 DIÓGENES GONÇALVES FANTINI 1975/1 60ª    4771 DULCIENE MARIA DE MAGALHÃES QUEIROZ 1975/1 60ª    4772 EDÉSIO CHAVES MOTA 1975/1 60ª    4773 EDUARDO AVELINO PEREIRA 1975/1 60ª    4774 EDUARDO CARVALHO BRANDÃO 1975/1 60ª    4775 ELBA VALLE 1975/1 60ª    4776 ELIO ALVES BATISTA FILHO 1975/1 60ª    4777 EUGÊNIO BAUMGRATZ LOPES 1975/1 60ª    4778 FÁBIO DE CAMPOS 1975/1 60ª    4779 FERNANDO ANTÔNIO FANTINI 1975/1 60ª    4780 FERNANDO AUGUSTO DE VASCONCELLOS BAR 1975/1 60ª    4781 FERNANDO CHAVES FELIZARDO 1975/1 60ª    4782 FLÁVIO JOSÉ DE LIMA NEVES 1975/1 60ª    4783 FRANCISCO ALEXANDRE SCORZA 1975/1 60ª    4784 FRANCISCO FURTADO DE MENDONÇA SOUZA 1975/1 60ª    4785 FRANCISCO VIRIATO DA ROCHA SOBRINHO 1975/1 60ª    4786 GABRIEL RABELO GUIMARÃES 1975/1 60ª    4787 GELSON RUBEM ALVES DE ALMEIDA 1975/1 60ª    4788 GIFONE AGUIAR ROCHA 1975/1 60ª    4789 HAROLDO LOUREIRO DORNAS 1975/1 60ª    4790 HELENISE COSTA DE OLIVEIRA 1975/1 60ª    4791 HELOISA BORGES DE FIGUEIREDO 1975/1 60ª    4792 HELOISA HELENA CAVALCANTE SIQUEIRA 1975/1 60ª    4793 IDALIO VALADARES BAHIA 1975/1 60ª    4794 IRMGARD MIDDELDORF 1975/1 60ª    4795 ISMAILLES FERNANDES E SILVA 1975/1 60ª    4796 IVANI NOVATO SILVA 1975/1 60ª    4797 JAIR ALVES DE ALMEIDA JÚNIOR 1975/1 60ª    4798 JOANA D’ARC REPOLÊS PEREIRA 1975/1 60ª    4799 JOÃO ANTÔNIO DE MOURA NETO 1975/1 60ª    4800 JOÃO EDUARDO MENDONÇA VILELA 1975/1 60ª    4801 JOEL ALVES LAMOUNIER 1975/1 60ª    4802 JOEL TARCÍSIO LAMOUNIER ANDRADE 1975/1 60ª    4803 JOSÉ ALARICO CANDIOTI 1975/1 60ª    4804 JOSÉ ANGELO BRIANEZI 1975/1 60ª    4805 JOSÉ CARLOS BRUNO DA SILVEIRA 1975/1 60ª    4806 JOSÉ EUSTÁQUIO MATEUS 1975/1 60ª    4807 JOSÉ EUSTÁQUIO DE RESENDE 1975/1 60ª    4808 JOSÉ GERALDO DE ALVARENGA 1975/1 60ª    4809 JOSÉ LEMOS SOBRINHO 1975/1 60ª    4810 OSÉ LUIZ DUTRA LEMOS 1975/1 60ª    4811 JOSÉ LUIZ FELIX DA CUNHA 1975/1 60ª    4812 JOSÉ RIBEIRO NETO 1975/1 60ª    4813 JOSÉ TEIXEIRA GUIMARÃES 1975/1 60ª    4814 JOSÉ VANER PEDIGONI 1975/1 60ª    4815 JOSÉ WILLIAM SAMARTINI DE QUEIROZ 1975/1 60ª    4816 JUNI CARVALHO CASTRO 1975/1 60ª    4817 KLEBER COSTA DE CASTRO PIRES 1975/1 60ª    4818 KLEBER NEVES DA ROCHA 1975/1 60ª    4819 LUIZ ANTÔNIO CASTILHO TENO 1975/1 60ª    4820 LUIZ CARLOS FERREIRA DE MELO 1975/1 60ª    4821 LUIZ CARLOS GUIMARÃES GODINHO 1975/1 60ª    4822 LUIZ CARLOS RODRIGUES 1975/1 60ª    4823 MAGID BACHUR FILHO 1975/1 60ª    4824 MARCELLO BELLUZZO JÚNIOR 1975/1 60ª    4825 MARCELO CHIARELLO PERA 1975/1 60ª    4826 MARCELO RAUSCH 1975/1 60ª    4827 MÁRCIA CECÍLIA SALAZAR DÁVALOS