João Amílcar Salgado

sábado, 27 de dezembro de 2014

O GUEVARISMO CRISTÃO
DO PAPA FRANCISCO


  
João Amílcar Salgado
            Para os radicais do partido republicano, Obama é socialista. Para os radicais da direita católica, o papa Francisco é socialista. Para ambos os agrupamentos radicais, a comprovação dessa rotulação ideológica de Obama e Francisco vem da cooperação entre os dois para reconciliar EUA e Cuba.
            O papa Francisco é jesuíta e foram os jesuítas os autores da mais prolongada  experiência comunista no mundo moderno, quando criaram as reduções ou missões no cone sul das Américas. Em vez do lógico codinome Inácio, decidiu assumir o nome Francisco, sem dúvida para apontar seu modelo de cristianismo calcado em Francisco de Assis, o mais socialista dos santos. Entre as vertentes franciscanas, há inclusive aquela que propõe a substituição da plenitude dos tempos por uma sequencia ascensional, que parte do padre eterno, passa pelo filho salvador e chega enfim ao espírito igualitário. De fato, o Divino Espírito Santo, celebrado nas festas do Divino difundidas por todo o Brasil, é a expressão do acolhimento popular a tal doutrina.
            O papa Francisco é argentino e deve orgulhar-se de ser conterrâneo tanto de Ernesto Guevara como das Avós da Praça de Maio - e também de José de San Matin, de Juan Cesar Garcia, de Carlos Gardel e de Maradona.  E ainda de ter parentesco espiritual com Gabriela Mistral, Pablo Neruda, Salvador Allende, Simon Bolívar e Tupac Amaru. Assim ele está intelectualmente bem distante dos ideólogos seja do partido republicano dos EUA, seja do Salon Beige católico da França.
            Sua referencia como papa é o papa João 23. Sua estratégia vem da consciência de seu carisma. E tem raro senso de oportunidade. Sabe que não pode deixar de aproveitar a oportuna presença de um democrata negro na presidência dos EUA, contemporaneamente a seu papado. E sabe também que a oportunidade de Obama ficar na história, com alguma realização a mais, além de sua dupla eleição, é agora, quando não tem de cuidar de reeleger-se. Esta é, sem dúvida, a base da comunicação entre ambos.
            Obama tem de conseguir, no final de seu governo, três vitórias históricas, no plano interno: consolidar o neo-crescimento econômico, fechar Guantánamo e submeter a National Rifle Association. No plano externo, basta-lhe reatar com Cuba.  É quase certo que isso passou pela conversa entre Francisco e Obama. O cacife de Obama é seu cuidadoso estilo de lidar com racistas e belicistas, estilo este que, em vez de elogios, lhe tem valido acusações de covarde. Ele pode, no final do governo, comunicar a todos que a paciência aí implícita pode findar e que um Obama latente que nunca veio à tona pode emergir e patentear-se. Sim, Obama é o potencial líder de uma guerra civil, evidentemente evitável e anteriormente improvável, de negros e hispânicos contra racistas e belicistas. 
            O Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, desde sua criação, estuda médicos ligados à política, como, entre muitos outros, JK, Clóvis Salgado, Émile Littré,  José Rizal, Norman Bethume e Che Guevara. Quem conhece a biografia do médico Ernesto Guevara e quem acompanhou sua evolução ideológica sabe que o fascínio exercido por ele sobre gerações de várias tendências se assenta em pontos comuns entre este herói, o papa e Obama. O lado supra-marxista do guevarismo terá novo significado se Obama e Francisco continuarem de mãos-dadas.

O autor é professor titular de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais e fundador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais


             

domingo, 14 de setembro de 2014

COLÉGIO ESTADUAL - UMA LEGENDA BELORIZONTINA
João Amílcar Salgado
            Certo dia chegam ao Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais o psiquiatra Ataúlpho da Costa Ribeiro, o cartunista Fernando Pieruccetti e a historiadora Francelina Drummond. Os três propunham publicar a reedição fac-similar do livro ERÁRIO MINERAL (1735), de autoria do cirurgião luso Luís Gomes Ferreira, e a HISTÓRIA DO COLEGIO ESTADUAL DE MINAS GERAIS, de autoria de Pieruccetti.  Que relação havia entre a memória da medicina e o colégio? Foi então que esses três arautos nos comunicaram algo sensacional: investigando as origens coloniais do colégio, Pieruccetti descobriu que neste houve o início do ensino médico no Brasil, em 1801.  O Erário Mineral foi reeditado em 1997, mas a História do Colégio não foi publicada, em virtude do falecimento de Fernando em 2004. O historiador, entretanto, antecipou os dados referentes ao curso de cirurgia, na Revista Médica de Minas Gerais, em 1992 (http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-114956).
            Em 2004, liderados por Ernesto Lentz e Norma Veloso Chaves, promovemos um almoço dos formandos do centenário do colégio, com a presença dos professores Beatriz Alvarenga, Aluizio Pimenta, Elias Murad e Wagner Brandão. Em meio a evocações humorísticas, foi lembrada a urgência de um livro abrangente, antes que muita coisa fosse esquecida ou perdida.
            Prosseguimos na expectativa de que a família e/ou o grande amigo Ataulpho efetivassem a publicação da obra completa de Pieruccetti, o que se espera para breve. Enquanto isso ótima iniciativa teve a coleção BH – A CIDADE DE CADA UM,  que incluiu um livreto sobre o antigo Ginásio Mineiro entre suas publicações. Assim, causando grande interesse, acaba de sair COLÉGIO ESTADUAL (2014) de autoria de Renato Moraes, que enfrentou o desafio de resumir toda a vasta legenda do educandário nos moldes da coleção.  Moraes se saiu muito bem e é provável que, estimulados por seu texto, sejam publicados não só o livro esperado mas os de outros historiadores e/ou ex-alunos e/ou professores. Entre estes, cito a professora Beatriz Alvarenga e o Eulâmpio Morais. Entre os ex-alunos é até difícil citar, tantos que são escritores. Há  também dados sobre o colégio em biografias e auto-biografias. Eu próprio, em meu livro O RISO DOURADO DA VILA (2003), descrevo o colégio ainda no Barro Preto, durante o ano de seu centenário.
            Coincide que neste ano de 2014 completam-se cem anos do antigo prédio da Faculdade de Medicina da UFMG, criminosamente demolido. Abaixo apresento o que escrevi sobre esta data, inclusive a referencia à demolição de duas das sedes do Colégio Estadual, uma delas onde estudei.

