João Amílcar Salgado

domingo, 2 de novembro de 2025

 


CARLOS E JOÃO AMÍLCAR SALGADO NA CÂMARA MUNICIPAL DE NEPOMUCENO

João Amílcar Salgado

Em 17/10/25, a Câmara Municipal de Nepomuceno recebeu os médicos Carlos Amílcar Salgado e João Amílcar Salgado, em memorável sessão sobre o aperfeiçoamento da atenção à saúde local. Foi uma deferência atenciosa a ambos, reconhecidos por muitas famílias da Vila pelo socorro médico, tanto no atendimento de casos individuais quanto em providências institucionais. Foram efusivamente aplaudidos em seus pronunciamentos. Esta data será sem dúvida um marco, mercê de tudo de bom que nossa gente ansiosamente aguarda. Em nome do presidente Túlio Marangoni Morais , do Ostinho e das gentis Liliane Baldoni e Alexsânia Alves, Carlos e João cumprimentam e agradecem a todos os vereadores e funcionários desta ilustre casa legislativa.

João Amílcar, na qualidade de historiador da cidade, autor do livro NEPOMUCENO - SÍNTESE HISTÓRICA (2017), diante do elogio a seu filho, por seu desempenho técnico no alto escalão do Ministério da Saúde, lembrou os méritos dos Vilelas da Vila. De fato, é digna de comemoração a presença recente de membros desta família em altos cometimentos nacionais. Observou que Carlos  Amílcar (Vilela) Salgado tem a honrosa companhia do ministro Afrânio Vilela, guindado ao Superior Tribunal de Justiça, do cientista e ex-reitor de Viçosa Evaldo Vilela na presidência do Conselho Nacional de Pesquisa, do presidente do CTNbio Edilson (Vilela) Paiva, do brilhante cirurgião da UFMG Manuel Jacy Vilela, co-autor do vitorioso planejamento brasileiro  de transplante de órgãos, e do cientista Eduardo Garcia Vilela, estrela maior da gastroenterologia mineira e nacional. Acrescente-se o ator, escritor e cineasta Selton (Vilela) Melo, astro principal de AINDA ESTOU AQUI, premiado com o Oscar de melhor filme internacional de 2025.

Se tudo for confirmado, não haverá mais limitação financeira para a saúde do município, inclusive será honrado o visionário pioneirismo de nosso queridíssimo Dr. Juca (José Augusto de Oliveira Lima), no início do século 20, por ocasião do nascedouro de nossa Santa Casa. No meio daquele século, seu consanguíneo João Amílcar, um dos formuladores do Sus,  militou ali muito jovem, na premonição  da façanha do filho Carlos, ora celebrada.

Na 2ª  foto: Brenda, João, Jorcelina, Ana Luiza e Carlos

 

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

 



 

SÔNIA – COMO ESQUECÊ-LA?

João Amílcar Salgado

Quando o célebre Bar do Michel foi fechado, a Vila foi brindada com o Bar do Sôvinico (Alvim Reis), com duas ótimas notícias: as filhas do dono eram lindas (três delas casadas com parentes meus: Milton/Ivone, Odair/Helena e José/Lalá) e suas mesas-de-sinuca eram de nível profissional. Para meu pai, a ausência do amigo Michel foi compensada por mais um udenista na roda da farmácia. Bem mais tarde, a Vila foi felicitada pelos bisnetos do dono: os talentosíssimos Danton e Selton Melo, consanguíneos de meus filhos, dos quais e dos irmãos a amorosa Sônia ajudou a mana Selva a cuidar.

Mais uma dádiva à cidade: o filho Paulo Reis, o Marolo, além de braço direito do Sôvinico, se transformou, graças ao usufruto da sinuca, no maior astro deste esporte no Sul de Minas. Por minha vez, fui colega de ginásio e amicíssimo do irmão mais jovem Haroldo. Mais que isso, fui namorado adolescente da neta Sônia, inseparável de minha irmã Neusa e de magnético encanto. Incrível caber nas duas meninotas tanta meiguice e tanto romantismo!...

Não faz muito tempo, minha querida prima Helenice me recebeu, junto a amigas, para um café-da-tarde. Fiquei feliz de reencontrar ali a Sônia, a quem manifestei meu pesar pelo falecimento do meu amigo Luiz. Ela revelou que proporcionei a ele as últimas boas risadas de sua vida. Pedia a ela que lesse a lista de apelidos de meu livro O RISO DOURADO DA VILA. E fez isso por repetidas vezes. Emocionado, lembrei-lhes quão querida era a família dele, pois fui colega de turma ginasial do Tião, do Hair e da futura esposa deste, a encantadora Julita. E a bela irmã deles, Maria Helena, se casou com meu primo Dane.