DE LÓPE 1975/1 60ª    4828 MÁRCIO LUIZ LOPES MARTELLI 1975/1 60ª    4829 MARCO ANTÔNIO INÁCIO DE LIMA 1975/1 60ª    4830 MARCO AURÉLIO UBIALI 1975/1 60ª    4831 MARCUS ANTONIUS CORDEIRO CORRÊA 1975/1 60ª    4832 MARIA AUXILIADORA MANCILHA CARVALHO 1975/1 60ª    4833 MARIA DO CARMO PAIXÃO 1975/1 60ª    4834 MARIA DIRCE DE OLIVEIRA PEREIRA 1975/1 60ª    4835 MARIA ELISABETH GOMES BAPTISTA 1975/1 60ª    4836 MARIA HELENA DA CUNHA FERRAZ 1975/1 60ª    4837 MARIA REGINA ROMANIELLO PIRES 1975/1 60ª    4838 MARIETA MARIA DINIZ LEMOS 1975/1 60ª    4839 MARY ELISABETH SANTOS MOURA 1975/1 60ª    4840 MAURO HENRIQUE CAMPOLINA FONSECA 1975/1 60ª    4841 MAURO RIBEIRO COSTA 1975/1 60ª    4842 MOZART DE OLIVEIRA 1975/1 60ª    4843 MURILLO CLÁUDIO VIEIRA LATORRE 1975/1 60ª    4844 NELMA CRISTINA MIRANDA DIOGO 1975/1 60ª    4845 NEPHTALI NOGUEIRA DA SILVA 1975/1 60ª    4846 NOEL VICENTE SANABRIA VILLAZÓN 1975/1 60ª    4847 OLGA MAURA AMORIM 1975/1 60ª    4848 ORESTES BRAZ PETRILLO 1975/1 60ª    4849 OSWALDO MACEDO GONTIJO JÚNIOR 1975/1 60ª    4850 PAULINO HENRIQUE ALONSO AGUIAR 1975/1 60ª    4851 PAULO ANTÔNIO MACHADO DA SILVA 1975/1 60ª    4852 PAULO CÉSAR VIANNA NOVAES 1975/1 60ª    4853 PAULO CÉZAR VALE LEAL 1975/1 60ª    4854 PAULO NEVES 1975/1 60ª    4855 PAULO SANTOS PERROTTI 1975/1 60ª    4856 PAULO SERGIO HURTADO 1975/1 60ª    4857 PAULO TADEU DE MATTOS PEREIRA POGGIALI 1975/1 60ª    4858 PEDRO DONATI DO PRADO 1975/1 60ª    4859 PEDRO ERNANI MACIEL 1975/1 60ª    4860 PORCENO MARINO JÚNIOR 1975/1 60ª    4861 PYTHAGORAS CARMO DE MORAES 1975/1 60ª    4862 REGINA COELI TARDIO GOES CARAM 1975/1 60ª    4863 RÉGIS CARNEIRO ANDRADE FILHO 1975/1 60ª    4864 RENATO ALVES 1975/1 60ª    4865 RENATO NOGUEIRA COSTA 1975/1 60ª    4866 RENATO ROCHA LAGE 1975/1 60ª    4867 RICARDO AXEL WALTHER 1975/1 60ª    4873 4868 RICARDO QUEIROZ GUIMARÃES 4869 RICARDO SOARES ÁLVARES  4870 ROBERTO MAGALHÃES PINTO 4871 ROGÉRIO GUERRA SOARES 4872 ROGÉRIO LUIZ PINHEIRO RONALDO AUGUSTO DE SOUSA COSTA 4874 RONALDO DANIEL DA COSTA 4875 RONALDO JOÃO DA SILVA 4876 SAMUEL CAMPOS NEVES 4877 SANDRA MARIA RIBEIRO, 4878 SÉRGIO ALEXANDRE DA CONCEIÇÃO 4879 TÂNIA MARA ASSIS LIMA 4880 TEOTÔNIO MARQUES QUEIROZ TÚLIO CÉSAR DUARTE DE VASCONCELOS 4881 4882 VALENIO PÉREZ FRANÇA 4883 VALÉRIO BAREZANI 4884 VALTER HAMACHI 4885 VANDA CRISTINA PEREIRA 4886 VIRGINIA ADELAIDE PÓVOA 4887 VIVALDO SOARES NETO 4888 WALTER ANTÔNIO PEREIRA 4889 WALTER PAULO DE OLIVEIRA 4890 WELITON BARBOSA SANTOS 4891 WILMA RIBEIRO DRUMOND 1975/1 60ª ZÉLIA MARIA OLIVEIRA ALCÂNTARA  1975/1 60ª