TRÊS INESTIMÁVEIS EDIFICAÇÕES DEMOLIDAS EM NOME DA MODERNIDADE
João Amílcar Salgado
            Os edifícios da Faculdade de Medicina, da Faculdade de Direito, ambas hoje da Universidade Federal de Minas Gerais, e do antigo Ginásio Mineiro, depois Colégio Estadual, foram demolidos criminosamente em nome da modernidade, a partir da década de 50 do século 20. Nessa época a modernidade estava em moda por influência da construção de Brasília. Juscelino Kubitschek (JK) não demoliu uma cidade para em seu lugar construir Brasília. Ele deixou o Rio de Janeiro intacto e construiu a nova capital onde não havia qualquer edifício. Quando construiu hotéis modernos em Diamantina e Ouro Preto, ele o fez sem causar demolição de prédios históricos. Assim não seria justo atribuir diretamente a JK as demolições das faculdades e do colégio. Os que decidiram tais demolições estavam influenciados por ele e queriam mesmo imitá-lo – mas de maneira totalmente infeliz. Talvez mesmo desejassem que seus nomes se eternizassem associando-os à eternização, de fato ocorrida, do nome do notável presidente.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWED-OqlRUhPFDu0qB-OTG1B8MI4vDgvsZbVX8F6XPRUhZCxMjhW8XqqMVItYAKEj8tb_Hz8kH_iltdTOVSdedkz1ukYIjrfoDkCg2V5B9c1ULvnTbicd0JCcILC8wb04g7TmBRwGuSKce/s1600/07+Fac.Livre+de+Dir..jpgAntigo prédio da Faculdade de Direito da hoje UFMG, na praça Afonso Arinos, demolido em 1958
http://img407.imageshack.us/img407/2658/ginasio.png
GINÁSIO MINEIRO na RUA DA BAHIA, atrás da praça da liberdade – prédio também criminosamente demolido, prenúncio das demolições ora apontadas
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvoLToXylet7UhiLkfMLaRxBOg8caTYNAnF80jso9VV12-J0XiXJShcdHnR_WwK3_KTASpem8kw35hRENeW-wBYqOmp1jFMwQ-1acFmiI3kZFBTMeM1vHTzCRsb82I2UONvlZ1i8FOceeW/s1600/Gin.Mineiro+1.jpgPrédio do antigo Ginásio Mineiro, depois Colégio Estadual, na avenida Augusto de Lima, demolido depois de 1956 para ser substituído pelo atual edifício do Forum,
            O prédio da Faculdade de Direito inaugurado em 1901, foi criminosamente demolido em 1958 e substituído pelo edifício Antonio Martins Villas-Boas.  O prédio da Faculdade de Medicina foi inaugurado em 1914 e criminosamente demolido em 1958, sendo substituído pelo edifício Oscar Versiani Caldeira.  O Ginásio Mineiro, sucessor do Liceu Mineiro, teve seu externato transferido de Ouro Preto para Belo Horizonte em 1898, onde ficou em belo prédio, na rua da Bahia, próximo à praça da Liberdade, depois criminosamente demolido. Foi transferido para o bairro Serra, depois para onde hoje é o Minas Centro e  acabou-se fixando no bairro Barro Preto (foto). Dali foi transferido para o bairro Santo Antônio (onde havia o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar), com o nome de Colégio Estadual Milton Campos, em novo prédio inaugurado em 1956 e projetado por Niemeyer em 1954. Neste mesmo ano, o belo prédio da avenida Augusto de Lima foi ocupado pelo Colégio Militar. Este foi logo  levado para a Pampulha, para que o histórico prédio fosse criminosamente demolido  e ali instalado o edifício Milton Campos do Fórum Lafayette, em 1980.
            Em 2014 comemoramos o centenário da inauguração do antigo edifício da Faculdade de Medicina, infelizmente demolido em 1958.
Devemos este preciosíssimo risco à devoção de Pedro Nava à memória da Faculdade e de Minas.
Figura 2. Raríssima foto feita por visitante português e publicada em periódico em Portugal, ofertada ao Cememor pelo ilustre arquiteto e historiador Luciano A. Peret.     Trata-se do prédio da Faculdade de Medicina da hoje UFMG ainda em construção e assim provavelmente datada de 1913.
 Figura 3. Foto de 14-06-1958, em que docentes e estudantes deixam à posteridade a prova de seu criminoso menosprezo pela memória de sua Faculdade. A demolição do edifício da Faculdade de Medicina da hoje UFMG começaria no dia seguinte e o professor discordante desse ato, Oromar Moreira, recolheria pedaço de sua platibanda e depois o doaria ao acervo do Centro de Memória, de onde também seria jogado fora.

[TEXTO INICIALMENTE REDIGIDO EM FEVEREIRO DE 2014 PARA A COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DO PREDIO ANTIGO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG, A SER DISTRIBUÍDO NA AULA INAUGURAL DO 2º SEMESTRE DE 2014]

            

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

JAIR LEOPOLDO RASO é um dos maiores neuro-cirurgiões brasileiros. Além disso, é autor, diretor e ator de teatro. Além disso, escreve não só oportunas crônicas médicas como deliciosas crônicas do cotidiano. Todos os clientes que encaminhei a ele se tornaram seus fãs e seus amigos. Ele está na tradição da medicina mineira de unir competência técnica com arte e humanismo, sem que cada área prejudique as demais. Sugiro aos amigos que passem a leitores de seu blogue. E que não percam as peças de teatro de que ele participe.

sábado, 30 de agosto de 2014

ANÁLISE DO DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS EM 26-8-14
João Amílcar Salgado
Qual é o espectro ideológico dos aspirantes presidenciais que debateram na tv em 26-8-14? A petista Dilma, os ex-petistas Marina, Luciana e Eduardo, bem como o ex-brizolista Levy, poderiam ser taxados de mais ou menos esquerdistas. Aécio poderia ser considerado centrista e ficaria para o engraçado pastor Everaldo o rótulo de direitista.  Se isso é fato, tal  espectro deve ter sido decepcionante  para âncoras da extrema direita, como José Roberto Guzzo,  Reinaldo Azevedo e Arnaldo Jabor, que, diante de tais presidenciáveis, concluirão que o país lhes foi surdo, fazendo vã sua feroz doutrinação na mídia. Só lhes restará o apelo a militares eventualmente extremistas.
Afora esta curiosidade, minha apreciação é mais abrangente. Ao contemplar os candidatos e ao acompanhar o debate, de que gostei bastante, deixo de lado o rótulo ideológico simplificado, para explorar as características de nosso populismo esquerdista – que vem atropelando com folga aquele insignificante e desnorteado esquerdismo residual, sobrevivente à ditadura.
Tenho vários amigos hoje partidários do Aécio. Quase todos vinham expressando feroz condenação ao bolsa-família. Quase todos, completavam o veemente anátema por apelidá-lo darwinisticamente de bolsa-preguiça. E não é que tais amigos estão sendo obrigados a engolir o Aécio anunciando não só manter como expandir o bolsa-família? Se Dilma vê Fernado Henrique em Aécio, Tancredo veria a UDN na tucanagem.
Eu era admirador de Mário Covas e acreditava em sua lisura, tanto que, com as denuncias contra seus auxiliares, subornados no metrô dele, sugiro reabrir o caso das mortes de Ulisses e Severo. Minha hipótese é que Covas teve suspeitas do que aprontavam e pediu a Ulisses e Severo para investigar. Deviam estar investigando quando morreram. Como covista, acompanhei a criação do PSDB, ao lado do Buduca (Carlos Becker), e cheguei a ajudar na UFMG o início da administração  do prefeito Pimenta. Neste início, os tucanos eram socialistas democráticos. Acabaram stripers neoliberais. Cardoso enganou Habermas e Mitterand, mas não enganou Florestan.
Por outro lado, fiz parte, junto com Dario Tavares e outros, da preparação dos governos estadual e federal de Tancredo, que nunca deixou de ser getulista de esquerda, apesar de incompatibilizado com Brizola. Ele admirava nossas inovações na faculdade de medicina, apoiou nossa greve em plena ditadura e essa afinidade foi fator de sua entrada na Campanha das Diretas. Tais inovações em educação e saúde  seriam aproveitadas nacionalmente, caso houvesse a posse e o governo Tancredo Neves. Estão escondendo isso do Aécio? 
Acontece que os governos federais, a partir de Sarney, Color e Itamar, primaram pelo desmonte de cada uma de nossas conquistas e impediram a sustentação da inovação mineira.  Sarnei, trêmulo diante da prepotência de Margareth Thatcher e de Ronald Reagan, passou a fazer o contrário de tudo o que Tancredo ia fazer, particularmente favorecendo as universidades católicas em detrimento das federais. Itamar, que, por pressão de denúncias mineiras, acabou com o corrupto Conselho Federal de Educação, quando voltou a Minas para ser governador, teve atitude oposta para com o Conselho Estadual de Educação – e o resultado é o horripilante desastre que aí está, de uma escola de medicina a cada esquina e a importação emergencial de médicos. 
Tudo isso tornou ininterrupto o sucateamento das universidades públicas, o corte orçamentário e o rebaixamento salarial, transformando os hospitais universitários em caricaturas assistenciais. Agora mesmo está acontecendo aquilo que seria antes impensável: a USP está leiloando seus excelentes hospitais universitários.  Mas o principal malefício foi o vilipêndio da educação e da saúde, convertidas em covil de gente gananciosa, obcecada com o lucro a qualquer custo, sob o comando perverso de apedeutas encastelados em organizações crescentemente milionárias, ornadas com quase todas as características do crime organizado.
As perspectivas mundiais pareciam melhores após Bush. Logo tudo voltou a piorar e hoje estamos assistindo crimes e mais crimes contra a humanidade, principalmente indizíveis atrocidades contra as crianças.  Já a América do Sul, antes infelicitada pelo triste trio neoliberal Menem-Fujimore-Henrique Cardoso, viu emergir, em reação, o trio populista Evo-Chaves-Lula. Ambos os trios exibem, em comum, olímpica indiferença pela saúde e pela educação. Seus sequazes acharam de bom tom mostrar que acompanham a tendência mundial. Se Thatcher foi copiada na Alemanha por Angela Merkel, os daqui inventaram a versão esquerdo-populista do neo-tatcherismo de Merkel com o trio Dilma-Kirchner-Bachelet, todas três descendentes próximas de europeus. Cristina, como num tango, se inspira em quem mais odeia (Thatcher); já Bachelet rima com Pinochet enquanto Dilma é uma sinhá-braba modernosa. Mas há os radicais que querem que tais mulheres sejam substituídas por versões indígenas sul-americanas. Já que o trio Evo-Lula-Chaves é fortemente indígena, o Brasil, como líder, se antecipa com Marina.
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sábado, 23 de agosto de 2014