Eu tinha 13 anos, quando a Neusa e a Sônia aguardaram nossa farmácia fechar e foram inspecionar um tesouro para elas: a vitrine de perfumes, esmaltes e batons. De lá vieram com um batom vermelho rutilante. Logo estavam com os lábios de vampe, me chamando pela casa. Eu estava lendo “A Guerra dos Mundos” (de H. G. Wells) e as duas me disseram que eu era a cobaia do batom. Cada uma me beijou num dos lados da face. Fomos para o espelho e achamos lindo! Exigi que limpassem aquilo e fui para o footing na Rua Direita. Na porta do Sôvinico, quem aparece? A filha Lalá que me vem cumprimentar e diz: Oh quem te beijou? Quem beijou limpou, mas a marca ficou! Quem foi? Sendo ela tia da Sônia, fiquei mudo e saí de fininho. No dia seguinte as duas queriam repetir a coisa com outros batons. Eu disse que só aceitaria se a Sônia me deixasse beijá-la na boca. Ela deixou e exclamou: “ delícia!” e eu respondi: “sua boca tem perfume de gardênia...” Desde então as músicas A LENDA DO BEIJO e PERFUME DE GARDENIA, passaram a ser nossas, de nós três - e minhas até hoje. Cliquem nos youtubes abaixo.

Em visita a Nova Friburgo, fui presenteado com três mudas de gardênia e uma delas perfumou nosso jardim por largo tempo. A Sônia passou em frente e pedi que viesse sentir aquele perfume. Ela veio e se lembrou de tudo. Sendo ela viúva e eu desimpedido, beijei-a mais uma vez. E o amor ficou “eterno novamente”.

 

https://youtu.be/pqowd8ZIFjY?list=RDpqowd8ZIFjY

https://youtu.be/1QTgqPBXil8?list=RD1QTgqPBXil8

https://youtu.be/q8cfnPc7Cx4?list=RDq8cfnPc7Cx4

 

VOLIBOLISTAS: Renilze, Telma, Maria, Ivone, Marlene, Hulda, Glória e Sõnia. A Simone, replica da beleza da mãe, me prometeu fotos adicionais.

 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

 



NEPOMUCENO E O METANOL

João Amílcar Salgado

A primeira anotação do metanol na história de Nepomuceno parece datar da criação da cachaça MILONGUITA na década de 40 do século 20, pelos amigos João Salgado Filho e José Antunes Jr (Zequinha).  O farmacêutico Sargado, diante de seu círculo de admiradores, explicou como seria uma cachaça de altíssima qualidade e que um cuidado especial seria evitar que contivesse metanol, o álcool indesejado.  Pouco tempo depois, nos degraus dali, morreria o popular ébrio Cai-Nágua e o dono diagnosticou óbito certamente por metanol. Enquanto o padeiro Eurico César de Almeida Antunes, irmão do Zequinha, insistia no nome Milonguita para a nova aguardente, a turma relembrou as pingas famosas da Vila e a campeã entre elas era a ZUEIRA. Mas o Sargado alertou sobre o nome Zueira, talvez popularizado por alusão a lotes contaminados por metanol. Para atender a alta demanda, o fabricante poderia ter descuidado do controle de qualidade e o nome adotado apontava consequente afecção neurológica.  Outro ébrio era o Govêia, de forte pendor para sambista, que faleceu em coma, pouco tempo após passar a ingerir álcool puro.

            Como pesquisador, logo me interessei pelo espectro sindrômico do alcoolismo, principalmente as causas das variantes clínicas. Isso trouxe duas consequências principais: o movimento antimanicomial, iniciado por minha cooperação com o inesquecível amigo Luiz Cisalpino Carneiro, e minha investigação sobre a relação entre doença de Chagas e o beribéri. Anos depois, verifiquei que muitos pacientes de úlcera péptica burlavam a dieta proibitiva de bebida alcoólica, sem prejuízo à cicatrização da lesão. Para comprová-lo, o mesmo Luiz montou talvez a primeira mensuração da alcoolemia no país, mas os tubos de sangue cuidadosamente coletados, sofreram pane no congelamento. Bem mais recente foi a criação do bafômetro.