 

 

 

 

 

 

 

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VESPERATA DE 5/7/25 EM DIAMANTINA

João Amílcar Salgado

O habilíssimo neurocirurgião Sebastião Gusmão recebeu fidalgamente a família de seu amigo João Amílcar Salgado a sua residência em Diamantina: Carlos, Sinara, João Vinícius, Helena, Rafael e Ana Luiza. Ele auspiciou adicionalmente sua pousada recém-inaugurada no Beco do Mota. A programação constou da Vesperata, de lauto almoço e da visita ao recém-inaugurado MEMORIAL DO TROPEIRO E DO FERREIRO, criado e enriquecido pelo próprio Sebastião, em homenagem a seu pai, tropeiro e ferreiro, Nathan Gusmão, o queridíssimo Sêo Nozinho. Visita esta estendida ao MUSEU TIPOGRAFIA PÃO DE SANTO ANTÔNIO

A suntuosa residência fica defronte à legendária IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS, que conserva em frente a árvore engastada a uma cruz, referida em impressionante narrativa no livro O RISO DOURADO DA VILA (2020). O criativo neurocirurgião, historiador e globe-trotter da ciência e da cultura acumulou em sua biblioteca preciosidades de inúmeros lugares, sobressaindo a pedra de registro em baixo-relevo (paleta de siltito) do primeiro faraó Menés, de 3100 aC. Foi detido no aeroporto do Cairo com o pesado objeto, mas esclareceu que era dispendiosa réplica. O faraó consta também de O RISO DOURADO, quando o querido Tito Menêis chegou às lágrimas, ao ser informado de sua origem faraônica. Entre livros e objetos, está acumulado também o acervo sobre o sábio francês Afonso Pavie, migrado a Itamarandiba, do qual cedo leremos todo seu fabuloso legado, obra escrita e reescrita pelo Sebastião, ex-nascituro partejado pelo ex-universitário parisiense. O almoço reuniu ilustre gente: historiadores de Diamantina e da UFMG, administradores federais, estaduais e municipais de saúde, educadores, prefeito e familiares. Esboçou-se ali nova modalidade de evento: show de humorismo e erudição de diversos scholars, como tempero à degustação - em vez da palestra tradicional. Foi revelada a imagem da anja diamantinense, na abóbada da Igreja do Carmo (postagem anterior). Lista dos presentes: Helvécio Magalhães, Patrícia Jaime, Natália Gusmão, Luiz Eduardo Miranda, Erildo Nascimento, Joaquim Ribeiro Barbosa (Quincas), Guilherme Nogueira (querido ex-aluno), Pedro Afonso Fernandes,, Mateus Tavares e esposa, Ana Luiza Salgado, Rafael Santos, Leila Lobo Faria, João Amílcar Salgado, Sinara Martins, Carlos Amílcar Salgado, Helena Pimenta Retes, João Vinícius Salgado

Sobre a Vesperata, foi relembrada a missa de lançamento do livro JUSCELINO KUBITSCHEK, O MÉDICO (2000) de Fernando Araújo. Em tal data, após a Vesperata comemorativa, pedimos ao maestro que acompanhasse a missa a JK. Ele alegou que aquilo estava proibido pelo arcebispo D. Paulo Faria. Fomos ao prelado, apelamos por óbvia exceção e ele anuiu. Os músicos se ocultaram nos púlpitos elevados e, na hora da Consagração, súbito trinaram o Hino Nacional. Pranto coletivo inundou a nave. Não bastante, na benção final trinaram o PEIXE VIVO, sob salva de palmas, mais pranto e abraços. Ao comentarmos isso, o notável musicista e raro cirurgião João Meira, me pediu sugestão de músicas, que apresento atualizadas. Desse xará ouvi coisa que guardo para sempre: “João, seu texto sobre A SERPERNTE E A MEDICINA foi o mais perfeito que já li, você é o Antônio Torres de hoje, daí que lhe ofereço meu exemplar-relíquia de AS RAZOENS DA INCONFYDENCIA (1925).’