Ceprocamp em Campinas, em 28-8-14, 19:00

Nepomuceno guarda invejável tradição educacional, que transborda pelas cidades vizinhas e alcança Belo Horizonte, Ouro Preto, Viçosa, chegando até as cidades paulistas de São Paulo, São Carlos, Ribeirão Preto e Campinas. Ambrosina Castelar, nossa querida Zizina, é a nepomucenense adotiva que ora lança seu livro A PESQUISA E A TECNOLOGIA NA FORMAÇÃO DOCENTE (Ceprocamp, Campinas, 28-8-14, 19:00). Estaremos virtualmente ali presentes, entre os que aplaudirão entusiasticamente a autora, Aplauso não apenas à obra tão importante nestes momentos decisivos para o Brasil. Aplauso também à inteligência, à cultura e à simpatia dessa notável mulher.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

UTILIDADES OPORTUNAS  DA COPA:

1 - QUEREMOS QUE A SEGURANÇA PREPARADA PARA A FIFA SEJA MANTIDA AGORA PARA O POVO

2 - QUEREMOS NÃO SÓ A DEMISSÃO DO FELIPÃO, MAS TAMBÉM A DEMISSÃO DE TODA A CÚPULA DA CBF
BOLINHO DE ESPINAFRE COM OVO – IGUARIA NEPOMUCENENSE
Leila Lobo Faria Salgado
Cleusa Lourenço
Evangelina Salgado
1. Um molho de espinafre picado como couve
2. Cebolinha e salsinha picadas como couve
3. Uma cebola ralada
4. Um ovo
5. Uma pitada de pó-royal
6. Uma xícara de queijo ralado
7. Uma xícara de farinha de trigo
8. Pimenta malagueta, se quiser
9. Misturar tudo

10. Retirar a mistura com uma colher, colocando separadamente cada colherada  para fritar em óleo não muito quente

segunda-feira, 7 de julho de 2014

GUILHERME CABRAL


Os familiares e amigos do Prof. Dr. Guilherme Cabral Filho estamos em profundo pesar por seu falecimento. Sendo o mais eminente neurocirurgião de Minas, nasceu sulmineiro de Muzambinho e se fez uma das mais proeminentes figuras do distinto clã Vieira da Silva – Ferreira de Brito, povoador da região. Além de pertencer ao mesmo clã, me liguei a ele desde os primeiros dias na Faculdade. Ele tinha sido o primeiro no vestibular do ano anterior e veio ser meu monitor de histologia, ao lado de Ângelo Machado. Logo me juntei a ele, ao Marcos de Mares Guia e ao Emir Soares na aprendizagem da língua alemã. Depois de sua volta da Alemanha, fomos, pela vida toda, colegas de docência na UFMG. Num carnaval não muito distante, a Leila (muito amiga da Solange, sua esposa) e eu fomos passear em sua fazenda, com um grupo de companheiros, em convivência inesquecível. Tenho certeza de que a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia vai fazer-lhe a mais justa e a melhor das homenagens. 