Em 1974 iniciamos o ensino contraconsumista na Ufmg. Em 1976 foi instituído o primeiro Procon em São Paulo (de inocuidade extrema). Em 1987, foi criado o Idec (Instituto de Devesa do Consumidor, idem). Em 1988 foi estabelecido o Sus (Sistema Único de Saúde - deveria ser único, mas não é) e em 1990 o Código de Defesa do Consumidor (defesa sem defensor). Em 1991, iniciamos na Revista da Ammg a tradução da Medical Letter (desde 1958) e do Drug & Therapeutic Bulletin (desde 1962), que levou ao Boletim de Terapêutica e Medicamentos do Inamps, graças a Adelmar Cadar. Foi criminosamente interrompido no governo Newton Cardoso.  Em 1999, por proposta nossa para ser nossa Fda, foi criada a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – que, enfim, não vigia nem a publicidade, nem a falsificação, nem a adulteração, nem o contrabando e nem o narcotráfico). Tais aparentes boas iniciativas atraíram respostas contrárias, a começar pela do pelego Magri que, como ministro do trabalho de Collor, em 1990, anunciou que ia desregulamentar tudo.

Desde então, pouca coisa funcionou desejavelmente. Entre inúmeros escândalos, as mortes por metanol são mera ponta do aicebergue consumista generalizado. Participei no Senado, representando a convite o Cfm, de um debate em que o então ministro Magri, olhando para mim, garantiu que qualquer cidadão, mesmo analfabeto, seria autorizado por ele a exercer a profissão de médico.

domingo, 21 de setembro de 2025

 



ROBERT REDFORD, SÔNIA BRAGA E WALTER SALLES JR

João Amílcar Salgado

Em 1986, nos EUA, eu havia aparteado um conferencista sobre o significado do termo “latino-americano”. Pediram-me para fazer uma exposição que pormenorizasse meu aparte. Comecei pela geografia, mostrando que, além do México,  grande parte da América do Norte é de origem latina, ou seja, a porção francesa do Canadá e as porções francesa e espanhola dos EUA. Já a soma das Américas Central e do Sul é quase toda ibero-americana. Mesmo a origem bretã-germânica da América do Norte inclui o componente celta, que também é componente ibérico. No Brasil, a população branca do nordeste e do sudeste é fortemente galega, isto é, celta. Observei a grande afinidade entre os brasileiros e os norte-americanos de origem irlandesa, escocesa e galesa. Por outro lado, as três Américas foram colonizadas sob forte contingente judaico, indígena e negro. Há ampla similaridade indígena, paralela às formidáveis civilizações andina e maia. Comparei sudaneses do norte e bantos do sul, na África e nas Américas.  Citei a obra “O PRESIDENTE NEGRO” de Lobato (antecipador de Obama).

Sugeri que a maior aproximação entre os EUA e o Brasil aproveitasse tais fatos. Pediram-me nomes que eu incluiria em tal intercâmbio. Respondi que citaria dois lamentavelmente mortos e dois vivos: o cineasta John Ford, o escritor Ernest Hemingway, o polímata Alex Haley e o cientista Carl Sagan. Daí que participei de providências para a frustrada vinda de Sagan à UFMG.

Outro estadunidense que na época não era bem conhecido é Robert Redford, um galã com criativa inquietação social. Incluo-o na citada lista, por duas ligações com o Brasil: seu romance com a fascinante atriz Sonia Braga e seus projetos junto ao genial cineasta sulmineiro Walter Salles Jr.

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

 


QUANDO MENINO INVENTEI O PATIM MOTORIZADO

João Amílcar Salgado

Quando menino, fui cortar cabelo no Clide Padilha. Enquanto esperava, 2 ou 3 amigos vieram conversar comigo.  O Baiano Oscar também esperava e acompanhava nossa conversa. Comentávamos o rinque de patinação que o Socônego inaugurou em frente â matriz. Falei então que no futuro aqueles patins teriam motor. O Vando Tambini perguntou se aquilo seria possível. Respondi: não tinha o relógio da igreja e depois inventaram o relógio de pulso?, não tinha o trem-de-ferro e depois inventaram o automóvel e a motocicleta?, então tem o patim e estou inventando o patim com motor. O Baiano falou pro Clide: esse menino acaba de falar a maior bobagem que eu já ouvi na minha vida... Diante daquele homem, que me pareceu um grandalhão, fiquei vermelhinho e não falei mais nada. Tempos depois, quem se tornou um grande amigo meu? O Baiano.