 

[VERSÃO CORRIGIDA DA POSTAGEM]

quinta-feira, 17 de julho de 2025

 


VESPERATA DE 5/7/25 EM DIAMANTINA

João Amílcar Salgado

      O habilíssimo neurocirurgião Sebastião Gusmão recebeu fidalgamente a família de seu amigo João Amílcar Salgado a sua residência em Diamantina: Carlos, Sinara, João Vinícius, Helena, Rafael e Ana Luiza. Ele auspiciou adicionalmente sua pousada recém-inaugurada no Beco do Mota.  A programação constou da Vesperata, de lauto almoço e da visita ao recém-inaugurado MEMORIAL DO TROPEIRO E DO FERREIRO, criado e enriquecido pelo próprio Sebastião, em homenagem a seu pai, tropeiro e ferreiro, Nathan Gusmão, o queridíssimo Sêo Nozinho. Visita esta estendida ao MUSEU TIPOGRAFIA  PÃO DE SANTO ANTÔNIO

            A suntuosa residência fica defronte à legendária IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS, que conserva em frente a árvore engastada a uma cruz, referida em impressionante narrativa no livro O RISO DOURADO DA VILA (2020). O criativo neurocirurgião, historiador e globe-trotter da ciência e da cultura acumulou em sua biblioteca preciosidades de inúmeros lugares, sobressaindo a pedra de registro em baixo-relevo (paleta de siltito) do primeiro faraó Menés, de 3100 aC. Foi detido no aeroporto do Cairo com o pesado objeto, mas esclareceu que era dispendiosa réplica. O faraó consta também de O RISO DOURADO, quando o querido Tito Menêis chegou às lágrimas, ao ser informado de sua origem faraônica. Entre livros e objetos, está acumulado também o acervo sobre o sábio francês Afonso Pavie, migrado a Itamarandiba, do qual cedo leremos todo seu fabuloso legado, obra escrita e reescrita pelo Sebastião, ex-nascituro partejado pelo ex-universitário parisiense. O almoço reuniu ilustre gente: historiadores de Diamantina e da UFMG, administradores federais, estaduais e municipais de saúde, educadores, prefeito e familiares. Esboçou-se ali nova modalidade de evento: show de humorismo e erudição  de diversos scholars, como tempero à degustação - em vez da palestra tradicional. Foi revelada a imagem da anja diamantinense, na abóbada da Igreja do Carmo (postagem anterior). Lista dos presentes: Helvécio Magalhães, Patrícia Jaime, Natália Gusmão, Luiz Eduardo Miranda, Erildo Nascimento, Joaquim Ribeiro Barbosa (Quincas), Pedro Afonso Fernandes,, Mateus Tavares e esposa, Ana Luiza Salgado, Rafael Santos, Leila Lobo Faria, João Amílcar Salgado, Sinara Martins, Carlos Amílcar Salgado, Helena Pimenta, João Vinícius Salgado

Sobre a Vesperata, foi relembrada a missa de lançamento do livro JUSCELINO KUBITSCHEK, O MÉDICO (2000) de Fernando Araújo. Em tal data, após a Vesperata comemorativa, pedimos ao maestro que acompanhasse a missa a JK. Ele alegou que aquilo estava proibido pelo arcebispo D. Paulo Faria. Fomos ao prelado, apelamos por óbvia exceção e ele anuiu. Os músicos se ocultaram nos púlpitos elevados e, na hora da Consagração, súbito trinaram o Hino Nacional. Pranto coletivo inundou a nave. Não bastante, na benção final trinaram o PEIXE VIVO, sob salva de palmas, mais pranto e abraços. Ao comentarmos isso, o notável musicista e raro cirurgião João Meira, me pediu sugestão de músicas, que apresento atualizadas.

sábado, 24 de maio de 2025

 