terça-feira, 1 de julho de 2014

CATAÇÃO  DE  RISCO

João Vinícius Salgado
João Amílcar Salgado

Na cidade sulmineira de Nepomuceno, logo após a ditadura Vargas, a tensão política ficou alta. Era a conseqüência natural do entusiasmo pela redemocratização. Assim se reuniram as condições para que um dentista, Sílvio Veiga, e um farmacêutico, João Salgado Filho, caracterizassem uma entidade clínica: a CATAÇÃO-DE-RISCO. 
O Sílvio Veiga entrou de cheio na disputa eleitoral, dirigindo o jornal 29 de Outubro. Dirigia também o serviço de alto-falante onde o locutor era o Nadinho-do-Sô-Bem. O Nadinho leu: - Soubemos que o delegado Júlio Lima andou dizendo que nosso  serviço de alto-falante é bobagem, já que a prefeitura de Nepomuceno é um abacaxi. Nosso diretor, dr. Sílvio Veiga,  responde que, se é abacaxi, deve ser um muito doce, porque o dr. Rubem Ribeiro chupou esse abacaxi durante  quinze anos e não largou um minuto
Depois dessas e outras, o Sílvio chega à farmácia do Salgado e diz estar alarmado com ele próprio. Não conseguia andar sem evitar pisar nos riscos do passeio. O farmacêutico deu-lhe um frasco com drágeas de complexo de vitamina B (remédio em moda), dizendo que, depois da medicação e das eleições, o aguerrido odontólogo estaria ótimo. Quinze dias depois, o Sílvio voltou, porque a coisa piorou. Agora era o  contrário: só conseguia caminhar se fosse catando os riscos para pisar neles. 
- Salgado, você já leu em algum livro sobre estes sintomas, que será o que eu tenho?  - Já li sim, se você começou catando os riscos  para evitar pisá-los e agora os está catando, exatamente para pisá-los, o diagnóstico está completo! -  E que doença é essa? - Já foi muito estudada e não é grave, chama-se CATAÇÃO-DE-RISCO, cada um de nós, alguma vez na vida,  já catou risco – continue com a vitamina...
Tempos depois, o filho do farmacêutico, então estudante de medicina, acompanhava sua tia em  consulta ao professor Lucas Machado.  - Que a senhorita sente?  - Ah doutor, estou numa catação de risco danada! - O quê?!..., a senhorita está no quê?!... 
E o estudante teve de dar uma aula ao consagrado mestre sobre a endemia nepomucenense.  Ele ouviu de olhos arregalados, achou tudo interessantíssimo e acabou recordando que a expressão não lhe era estranha. De fato, tinha várias clientes nepomucenenses.
O Sílvio Veiga, depois de ter parado de catar risco, perguntou onde o Salgado lera sobre catação-de-risco. O farmacêutico, que era um tremendo humorista, disse que nada ainda havia sido publicado e nem o nome da doença constava de livro ou revista. Mas, para provar que aquilo não era pura invenção, citou o caso mais impressionante de catação-de-risco de que tivera notícia. Ocorreu no consultório do Dr. Matias de Vilhena, que foi o maior clínico de São Paulo e era campanhense.
Um homem chegou para consultar porque, dia e noite, parecia ter um passarinho dentro do ouvido. O minucioso exame revelou que não havia lesão, nem no ouvido, nem no cérebro. Mesmo assim, o hábil médico disse que ia operá-lo e deu-lhe um remédio para dormir.  Quando o paciente acordou,  o doutor estava com um passarinho na mão e lhe disse: Agora o senhor está livre deste bichinho!
Para surpresa do próprio Dr. Vilhena, o homem ficou de fato completamente curado.  Passados cinco anos, o clínico encontrou, por acaso, o ex-cliente e, por ser muito escrupuloso, sentiu necessidade de revelar seu truque. Contou-lhe que aquilo fora simulado. Resultado: o passarinho voltou a cantar no ouvido do pobre coitado...
            Recentemente o filme MELHOR IMPOSSÍVEL ganhou o Oscar, exibindo vergonhoso plágio, pois o ator Jack Nicholson vive ali personagem atormentada por quadro literal de catação-de-risco. Pelo enredo, ele é um novaiorquino que se vale da catação para blindar o coração contra a ternura.  Diante disso, o eminente cirurgião e clínico José Maria Veiga Azzi, sobrinho do Sílvio, e os presentes autores, neto e filho do farmacêutico, estão estudando como entrar com processo de direito autoral contra os produtores da fita.
Mais recentemente, também, o Guga, tenista brasileiro campeão do mundo, apareceu no vídeo evitando pisar nos riscos da quadra, ao sair de um jogo. Tal catação-de-risco explica a inconstância de seu desempenho E não é a primeira vez que nossa gente é remedada, pois no filme O ÜLTIMO TANGO EM PARIS, o ator Marlon Brando comete outro plágio, desta vez contra o Passata, pretenso tanguista nepomucenense, que muitos anos antes de Brando, viveu, no cabaré Montanhês, a cena final da fita.  Nossa querida cidade não pode continuar tolerando isso.
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O primeiro autor é mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutor pela Universidade de São Paulo, em neurociências,  e  o segundo  é professor titular de Clínica Médica e pesquisador em História da Medicina da UFMG.  

sábado, 10 de maio de 2014

DOUTORA ADRIANA OLIVEIRA VILELA

Nesta 6ª feira, 9-5-14, em memorável defesa de tese de doutorado, na Escola de Engenharia da UFMG, foi aprovada a Adriana Oliveira Vilela, filha do querido casal Ramilc - Maria Helena. Tive a enorme satisfação de estar presente, ao lado de familiares, amigos, estagiários e docentes, não só por ser acontecimento que faz transbordar de orgulho qualquer nepomucenense, mas pela oportunidade de apreciar como a Adriana se sairia em tão alto desafio. Deve ter sido muito raro que uma moça tão linda, ainda mais de aparência adolescente, tenha protagonizado uma etapa final de doutoramento, ainda mais em engenharia. E, para aumentar a excepcionalidade do fato, sua tese é também rara, tanto no mundo acadêmico como empresarial. Trata de inovação tecnológica para os fornos de carbonização, desenvolvida não em laboratório universitário, mas nas dependências de uma empresa privada. É o momento, pois, em que a universidade e a empresa de abrem uma para a outra, sem qualquer transgressão da independência e da liberdade de cada qual. Por mais de uma evidência, estamos diante de uma invenção destinada a repercussão internacional, inclusive por sua validade ecológica. Quem lucra com isso é o país, que necessita disso: saltar sobre variados e sucessivos fossos tecnológicos. Estão igualmente de parabéns os habilitados especialistas da banca examinadora, que souberam reconhecer esta afortunada convergência entre pertinaz dedicação e reiterada criatividade. Mil felicitações à Adriana e a seus familiares.

domingo, 4 de maio de 2014

BAETA VIANA, A BALEIA E O ZEBU
João Amílcar Salgado
            Em 2014/15 comemoram-se os 80 anos da Exposição de Zebu no Brasil e 70 anos do Hospital da Baleia. Entre os principais pioneiros do zebu em Uberaba, encontram-se descendentes de famílias de Nepomuceno e região, como os Costa (colonizadores da região de Uberaba, Desemboque, Ituiutaba, Franca, Mococa e Barretos), os Carvalho, os Andrade e os Borges. Ali se uniram aos Prata, aos Rodrigues da Cunha e a outros.
Há interessante dupla relação histórica entre o zebu e Baeta Viana. Por sinal, o professor José Baeta Viana, o maior bioquímico brasileiro, foi mestre de conhecidos médicos ligados a Nepomuceno: Rubem Ribeiro, Décio Lourenção, João Pereira Neto, João Sebastião (estudante de medicina), Aprígio de Abreu Salgado, Adauto Barbosa Lima, Alberto e Maurício Sarquis, Oscar Resende Lima, João Batista Veiga Sales, Geraldo Lima, José Elísio Correa Lima, Edward Tonelli e Waltenir Salgado. Honra-me pertencer a este grupo, razão que me leva a fazer o presente relato. Vale lembrar também que o Hospital da Baleia, idealizado por Viana, se localiza junto à fazenda Taquaril, da família Veiga de Nepomuceno
Em 1943 houve o Manifesto dos Mineiros, forte golpe contra a ditadura Vargas. Em 1944 estava programada a inauguração do Hospital da Baleia e o serviço de informação da ditadura esperava que neste evento Baeta Viana fizesse violento discurso contra Getúlio Vargas. O interventor Benedito Valadares tramou fazer uma exposição de zebu no parque da Gameleira em Belo Horizonte, como pretexto para trazer Vargas à cidade. No momento da inauguração do Hospital da Baleia, chegam “de surpresa” Benedito e Getúlio. O esperado discurso do Baeta não ocorreu, ele falou sobre a obra e, de hostil, apenas deixou de cumprimentar o ditador.