Havia a pesada filmadora do Bembém e depois inventaram a leve filmadora portátil – e desta talvez a primeira da Vila foi a minha. Ironicamente, no carnaval filmei o passista Baiano, que chorou de alegria quando lhe mostrei a cena. Passei a ser o seu médico ocasional e seu interlocutor por horas. Pouco antes de falecer me disse: tenho o maior luxo com meu sítio e você é o único que vai cuidar dele como eu cuido, te vendo. Cometi o grande erro de não o ter adquirido.  Relembro tudo isso agora, quando o assunto do momento é a polêmica dos patinetes, não apenas motorizados mas silenciosamente elétricos. 

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

 


DOUTOR HONORIS CAUSA EM PEDIATRIA

João Amílcar Salgado

Recebi, no meio deste ano de 2025, duas homenagens que muito me emocionaram: 1) como professor universitário, no jubileu de ouro da turma de 1975 da Faculdade de Medicina da UFMG e 2) como historiador municipal, a medalha Mateus Luiz Garcia, no aniversário de minha cidade Nepomuceno. No preparo de meus agradecimentos, revisitei a também comovida homenagem que recebi do Departamento de Pediatria da UFMG, no 7º  Encontro, no Hotel Taquaril, em 1997. Dai, deparei com uma lista relacionável ao ensino da pediatiria, que elaborei a pedido de meu inigualável mestre Enio Leão, segundo ele, para nomear-me doutor honoris causa em pediatria. Este apanhado ficou inacabado e extraviado. Em virtude da importância histórica que pode ter, transcrevo-o aqui, completado.

1.   Aos 12 anos eu era o braço direito de meu pai e aprendi tudo de farmácia galênica, inclusive o critério rigoroso para a dosagem das poções infantis

2.    Desde então fui pediatra informal para familiares e filhos de auxiliares, em nossa casa e na roça

3.   No 1º ano de medicina, perguntei ao professor Liberato DiDio por que não dissecaríamos cadáveres de crianças. Ele ficou tão desconcertado que disse ser a minha dúvida assunto da próxima aula, a qual não aconteceu até hoje.

4.   No 3º ano, tivemos o privilégio de iniciar, na então cátedra de microbiologia, o “convênio da gastrenterite”, pelo qual as crianças, após o exame clínico, tinham suas fezes sob escrutínio bacteriológico. Dai surgiu o centro de hidratação infantil, hoje João Paulo II, e a  projeção nacional de meu colega de turma Josè Aloysio da Costa Val e do excelente Luciano Peret

5.   No quarto ano, o primeiro leito de que cuidei foi no pavilhão de isolamento. Era uma adolescente com suspeita de hepatite, mas logo diagnostiquei drepanocitose. Na apresentação deste caso, em reunião conjunta da clínica médica, citei o efeito da doença sobre a malária, fato que todo o corpo docente ignorava e ainda suspeitaram de que eu estava inventando.

6.   A partir daí, o Geraldo Canabrava, querido colega de turma e colega-estagiário desse atendimento infectológico, me impressionou com seu modo de se relacionar com os bebês e com as mães, bem como sua capacidade excepcional de interpretar sinais e sintomas. Ao mesmo tempo excursionávamos a cidades sem médico, em mutirão de atendimento, antecipador do internato rural.

7.   O impacto das aulas de pediatria propriamente dita, lideradas pelo genial Ênio Leão, me entusiasmou. Em vez de aulas teóricas, cada aluno era escalado para um consultório e tive enorme prazer em acompanhar o sulmineiro Augusto Severo, exímio semiologista pediátrico e cultor da simplicidade terapêutica.

8.   No final do curso, residi no então excelente hospital do IPSEMG, onde a metade do atendimento era pediátrica, com hidratação venosa, inclusive por ambulância. Ali atendi ao lado de eminentes pediatras, os principais deles Clarindo Cerqueira, pioneiro em neonatalogia, Múcio de Paula, virtuose da habilidade clínica e Guy Jannotti, diligente instrutor. Conheci então a magnífica enfermeira pediátrica, a irmã Teca, da qual recebi elogio inesquecível: “pelo que vejo você vai ser pediatra, não?, mas, se for, será dos melhores”.