SEBASTIÃO SALGADO

João Amílcar Salgado

Todo Salgado de Nepomuceno e de Minas e todos os brasileiros devem conhecer e se orgulhar do maior de todos os Salgados: o mineiro SEBASTIÃO SALGADO. Nasceu, como nós, numa Vila, a de Conceição do Capim, pertencente a Aimorés. Viveu sua infância em Expedicionário Alício, graduou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1964-1967) e realizou pós-graduação na Universidade de São Paulo. No mesmo ano, casou-se com a pianista Lélia Deluiz Wanick. Depois de emigrar em 1969 para Paris, escreveu tese em ciências econômicas, enquanto a sua esposa ingressou na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris, para estudar arquitetura. Salgado inicialmente trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC). Em suas viagens pela África, fez sua primeira série de fotos, nos anos 70, com a Leica da sua esposa.  Tornou-se fotojornalista em 1973. Em 1979, depois de passagens por agências fotográficas, foi encarregado pela Magnum. para uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias do governo  Reagan. Salgado documentou o atentado a tiros cometido por John Hinckley, Jr. contra o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan a 30/3/1981, em Washington.] A venda das fotos para jornais de todo o mundo permitiu ao brasileiro financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à África. Seu primeiro livro, “Outras Américas”, sobre os pobres na América Latina, é de 1986. A seguir, publicou “Sahel: O Homem em Pânico" (também em 1986), em colaboração com os Médicos sem Fronteiras, referente à seca no Norte da África. Entre 1986 e 1992, documentou o monumental "Trabalhadores Rurais". De 1993 a 1999, ele denunciou o desalojamento global de pessoas, em “Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo”, em 2000. Em 2021 publica “Amazônia”, fantástico documentário de nossa vegetação e nossos nativos. A partir de 1998, Lélia e Sebastião começam a recuperar a fazenda degradada herdada por ele e a reflorestam como Mata Atlântica, uma transformação inacreditável.

O ramo Salgado do Sebastião inclui 3 importantes médicos mineiros: Clóvis Salgado, Mauro Ivã Salgado e Dalva Salgado Machado, bem como as duas filhas desta e do Carlos Amílcar (netas do João Amílcar Salgado): Ana Luiza Salgado e Thais Salgado. Estive com o Sebastião uma única vez, quando combinamos um trabalho com fotos da obra do Aleijadinho. Como a prioridade dele era a Amazônia e o Instituto Terra, esse projeto foi sendo adiado e lamentavelmente não se realizou.

Em Portugal vi na tevê um debate entre fotógrafos então considerados os melhores daquele país e fiquei estarrecido com a desvalorização que fizeram do Sebastião. Disseram que os franceses apontam o Sebastião como o maior fotografo mundial e isso para eles era ridículo. Concluí que eram salazaristas, provavelmente ex-assalariados do ditador, e que estavam indignados com dois brasileiros: Chico Buarque e o Tião Salgado, pelo apoio que deram à Revolução dos Cravos.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

 


MARIA LÚCIA GODOY,

O MADRIGAL, PEDRO e JOAQUIM

João Amílcar Salgado

Eu estava no 2º ano de medicina quando foi fundado o Madrigal Renascentista, do qual me fiz fã imediato. Isaac Karabtchevsky, um dos fundadores, era maestro e namorava a cantora Maria Lúcia Godoy. Os dois se casaram neste mesmo ano e um ano depois se separaram. Anos depois houve outro casamento, dessa vez de meu primo e ex-aluno Cláudio Azevedo  Sales. Quando os convidados estavam indo para a fila dos cumprimentos, a Maria Lúcia começou a cantar a CANTILENA (1938) de Villa-Lobos. Ninguém se mexeu e os noivos tiveram de aguardar o fim da inebriante baquiana para finalmente serem abraçados. Anos depois fiz uma conferência comemorativa na Associação Médica sobre o Prêmio Nobel negado a Carlos Chagas. Maria Lúcia me ouviu, pois ia cantar a seguir. Quando ela terminou, ofereci-lhe meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2004, 2020), dizendo-lhe que ela constava do mesmo, o que muito me agradeceu. Anos depois, recebi do meu amigo Pedro Vidigal, seu livro OS ANTEPASSADOS (1979), onde registrou o parentesco do Xico Buarque com a Maria Lúcia Godoi e com o Joaquim da Rilma. Já na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, uma docente de canto lírico me confessou ser fã da Maria Lúcia e disse que a ouviu quando passou por ali. Acrescentou que nada havia mais perfeito do que sua voz de cristal e que a Cantilena marejara-lhe os olhos.