Anos depois, Baeta Viana foi padrinho de casamento de um ex-aluno em Uberaba. Os fazendeiros orgulhosamente exibiram seus bois ao cientista. Baeta os chocou com seu comentário: o zebu parece ótimo negócio, mas do ponto de vista bioquímico é um erro.  E explicou que o boi ocupa a todos para transformar vegetal em carne e melhor seria plantar diretamente um vegetal equivalente à carne. Perguntaram quase em coro: e este vegetal existe? Ele respondeu que era um feijão oriental chamado soja, que então todos ali ignoravam.  O noivo foi interpelado por que arranjara um padrinho de idéias tão absurdas!... Décadas depois grande parte dos pastos foi coberta pela soja.
AINDA O CENTENÁRIO DE CARLOS LACERDA
João Amílcar Salgado
            No livro O RISO DOURADO DA VILA (2003) relato minha primeira aula de dermatologia. O professor Osvaldo Costa, o maior dermatologista das Américas, entra e encontra, logo na frente, dois alunos lendo jornais: o Paulo Dias lia a ÚLTIMA HORA (do getulista Samuel Wainer) e eu lia a TRIBUNA DA IMPRENSA (do antigetulista Carlos Lacerda). Ele arrebatou ambos os jornais, abriu sua maleta, retirou o ESTADO DE MINAS e o exibiu, para nos ensinar: por esses dois jornais aí o mundo vai acabar depois de amanhã, vocês devem ler este aqui - por este o mundo está indo às mil maravilhas. E acrescentou: a medicina exige estudo diário, em tempo integral, e este jornal aqui nos dá tranquilidade para isso – é esse meu truque para ser o que sou.
            O Lacerda escrevia uma coluna no CORREIO DA MANHÃ chamada “Tribuna da Imprensa”, daí derivou seu jornal, no qual também brilharia o Hélio Fernandes, irmão do Millor Fernandes, dois irmãos geniais. Com a morte de Lacerda, Hélio ficou com a TRIBUNA. Além de ler seu jornal, os estudantes acompanhavam os discursos de Lacerda pelo rádio precário da época. Que espetáculo seria hoje, pela tevê, ao vivo! [Ver www.youtube.com/watch?v=gc4Z4hj_g1M e www.youtube.com/watch?v=kB7UpY-aP7Q]
            Os estudantes de direito, medicina, engenharia e outros eram fãs dos grandes oradores ou locutores e os comparavam: Lacerda versus Afonso Arinos, Pimenta da Veiga (pai) versus Pedro Aleixo, Evandro Lins versus Aliomar Baleeiro, Paulo Pinheiro Chagas versus Adauto Lúcio Cardoso, Tancredo Neves versus JK ou César Ladeira versus Paulo Gracindo. Na faculdade de medicina comparávamos Hilton Rocha e José Feldman. Este possuía bela voz mas só depois de grande esforço autodidático passou a notável expositor.
            Eu, que venho sendo orador desde os dez anos, queria falar como o Lacerda, enquanto meu primo José Maria Ribeiro queria falar como o Pimenta da Veiga. Eu conseguia imitar o Pimenta e o Hilton Rocha, mas achava o Lacerda inimitável. Além de procurar imitar tais astros, sugeri ao Zé Maria treinar com a teatróloga portuguesa Esther Leão. Ela cobrava caro, mas ele achou que, para seu futuro, valia a pena - e teve aulas com ela. Nisso foi colega do Lacerda, de Helder Câmara e outros famosos. O Lacerda aprendeu dela emitir tão bem seu vozeirão que dispensava microfone, como verifiquei em palestra que fez na Associação Médica. Nessa época, eu tinha cara de menino e ele me deu carinhosamente seu autógrafo.

A oratória do José Maria Ribeiro era admirada por mim, pelos demais nepomucenenses, por seus contemporâneos na faculdade e pelos juristas. Entre tantos, lembro os desembargadores Celso Alves de Melo e Lúcio Urbano, além de seu mestre e primo João Pimenta da Veiga. 
CARLOS LACERDA E SEUS DOIS ÊMULOS NA UDN MINEIRA
João Amílcar Salgado
Em 2014 acontece o centenário de Carlos Lacerda, que disputa com Rui Barbosa o título de maior orador brasileiro.  Por meio do jornalismo, tornou-se um dos principais políticos do país, após a segunda guerra mundial. Muitos o apontam como maior inimigo do ditador Getúlio Vargas, mas Baeta Viana, professor da Faculdade de Medicina da hoje UFMG, o antecedeu e concorre com ele por este título. Na política, seu rompante e sua fluência foram armas poderosas, mas não era bom em estratégia eleitoral. O melhor estrategista de seu partido era o mineiro Oscar Dias Correa.  Lacerda, Baeta e Oscar eram muito influentes na União Democrática Nacional (UDN), partido antiditadura. O notável orador Adauto Lúcio Cardoso, era o udenista mineiro que mais se aproximava do estilo lacerdista.
Carlos Lacerda é neto do jurista e ministro Sebastião Lacerda, cujos filhos se tornaram líderes do movimento comunista brasileiro, um deles, Maurício, pai de Carlos.  Este herdou e superou a flamejante oratória do pai, tornando-se grande promessa da juventude comunista. Sendo fluminense, era também Werneck, família de origem mineira. Refugiou-se em fazenda de Minas, onde teve vagar para escrever uma análise marxista do vale do rio São Francisco. Mais tarde asilou-se numa república de estudantes de medicina de Belo Horizonte.  
No fim da segunda guerra, moveu-se rumo aos ideais democráticos da UDN. As frustrações eleitorais desta o levaram, junto com os principais udenistas, para o caminho antidemocrático, em lamentável declive, até chegar à extrema direita, apoiando e participando do golpe de 1964.  Os grandes beneficiários da ditadura emergente procuraram livrar-se de Lacerda, de JK e de qualquer outra liderança civil. Assim, restou a Lacerda unir-se a seus antigos adversários JK e Jango. Como Lacerda, JK e Jango morreram em seguida, surgiu a suspeita de que foram eliminados planejadamente.

Oscar Dias Correa tinha levado a UDN a surpreendente triunfo eleitoral em Minas, em 1947. Se, em vez de Lacerda, Oscar fosse ouvido no plano nacional, teria havido um governo verdadeiramente udenista, isto é, democrático, na sucessão de JK -  em vez do desatino representado por Jânio Quadros. E o Brasil teria sido poupado do abismo que durou 20 longos anos: de arbítrio, brutalidade e obscurantismo. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

MINAS E AS DIRETAS-JÁ
João Amílcar Salgado
            Os historiadores mineiros têm dificuldade no relato de episódios em que Minas aparece mal na história do Brasil. Três episódios podem servir de exemplo. O primeiro foi quando Getúlio Vargas inventou a personagem caricata e sonsa de Benedito Valadares, para se livrar de três correligionários tidos como inteligentíssimos: Antônio Carlos, Capanema e Virgílio Melo Franco, sem os quais os revolucionários de 30 não triunfariam.  O segundo foi quando o líder estudantil Herbert José de Souza, o Betinho, foi passado para trás na eleição para presidente da União Nacional de Estudantes, entidade que, caso sob seus liderados, evitaria certamente o golpe de 64. O terceiro foi quando mineiros foram usados não só para dar início a este golpe como para a tentativa de sua legitimação, por meio de figuras até então respeitáveis no cenário político.
            Americano Freire, fluminense que veio para professor de medicina em Minas, ofereceu explicação endocrinológica para isso. A falta de iodo em nossas montanhas faria com que homens de notória inteligência comprem o Pão de Açúcar no Rio e bondes em São Paulo. A própria origem de Minas explica melhor. Quando descobertas as minas, houve a maior corrida do ouro do mundo, vindo gente de todo o Brasil e de fora da colônia. A população inicial compreendia dois grupos: 1) os que recolhiam ouro, diamante e outras gemas e desapareciam; 2) os que gostaram daqui e aqui se enraizaram. Estes escondiam daqueles suas mulheres e seus baús - e entre si criaram rigorosos códigos tácitos. Quando em outro lugar, julgavam ali vigentes tais códigos. Daí surgiu, inclusive, o anedotário do “mineirim”, tão popular na internete.
            Todo esse preâmbulo é para melhor historiar a relação entre Minas e as diretas-já. A idéia de luta pela eleição presidencial direta, como término da ditadura, surgiu da anistia, em 1979 – conquistada graças ao heroísmo de Teotônio Vilela. Veio a se transformar em campanha nacional em 16-4-1984 no célebre comício do Anhangabaú em São Paulo, no qual Tancredo Neves foi o primeiro a discursar. Ao lado dele estava Milton Nascimento.
Dois anos antes, em 1982, houve a maior greve em universidade federal, durante a ditadura. Exigia-se a eleição direta para diretor de faculdade.  O movimento foi deflagrado na Faculdade de Medicina da UFMG, estando Tancredo Neves em campanha para governador de Minas. Os grevistas obtiveram do candidato pleno apoio a sua reivindicação. A congregação da faculdade, vergonhosamente, não acatou a lista de docentes (um deles eu) eleita pelo voto direto e paritário de docentes, estudantes e funcionários e fez sua lista própria, com ultraconservadores apoiadores da ditadura. Tancredo Neves confessou mais tarde que seu engajamento na campanha das diretas-já remontava a esta greve. Isso contradiz a declaração de Ulisses Guimarães de que Tancredo não era pelas diretas até que ele, Ulisses, o convenceu a se engajar.