9.   Dedicado à semiologia médica e professor dela por vários anos, fiz o estudo comparativo entre adulto e criança, e concluí que qualquer curso médico deve colocar os alunos precocemente no atendimento 50%  de crianças, qualquer que seja a pirâmide populacional. Outro estudo comparativo foi entre o parto de cócoras defendido por Galba Araújo e a defecação de cócoras defendida por Silva Melo.

10.       Isso levou à proposta de dois segmentos de ensino ambulatorial: medicina geral de adultos e medicina geral de crianças, afinal adotado na UFMG em 1975 e depois pelo Brasil. O ambulatório periférico e o internato rural são obviamente também pediátricos. Isso significou a maior carga horária pediátrica do mundo. Proposta correlata fora anteriormente feita, em 1967, de uma equipe mínima de três médicos, sendo um deles pediatra dublê de anestesista. Outras iniciativas foram os apoios coerentes à oftalmologia pediátrica através do brilhante Henderson Celestino de Almeida, à cirurgia infantil através dos eminentes  Manoel Firmato, José Carlos Lana e Moacir Tibúrcio, bem como ao ensino simulado em adulto e criança, através do notável Antônio Cândido, junto a Cristine McGuire, mestra do tema.

11.       Sextanista, recebi no plantão uma criança com síndrome de Waterhouse-Friderichsen e os pediatras diagnosticaram meningite.  Discordei e pedi exame para febre maculosa. Foi o último exame feito por meu querido professor Otávio Magalhães, que me parabenizou pelo diagnóstico confirmado por ele

12.       Ainda sextanista, diagnostiquei mononucleose em outra criança. Na época o exame exigia sangue de carneiro. O laboratorista Sales Jesuino esbravejou comigo e falou aos pediatras: “este menino tem de ser proibido de inventar doença, estou bufando de correr atrás de carneiro!” Depois veio me pedir desculpas, porque o exame deu positivo.

13.       Recém-diplomado, reencontrei, com uma equipe, a paciente Berenice da Doença de Chagas, sendo que a descrição da criança inaugural por Carlos Chagas significa o primeiro ou o maior capítulo da infectologia pediátrica no Brasil. A Berenice de Chagas e a Berenice reencontrada estão no livro A PACIENTE BERENICE DA DOENÇA DE CHAGAS (2024).

14.       Encontrei em Nepomuceno uma criança que ingeriu soda cáustica. Trouxe-a ao pronto-socorro e o tratamento foi modelar, se prestando a muitas aulas. Tanto que a menina, apelidada de Sodinha, passou a residir no hospital, protegida por Elmo Perez, e a devolvi à mãe Aparecida da Maria Rosa plenamente recuperada.

15.       Outra criança estava em opstótono em Nepomuceno e eu tinha acabado de participar da montagem do primeiro CTI completo do país, na UFMG.  Trouxe-a e foi o primeiro tétano tratado em CTI no Brasil. A criança se tornou um homem normal que veio, nós dois emocionados, me agradecer recentemente.

16.       O Ênio Leão veio com sua magnífica tese sobre escorbuto, dizendo que me queria testemunha de sua decisão de jogá-la no lixo. O outro Enio (Cardilho) tinha dito que seria da banca e a reprovaria pela ausência de dosagem da vitamina. Arrebatei o texto, fiz a revisão metodológica e lhe dei dez com louvor.

17.       O Edward Tonelli veio com sua magnífica tese sobre salmonelose septicêmica, fiz a revisão metodológica e lhe dei dez com louvor.

18.       O José Silvério Diniz veio com sua magnífica tese sobre síndrome nefrótica, fiz a revisão metodológica e lhe dei dez com louvor.

19.       Indiquei o José Silvério para diretor do Hospital das Clinicas e o Enio para editor da revista médica que criamos. Indicamos Dario Tavares para a saúde estadual, com o fim de implantar o internato rural, e ele perguntou: com que recurso? Respondi: com os dólares que a Kellogg nos deu para a antinatalidade.

20.       Propus a edição de um livro didático sobre clínica ambulatorial de adultos e outro sobre pediatria ambulatorial, redigidos pelo método de resolução de problemas. Ambos foram editados, mas, por pressa, as equipes encarregadas deixaram de lado o método.

sábado, 6 de setembro de 2025

 MINHA LINDÍSSIMA NETA FERNANDA,

 NESTE SEU ANIVERSÁRIO, ME FEZ CANTAROLAR A CANÇÃO AMAPOLA