            Ainda mais cedo, em 1980, na inauguração da sala Borges da Costa do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, Tancredo aplaudiu os discursos do estudante Jésus Fernandes e do professor Amílcar Viana Martins, ambos bradando inauditas e audaciosas palavras contra a ditadura vigente.  Isso mostra que Tancredo já se encontrava, antes de 1982, em oposição aberta aos poderosos de então. E mostra a aproximação dele com a Faculdade de Medicina, de tal modo que, durante o preparo de seu governo estadual, solicitou dela subsídios nas áreas da saúde e da educação. Mais que isso, no esboço de seu governo nacional, preparava profunda transformação na educação e na saúde, a partir da experiência acumulada na mesma Faculdade. 
JOSÉ BENTO TEIXEIRA DE SALLES
ELE FAZ A GENTE TER ESPERANÇA NA HUMANIDADE
Sua última crônica publicada no EM Cultura ontem lembrava os bons tempos do futebol brasileiro (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press - 26/6/10)
João Amílcar Salgado
            Conheci, antes dele, o irmão Fritz Teixeira de Sales, notável pensador, admirado por toda a minha geração. Tive como fraterno colega de turma na Faculdade o menino prodígio dos Teixeira, o João Augusto Moreira Teixeira, primo dele e filho de Carlos Martins Teixeira, este o corajoso denunciador da silicose em nossas minas. Outros dois primos dele por quem tenho especial estima são  CamiloTeixeira da Costa e Márcio José de Castro Silva.  Havendo tais antecedentes, chegou o dia em que o José Bento aparece no Centro de Memória da Medicina para nos entregar o livro de sua autoria MILTON CAMPOS  – UMA VOCAÇÃO LIBERAL (1975). Explicou: o Milton está na história da medicina mineira porque nomeou Baeta Viana para seu Secretário de Saúde.
            Bem mais tarde, houve a homenagem da Academia de Medicina ao centenário de Adelmo Lodi, quando falei em nome da Faculdade. Ali me penitenciei diante da família pelo violento discurso de orador da turma que pronunciei em 1960, estando Adelmo presidindo, como reitor em exercício, a formatura do curso médico. Confessei que Pedro Nava me fizera rever a imagem dele e que semelhantemente Paulo Pinheiro Chagas me fizera rever a imagem de Kubitschek. No dia seguinte, bem cedo, me telefona o José Bento: você me tirou o sono, pois agora eu também passo a rever a imagem do Juscelino. Respondi que era nosso dever de ex-udenistas tal atitude de grandeza.
            Quando chega o centenário de Clóvis Salgado, o José Bento me pede um texto sobre ele, destinado à revista da Academia Mineira de Letras. Mandei um ensaio intitulado  CLÓVIS SALGADO – A MESMA HABILIDADE NA CIRURGIA E NA POLÍTICA. Uma frase desfavorável a Jarbas Passarinho, quando relato que este coronel foi extremamente grosseiro com o Clovis, foi suprimida na revista. Falei ao José Bento que iria acusar a revista de censura e este disse que acabaria responsabilizado pelo ato, que de fato ignorava. Para não atingi-lo, combinei que nada faria e apenas republicaria o texto integral. E assim está no livro ENSINO DA MEDICINA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS (2013).
            Quando chega o centenário de Hilton Rocha, o José Bento novamente me pede um texto para a mesma revista. Sem a mínima objeção, mandei um ensaio intitulado HILTON ROCHA – A FLUÊNCIA DO ORADOR EMOLDUROU SEU TRIUNFO CLÍNICO E CIRÚRGICO. Também este texto está integralmente no mesmo livro, para que os interessados leiam a versão não editada pela revista. E o José me agradeceu a colaboração incondicional de verdadeiro amigo, pois vários admiradores de Hilton o procuraram para dizer que ficaram ali sabendo de várias facetas do oftalmologista que do contrário jamais conheceriam. Uma dessas facetas é o parentesco entre Hilton e a família de meu colega de turma Sérgio Almeida de Oliveira. Este notável cardiocirurgião me enviou mensagem agradecendo a referencia a essa ligação, tão cara a nós sulmineiros.
            Talvez o fruto mais interessante do sólido vínculo entre José Bento e o Centro de Memória seja uma pesquisa feita por ele e o José Sílvio Resende, extraordinário cirurgião e minucioso investigador, tanto em ciência como na memória da medicina . José Sílvio se deu ao árduo trabalho de esclarecer a até então quase desconhecida ligação entre os luminares Henrique Marques Lisboa e José Baeta Viana e um humilde barbeiro, o sêo Santos – que cortava o cabelo e fazia a barba de gente ilustre em frente ao antigo Cine Metrópole. Pois bem, toda a obra de benemerência dos dois professores não teria sido possível sem a participação desse santo homem, engajado na proteção ao tuberculoso pobre de Belo Horizonte. E o José Sílvio não teria localizado a família de José dos Santos se não fosse a ajuda essencial de José Bento Teixeira de Sales, a partir de uma de suas implacáveis crônicas sobre  nossa vida cotidiana.
            Por aí se pode imaginar que preciosidades estão acrisoladas nas nove obras que publicou. Por elas dá para perceber que José Bento sofreu o mesmo tormento dos cronistas que se sentem desafiados ou são desafiados por outrem para que libertem o romancista enrustido neles. Quantos romances estão no DNA de suas crônicas e de suas fábulas? No caso dele não são só ficção mas sociologia da boa.  

          De minha parte, como historiador, ando às voltas com pesquisas que envolvem o José Bento, o qual, além de Teixeira da Costa, é Viana e Sales. Estudo de longa data  a família Viana do centro de Minas, com importantes personagens em nossa Faculdade de Medicina e na própria história de Minas. De outro lado, estudo as três famílias Sales de Minas: do Serro, de Lavras e de Santa Luzia – de importância análoga.  Perguntei pormenores dessas gentes a Zé Bento e ele anulou minha esperança, completando: toda família tem um interessado nisso e, infelizmente, não sou esta pessoa.  Pensei: ele me frustrou, mas, ao mesmo tempo, me aguçou a curiosidade sobre aquilo de que sua elegância passou ao largo. Afinal localizei essa pessoa no brilhante consanguíneo Eduardo Viana de Paula (ver Sumidoiro´s Blog).

Em 1984,  o mineiríssimo médico Japhet Dolabella publicou o fundamental livro SANTA LUZIA NASCEU DO RIO...  O prefácio, como não podia deixar de ser, é de José Bento Teixeira de Sales, que se diz feliz com a saudade com que o autor recheou as ternas páginas: ... o Rio das Velhas, então caudaloso, que desaforava adiante São Francisco, os córregos dos banhos furtivos da mocidade, os becos das verdades inconfessáveis, os campos repletos de gabirobas e mangabeiras, a boiada atravessando a cidade, com o touro bravo se desgarrando para por em pânico a quietude do nirvana luziense, o velho teatro, iluminado com tímidas gambiarras e enfeitado  por cenários desbotados e bizarros, o sobrado do Rafinha, em cuja venda se encontrava de tudo, desde urinóis e foices até a mais pura renda francesa, o adro do Rosário, a Rua Direita, calçada por alvos seixos roliços, a Matriz, o Largo e, ao fundo, o sobrado senhorial do “Sô” Aurélio, com o seu admirável museu particular.
            Qual de nós mineiros não se irmana ao Zé Bento na emoção concentrada neste parágrafo?

O autor é professor titular de Clínica Médica e pesquisador em História da Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais


A DITADURA 64-85 E A CORRUPÇÃO NO BRASIL
João Amílcar Salgado
            Os antecedentes da ditadura 64-85 podem ser apontados sob três aspectos. O 1º é a aprendizagem oferecida por ditadores da primeira metade do século 20, principalmente  nazifascistas, estalinistas e caudilhos, um destes Getúlio Vargas. O 2º é o começo da guerra fria, ocasião em que o Brasil esperava forte desenvolvimento socioeconômico no pós-guerra, esperança frustrada pelo governo retrógrado de Eurico Dutra. O principal efeito da guerra fria referente ao Brasil adveio da previsão feita pelo Pentágono nos EUA de desembarque de fuzileiros em vários lugares, um deles no Brasil. Em função disso, o governo Dutra recebeu o plano SALTE, sucedâneo menor e precário do plano MARSHALL.  O 3º aspecto é a quádrupla frustração do partido da União Democrática Nacional (UDN), proposto para unir todos os que desejavam redemocratizar e modernizar o país. Seu 4º fracasso eleitoral, em 1960, o fez esquecer seu propósito inaugural e o precipitou no vergonhoso golpe de 64.
Em tal sentido, a ditadura 64-85 foi embrionada em 1945 com a derrota que o brigadeiro Eduardo Gomes, candidato da UDN, sofreu para Dutra, na eleição presidencial. O governo Dutra foi tão ruim que não seria difícil eleger o brigadeiro para sucedê-lo em 1951, desta vez contra o próprio ex-ditador Vargas. E a UDN mostrou-se incompetente pela segunda vez, pois sendo um partido de oradores consagrados, teve a ilusão de que a flama destes significava votos. E a agremiação dispunha de homens com capacidade eleitoral, mais do que com capacidade retórica, tanto é que isso ficara demonstrado com a vitória do udenista Milton Campos em Minas, em 1947.  O partido, entretanto, não os aproveitou.
            Nova ilusão teve a UDN quando julgou que, com o suicídio de Vargas em 1954, o partido seria imbatível. Isso seria verdade se não fosse JK. E, na sucessão deste, sofreu a 4ª derrota. Para comprovar que a UDN padecia de ilusão de óptica eleitoral congênita, basta lembrar que o referido vitorioso de Minas, Milton Campos, foi o derrotado em 55 e também em 60, como candidato a vice. Por sinal, se Milton, em vez de João Goulart, tivesse sido vice de Jânio Quadros, não teria havido a ditadura de 64. E a frustração udenista veio a ser tamanha que os quase canonizados democratas Milton e Eduardo Gomes aceitaram o lamentabilíssimo papel de ministros de um ditador quasímodo, nos dois sentidos, físico e moral.
            Papel igualmente lamentável desempenhou John Kennedy. Quando foi eleito, em 1960, Nixon era o bandido e John o nosso mocinho. O mundo parecia estar entrando nos eixos com Kennedy de um lado, Luther King de outro e João 23 no meio. O assassinato presidencial fez com que esquecêssemos tudo de errado que John fez. Ele aparentava acreditar piamente em Allen Dulles, diretor da CIA, e em Edgar Hoover, diretor do FBI. Hoover é hoje considerado por muitos grande facínora, responsável que foi por horrendos experimentos em seres humanos, e Dulles igualmente, responsável que foi pelas mortes dos líderes libertários Lumumba e Guevara e pela expansão de narco-plantações. Mas, no caso do Brasil, Hoover deve ser considerado o introdutor  aqui dos métodos mais sofisticados e diabólicos de corrupção. Ele usou contra os nacionalistas daqui a bem financiada experiência de espionagem e delação, usada antes nos EUA contra ativistas universitários e negros e contra qualquer defensor dos direitos civis. Aqui como lá seu expediente irresistível e deletério consumiu ilimitada quantidade de dólares.  Assim foi cevado o alto, médio e baixo clero do futuro partido Arena, pró-ditadura, e foram forjados os impérios Sarney, Malvadeza, Maluf, Marinho, Moon, Evangélicas, Grande Imprensa, Grandes Bancos, Empreiteiras, Madeireiras, Químico-farmacêutico e Agronegócio.  Dulles, por sua vez, se encarregou de preparar a missão Brother Sam, que, se necessário, faria no Brasil a divisão norte-sul já feita na Coréia e em andamento no Vietnã. A tudo isso John Kennedy não podia, nem se quisessem, estar alheio. E Obama, ao acobertar um golpe no Egito, acaba de imitar a atitude de Kennedy para com o Brasil.
            Várias observações podem ser enfatizadas nesta descomemoração do golpe de 64. Por ora enfatizemos a questão fundamental da corrupção, porque está por traz de vários acontecimentos logo no início do golpe. Principalmente três deles: 1) a jura de morte contra Rubem Paiva, 2) o discurso de Moura Andrade declarando vago o governo e 3) a mudança de posição do general Kruel. Paiva denunciou, no próprio dia 01-04-1964, a organização IPES-IBAD como instrumento do governo estadunidense para comprar  parlamentares e outros aliciados, em favor do golpe, e daí que foi jurado de morte. Este mesmo IPES-IBAD pagou considerável soma a Moura Andrade para declarar vago o governo, mesmo com o presidente eleito ainda dentro do território brasileiro. E o general Kruel, que se posicionara em favor da legalidade, mudou de lado quando recebeu grande soma do presidente da FIESP, segundo depoimento do mineiro Erimar Pinheiro Moreira, major-farmacêutico, na época em São Paulo, em cuja farmácia o general foi pago.
            Este relato é da maior importância porque recebemos reiteradas mensagens eletrônicas garantindo a monstruosa falsidade de que não houve corrupção na ditadura. Seus autores são óbvios aproveitadores da desmemória nacional. Basta apontar os citados fatos para mostrar como a corrupção fez parte intrínseca do golpe e como copiosa corrupção correu solta de 1964 a 1985. Nada mais propício à corrupção do que os desvãos, o obscurantismo, o silêncio, o medo, o acovardamento, o sadismo, a intriga, a vileza, a mesquinhez, a leniência, as vinditas e a censura – tudo aquilo que compõe um sórdido e inexpugnável poderio ditatorial, seja, por exemplo, de Hitler, seja, por exemplo, de Stalin. Tanto que não surpreende ter aí florescido a ética perversa do “levar vantagem em tudo” (1976), ao lado da fauna crescente de doleiros, mega-investidores, lobistas, megafalsários, biopiratas e multitraficantes (narcóticos, medicamentos, trabalhadores, mulheres, crianças, órgãos humanos e animais silvestres).
Assim podemos dizer que os corruptos do mensalão petista e os corruptos do mensalão tucano foram excelentes aprendizes tanto de antecessores nacionais como internacionais. Coincidentemente, as duas principais fontes de mensagens sobre a angelical inocência dos ditadores são os jornalistas Carlos Chagas Meimberg e Alexandre Garcia. Carlos Chagas foi nada menos que o assessor de imprensa do ditador Costa e Silva e Alexandre Garcia foi nada menos que o porta-voz oficial do ditador João Figueiredo.


quinta-feira, 24 de abril de 2014


A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
 ENSINO DA MEDICINA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS
           
O livro ENSINO DA MEDICINA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS é o resultado de pesquisas e vivência de seu autor João Amílcar Salgado como professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a partir de 1962. Foi docente de Semiologia Médica desde então, até alcançar o cargo de  professor titular de Clínica Médica, depois de se tornar mestre e doutor em Medicina Tropical. Como pesquisador, obteve repercussão internacional quando reencontrou e estudou a célebre paciente Berenice, a criança na qual Carlos Chagas descobriu a Doença de Chagas. Também adquiriu renome no Brasil e no exterior, na área do ensino médico, após participar e ser um dos líderes da inovação curricular de 1975 na UFMG. Com isso, se tornou conferencista dentro e fora do país, se colocando ao lado de Juan Cesar Garcia, na OPAS-OMS (Washington), Vic Neufeld, na Universidade McMaster (Canadá), e Henry Walton, na Universidade de Edimburgo (Escócia), em raro período em que houve confluência de esforços, até então autônomos, pelo aperfeiçoamento pedagógico da medicina, na segunda metade do século 20. 
            O livro constitui o primeiro estudo histórico sistemático do ensino da medicina no Brasil, elaborado por reconhecido pedagogo, apontado por pares, como a maior autoridade no país. Os historiadores da medicina brasileira pouco puderam tratar da história do respectivo ensino, em decorrência de seu limitado domínio sobre o tema. João Amílcar Salgado reuniu sua experiência como clínico geral, pedagogo e historiador para revelar como a medicina foi transmitida no Brasil a diferentes categorias de aprendizes, desde antes de 1500 até os dias atuais.
            O conteúdo do livro tem a seguinte sequência: 1) Educação médica pré-européia; 2) Educação médica colonial; 3) Tríplice conexão entre o iluminismo e o Brasil, na educação e na saúde; 4) Educação médica imperial; 5) Educação médica republicana; 6) Educação médica biocêntrica; 7) Educação médica sociocêntrica; e 8) Educação médica para a medicina consumista.  A seguir faz ensaio pormenorizado sobre a origem e a evolução pedagógica da educação médica na UFMG, de modo a estimular a que cada curso médico do país faça estudo semelhante. Finalmente é apresentada abrangente coletânea de textos destinados a ilustrar os temas antes expostos.
            Com tais capítulos, o livro estuda, de modo inédito, os sucessivos problemas do ensino da medicina, do ponto de vista fundamental da relação estudante-paciente, remontante à origem da humanidade. Para isso, recorre a elaborada e amadurecida inovação conceitual, a qual se mostra aplicável quer à realidade de saúde ao longo do tempo, quer à crescente crise atual. Exemplificadamente, o autor alcança fronteiras desafiadoras tais como: 1) A relação estudante-paciente sob perspectiva antropológica; 2) A relação estudante-paciente paralela, alternativa ou clandestina; 3) A decorrente universidade paralela, alternativa ou clandestina; 4) A ociosidade da competência; 5) O egresso nômade de cursos precários; 6) A submissão do ensino da medicina às agências internacionais e ao gangsterismo educacional; 7) A formação médica diante da polaridade competição versus cooperação (equipe mínima); 8) Resolubilidade e terminalidade; 9) A trifurcação corporativa para a sociedade de consumo; e 10) O ensino médico para a medicina consumista.
            O autor recebeu a sugestão para tradução deste livro para o inglês e o alemão.
EQUIPE DE PESQUISADORES DO CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA DE MINAS GERAIS






PROGRAMAÇÃO DO LANÇAMENTO DO LIVRO ENSINO DA MEDICINA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS                                                                                       DO PROFESSOR JOÃO AMÍLCAR SALGADO

PRÉ-LANÇAMENTOS
1.     CURSO DE HISTÓRIA DA MEDICINA DA UFMG, NO DIA DO MÉDICO, EM 18-10-13
2.     CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA MEDICINA, PALMAS TOCANTINS, 6-11-13, ONDE O AUTOR FOI DISTINGUIDO COM A PALESTRA DE ABERTURA.
3.     JUBILEU DE OURO DA TURMA GERREIRO DE FARIA, UNIRIO, HOTEL MEDITERRANÉ – RIO DAS PEDRAS, RIO – ONDE O AUTOR FOI AGRACIADO COM PLACA DE PRATA, EM 24-11-13
4.        CONGRESSO MARANHENSE DE HISTORIA DA MEDICINA, TERESINA, 26-11-13
5.     FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS, ONDE O AUTOR FOI DISTINGUIDO COM A AULA INAUGURAL DO CURSO DE HISTÓRIA DA MEDICINA, 17-2-13
6.     UNIVERSIDADE DE OURO PRETO, ONDE O AUTOR FOI DISTINGUIDO COM A AULA INAUGURAL DO CURSO DE MEDICINA, 17-3-14
LANÇAMENTO OFICIAL – ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA
          DIA 26-3-14, ÀS 20 HORAS, NO AUDITÓRIO BORGES DA COSTA DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE MINAS GERAIS, AVENIDA JOÃO PINHEIRO, 161 – BELO HORIZONTE (COM PRELEÇÃO PELO AUTOR E COQUETEL).



ONDE ADQUIRIR O LIVRO ENSINO DA MEDICINA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS

LOJA DA COOPMED, NO ANDAR TÉRREO DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, AVENIDA ALFREDO BALENA, 190, BELO HORIZONTE E DEMAIS LOJAS DA COOPMED
FORA DE BELO HORIZONTE: PELA COOPMED VIRTUAL coopmed.com.br

INTERMINAS LIVRARIA, AVENIDA ALFREDO BALENA, 181, BELO HORIZONTE
FORA DE BELO HORIZONTE: PELA INTERMINAS VIRTUAL livrariainterminas@livrariainterminas.com.br OU Via fax/telefone: (31) 3201.0584

AINDA FORA DE BELO HORIZONTE PELA ESTANTE VIRTUAL OU CONGÊNERES

LIVRARIA DA FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS, AVENIDA EZEQUIEL DIAS, 275, BELO HORIZONTE

DEMAIS LIVRARIAS, POR PEDIDOS À COOPMED OU À INTERMINAS OU AO CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA DE MINAS GERAIS, FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG, AVENIDA ALFREDO BALENA, 190, TELEFONE 34099672

BREVEMENTE EM TODAS AS LIVRARIAS